IMPRENSA HOJE

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais (13/09/2022)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Rosa Weber promete STF ‘vigilante’ pela democracia
Lula tem 15 pontos de dianteira sobre Bolsonaro, aponta Ipec
Flávio: falta de dinheiro afeta campanha do presidente
Piso da Enfermagem – Governo e Congresso discutem formas de pagar a conta
Caixa dará às mulheres juros menores e isenção de tarifas
Contraofensiva ucraniana aumenta pressão e críticas a Putin na Rússia
Chile costura acordo para eleger nova Constituinte

O Estado de S. Paulo

Weber vê ‘momentos perturbadores’ e defende respeito a ordem judiciais
Pandemia acentua contrastes entre regiões brasileiras
A três semanas das eleições, Ipec mostra estabilidade no quadro eleitoral
Depois do diesel e da gasolina, Petrobras baixa o preço do GLP
Bolsa de Valores – Alta de 11,14% entre julho e agosto é a 2ª maior pré-eleições em 20 anos
Roubos em série fazem Metrô de SP recorrer a PM e detectores de metal
Rússia reage e ataca segunda maior cidade ucraniana
Londres recebe hoje corpo da rainha após velório na Escócia

Folha de S. Paulo

Rosa assume STF e alerta contra desafiar ordem judicial
TSE nega acordo, mas Defesa manterá apuração paralela
Após divergência e mágoas, Marina Silva apoia petista
Mulheres têm voto mais indeciso e volátil que homens
Governo manobra e libera R$ 3,5 bi para emendas
Petrobras reduz preço do gás de cozinha em 4,7%
Debate dem disputa a governador em SP expõe estratégias distintas
Tebet usou R$ 28 mi de cota para aliados do governo
Match Eleitoral ajuda a escolher candidatos em SP

Valor Econômico

Elevação dos juros tem pouco efeito sobre risco de empresas
Rosa Weber faz defesa da democracia
Ipec traz cenário de estabilidade
Incêndios ameaçam 5,5 mil pessoas e floresta na Terra Indígena do Xingu

Correio Braziliense

TRE confirma candidatura de Paulo Octávio ao Buriti
Rosa Weber: defesa da democracia
Mais barato – Preço do gás de cozinha cai 4,7% a partir de hoje
Prioridade no combate à fome

EDITORIAIS

O Globo

Proliferação de armas em poder de amadores torna Brasil mais inseguro

Facilitar acesso aos CACs equivale a facilitar acesso aos criminosos, revela reportagem do Globo

Dentre todas as medidas do governo Jair Bolsonaro para facilitar posse e porte de armas, uma das mais preocupantes é o incentivo à categoria dos colecionadores, atiradores e colecionadores, identificados pela sigla CAC. Os registros de CACs no Exército cresceram de 117 mil em 2018 para 674 mil em junho passado. Amadores adquiriram o direito de comprar até 60 armas (inclusive as de maior calibre e letalidade) e 180 mil cartuchos de munição por ano (antes o limite era de 16 armas e 40 mil cartuchos). Pela estimativa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o arsenal em poder dos CACs cresceu de 350 mil armas para mais de 1 milhão.

Ao contrário do que sustentam os ideólogos do bolsonarismo, essa multiplicação de armas pelo país tem contribuído para gerar mais insegurança nas ruas. O principal motivo é que armas compradas pelos CACs legalmente têm ido parar em mãos de criminosos com frequência assustadora. Vários exemplos citados em reportagem do GLOBO ilustram como a facilitação das armas significa, na prática, facilitação do crime, em particular da modalidade apelidada “novo cangaço”, que aterroriza cidades do interior.

Os casos se repetem por todo o país. Uma onda de assaltos em Araçatuba, interior de São Paulo, contou com “apoio” de um CAC que mantinha armas e até munição de uso proibido. Um fuzil cotado a R$ 50 mil no mercado ilegal foi comprado legalmente por R$ 14 mil por um CAC, que o repassou aos responsáveis pelo roubo a uma transportadora gaúcha. Em Pernambuco, um colecionador foi preso negociando uma bazuca com criminosos. Em Natal, um atirador amador foi detido quando vendia um fuzil a um dos maiores traficantes do Nordeste.

