CPI aprova requerimento de Alessandro Vieira para convocação de Ana Cristina, ex-mulher de Bolsonaro

Ana Cristina teria, a pedido de lobista da Precisa Medicamentos, tentado interferir na escolha do chefe da Defensoria Pública da União (Foto: Pedro França/Agência Senado)

A CPI da Pandemia aprovou nesta quarta (15) a convocação de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do presidente Jair Bolsonaro, a partir do requerimento apresentado pelo líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE). O pedido foi aprovado quase ao final do depoimento do empresário Marconny Ribeiro, apontado como suposto lobista da Precisa Medicamentos, quando Alessandro Vieira pressionou para que a convocação fosse colocada de novo em votação.

Com apenas um membro da tropa de choque do governo presente, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) foi o único voto contrário. Ana Cristina é mãe de Jair Renan, filho 04 do presidente Jair Bolsonaro.

Foram justamente mensagens trocadas, pelo celular, entre Marconny e Ana Cristina, obtidas em quebra de sigilo pela CPI, que confirmam que ela atuou para beneficiar Marconny. Ana Cristina teria, a pedido de Marconny, tentado interferir na escolha do chefe da Defensoria Pública da União. A ex-mulher do presidente e mãe de Jair Renan se mudaram em agosto da para uma mansão em Brasília. Marconny ajudou o filho 04 do presidente a criar sua empresa.

“Como se sabe, Marconny Faria atuou como lobista da empresa Precisa Medicamentos, investigada pela CPI da Pandemia em razão de irregularidades na negociação de compra da vacina Covaxin, de modo que a sua relação próxima com a ex-esposa do presidente Bolsonaro deve ser amplamente esclarecida, com vistas a examinar potencial atuação ilícita de ambos no contexto da pandemia”, afirmou o senador Alessandro Vieira.

Antes do reuerimento ser aprovado, o parlamentar pressionou os colegas a não mais retardar a convocação.

“Nesse momento, a CPI precisa decidir – e temos tempo pra isso – se vai apurar efetivamente os desdobramentos dessa situação ou se vai parar por aí, e pagar o preço político por isso. Esse preço não vai ser meu”, disse Alessandro Vieira.

‘Cara de pau e oportunista’

O líder do Cidadania chamou Marconny Faria de ‘cara de pau e oportunista’. Ele afirmou que o depoente participou de negociatas junto ao governo e, depois de subir em carro de som para pedir o fim da corrupção, agora não tem coragem para revelar os nomes dos envolvidos no esquema de corrupção para a compra da vacina indiana Covaxin.

Ao ser questionado por Alessandro Vieira, Marconny confirmou que conhece Renan Bolsonaro e que chegou a comemorar aniversário em um camarote que pertencia ao filho do presidente Bolsonaro, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.

A confirmação foi obtida após o senador insistir em saber sobre a atividade profissional do depoente e a razão de, nas mensagens de telefone obtidas pela CPI, ele ser identificado como alguém que possivelmente “desataria o nó da contratação” nos processos licitatório para aquisição de testes de Covid-19. (Com informações da assessoria do parlamentar e Agência Senado)

CPI: Alessandro Vieira quer convocação de Ana Cristina Valle, ex-mulher Bolsonaro

Diálogos de investigação do Ministério Público Federal no Pará indicam que a pedido de lobista Ana Cristina teria exercido influência em processo de escolha de defensor público (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), protocolou um requerimento, dirigido ao presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM),  propondo a convocação de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. O senador argumenta que diálogos apontam a possível atuação de Ana Cristina na intermediação de interesses de lobistas diante de autoridades públicas.

Mensagens eletrônicas extraídas de um celular, em posse da CPI, de acordo com o requerimento, indicam que a pedido do lobista Marconny Faria, a ex-mulher do presidente da República entrou em contato com o Palácio do Planalto para “exercer influência” no processo de escolha do Defensor Público-Geral Federal junto a Jorge Carvalho, então ministro da Secretaria Geral da Presidência e atual ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).

Marconny Faria atuou como lobista da empresa Precisa Medicamentos, uma das principais investigadas pela CPI, envolvida na tumultuada negociação de compra da vacina Covaxin. As mensagens tiveram origem em material sigiloso enviado pelo Ministério Público Federal no Pará, parte de uma investigação sobre desvios de recursos públicos em órgão ligado ao Ministério da Saúde.