Eliziane pede que CPI aprofunde investigação de influência política da Belcher na Saúde

Senadora estranha agilidade com que empresa conseguiu autorização do Ministério para comercializar a vacina da Cansino contra Covid-19 (Foto: Jéssica Marschner/Ascom)

Durante depoimento de Emanuel Catori na CPI da Pandemia, nesta terça-feira (24), a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), ao estranhar a rapidez com que a Belcher, intermediária do laboratório chinês CanSino, adquiriu a autorização para comercializar a vacina Convidencia, defendeu que a comissão aprofunde as investigações para apurar suposto favorecimento da farmacêutica junto ao Ministério da Saúde.

Na avaliação da parlamentar, a concessão do documento em apenas oito dias é algo considerado inédito e leva a crer que houve forte influência política em favor da farmacêutica, que tem sede em Maringá (PR), reduto eleitoral do líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP).

“Esta agilidade é inédita, algo nunca visto. Nenhuma outra vacina recebeu este tratamento tão diferenciado. O senhor não acha isso muito estranho?”, perguntou a senadora, com ironia, ao depoente.

A autorização foi assinada pelo Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros.

Eliziane reforçou lembrando que a Farmacêutica Pfizer levou quase um ano para obter a carta de autorização e conseguir negociar com o governo a venda do imunizante. “Mas com a empresa de vocês, foi tudo muito rápido, tudo muito ágil, com todas as facilidades”, disse.

Quebra de sigilo

Durante o depoimento, Emanuel Catori voltou a negar que a proximidade com Ricardo Barros, inclusive com outro sócio da empresa, Daniel Moleirinho Feio Ribeiro – que é filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, ex-diretor da Urbamar (Urbanização de Maringá) – , tenha sido um facilitador na tentativa de comercialização de 60 milhões de doses da vacina chinesa com o Ministério da Saúde a custo de R$ 5 bilhões.

“O senhor insiste em afirmar que Ricardo Barros não teve nenhuma participação, nenhuma influência. Eu pergunto: E se gente encontrar [na quebra de sigilo] o registro de reunião com Ricardo e a sua empresa junto ao Ministério da Saúde para a aquisição dessa vacina?”, questionou Eliziane Gama ao advertir o depoente.

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