Outra brecha aberta pelas regras frouxas adotadas para CACs tem permitido o drible numa das conquistas do Estatuto do Desarmamento: a proibição ao porte de armas. Outra reportagem do GLOBO revela as artimanhas usadas para justificar o porte brandindo o registro que dá direito a transporte até estandes de treinamento (outra novidade deste governo). Foram criados clubes de tiro de alcance nacional e outros com funcionamento 24 horas, de modo a justificar a circulação de armas e munição em qualquer momento e local. Surgiram até aplicativos que permitem agendar aulas em tempo real para driblar a fiscalização imprevista.

As consequências da permissividade têm sido trágicas, como revela o caso de um empresário de São Paulo que atirou num criminoso que já havia sido detido e rendido pela polícia. Casos assim demonstram como a proliferação das armas em poder de amadores, tão incentivada por Bolsonaro, significa um risco maior para a população que deseja apenas viver em paz.

Na semana passada, uma liminar do Supremo suspendeu três decretos que facilitam acesso a armas e munições, cujo julgamento está paralisado por um pedido de vista do ministro Nunes Marques que dura mais de um ano. Passou da hora de ele devolvê-los para que o plenário da Corte enfim se pronuncie sobre a legalidade das medidas.

O Estado de S. Paulo

‘Voto útil’ para quem?

Lula defende que eleitores de outros candidatos votem nele para derrotar Bolsonaro no 1.º turno; esse voto é ‘útil’ para o petista, mas não é necessariamente bom para a sociedade

O candidato Lula da Silva não quer apenas ganhar a eleição em outubro; ele quer ser eleito no primeiro turno, o que seria uma façanha inédita para o PT após mais de 30 anos de disputas pela Presidência. Nos últimos dias, aumentou a pressão da campanha de Lula pelo chamado “voto útil”. A questão é: o “voto útil” no petista, já no primeiro turno, é útil para quem, afinal? Para Lula, obviamente, é. No entanto, para o conjunto da sociedade, esse desfecho não é necessariamente bom.

O “voto útil” é aquele que o eleitor escolhe dar, no primeiro turno, não a seu candidato preferido, mas àquele que é visto como mais capaz de derrotar o candidato que esse eleitor repudia. Assim, o “voto útil” aceleraria a derrota do candidato indesejado, impedindo-o de chegar ao segundo turno. Considerando-se que o segundo turno é uma outra eleição, em que há apenas dois postulantes em condições praticamente iguais de disputa, é possível que muitos eleitores escolham evitar que o candidato que repudiam tenha essa chance de vencer.

Trata-se de um raciocínio válido, é claro – afinal, o eleitor é livre para estabelecer suas prioridades na hora de votar. O problema é que esse “voto útil” entra no balaio de votos do candidato vencedor como se fosse um aval às suas propostas de governo, e isso não é necessariamente verdadeiro. Aliás, é provavelmente falso, uma vez que o “voto útil” em geral é dado não pelo que o candidato propõe, mas exclusivamente por sua capacidade de derrotar o oponente que o eleitor não quer ver na Presidência. Vota-se, portanto, no “mal menor” – que, malgrado seja “menor”, não deixa de ser “mal”.

Ademais, e isso talvez seja o mais importante, o eleitor que vota no primeiro turno como se estivesse no segundo, ou seja, antecipando uma escolha que não precisa ser feita neste momento, desperdiça o voto que poderia servir para robustecer a oposição. Isso é crucial numa democracia: o candidato derrotado é tão relevante quanto o que vence, pois é do derrotado que se espera o exercício da oposição. Sem oposição forte, o governo se sente à vontade para governar somente para aqueles que o elegeram, e não para o conjunto da sociedade. Quanto mais votos essa oposição tiver, mais a sociedade ganha.

Por fim, é uma grosseira falácia atribuir a Lula da Silva a missão de “salvar a democracia”, isto é, impedir a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, que representaria uma suposta ameaça às liberdades democráticas e à estabilidade do País. Ora, se a democracia depende de Lula da Silva para ser “salva”, estamos mal – afinal, como pode alguém se dizer salvador da democracia e ao mesmo tempo manifestar admiração por ditadores latino-americanos, tratando-os carinhosamente como “companheiros”?

