IMPRENSA HOJE

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais (23/08/2022)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Orçamento prevê valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil em 2023
No JN, Bolsonaro mente sobre urna e defende gestão da economia
Brasil fora da bolha – Fome mantém Nordeste com o PT
5G estreia no Rio concentrado em poucas áreas
Roxy vai abrir como casa de espetáculos para turistas
Menino que caiu domingo em buraco em MG não sobrevive
Ministério Público argentino pode prisão de Cristina Kirchner
Rússia acusa Ucrânia de matar a filha de ‘guru’ de Putin

O Estado de S. Paulo

Na TV, Bolsonaro questiona urna e impõe condição para aceitar resultado de eleição
PF pode endossar proposta de militares sobre teste de urnas
Alckmin é escalado por Lula para liderar debate sobre leis trabalhistas
Coração de d. Pedro I chega com honras de chefe de Estado
Garcia diz não ser contra cobrança de mensalidade em universidade pública
Rússia acusa Ucrânia pela morte de filha de ideólogo de Putin
MP pede 12 anos de prisão para Cristina Kirchner por corrupção

Folha de S. Paulo

Bolsonaro evita se comprometer com urnas no JN
Declaração sobre PF apurar fraude em urnas é falsa
Depois de gafe sobre mulheres, Lula critica ataques a Janja
Presidente do Ipea refuta alta da fome; críticos questionam
Aprendizagem foi de 45% em SP com pandemia, diz estudo
Cinco bancos tiveram 78% do lucro do setor em 2021
Menino morre após cair em buraco de 6 metros em MG
Coração de d. Pedro I chega a Brasília para celebrações dos 200 naos de Independência
Rússia acusa Kiev de morte de filha de ultranacionalista

Valor Econômico

Inadimplência bate recorde com o aumento da inflação
Euro tem o menor valor em 20 anos
Bolsonaro menciona condição para aceitar resultado das eleições
Leilão de térmicas causa polêmica no setor elétrico
A longo prazo, multimercados superam solavancos

Correio Braziliense

Ibaneis lidera. Paulo Octávio, Leila e Grass indicam chance de 2º turno
Bolsonaro na tevê
Ipea vê menos fome
Coração de D. Pedro I em solo brasileiro
Justiça pede prisão de Kirchner

EDITORIAIS

O Globo

Investir em refino foi catastrófico para Petrobras

Projetos megalomaníacos de governos petistas resultaram em produção seis vezes mais cara, segundo economistas

A Petrobras voltou a investir em refinarias a partir do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje candidato do PT à Presidência. Manteve o programa de investimento até 2014, quando acabou o primeiro mandato de Dilma Rousseff. Na comparação de resultados com refinarias congêneres no mundo, a empresa desperdiçou bilhões de dólares em novas unidades, concluiu uma análise dos economistas Adriano Pires, Samuel Pessôa e Luana Furtado publicada na semana passada no blog do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas.

A depender do critério estatístico, o custo de produção de combustível ficou entre 382% e 536% acima dos parâmetros da indústria petrolífera. A principal evidência do retorno ridículo do programa de investimento surge quando se constata que, dos US$ 135,5 bilhões investidos pela Petrobras em refinarias entre 1954 e 2021, 68% — ou US$ 91 bilhões — correspondem apenas ao período de 2007 a 2014, que abrange o primeiro mandato de Dilma.

Em sete anos, a Petrobras gastou no refino dois terços de tudo o que investiu em quase sete décadas, sem obter nenhum resultado aceitável. Para ser capaz de refinar 2,03 milhões de barris diários, a estatal investiu, de 1954 a 1999, US$ 24,7 bilhões. Para instalar capacidade de refino de mais 400 mil barris diários, entre 2003 e 2015 gastou US$ 100 bilhões (em valores de 2012). O descalabro é explicado pela ingerência política na empresa na época, origem do escândalo do “petrolão”, desmascarado pela Operação Lava-Jato.

