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Projeto da deputada Any Ortiz propõe que trabalhador possa sacar total do FGTS

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Atualmente, o saque-aniversário do FGTS possibilita que o trabalhador retire parte do valor acumulado da sua conta do Fundo de Garantia. Esse saque parcial pode ser realizado todos os anos, no mês de aniversário do trabalhador. Entretanto, a pessoa que opta por essa modalidade não tem acesso ao saldo total do FGTS caso seja demitida sem justa causa.

Para alterar essa regra, a deputada federal Any Ortiz (Cidadania-RS) protocolou, na Câmara dos Deputados, um Projeto de Lei que permite o desbloqueio total do FGTS em caso de demissão sem justa causa, mesmo após a retirada do saque-aniversário. “Se, por um lado, optar pelo saque-aniversário traz liquidez sem a necessidade de interromper o contrato de trabalho, por outro, causa um enorme prejuízo para o trabalhador que venha a ser despedido. E é isso que queremos mudar”, explica a deputada.

A parlamentar ainda menciona que, ao oferecer a mudança da sistemática, a Caixa Econômica Federal não deixa claras as regras para o caso de demissão sem justa causa. “O banco envia mensagens de texto para o celular do aniversariante. Com um clique, a pessoa pode aceitar o saque, porém, não é alertada sobre as desvantagens dessa escolha”, esclarece.

Segundo dados da Caixa Econômica Federal, até o final de 2023, mais de 37 milhões de trabalhadores brasileiros optaram pelo saque-aniversário e mais de 9 milhões solicitaram a volta para o saque-rescisão.

O projeto seguirá em tramitação na Câmara dos Deputados.

Buscando a reeleição, Celso Góes diz que Guarapuava é “bola da vez” no desenvolvimento do Paraná

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Buscando a reeleição para continuar no comando da Prefeitura de Guarapuava, no Paraná, Celso Góes (Cidadania) está com uma campanha forte nas ruas, destacando as realizações de sua administração e novas propostas para alavancar o desenvolvimento da cidade. Ao lado de Janaína Neumann (Cidadania), candidata a vice-prefeita, ele vem apresentando seu plano de governo para os eleitores do município.

“Guarapuava é a bola da vez no desenvolvimento do Paraná. O grande número de obras em execução e as já executadas, colocam o município num dos maiores patamares do Estado, atendendo o desenvolvimento econômico, mas, principalmente, o social”, afirma Celso Góes.

Nascido em Laranjeiras do Sul, Celso Fernando Góes tem 60. Formado em Farmácia e Bioquímica, é mestrando em Promoção da Saúde. Foi secretário municipal de esportes de 2013 a 2015 e secretário executivo e de saúde nas gestões do prefeito Cesar Silvestri Filho.

Em 2020 foi eleito prefeito de Guarapuava, com 30.622 votos, 33,01% dos votos válidos. Agora, encabeça a chapa da coligação “Guarapuava Cada Vez Melhor”, que integra a Federação PSDB/Cidadania e os partidos PP, Republicanos, PMB, MDB, Novo e Solidariedade.

Rafa Zimbaldi apresenta propostas concretas para o desenvolvimento de Campinas

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Candidato do Cidadania à Prefeitura de Campinas (SP), Rafa Zimbaldi (Cidadania) tem percorrido toda a cidade com uma campanha centrada em propostas que formam um plano de governo para o desenvolvimento sustentável da cidade.

Na última semana, em caminhada nas proximidades da obra do Centro de Convivência Cultural (CCC), junto com a candidata a vice, Raquel Rímoli (União), ele conversou com eleitores, pediu votos e apresentou a proposta de revitalização da área central de Campinas.

“Nós temos conversado sobre a revitalização da área central, passando aqui pelo Centro de Convivência como símbolo cultural da nossa cidade. O nosso compromisso é da retomada da obra e a entrega desse símbolo cultural mais rápido possível, e fazer a revitalização da área central, incentivando os nossos comerciantes para que o centro seja devolvido à nossa população como símbolo cultural, símbolo gastronômico, de lazer e de comércio”, defendeu.

