Carta de Temer não transformará um presidente vindo dos porões da ditadura em “mocinho democrático”, diz, em seminário promovido pelo MDB
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou nesta terça-feira (15), Dia Internacional da Democracia, no Seminário Novo Rumo Brasil, que os “graves problemas” que o país atravessa não são resultantes propriamente de disfuncionalidades da República, mas de haver no Palácio do Planalto um presidente “disfuncional e antidemocrata”. Freire alertou que a democracia passa por “momentos críticos”.
“É preciso discutir a saída para esse novo rumo sabendo que enfrentamos um disfuncional na presidência. Alguém que não tem nenhuma responsabilidade com isso que representou nossa biografia e nossa história. Ao contrário. Ele estava – se não pessoalmente, como espírito – nos porões dessa ditadura militar que impediu durante 21 anos a democracia entre nós. Não podemos nos iludir. Vivemos momentos críticos”, argumentou, em referência a Jair Bolsonaro.
Freire acrescentou que a sociedade não está enfrentando “alguém que tenha respeito pelas instituições democráticas” e lembrou que o presidente disse buscar a paz, mas estar “se preparando para a guerra”.
“Não vamos ficar imaginando que será a carta do nosso Michel Temer, democrata que merece todo o nosso respeito, que fará com que Bolsonaro seja o mocinho democrático, que vá se conter. Ele falou e continua falando contra o sistema e a Justiça eleitoral. Será que vamos garantir as eleições de 2022 sem termos os nossos Capitólios ocupados?”, questionou ele, para quem, até aqui, as instituições têm demonstrado firmeza para deter “arreganhos autoritários vindos e incentivados pelo Executivo”.
Ao lado dos ex-presidentes José Sarney, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, além do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim e do ex-ministro Moreira Franco, o presidente do Cidadania ainda ressaltou o papel do MDB, que todos integraram, na resistência à ditadura.
“Estamos aqui representando o velho MDB de guerra. Deixou uma marca na história brasileira como instrumento da reconquista democrática, da consolidação e da transição. Cada um de nós participou desse processo. Uns mais longínquos, outros mais recentes e isso deve ser motivo de orgulho para todos nós. Faz parte da nossa biografia. Mas não vamos nos iludir. Não estamos reunidos para fazer uma ode à democracia. Estamos aqui para empreendermos uma luta para mantê-la”, apontou.
Também participaram do seminário os presidentes do DEM, ACM Neto, do MDB, Baleia Rossi, e do PSDB, Bruno Araújo.