Em evento promovido pelo Movimento Negro Partidário (MNP), realizado na Fundação Ulysses Guimarães, do MDB , presidente do Cidadania diz ser fundamental ampliar a participação de pretos e pardos na política para mudar a realidade brasileira
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, participou nesta quarta-feira (4) do 1º Seminário Nacional do Movimento Negro Partidário, “Caminhos e Perspectivas para o Povo Negro”, promovido pelo Movimento Negro Partidário (MNP), realizado na Fundação Ulysses Guimarães, do MDB, em Brasília. Citando a discussão sobre a reforma eleitoral no Congresso, Freire defendeu a manutenção da quota de recursos do fundo eleitoral para candidatos pretos e pardos e fez um apelo pela rejeição do voto impresso, pauta que interessa apenas ao presidente da República, Jair Bolsonaro.
“Seria importante que aprimorasse o sistema que aí está, mas sem fazer mudanças que são contra a democracia e vão na direção da destruição da democracia representativa. O Congresso precisa reagir a isso rejeitando o voto impresso, sem tentar modificar o sistema eleitoral. Mais ainda, deveria tentar que não haja retrocesso em algo que veio de resolução – e deveria vir por lei – para garantir uma conquista: a distribuição de recursos públicos do fundo eleitoral também para pretos e pardos”, ressaltou.
Para Freire, o documento resultante do encontro deve servir como um projeto de luta por mais espaço para a população negra na política. “Precisamos garantir, na legislação brasileira, aquele experimento que foi feito na eleição passada: a destinação de recursos também para negros e pardos, ampliando seu processo de participação na política, aumentando o direito de fala daqueles que precisam mudar a realidade brasileira para termos uma sociedade mais fraterna”, reiterou.
Ainda durante o encontro, o presidente do Cidadania lembrou que a luta contra o racismo e o preconceito ganhou mais força com o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, que levou a uma comoção mundial e ajudou na vitória do democrata Joe Biden.
“Creio que estamos vivendo um momento que todos estamos acordados para a gravidade da nossa realidade e a necessidade de mudarmos. É um processo que vem crescendo influenciado pela explosão das etnias, do racismo, de certos setores da extrema direita a nível internacional contra imigrantes, refugiados, e isso é um grave problema que o mundo globalizado enfrenta nesse processo de integração mundial que influencia a luta em todos os países”, sustentou.
Freire destacou que, no Cidadania, todos têm voz e essa é uma das lutas fundamentais do partido, representado pelo seu núcleo Igualdade 23. “A luta não é só dos negros, mas de todo homem e mulher que são seres humanos, que têm visão humanista, de fraternidade, solidariedade, de entender o conceito de estrangeiro, que é o estranho, mas não pode ser por conta da cor da pele, da sua língua, pela sua origem porque somos irmãos na humanidade”, disse.
Participação dos Partidos
A secretária de Mulheres e representante do Igualdade do Cidadania, Raquel Dias, falou da importância da participação dos partidos políticos no comprometimento com a questão racial.
“É fundamental saber que aqueles que nos lideram estão nos ouvindo, nos vendo e refletindo sobre o que representamos para a política brasileira. Não fazemos essa luta sozinhos. É importante também que os brasileiros possam dialogar com suas bancadas para que esse comprometimento se estenda da fala para a ação”, observou.
Durante a exposição, o coordenador do Igualdade 23, Romero Rocha, agradeceu a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC), autora do PL 5875/2019 que dispõe sobre o conceito de racismo estrutural e o combate desta modalidade de discriminação racial nas organizações públicas e privada.
E também elogiou os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), signatários da PEC 19/21, que estabelece cota de vagas para candidatos negros nas eleições para o poder legislativo, e dispõe sobre a destinação dos recursos públicos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
“Isso é política, juntar todos por um bem comum. É bom termos os presidentes partidários nessa luta com a gente. Sempre falamos da gente pra gente. Agora estamos falando para a sociedade e pro Congresso”, disse.
Oposição a Bolsonaro
O presidente do Cidadania no Distrito Federal, Chico Andrade, afirmou que o partido vai incorporar todos as propostas apresentadas. “Há um símbolo dessa luta pela aquisição de direitos, pela igualdade de gênero e racial, em defesa das minorias, e contra toda espécie de atrasos”.
Para o dirigente, os brasileiros precisam tomar as ruas em defesa da democracia e das instituições. “Esse seminário está sendo feito num grave momento da realidade política do país. Não é possível vivermos sob ameaça de uma figura doente. Essa luta tem que ser agregada. Já que a vacina está chegando, temos que ir para as ruas para nos livrarmos desse mal. Nossa história não merece mais isso”, concluiu.
Além do Cidadania, o evento reuniu os partidos MDB, PSDB, PSB, PT, DEM, PDT, Solidariedade, Podemos, PCdoB e PV.