Luiz Carlos Azedo: Com troca de acusações e poucas propostas, debate da Globo foi uma chatice

As agressões pessoais foram constantes, um chamando o outro de mentiroso. Bolsonaro chamou Lula de ladrão várias vezes, Lula acusou Bolsonaro de envolvimento com o escândalo das rachadinhas (Foto: Stephanie Rodrigues/G1)

O debate entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro foi marcado pela troca de acusações entre os dois candidatos, sem nenhuma grande novidade. Lula e Bolsonaro se referenciaram no próprio governo, dentro de um roteiro mais ou menos previsível. Não houve nada que pudesse criar um fato político novo às vésperas da eleição. a ponto de alterar radicalmente a correlação de forças na campanha eleitoral.

Bolsonaro procurou atacar Lula nos pontos em que o petista tem mais dificuldades para se defender: o escândalo da Petrobras, o envolvimento de líderes petistas no mensalão, as invasões de terras do MST e a ocupação de prédios desabitados. A recessão no governo Dilma Rousseff, as relações de Lula com a Argentina, Venezuela e Cuba. Tentou pautar a questão dos costumes para pôr Lula na defensiva em relação ao aborto. Tudo isso já está redes sociais.

Lula bateu em Bolsonaro por causa dos reajustes do salário-mínimo e das aposentadorias abaixo da inflação, criticou a atuação do governo durante a pandemia, questionou a política armamentista de Bolsonaro, seus arroubos autoritários e o isolamento internacional. Tentou levar o debate para a discussão de propostas, mas os ataques pessoais continuaram dando a tônica.

As agressões pessoais foram constantes, um chamando o outro de mentiroso. Bolsonaro chamou Lula de ladrão várias vezes, Lula acusou Bolsonaro de envolvimento com o escândalo das rachadinhas. Mas ninguém foi nocauteado. Em comparação com os debates anteriores, Lula estava muito mais seguro e combativo; Bolsonaro manteve sua usual agressividade. Ambos esgrimiram números sobre indicadores de violência, recursos destinados à educação e a saúde e a questão ambiental, igualmente em relação ao emprego, à renda e taxas de crescimento.

Trocando em miúdos, Bolsonaro precisava levar Lula a nocaute; não conseguiu. Lula precisava apenas chegar ao final do debate inteiro, sem fraquejar; conseguiu. Vamos ver se o resultado das urnas confirma essa avaliação. (Correio Braziliense – 29/10/2022)

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