São desse período várias decisões temerárias, depois objetos de intensa investigação policial. É o caso da construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, projeto que contaria com investimento da venezuelana PDVSA, que depois recuou. Ou do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, para onde foram planejadas duas refinarias. Ou ainda de mais duas refinarias, uma no Maranhão e outra no Ceará, que apenas ficaram na terraplenagem.

Dessas cinco refinarias, apenas parte de Abreu e Lima está em operação. Nada mais saiu da prancheta, embora contratos tenham sido assinados, equipamentos encomendados e propinas pagas. O que seria um polo petroquímico às margens da Baía de Guanabara ficou reduzido a uma unidade de processamento de lubrificantes. Agora, o plano é usar o gás do pré-sal numa termelétrica. O outrora majestoso Comperj virou o Polo GasLub Itaboraí, perdido num terreno de 11 quilômetros quadrados. Onde houve a maior operação de terraplenagem do país hoje existe apenas um enorme descampado.

Numa análise anterior, os três economistas concluíram que o custo de produção em Abreu e Lima — única refinaria em operação — equivale a cinco ou seis vezes o de refinarias congêneres nos Estados Unidos, México, Nigéria, Índia, Coreia do Sul ou Vietnã. Se a Petrobras fosse uma empresa privada, os acionistas teriam demitido toda a diretoria e afastado os conselheiros muito antes da catástrofe. Não permitiriam à empresa acumular uma dívida de US$ 100 bilhões, na ocasião a maior de todo o universo corporativo mundial. Ou então a empresa teria falido antes.

Analisar esses números é um exercício recomendado para todos os candidatos a presidente que continuam a insistir em usar os braços empresariais do Estado para tentar realizar sonhos de poder sem base na realidade.

O Estado de S. Paulo

Vergonha brasileira

O caso do menino que ligou para a polícia pedindo ajuda, pois a família não tinha o que comer, deveria vexar todo o País, sobretudo quem tem poder de acabar com a fome, e não o faz

Com voz firme e clareza incomum para a idade, o menino Miguel, de 11 anos, assombrou o País por sua coragem e maturidade ao ligar para a polícia e pedir ajuda para ele e a família, que passavam fome. Foi no dia 2 de agosto, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas poderia ser em qualquer dia e em qualquer um dos muitos lugares em que sobrevivem os milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar.

A fome, que costuma surgir somente em razão de catástrofes naturais ou de guerras, aparentemente começa a tornar-se parte do cotidiano do Brasil, um país que não sofreu nenhuma catástrofe natural recente nem está em guerra. Aos poucos, os brasileiros parecem se acostumar com essa tragédia, e a vida segue – até que um menino de 11 anos decide fustigar a consciência do País.

“Ô seu policial, aqui, é por causa que aqui em casa não tem nada pra gente comer e eu tô com fome. Minha mãe só tem farinha e fubá pra comer”, disse o menino em seu telefonema desesperado para o serviço 190 da Polícia Militar. Desconfiados de que se tratava de maus-tratos, os policiais foram à casa do menino e lá se chocaram com a realidade. A família passava fome havia pelo menos três dias. “Minha mãe estava chorando”, explicou o menino mais tarde, em entrevistas nas quais contou por que tomou a iniciativa de ligar para a polícia.

Naquele instante, a fome ganhou rosto e voz de criança – em quem se costumam depositar as esperanças de uma nação. Se uma criança passa fome, e se essa criança deve ela mesma tomar a iniciativa de procurar ajuda, significa que a nação fracassou em todos os aspectos. Em países decentes, as crianças nem passam fome nem precisam amadurecer antes do tempo para encontrar maneiras de sobreviver. Em países decentes, governos e sociedades investem tudo o que podem no desenvolvimento de suas crianças, tratando-as, em primeiro lugar, como sujeitos de direitos. Em países decentes, as autoridades não dormem tranquilamente se houver crianças com fome.

O Brasil, dono de uma das maiores economias do mundo, e orgulhoso de sua imensa capacidade de produzir alimentos, deveria considerar inaceitável que um único menino brasileiro não tenha o que comer. No entanto, a despeito dos vergonhosos números da insegurança alimentar, o País parece mais empenhado em discutir o preço dos combustíveis, a confiabilidade das urnas eletrônicas e o papel dos militares nas eleições. Ademais, enquanto poucos políticos se dedicam a enfrentar o drama da fome, e quando o fazem é quase sempre de maneira calculista, não faltam interessados no rateio das bilionárias verbas do orçamento secreto para seus redutos eleitorais. Em meio à balbúrdia estéril daqueles que fazem três refeições por dia e só deixam de comer quando estão de dieta, o telefonema de um menino de 11 anos pedindo socorro à polícia porque estava com fome é um tapa na cara.

A eleição de outubro deveria ser a oportunidade para discutir mecanismos de curto e médio prazos para enfrentar essa calamidade. Os candidatos deveriam se sentir obrigados a detalhar o que pretendem fazer imediatamente, a partir do instante da posse como presidente, a respeito disso, pois nada pode ser considerado mais prioritário. E os candidatos deveriam ser obrigados a dizer o que pretendem fazer para que essa situação jamais volte a ocorrer. Ou seja: não merecem o voto aqueles candidatos que se orgulham de investir em programas de ajuda aos mais pobres que apenas se prestam a alimentar uma clientela eleitoral, sem mudar substancialmente a realidade. Por outro lado, candidatos que propuserem uma sólida política de inclusão, que não se limite a transferir renda para evitar a miséria e que invista em educação pública como prioridade real do País, deveriam ter a atenção do eleitor.

É preciso, portanto, que o País, se tem verdadeiro apreço por si mesmo, não fique indiferente ao pedido de socorro do menino Miguel, pois essa criança, como tantas outras em situação semelhante, não pode ser privada do mais básico da vida em sociedade.

Folha de S. Paulo

Um valor popular

Em mais de 30 anos de pesquisas, Datafolha atesta o enraizamento da democracia

O autoritarismo em voga no Ocidente procura atribuir aos interesses egoístas de uma pequena elite a defesa dos valores da democracia liberal. Seria uma forma de esse grupo minoritário manter seus privilégios, a contrapelo dos anseios da maioria da população.

Uma série de pesquisas realizadas pelo Datafolha desde 1989 fulmina essa mistificação. O instituto mostra que o apoio à democracia como a melhor forma de governo sempre foi prevalente entre os brasileiros e veio se tornando francamente majoritário conforme os anos se passaram. Quanto mais se experimenta o regime, mais ampla, profunda e firme é sua aceitação.

Os pesquisadores que foram a campo na semana passada colheram a preferência irrestrita pelo sistema democrático de três em cada quatro entrevistados no país. O indicador retomou o nível mais elevado dos 33 anos em que a mesma pergunta tem sido realizada.

Já o movimento dos que entendem ser melhor a ditadura em algumas circunstâncias descreveu a trajetória oposta nesse longo período. A ideia chegou a ser apoiada por 23% em setembro de 1992, mês em que a Câmara dos Deputados abriu o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, mas agora recebe o endosso de apenas 7%, a cifra mais baixa já atingida.

Esse índice diminuto de concordância com uma aventura autoritária atravessa todos os estratos de renda e escolaridade e se verifica nas cinco regiões. A democracia no Brasil, portanto, tornou-se um valor genuinamente popular.

Por isso os reiterados cabeceios golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) dão invariavelmente em nada. A centelha cesarista não encontra substrato na sociedade para se propagar. Ou ele obtém mais votos que seus adversários em outubro, e por essa via o segundo mandato, ou vai para casa. Não existe uma terceira opção.

Não por acaso, o efeito de investir na baderna detectado nas pesquisas é a perda de apoio popular, o que distancia o presidente do objetivo de permanecer no Planalto.

