Juliet cobra da Câmara de Nova Friburgo punição exemplar para vereador por violência política contra Priscilla Pitta

Em entrevista ao Portal do Cidadania, Juliet Matos, da Secretaria de Mulheres do partido, repudiou as ofensas do líder do governo na Câmara Municipal de Nova Friburgo (RJ), Zezinho do Caminhão (Republicanos), à vereadora Priscilla Pitta (Cidadania). Ela pediu punição exemplar para o parlamentar.

“Priscila Pitta é uma vereadora eleita, no exercício de seu mandato, escolhido pelo povo. E essa atividade tem sido constrangida. A gente espera que a Câmara Municipal de Nova Friburgo e as autoridades competentes consigam olhar para esse caso do vereador Zezinho do Caminhão e torná-lo um exemplo de punição”, cobra.

Veja abaixo a íntegra da entrevista:

Em pleno 2022 e mais um caso estarrecedor de violência política de gênero contra a mulher, desta vez contra uma parlamentar do Cidadania…

Nós acompanhamos chocadas a situação que ocorreu envolvendo o vereador Zezinho do Caminhão, do Republicanos, que também é o líder do governo em Nova Friburgo, atacando diretamente com ofensas, ameaças e intimidação a nossa vereadora Priscila Pitta. Simplesmente por exercer as suas funções parlamentares, que são de fiscalização e acompanhamento dos processos legislativos, inclusive com pedido de vista. A gente repudia as atitudes do vereador.

Houve, então, na verdade, uma tentativa de cercear o livre exercício do mandato da vereadora? O que tem se tornado comum…

Priscilla sofreu uma tentativa de ter limitado o exercício do seu mandato. Para nós, é triste estar em 2022 e continuar acompanhando casos de violência política de gênero, principalmente contra as nossas parlamentares eleitas. Em todos os lugares do Brasil, a gente tem exemplos. E isso acontece também com as candidatas e as mulheres que se dispõem a melhorar a sua cidade, a entrar e participar da política. As mulheres sofrem a violência política de um jeito muito específico: com ofensas e palavras de baixo calão como aconteceu com a vereadora.

Por que casos como esses são tão graves?

Porque é o exercício da democracia no Parlamento. Quando a gente fala que condena casos como esse, a gente está falando que a gente quer uma sociedade melhor. Porque a gente fala também de um ataque contra a própria democracia. Priscila Pitta é uma vereadora eleita, no exercício de seu mandato, escolhido pelo povo. E essa atividade tem sido constrangida.

Qual o papel da mulher na política, na sua opinião?

O que a gente quer é que homens e mulheres entendam que o papel da mulher na política, o lugar da mulher, enfim, é onde ela quiser. Seja discutindo política pública, seja elaborando projetos que melhorem a saúde pública, seja debatendo orçamento. Exercendo atividades na gestão pública de forma tão exemplar quanto tem sido. A gente quer uma sociedade livre de violência política.

Qual o saldo que a Secretaria de Mulheres do Cidadania espera desse lamentável episódio?

A gente espera que a Câmara Municipal de Nova Friburgo e as autoridades competentes consigam olhar para esse caso do vereador Zezinho do Caminhão e torná-lo um exemplo de punição. Para que a gente possa viver numa sociedade livre de machismo, livre desse tipo de ataque e as mulheres possam exercer as atividades parlamentares e melhorar as condições do povo.

Nota oficial do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos

O Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos divulgou nota oficial nesta quarta-feira (23) sobre as mudanças previstas na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 125/2011 e defenderam a manutenção das quotas de 30% de recursos e de tempo de rádio e televisão para mulheres. O Cidadania é representado no Fórum por Juliet Matos, da Secretaria Nacional de Mulheres, e uma das signatárias do texto, assinado por outras 23 legendas integrantes do colegiado. Leia abaixo:

Nota oficial do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos

Brasília, 23 de junho de 2021

O Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos, criado em 2006, reúne as dirigentes nacionais das instâncias de mulheres dos partidos políticos brasileiros. Depois de 15 anos de atuação conjunta, pluripartidária e suprapartidária para articular, debater e garantir a maior participação feminina das mulheres nos espaços de poder e decisão; consolidar os avanços em relação à presença das mulheres na política e combater a violência política de gênero, tornamos pública a nossa posição em relação à PEC 125/11, que afetará diretamente a participação feminina na política.

Em 2022 as mulheres completam 90 anos do voto feminino no Brasil. De lá para cá, avançamos pouco na participação política e ocupação dos espaços de poder e decisão. Além da conquista do direito a votar e ser votada, em 1932, apenas na Constituição Cidadã de 1988 conquistamos igualdade em direitos e deveres entre homens e mulheres. Com muita pressão dos movimentos de mulheres e das parlamentares eleitas, conquistamos na Justiça Eleitoral os 30% de presença nas nominatas de candidaturas políticas e os 5% do Fundo Partidário. Em 2018, após uma ação contundente da Bancada Feminina do Congresso Nacional foi possível garantir o acesso aos 30% de recursos e de tempo de rádio e TV.

Essa medida de garantir os 30% de recursos e de tempo de rádio e TV auxiliaram que na última eleição as deputadas federais saltassem de 51 para 77 parlamentares, representando um aumento de 50% da representação na Câmara Federal. Entretanto, este número de representantes eleitas ainda não reflete o fato de as mulheres serem a maioria da população e maioria do eleitorado, quase metade das filiadas aos partidos políticos, não sendo proporcionalmente representadas no Congresso Nacional, nas Câmaras e Assembleias e também nas direções partidárias. São quase mil municípios sem nenhuma vereadora eleita, mostrando que apesar das políticas afirmativas terem auxiliado, ainda não chegamos ao nível desejado de representatividade e não podemos abrir mão do que foi conquistado até agora.

Nós, do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos, comunicamos que vamos atuar junto com nossas e nossos parlamentares eleitos no Congresso Nacional e também junto com outros movimentos que apoiem a maior participação política de mulheres para não aceitar nenhum retrocesso nos nossos direitos já garantidos para o fomento da participação da mulher na política e nos espaços de poder, direitos esses que foram conquistados com muito diálogo e luta conjunta. Da mesma forma, vamos trabalhar para avançar ainda mais na representação feminina, para que o nosso país caminhe para uma representação paritária, que reflita melhor o percentual de mulheres na nossa sociedade.

Nesse sentido, vamos trabalhar para que a Reforma proposta na PEC 125/11 seja para ampliar direitos e garantir que cada vez mais mulheres possam participar da política brasileira e não retirar direitos, garantindo além dos 30% de presença nas listas partidárias eleitorais, os 30% de recursos e de tempo de rádio e TV e também 30% de cadeiras, para que não tenhamos a sub-representação que hoje coloca o país na vergonhosa posição de um dos últimos países no ranking de participação de mulheres na política no continente americano, o que demonstra que as ações afirmativas conquistadas com tanto esforço ainda não são suficientes para que a mulher brasileira tenha uma participação igualitária no parlamento.

Diversas pesquisas demonstram que a maior participação e eleição de mulheres aumentam os índices sociais das cidades e diminuem a mortalidade infantil. Sabemos que apesar dos avanços conquistados ao longo dos últimos quase 90 anos, ainda temos muito a avançar. Somente com a plena participação da mulher na política é que teremos uma democracia forte e um país justo e igualitário, por isso reafirmamos que não abriremos mão dos direitos já conquistados.

Contamos com todos/as para avançar cada vez mais!

Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos