Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (08/01/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Saúde compra 46 milhões de doses da CoronaVac
200 mil histórias – Mortes pela Covid no país superam as piores projeções
José Gomes Temporão – ‘Vacinação é chance de consertar erros’
5G: Consumidor pagará a conta se governo excluir Huawei do leilão, diz o president da empresa
Líderes democratas pedem que Trump seja afastado
Bolsonaro prevê país ‘pior que os EUA’; autoridades reagem

O Estado de S. Paulo

Coronavac tem eficácia de 78%; Saúde pede 100 milhões de doses
País relaxa nos cuidados e chega a 200 mil mortes por covid
União gastou R$ 13 bi para cobrir calotes de Estados
ONG projeta R$ 700 bi para o agro com ‘título verde’
Bolsonaro liga atos nos EUA a 2022 e é criticado
Senadora pode ganhar R$ 52 mil por 15 dias no cargo
Startup de venda de móveis vira unicórnio
Cresce movimento para afastar Trump

Folha de S. Paulo

Coronavac tem eficácia de 78% em estudos no Brasil
País chega a 200 mil mortos pela Covid ante série de erros
Lira é alvo de ações penais e acusação de ex-mulher
Sem voto impresso teremos problema pior, declara Bolsonaro
Venda de remédio para piolho dispara 466%
Elon Musk passa Bezos e torna o homem mais rico do mundo
Com novo coronavírus, presidente da Câmara de SP se afasta do cargo
Bolsa vai a 122 mil pontos com Biden, vacinas e China
Facebook e Instagram vão banir Trump até o fim do seu mandato
Manifestante morta no Capitólio era veterana e defendia QAnon
Após invasão, Congresso confirma vitória de Biden

Valor Econômico

Mortos chegam a 200 mil e segue a disputa pela vacina
Cesar Maia pede aliança democrática
São Salvador, dona da marca SuperFrango, prepara IPO
Venda de ações da Light deve superar R$ 3 bi
Democratas pedem retirada de Trump
Zuckerberg bloqueia as contas do presidente no Facebook e Instagram

EDITORIAIS

O Globo

Duzentos mil mortos, e vacina só na esperança

Imunização é o caminho para evitar tragédia maior, mas governo continua a cometer desatinos

Duzentos mil mortos. É como se, em menos de dez meses, uma cidade do porte de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, fosse sumindo aos poucos, até desaparecer por completo. Nas projeções apresentadas ao presidente Jair Bolsonaro em março, o pior dos cenários previa 180 mil mortos. O panorama mais pessimista ficou para trás. E a escalada macabra prossegue, ao ritmo de 700 mortes por dia, uma a cada dois minutos.

A perspectiva para as próximas semanas é tétrica, a levar em conta o que já vem acontecendo na Europa e no Norte do país. A queda no isolamento e o desrespeito aos protocolos de prevenção nas festas de fim de ano contribuíram para o descontrole e começam a cobrar seu preço. Em praticamente todo o país, a ocupação de leitos nos hospitais públicos está no limite. No Rio, há uma fila de mais de 200 pessoas à espera de vaga numa unidade de saúde.

A esperança de evitar uma tragédia maior é a vacina, que já é realidade em quase 50 países. Mas o governo comete os mesmos desatinos perpetrados ao longo da pandemia. Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, erraram ao apostar todas as fichas numa única vacina (Oxford/AstraZeneca). Especialista em logística, Pazuello derrapou até na compra de seringas e agulhas. Na disputa insana que trava com o governador de São Paulo, João Doria, disse que começará a vacinar antes do dia 25, data marcada para o início da vacinação em São Paulo. Depois que o Butantan divulgou ontem a eficácia da CoronaVac, Pazuello confirmou a compra daquela que Bolsonaro chamou de “vacina do Doria”.

Na realidade, mesmo que ambos façam jogo de cena para apresentar imagens de gente sendo vacinada este mês, a imunização não terá vulto expressivo até o final do semestre. Enquanto isso, Bolsonaro segue na sua cruzada antivacina. Anuncia que não vai se vacinar, põe em dúvida a segurança dos imunizantes, fala em exigir termo de responsabilidade para quem for se vacinar e insinua, de forma patética, que quem tomar a vacina pode virar jacaré.

Em pronunciamento quarta-feira, Pazuello falou muito e disse pouco. Afirmou ter 354 milhões de doses asseguradas para 2021, 254 milhões pela Fiocruz (Oxford/AstraZeneca) e 100 milhões pelo Butantan (da mesma CoronaVac que prometera em outubro, Bolsonaro disse que não compraria e foi confirmada ontem). Mas não informou quando estarão disponíveis.

Na última terça-feira, Bolsonaro disse que é a imprensa que valoriza o vírus da Covid-19. Ora, quem incentiva a pandemia é quem menospreza a gravidade da doença, tratada como uma “gripezinha”; quem renega a Ciência para ficar com a ignorância; quem insiste no uso da cloroquina e vermífugos, ineficazes contra a Covid-19, como comprovaram inúmeros estudos; quem desrespeita sistematicamente os protocolos sanitários adotados no mundo inteiro; quem demite dois ministros da Saúde no auge da crise; quem abdica da missão de coordenar o combate à mais letal pandemia em cem anos; quem desdenha a memória das vítimas com um sonoro: “E daí?”.

O Estado de S. Paulo

Vândalos da democracia

Que as declarações temerárias de Bolsonaro sirvam de alerta quanto ao risco de ele repetir no Brasil em dois anos a intentona de seu ídolo americano

Se ainda havia dúvidas, as inacreditáveis cenas do assalto ao Capitólio, sede do Poder Legislativo dos Estados Unidos, ocorrido na tarde de quarta-feira passada em Washington, confirmaram de forma cabal o perigo da política de ressentimento estimulada pelo chamado tecnopopulismo, do qual o presidente americano, Donald Trump, é o maior expoente.

Atônitos, milhões de pessoas em diversos países puderam acompanhar em tempo real os danos que vândalos da democracia como Trump e seus imitadores mundo afora são capazes de causar. Eles vão muito além do estímulo à polarização política e à subversão da verdade factual nas redes sociais, o que já seria grave por si só. O ódio que essas lideranças populistas promovem contra as instituições democráticas, o que chamam de “sistema”, a diversidade e todos que não pertençam ao “povo” encarnado pelo líder ungido, se traduz em violência e morte.

Enquanto o Congresso dos Estados Unidos realizava uma sessão conjunta para certificar a eleição de Joe Biden como o 46.º presidente americano, um ato que em condições normais seria meramente protocolar, o presidente Donald Trump proferia um de seus mais virulentos discursos contra o que chamou de “eleição roubada”. Furioso porque seu vice, Mike Pence, simplesmente decidiu cumprir a Constituição e se recusou a participar da sedição que o manteria no poder, Trump afirmou que “jamais aceitaria” a derrota e insuflou uma horda de extremistas a “lutar” de forma “patriótica” contra a “fraude” da qual diz ser vítima.

Não houve fraude alguma na eleição presidencial dos Estados Unidos. Trump não passa de um mau perdedor e, a partir de agora, de um golpista malsucedido. Sua manutenção no poder, ainda que por mais poucos dias, representa um enorme perigo. Donald Trump deve ser impedido ou retirado da presidência de acordo com a 25.ª Emenda à Constituição americana, que prevê que o presidente pode ser destituído por incapacidade de desempenhar suas funções após uma declaração conjunta de seu vice e da maioria dos membros de seu Gabinete.

A responsabilidade pelo que aconteceu em Washington é exclusiva de Trump. “Palavras de um presidente têm peso”, disse o presidente eleito, Joe Biden. “Hoje vimos de um jeito duro o quão frágil é a democracia. Para preservá-la são necessárias pessoas de boa vontade e líderes com coragem, que se dediquem não a perseguir o poder e os interesses pessoais a qualquer custo, mas sim o bem comum”, disse o presidente eleito.

Controlada a invasão do Capitólio pelos radicais trumpistas – um rematado ato de terrorismo doméstico que culminou na morte de pelo menos 4 pessoas e na prisão de mais de 50 –, o Congresso retomou a sessão conjunta e certificou a decisão do Colégio Eleitoral, que em 14 de dezembro elegeu a chapa democrática formada por Joe Biden e Kamala Harris. A posse ocorrerá no próximo dia 20.

No final, a secular democracia americana resistiu à infame tentativa de sublevação insuflada por Trump e da qual fizeram parte alguns senadores republicanos, como Ted Cruz, Josh Hawley e Ron Johnson. Mas o abalo seguramente foi sentido em democracias mundo afora.

O presidente Jair Bolsonaro, do tugúrio de onde expele fartas doses de mentiras e de veneno antiliberdades, voltou a prestar apoio a Trump e a dizer que a eleição americana foi “fraudada”, tal como a eleição brasileira em 2018, cantilena que repete sem apresentar provas. O presidente brasileiro afirmou que, “se tiver voto eletrônico no Brasil em 2022, vai ser a mesma coisa lá dos Estados Unidos” (sic). Se Bolsonaro não se conforma com o sistema eleitoral do País, que tente mudá-lo de acordo com as regras do jogo democrático. Se não conseguir e continuar inconformado, que renuncie à Presidência e deixe a ribalta, que não participe de um jogo de cujas regras discorda.

Como ele não tem estofo para isso, que as declarações temerárias sirvam de alerta para as autoridades brasileiras quanto ao risco de o presidente repetir no Brasil daqui a dois anos a intentona de seu ídolo americano.

Folha de S. Paulo

Assalto à democracia

Ataque ao Congresso incitado por Trump mancha os EUA, mas instituições vencem

Num ataque infame, que mancha a história da democracia americana, uma horda de extremistas de direita, incitada pelo presidente Donald Trump, invadiu o prédio do Congresso dos EUA durante a sessão convocada para oficializar a vitória do eleito Joe Biden.

O maestro do espetáculo ultrajante de hostilidade às regras democráticas jamais deixou dúvidas quanto às suas convicções autoritárias, racistas e homofóbicas, enfeixadas por um projeto político regressivo, baseado no apelo mítico do ressurgimento de uma América fabulosa e ancestral, purificada das influências nefastas da modernidade e do internacionalismo.

Desde a campanha de 2016, Trump aposta na polarização ideológica e no descrédito das instituições. Suas investidas para rechaçar e tachar de fraudulento um possível resultado negativo nas urnas, em 2020, já eram conhecidas bem antes do processo eleitoral.

Quando a derrota se esboçou, o republicano passou a comportar-se como um golpista desvairado, a exortar, com base em falsidades, uma rebelião contra o sufrágio popular —esforço coroado pelo assalto ao Capitólio, que deixou quatro mortos e uma mácula sinistra na política dos EUA.

Se não encontrou condições de organizar um golpe de Estado, Trump recorreu às armas disponíveis para enfraquecer Biden e alardear a versão mentirosa de que teria sido vítima de uma conspiração. O impostor semeia a insegurança para dar prosseguimento à sua saga política destrutiva, que projeta graves indagações sobre o futuro.

Consideradas as circunstâncias, a vitória democrata no Senado, que assegurou ao partido maioria nas duas Casas legislativas, constitui uma notícia auspiciosa. Desanuviam-se, ao menos em parte, os riscos de paralisação governamental numa nação imersa em confrontos ferrenhos e perigosos.

As recorrentes comparações que se fizeram entre as cenas vistas na capital dos EUA e as insurreições e quarteladas do Terceiro Mundo merecem ser ponderadas. Para além da baderna, Trump perdeu tudo —e pode ter destino pior do que apenas deixar a Casa Branca.

No Brasil, também o sistema de freios e contrapesos contém um populista de inclinações autoritárias que tem em Trump uma fonte óbvia de inspiração.

Entusiasta da ditadura militar e venerador de torturadores, Jair Bolsonaro sempre foi fiel e submisso ao congênere americano. Natural que, à luz sombria dos conflitos em Washington, tenha evitado condenações. Preferiu lançar ameaças à democracia brasileira, afirmando que se o país não regredir ao voto impresso enfrentará “problema pior do que nos EUA”.

Como deixa claro o tumulto insuflado por Trump, não se deve subestimar o obscurantismo que se propaga na política internacional. Nos Estados Unidos, felizmente, as instituições prevalecem —como têm prevalecido também no Brasil.

Valor Econômico

Assalto à democracia

Ataque ao Congresso incitado por Trump mancha os EUA, mas instituições vencem

Num ataque infame, que mancha a história da democracia americana, uma horda de extremistas de direita, incitada pelo presidente Donald Trump, invadiu o prédio do Congresso dos EUA durante a sessão convocada para oficializar a vitória do eleito Joe Biden.

O maestro do espetáculo ultrajante de hostilidade às regras democráticas jamais deixou dúvidas quanto às suas convicções autoritárias, racistas e homofóbicas, enfeixadas por um projeto político regressivo, baseado no apelo mítico do ressurgimento de uma América fabulosa e ancestral, purificada das influências nefastas da modernidade e do internacionalismo.

Desde a campanha de 2016, Trump aposta na polarização ideológica e no descrédito das instituições. Suas investidas para rechaçar e tachar de fraudulento um possível resultado negativo nas urnas, em 2020, já eram conhecidas bem antes do processo eleitoral.

Quando a derrota se esboçou, o republicano passou a comportar-se como um golpista desvairado, a exortar, com base em falsidades, uma rebelião contra o sufrágio popular —esforço coroado pelo assalto ao Capitólio, que deixou quatro mortos e uma mácula sinistra na política dos EUA.

Se não encontrou condições de organizar um golpe de Estado, Trump recorreu às armas disponíveis para enfraquecer Biden e alardear a versão mentirosa de que teria sido vítima de uma conspiração. O impostor semeia a insegurança para dar prosseguimento à sua saga política destrutiva, que projeta graves indagações sobre o futuro.

Consideradas as circunstâncias, a vitória democrata no Senado, que assegurou ao partido maioria nas duas Casas legislativas, constitui uma notícia auspiciosa. Desanuviam-se, ao menos em parte, os riscos de paralisação governamental numa nação imersa em confrontos ferrenhos e perigosos.

As recorrentes comparações que se fizeram entre as cenas vistas na capital dos EUA e as insurreições e quarteladas do Terceiro Mundo merecem ser ponderadas. Para além da baderna, Trump perdeu tudo —e pode ter destino pior do que apenas deixar a Casa Branca.

No Brasil, também o sistema de freios e contrapesos contém um populista de inclinações autoritárias que tem em Trump uma fonte óbvia de inspiração.

Entusiasta da ditadura militar e venerador de torturadores, Jair Bolsonaro sempre foi fiel e submisso ao congênere americano. Natural que, à luz sombria dos conflitos em Washington, tenha evitado condenações. Preferiu lançar ameaças à democracia brasileira, afirmando que se o país não regredir ao voto impresso enfrentará “problema pior do que nos EUA”.

Como deixa claro o tumulto insuflado por Trump, não se deve subestimar o obscurantismo que se propaga na política internacional. Nos Estados Unidos, felizmente, as instituições prevalecem —como têm prevalecido também no Brasil.

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