Eliziane Gama pede convocação de representante da Davati para confrontar acusação a Luís Miranda

O parlamentar e seu irmão, Luís Ricardo Miranda, são autores de denúncia de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo federal (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

A líder do bloco parlamentar Senado Independente, Eliziane Gama (Cidadania-MA), defendeu nesta quinta-feira (01) que a CPI da Pandemia convoque imediatamente  Cristiano Alberto Carvalho, CEO da Davati Medical Supply no Brasil.

A parlamentar quer que ele confirme ou não ser o autor de áudio que foi mostrado à comissão por Luiz Paulo Dominguetti que envolve  o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) em negociação de vacinas com a Davati Medical Supply.

O parlamentar e seu irmão, Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, são autores de denúncia de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo federal.

“O representante da Davati no Brasil, senhor Cristiano,  já negou a acusação contra Luís Miranda. Mas é fundamental que ele preste depoimento para confrontar as  versões. Há indícios de que [o depoimento] foi plantado ”, afirmou Eliziane Gama.

“Em nenhum momento se falou em vacina no áudio. Vamos aguardar a perícia para ver quem mentiu”, postou a senadora no Twitter.

 A senadora estranhou ainda alvoroço da parte de senadores da base governista em defesa de Dominguetti após a apresentação do áudio.

 Propina no Ministério da Saúde

Ao ser indagado por Eliziane Gama,  Dominguetti – um cabo da PM de Minas Gerais e vendedor de vacinas nas horas vagas – voltou a  afirmar que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina de US$ 1 por dose para fechar um contrato por 400 milhões de doses da AstraZeneca.

Ele confessou que a negociata foi feita na presença do “Coronel Blanco”, o então o diretor-substituto  do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, o tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco da Costa, dispensado da função nesta quarta-feira (30). Dominguetti foi além dizendo ainda à CPI que esteve com o coronel Elson Franco, na época secretário-executivo do Ministério da Saúde.

‘A mando de quem?’

Para a senadora do Cidadania, com a confissão de Dominguetti, os trabalhos da CPI precisam se aprofundar mais ainda para descobrir os principais interessados na compra do imunizante que é envasado no Brasil  pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

“Dominguetti confirmou que Roberto Dias pediu propina de um dólar vacina. A mando de quem? A CPI já descobriu ligações de Wizard para o dono da Precisa. A pergunta que não quer se calar: por que tanta gente que nem do governo era negociava com empresas?”, questionou Eliziane Gama.

Alessandro Vieira quer na CPI representante de empresa que relatou pedido de propina para compra de vacina

Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati, afirmou ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose do imunizante da AstraZena em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde (Foto: Reprodução/Agência Senado)

O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE) apresentou pedido de convocação do representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que relatou ao jornal ‘Folha de S. Paulo’ ter recebido um pedido de propina para venda de vacinas. Para o senador, a denúncia é gravíssima e que precisa ser apurada.

“Brasileiros morrendo de Covid e bandidos atrás de vantagens ilícitas. Precisamos apurar tudo. A CPI segue avançando”, afirmou o senador na rede social.

Segundo reportagem do jornal, Dominguetti Pereira afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. A proposta teria partido do diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, durante um jantar no dia 25 de fevereiro.

Roberto Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).

A empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca com uma proposta de US$ 3,5 por unidade, e depois disso passou o valor passou a US$ 15,5.

Sessão secreta

O senador Alessandro Vieira também protocolou requerimento pedindo uma sessão secreta como deputado federal Luís Eduardo Miranda (DEM-DF). Ele relatou à revista Crusoé que,  em  reunião  realizada com  o  líder  Ricardo  Barros  e  Silvio  Assis, conhecido  lobista  de  Brasília,  teria  recebido  oferta  de  propina  para  não  criar obstáculos  aos  negócios  da  Covaxin. (Assessoria do parlamentar)