O objetivo de Lula com essa campanha pelo voto útil é “liquidar a fatura”, como dizem seus apoiadores, já no próximo dia 2. Recentes pesquisas de intenção de voto têm mostrado que a distância que separa o petista de Bolsonaro não é mais tão confortável como há alguns meses. Mas uma coisa é a tática eleitoral de Lula; outra, muito diferente, é o interesse da sociedade.

Recentemente, Lula afirmou no Twitter que ele “não tem por que ter vergonha de ganhar no primeiro turno”, afinal, “se quem tem 5% (de intenções de voto) sonha em ter 40%, por que quem tem mais de 40% não pode sonhar em ter mais um pouquinho e ganhar no primeiro turno?”.

Lula pode sonhar com o que quiser. A bem da verdade, qualquer candidato a cargo majoritário deve almejar ser eleito no primeiro turno. É um truísmo. O ponto é que a Constituição não prevê eleições majoritárias em dois turnos por acaso. Trata-se de um sistema que visa ao amadurecimento democrático, evitando escolhas plebiscitárias a priori.

Neste ano, não há apenas dois, há dez candidatos à Presidência. E nenhum deles tem um voto sequer antes da abertura das urnas. Pesquisas de intenção de voto aferem nada além disso – a intenção dos eleitores num dado momento. Fossem atestados fiéis da vontade da maioria, nem precisaria haver eleições, bastaria encomendar pesquisas. É tempo de reflexão, e não de pressa.

Folha de S. Paulo

Balas de festim

Plano dos militares para urnas soa mais modesto do que delírios de Bolsonaro

Após meses de arreganhos, as Forças Armadas parecem ter assentado um plano para atuar na fiscalização das eleições —e ele é muito mais modesto do que a fanfarronice de Jair Bolsonaro (PL) sugere.

A proposta dos militares é fotografar os boletins impressos pelas urnas de algumas seções eleitorais no dia da votação e compará-los com os documentos que serão disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral no mesmo dia.

Na avaliação das Forças Armadas, uma amostra diminuta de 385 urnas, correspondente a menos de 1% das que serão usadas no primeiro turno, bastará para aferir a confiabilidade do sistema oficial de totalização dos votos.

Além disso, duas sugestões para aprimorar os testes de integridade das máquinas, habitualmente realizados no dia da eleição, foram bem recebidas pela Justiça e poderão ser colocadas em prática em caráter experimental.

Os boletins impressos pelas urnas mostram os resultados de cada seção, reproduzindo as mesmas informações transmitidas ao TSE, e são afixados há várias eleições nos próprios locais de votação, após seu encerramento.

Neste ano, pela primeira vez, o TSE decidiu divulgá-los imediatamente na internet também, facilitando o trabalho das entidades habilitadas a fiscalizar o processo, entre as quais as Forças Armadas.

O plano dos militares está longe de representar uma contagem paralela dos votos ou qualquer coisa parecida. Ele servirá apenas para verificar a solidez dos dados.

A transparência dos sistemas é tão grande que permite inclusive que se fiscalizem os fiscais. Qualquer pessoa que tema uma ação mal-intencionada dos militares poderá conferir os boletins na internet e replicar o que eles fizerem.

As Forças Armadas pretendem escolher as 385 seções eleitorais em cidades onde deverão estar presentes para auxiliar na segurança do pleito —o que obviamente não autorizará qualquer tentativa de extrapolação dos resultados da amostra para o cômputo nacional.

Só falta combinar com Bolsonaro, que não se cansa de alimentar suspeitas infundadas sobre as urnas. Mesmo quando finge não fazê-lo, ele sempre deixa a porta aberta para contestar os resultados se lhe forem desfavoráveis.

Em entrevista na semana passada, por exemplo, disse que é impossível garantir que as urnas estarão imunes a fraudes, mesmo se as sugestões das Forças Armadas forem acolhidas pela Justiça Eleitoral.

Como é óbvio desde o início da ofensiva, o único objetivo é criar confusão, na esperança de encontrar no tumulto uma saída desesperada em caso de derrota. Se os militares quiserem participar da pantomima, será por sua conta e risco.

Valor Econômico

Sem desculpas para o péssimo resultado do Brasil no IDH

As sérias falhas do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia são a principal explicação para a queda do IDH

Quando foi divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil referente a 2019, a Casa Civil de Jair Bolsonaro, então chefiada por Onyx Lorenzoni, apressou-se em atribuir aos “governos petistas” do passado o número, que é calculado a partir dos indicadores de saúde, escolaridade e renda da população.

Quatro anos depois é impossível usar a mesma desculpa para explicar o péssimo resultado do IDH que, em 2021, caiu pelo segundo ano consecutivo e ficou em 0,754, o menor patamar desde 2015. Com esse desempenho, o Brasil ficou em 87º lugar entre 191 países do mundo todo acompanhados pelo Pnud, e em 16º na América Latina, bloco liderado pelo Chile, atrás da Argentina, Cuba, México e Peru.

É verdade que o IDH caiu nos últimos dois anos no mundo todo, mas menos do que no Brasil. A pandemia do novo coronavírus teve efeito fulminante nos indicadores globais de saúde, sendo a expectativa de vida um dos pilares do IDH. A expectativa de vida do brasileiro ao nascer caiu de 75,3 anos no primeiro ano do governo Bolsonaro para 72,8 anos em 2021, ou seja, diminuiu em 2,5 anos e voltou ao menor nível em 12 anos. Na média global, a expectativa de vida foi reduzida menos, em 1,6 ano.

As falhas do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia são a principal explicação para a queda do IDH brasileiro. O governo resistiu à compra de vacinas e só agiu após pressão da sociedade e dos governadores. O próprio presidente pôs em dúvida a seriedade da pandemia ao compará-la a uma “gripezinha”, e a eficiência das vacinas, embora agora alardeie na campanha eleitoral quantos imunizantes adquiriu. Criticou e ainda o faz em campanha as medidas de isolamento social. O governo federal foi omisso e negligente, deixando para Estados e municípios a organização da vacinação e do tratamento dos infectados, falhando nos casos em que precisou intervir, como na crise em Manaus.

O país contabiliza quase 700 mil mortos em consequência da covid-19, o segundo maior número oficial de mortos na pandemia, depois dos Estados Unidos que, ainda assim, ficou em 21º lugar no IDH de 2021, com o índice de 0,92. Com a rede hospitalar concentrada em atender os atingidos pela covid-19, outras doenças foram negligenciadas, contribuindo para elevar o número de mortos. Todo o calendário vacinal está agora em risco.

Outro indicador que compõe o cálculo do IDH é a renda da população que, em termos nominais, ficou estável, segundo o Pnud, embora 8,3% abaixo do pico da série histórica, atingido em 2013. A evolução do PIB per capita ilustra melhor o problema. Em 2021, o PIB teve crescimento de 4,6%, compensando a queda de 3,9% do primeiro ano da pandemia. Mas o PIB per capita aumentou 3,9% no ano passado, percentual insuficiente para anular a perda de 4,6% de 2020.

O Pnud também enfoca a questão do ponto de vista da distribuição de renda. Nesse caso, o IDH brasileiro despenca 20 posições, caindo nada menos do que 23,6%, de 0,754 para 0,576. Na questão de gênero, os números são piores. A expectativa de vida das mulheres é 6,4 anos menor do que dos homens; e a renda média anual cai pela metade, sendo US$ 7 mil menor.

O terceiro pilar do IDH é a educação, área entregue a ministros igualmente omissos e voltados para questões desimportantes como o homeschooling. O Pnud trabalha com a expectativa de que o brasileiro terá 8,1 anos de estudo, mas as informações estão defasadas.

Indicação de como o governo põe a educação em plano secundário é o tratamento da área dentro do Orçamento do próximo ano. A ONG Todos pela Educação alertou que o projeto orçamentário retira quase R$ 1 bilhão dos recursos destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que cobre despesas de diversas unidades orçamentárias do Ministério da Educação (MEC), incluindo a administração direta da pasta e instituições de ensino federais, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o programa de pós-graduação Capes e o FNDE. O Ministério da Educação foi o mais contemplado com despesas discricionárias, que podem ser cortadas e manejadas. A pasta tem previstos aproximadamente R$ 20,6 bilhões em despesas discricionárias do total de R$ 98,9 bilhões previstos pelo Executivo para o ano que vem. Isso mostra a escassa disposição do governo de melhorar os indicadores de desenvolvimento humano do país.