Talvez com olhos nessa equação Bolsonaro esteja sugerindo que irá se comportar neste 7 de Setembro mais como candidato comum do que como o arruaceiro subversivo de 2021. Sua afirmação no sábado (20) de que respeitará o resultado das urnas caso perca, a despeito de não refletir os seus instintos, também homenageia o realismo.

Será muito melhor para o país, obviamente, se ocorrer o ritual civilizado da aceitação da derrota.
Mas vale frisar que o ordenamento democrático brasileiro, porque enraizado nas instituições e nos valores da população, vai se impor mesmo na eventualidade de o candidato derrotado recusar-se a reconhecer o vencedor.

Valor Econômico

Economia reage, mas deixa problemas para o próximo ano

2023 começará com riscos fiscais e inflacionários, e juros elevados

Indicadores do segundo trimestre divulgados nos últimos dias indicam que foi acertada a decisão de várias instituições financeiras de rever para cima o Produto Interno Bruto (PIB). Já há quem espere crescimento de 2,5% no ano. Pesquisa Focus divulgada ontem traz a estimativa de 2,02%. Alavancada pelo setor de serviços, que representa cerca de 70% do PIB, a economia cresceu no segundo trimestre e deve continuar em expansão no terceiro, agora estimulada pelo pacote fiscal do governo, que vai despejar mais de R$ 40 bilhões até o fim do ano com o aumento do Auxílio Brasil e do vale-gás, e com a ajuda aos caminhoneiros e taxistas por conta da alta dos combustíveis. O quadro deve ser bem diferente em 2023, dadas as incertezas.

O segundo trimestre começou com a expectativa de nível de atividade em baixa diante do aumento da inflação e do aperto monetário provocado pela elevação da taxa básica de juros. No entanto, medidas de estímulo adotadas pelo governo, como a antecipação do pagamento do 13º salário para aposentados e pensionistas e a liberação do FGTS, a retomada das atividades presenciais com a flexibilização das medidas sanitárias, e o aumento do emprego, no entanto, animaram a economia, especialmente a demanda por serviços.

O setor de serviços está 7,5% acima do nível anterior à pandemia, com destaque para os transportes, 16,9% acima, puxado inicialmente pelo transporte de cargas com o avanço do e-commerce, e, depois, pelo de passageiros. Os serviços prestados às famílias ainda estão abaixo do nível anterior à pandemia, com volume em junho 6,1% inferior ao de fevereiro de 2020, prejudicado pela inflação. Mas a diferença vem caindo. O setor deve compensar o desempenho negativo do varejo e da indústria.

No primeiro semestre, o faturamento real dos serviços avançou 8,8% frente ao mesmo período de 2021, enquanto as vendas reais do varejo ampliado, que inclui veículos, autopeças e material de construção, registraram variação de apenas 0,3%, e a produção da indústria recuou 2,2%. Alguns segmentos do comércio varejista, como tecidos, vestuário e calçados, também foram favorecidos pela retomada das atividades presenciais. Já a indústria seguiu no vermelho, particularmente afetada pelos gargalos nas cadeias de fornecedores, pela inflação e juros elevados, explica o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

O enfraquecimento das vendas de bens de consumo duráveis ajudou a frear a produção. A indústria de bens de consumo duráveis foi a que mais caiu no primeiro semestre, 11,7%. É também esta parcela da indústria que tende a sofrer mais com os gargalos nas cadeias de fornecedores, já que sua produção demanda grande número de partes e componentes, muitos deles importados.

A demanda por serviços influenciou positivamente os índices que buscam antecipar o comportamento do PIB. O Monitor do PIB do FGV IBRE indica crescimento de 1,1% na atividade econômica no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2021, o trimestre fechou com crescimento da economia de 3%. O Monitor também detectou expansão do investimento em construção e do consumo das famílias, este último em menor escala por conta da inflação e do endividamento.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma antecipação do PIB, subiu 0,69% em junho, acumulando 0,57% no segundo trimestre sobre o primeiro, e indicando expansão da economia também no terceiro trimestre por influência estatística. Em relação a junho do ano passado, houve crescimento de 3,09%. Em 12 meses, o IBC-Br subiu 2,18%. Após a divulgação do número, o Bank of America (BofA) revisou a projeção de crescimento do PIB para 2022 de 1,5% para 2,5%.