A melhoria da segurança pública em Campinas também é uma preocupação de Rafa Zimbaldi. “Nossa proposta para a segurança pública aqui da cidade de Campinas é a ampliação de 800 para 2.500 guardas municipais, fazendo um treinamento e um preparo da Guarda Municipal e fazendo também atividade delegada, com isso nós vamos triplicar agentes de segurança pública, seja da Polícia Militar, Polícia Civil e também do Corpo de Bombeiros, fazendo esse trabalho na região central, em toda a cidade de Campinas e, em especial, na periferia, que tem clamado tanto por segurança pública”, explicou.

Turma do Supremo endossa medidas contra Musk

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NAS ENTRELINHAS

No julgamento, Moraes disse que tomou a decisão depois de realizar todos os esforços possíveis para que as ordens judiciais fossem cumpridas pelo X

A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou decisão do ministro Alexandre de Moraes que suspendeu a plataforma X, antigo Twitter, em todo o território nacional. O referendo ocorreu em sessão extraordinária virtual nesta segunda-feira, por unanimidade. No julgamento, Moraes disse que tomou a decisão depois de realizar todos os esforços possíveis para que as ordens judiciais fossem cumpridas pelo X, como o pagamento das multas.

Moraes esclareceu que sua medida mais polêmica, a multa diária de R$ 50 mil, se aplica apenas a pessoas e empresas que tentarem fraudar a decisão judicial, utilizando subterfúgios tecnológicos (como o uso de VPN, entre outros) para continuar a usar e a se comunicar pelo X. Segundo a votar na Turma, o ministro Flávio Dino destacou que o STF garante o acesso a recursos contra suas decisões, mas não a obstrução ou escolha de quais decisões serão cumpridas. “O poder econômico e o tamanho da conta bancária não fazem nascer uma esdrúxula imunidade de jurisdição”, disse.

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — Corte na qual a decisão terá grande impacto, porque as redes sociais são um instrumento de campanha eleitoral e palco de muitas fake news e ataques à democracia —, a ministra Cármen Lúcia foi na mesma linha. Destacou que o Poder Judiciário afirma a soberania nacional e sua decisão deve ser “acatada, respeitada e legitimada”. Considerado um dos ministros mais “garantistas”, Cristiano Zanin enfatizou que ninguém pode desenvolver suas atividades no Brasil “sem observar as leis e a Constituição Federal”. Luiz Fux acompanhou o relator, mas ponderou que a decisão não deve alcançar pessoas ou empresas indiscriminadamente e sem participação no processo, a não ser “as que utilizarem a plataforma para fraudar a decisão”.

Esse é o ponto que mais causa controvérsia e contestações à decisão. Moraes foi respaldado pelos ministros porque Musk extrapolou todos os limites legais e afrontou a Justiça. Mas há questionamentos, nos bastidores do Supremo e, sobretudo, nos meios jurídicos e políticos, à decisão que proíbe o acesso de internautas ao antigo Twitter por meio de VPN, e à punição da Starlink, empresa de Musk que fornece sinal de internet por satélite, principalmente, em regiões remotas, como a Amazônia e os mares.

Musk continua escalando o confronto, com ataques ao ministro Moraes e ao governo Lula, com ameaças de que pode utilizar os recursos de que dispõe para confiscar ativos do governo brasileiro. Não deixa claro se pretende fazer isso recorrendo à Justiça dos Estados Unidos ou por meio do uso dos recursos tecnológicos de que dispõe, ou seja, na marra.

O confronto com Musk também reacendeu as críticas ao inquérito das fake news, que funciona como guarda-chuva para outras investigações sob jurisdição de Moraes, como o caso da tentativa de golpe de 8 de janeiro. Perfis de envolvidos nos atos antidemocráticos que não foram retirados do ar pelo X, apesar das determinações judiciais, são a origem do imbróglio. “Acho que a maneira como o Moraes está conduzindo tudo isso é arrogante. Existem poderes excepcionais que não se justificam nessas ações”, avalia o jurista Pablo Ortellado, professor de gestão de políticas públicas na Universidade de São Paulo (USP).

Regras do jogo

“Pedir para retirar uma conta por causa de uma publicação é uma censura prévia”, disse Ortollado, em entrevista à rede britânica de notícias BBC. Essa interpretação se tornou uma bandeira da oposição no Congresso, que acusa Moraes de atuar de forma autoritária e faz campanha sistemática contra o ministro do Supremo, que investiga a tentativa de golpe de 8 de janeiro e já promoveu centenas de condenações. A principal crítica é a de que o inquérito que ampara sua atuação como “investigador, acusador e juiz” foge aos ritos do devido processo legal, viola direito de defesa e precisa ter prazo de conclusão, em vez de se desdobrar em novos processos, como agora, no caso da X e da Starlink.

Os problemas de Musk com a Justiça brasileira, porém, segundo Ortellado, acenderam um alerta em todo o mundo. “Não existe uma percepção mundial de que o Brasil se juntou a países como a China, a Rússia e o Irã ao suspender o X. A percepção é que o X foi proibido em um país democrático porque desafiou a justiça local. Uma coisa é a rede ser banida em um país autoritário, outra coisa é em um país democrático”, ressalvou.

O magnata sul-africano (naturalizado estadunidense) usa seu poder tecnológico de ultrapassar as fronteiras nacionais para subverter a relação entre um Estado nacional e sua sociedade e interferir nas disputas políticas locais, aproveitando-se das mudanças econômicas e sociais estruturais decorrentes da revolução digital. A crise acontece no momento em que a preocupação com o tema da regulação das big techs, as empresas de tecnologia que hoje dominam a economia mundial, cresce em todo o mundo. Nos Estados Unidos, devido às ligações de Musk com o ex-presidente Donald Trump, de cuja campanha é um dos principais financiadores, o assunto também entrou em pauta. No Brasil, serve de paradigma a regulamentação recentemente adotada pela União Europeia. (Correio Braziliense – 03/09/2024)

Araxá: Campanha de Magela une oito partidos e caminha rumo à reeleição

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Movimentando a cidade com caminhadas, atos políticos e reuniões com a comunidade, a campanha pela reeleição de Robson Magela (Cidadania) a prefeito segue firme em Araxá, Minas Gerais. Sua aliança reúne oito partidos: Cidadania, PSDB, PL, União Brasil, Podemos, PSB, MDB e Progressistas, somando mais de 100 candidatos disputando uma cadeira no legislativo. O vice na chapa é Bosco Júnior, do PL.

Como prefeito, Magela vem realizando grandes projetos. Um deles é Vida em Movimento. São mais de 300 crianças e adolescentes transformando suas vidas por meio de atividades esportivas como natação, tênis, treinamento funcional e, para quem precisa, reabilitação motora com fisioterapia.

“Cada passo desse projeto é um compromisso nosso. Juntos, estamos promovendo saúde e qualidade de vida para as nossas crianças”, destaca Magela.

Outra conquista recente do município na administração de Magela foi a disponibilização de um helicóptero que vai atender o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). “Ele vai ajudar a reduzir o tempo de resposta em casos críticos, principalmente em áreas mais remotas ou de difícil acesso. Com a presença do helicóptero, o SAMU poderá realizar resgates e transportes de pacientes com mais agilidade, o que pode ser crucial em situações de urgência médica”, ressaltou Magela em suas redes sociais.

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (03/09/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Venezuela ordena a prisão de opositor de Maduro
Turma do STF respalda Moraes e mantém rede social X bloqueada
Eleições 2024 – ‘Não vou polarizar com esquerda nem direita, não fecharei portas’
Seca vai elevar conta de luz em até 13% e impactar inflação
Despesas obrigatórias ‘sugam’ fôlego do Orçamento de 2025
Condenação volta a valer, e réus da Boate Kiss serão presos
Crime expande venda de ‘gatonet’ em Rio e Niterói
Castro troca comandos de Polícia Civil e Bombeiros
A feia fumaça que desce
Pressionado, Netanyahu pede desculpa por mortes de reféns na Faixa de Gaza

O Estado de S. Paulo

Justiça venezuela emite ordem de prisão contra opositor de Nicolás Maduro
EUA apreendem aviação do ditador
1ª Turma do STF invoca soberania e referenda bloqueio do X
Em 22 dias, seca pode deixar Manaus isolada por via fluvial
Para saneamento ser universalizado, baixa renda terá gastos extras
Incêndio da Boata Kiss – Toffoli valida condenação e determina prisão de 4 réus
Bet é investimento para 9% dos aposentados paulistanos
Carol Santiago, a brasileira com mais ouros em Paralimpíadas
Netanyahu ignora greve, pressão de Biden e mantém planos de guerra