Correio Braziliense

Boas notícias na economia

A reação está se dando mesmo com o ambiente político tensionado pelas eleições extremamente polarizadas

A economia brasileira, ainda que caminhando lentamente, começa a dar boas notícias. Nada que justifique um sentimento de euforia, mas, depois de um longo período de desempenho medíocre, analistas começam a ver um quadro mais favorável tanto para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) quanto para a inflação. Pesquisa realizada semanalmente pelo Banco Central, por intermédio do boletim Focus, aponta que a estimativa media de avanço para a atividade neste ano saltou de 2,26% para 2,39% e, para o próximo, de 0,47% para 0,50%. Ao mesmo tempo, as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) baixaram de 6,61% para 6,40%, em 2022, e de 5,27% para 5,17%, em 2023.

Os números, se não são motivo de celebração, deixaram governo e seus economistas mais tranquilos. Afinal, o Brasil está há anos sem crescimento econômico — a média de variação do PIB foi de apenas 0,3% na última década — e, mais recentemente, voltou a conviver com a praga inflacionária, cujos índices se mantiveram acima de 10% por um bom período. A pergunta que todos se fazem é se esse cenário menos ruim decorre de fatores temporários, provocados pela intervenção governamental, que injetou bilhões no mercado, especialmente por meio do Auxílio Brasil de R$ 600, e pelo corte dos impostos sobre combustíveis, ou é sustentado.

As dúvidas são tantas que o próprio Banco Central tem reforçado, em documento e por meio de discursos de seus diretores, que é preciso cautela. Qualquer descuido com a política monetária pode não só minar a confiança que leva ao crescimento econômico maior, como recrudescer a inflação. Essa postura cautelosa do BC faz com que a aposta majoritária seja pela manutenção dos juros em 13,75% ao ano na reunião da próxima semana do Comitê de Política Monetária (Copom), mas há a menor possibilidade de a taxa Selic ainda dar um novo pulo, para 14% anuais.

A retomada de um crescimento maior da economia, com a inflação sob controle, é fundamental para o país. Com tanta desigualdade social e a volta da fome — 33 milhões de brasileiros estão na miséria —, somente o avanço da produção e do consumo permitirá que a geração de empregos em volume suficiente para reduzir o fosso que separa ricos e pobres. Em momentos de crise, programas sociais são vitais para amenizar as mazelas que atingem em cheio os mais vulneráveis. Contudo, a agregação de pessoas ao mercado de consumo só se dá pelo avanço consistente da atividade econômica. Isso foi visto com clareza nos anos de 2000.

A reação da economia está se dando mesmo com o ambiente político tensionado pelas eleições extremamente polarizadas. Tal comportamento endossa a visão de que o Brasil tem potencial e pode se tornar um gigante desde que a calmaria, a credibilidade e a previsibilidade passem a ser regra. Infelizmente, nos anos recentes, o país enveredou por um caminho de conflitos e de turbulências. Cresce, portanto, a responsabilidade não só do atual governo, mas de todos os candidatos à Presidência da República para que a normalidade volte ao radar e um ciclo de investimentos de longo prazo consolide uma base de conquistas por parte, principalmente, da população mais pobre.

Não se pode esquecer que o Brasil já ocupou a sexta posição entre as maiores economias do mundo. Agora, é a 13ª, refletindo todos os retrocessos vividos nos últimos tempos, combinando recessão e inflação. Independentemente da posição política que se compartilhe, todos devem se unir em torno de um projeto de país que contemple o fim da miséria, a geração de empregos e renda, a inflação nas metas perseguidas pelo Banco Central. O Brasil, reforce-se, tem jeito. E a sociedade deve cobrar daqueles que estão ou que pleiteiam o poder o compromisso de uma vida melhor. Os brasileiros merecem.

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