Os problemas, no entanto, foram adiados pela 2023. Há os riscos fiscais e inflacionários, em boa parte originados pelas medidas de estímulo à economia das quais o governo lançou mão para melhorar o ambiente no período eleitoral e atrair voto dos eleitores. Os juros devem continuar elevados durante boa parte do próximo ano. Há ainda o impacto da esperada desaceleração global em consequência da elevação dos juros no mercado internacional, com consequências negativas para os emergentes. A política monetária dos países desenvolvidos deve manter o dólar elevado, com pressão sobre a inflação no Brasil, sem falar na perspectiva de queda das commodities. A questão fiscal terá papel chave nesse cenário.

Correio Braziliense

A fome está escancarada

Com dados sem base técnica, presidente do Ipea apresentou estudo que minimiza a fome no País sem endosso da maior parte dos servidores do instituto

A pouco mais de um mês das eleições presidenciais, o Palácio do Planalto convocou o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Erik Alencar Figueiredo, para tentar combater o óbvio: que o Brasil voltou ao mapa da fome e milhões de famílias vivem em insegurança alimentar. De posse de dados sem base técnica, ele apresentou um estudo que não teve o endosso da maior parte dos servidores do instituto, sempre visto como referência no debate econômico do país.

O argumento de Figueiredo, que foi subsecretário de Política Fiscal do Ministério da Economia, é de que o aumento da fome deveria ter resultado em um choque expressivo de internações por doenças decorrentes da desnutrição e um número maior de nascimentos de crianças com baixo peso. Para ele, que é economista, se o avanço da insegurança alimentar e da desnutrição não tem impactado os indicadores de saúde ligados à prevalência da fome, há que se contestar a literatura especializada.

A proximidade das eleições pode até justificar tal posição, contudo, não há como contestar a realidade das ruas e o bom senso. Basta uma simples pesquisa para se constatar como os brasileiros estão tendo dificuldades para levar comida à mesa. A miséria está em todas as esquinas das grandes cidades, nas periferias e mesmo em municípios menores. O desemprego elevado por um longo período, a inflação próxima de 10% ao ano, os juros escorchantes e a renda em queda afligem mais da metade dos lares do país.

Não foi por acaso que o governo correu para ampliar o valor do Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600, meses antes de os eleitores cravarem os votos nas urnas eletrônicas. Sabe-se que o aumento da miséria é um empecilho para qualquer governante que queira se manter no poder. O alívio com esse reajuste, porém, será temporário para os beneficiários do programa, pois, a despeito da redução dos preços dos combustíveis, medida que beneficia mais a classe média, a carestia dos alimentos se mantém.

A mesma literatura que o presidente do Ipea agora questiona, reforça que não há programa social que resista com inflação alta. O poder público, infelizmente, deixou o custo de vida subir sem tomar as medidas adequadas e só interveio quando as eleições efetivamente entraram no radar. Mais: pelo menos 1 milhão de pessoas sequer foram contempladas pelo Auxílio Brasil. Continuam à espera de um socorro que tão cedo não chegará. Assim como essas pessoas são invisíveis aos olhos daqueles que controlam os benefícios sociais, também dificilmente aparecem nas estatísticas das mortes pela miséria.

Em vez de ficar brigando com os fatos, não apenas o presidente do Ipea, mas todo o governo e os candidatos à Presidência da República devem apresentar programas contundentes para reverter as mazelas que destroem famílias. Num país em que a fome e a miséria estão escancaradas, é aviltante a disseminação de notícias falsas, a manipulação dos fatos e debates vazios. O Brasil da insegurança alimentar, daqueles que não sabem o que é comer há dias — como o menino de 11 anos que ligou para a polícia por estar faminto —, tem pressa. Os pobres merecem respeito e eles são 52% do eleitorado.

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