Folha de S. Paulo

Ditadura de Maduro manda prender oposicionista Edmundo González
Em decisão unânime, Supremo confirma bloqueio do X no Brasil
Ranking mostra eficiência de 5.276 cidades brasileiras
Orçamento 2025 não prevê reajuste de IR e Bolsa Família
Toffoli restitui júri e ordena prisão de condenados da Kiss
IA é tecnologia mais poderosa já criada, afirma Yuval Harari
Israel tem protestos e greve após morte de seis reféns em Gaza; Netanyahu pede perdão

Valor Econômico

Desemprego de longo prazo afeta mais as mulheres
Justiça manda deter González na Venezuela
1ª Turma do STF confirma suspensão do X
PLOA quase não tem folga para investimentos
Empresas preparam ofertas de ações
VW avalia fechar fábricas na Alemanha
Alcoa investe em operação de cabotagem

Sem eleições limpas, a democracia sofre

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Candidatos há que costumam fraudar eleições mediante formas ‘discretas’: mentiras, fuga do debate público, ausência de programas e intenções

Eleições são decisivas para o bom funcionamento da democracia. Por meio delas, mostra-se a qualidade da representação, a resiliência da estrutura institucional e o desempenho governamental. Governantes são premiados ou castigados pelos eleitores quando buscam sua reeleição. Políticos insurgentes podem ganhar o palco da política quando reúnem bons votos. Eleitores extravasam nas urnas suas esperanças, seu descontentamento e sua desconfiança nos políticos.

Diferentemente da Venezuela e de outras ditaduras praticantes do autoritarismo eleitoral, o Brasil tem convivido bem com as eleições. Elas foram suspensas e reprimidas durante a ditadura militar, entre 1968 e 1972, mas a queda do regime ditatorial se deu por via eleitoral, mediante a qual preparou-se o caminho para que o regime fosse se desfazendo, primeiro a partir das bordas e, depois, em seu sistema nervoso central.

Com os parâmetros fornecidos pela Constituição de 1988, as eleições se sucederam regulamente no País. O voto permaneceu secreto, inviolável, auditável, acessível a todos a partir dos 16 anos. Vencedores tomaram posse e os incumbentes derrotados transmitiram os cargos sem maiores acidentes, exceção feita à passagem Bolsonaro-Lula em 2023. O sistema institucional, com seus freios e contrapesos ajustados às coalizões multipartidárias, moderou as crises que ocorreram ao longo do tempo.

Eleições sempre serão processos complexos. Sujeitas a muitos acidentes de percurso e determinadas tanto pelo sistema em que se inserem quanto pelos humores dos cidadãos e pelo estado da sociedade. A proliferação das redes sociais e das tecnologias de informação e comunicação, por exemplo, mudaram o modo como se organizam as campanhas e se busca o voto, implicando grandes modificações na dinâmica eleitoral. Candidatos de “novo tipo” passaram a abusar das redes para disseminar mentiras e ataques aos adversários, criando arenas manchadas por sujeiras que se espalham de forma tóxica, envenenando o eleitorado e alterando a qualidade das disputas políticas. No Brasil de 2024, caso exemplar é do candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal, um oportunista que emergiu como o bufão da hora para bagunçar as eleições na cidade.

Algumas figuras desse tipo são mais histriônicas e vazias, outras, menos. Nos EUA, Donald Trump representa bem a espécie, criando seguidas arapucas para tentar macular os adversários, perturbar as disputas presidenciais e iludir o eleitorado. Todos têm o mesmo foco: fazer das eleições uma arena de disputas medíocres, demagógicas e virulentas.

Os candidatos bufões são aventureiros. Buscam um lugar ao Sol por meio de agressões e propostas mirabolantes, sem nexos com a realidade e voltadas exclusivamente a embaralhar as disputas eleitorais. Querem-se outsiders, como se não tivessem nenhuma relação com “tudo o que está aí”. São invariavelmente contra a política. Prestam enorme desserviço: emporcalham o trâmite eleitoral, fragilizam os partidos, fomentam o populismo mais rasteiro. Põem em risco, assim, a própria democracia e sua institucionalidade. Além do mais, disseminam ódio, raiva e desconfiança entre os eleitores, sequestrando um precioso componente da vida democrática.

Eleições também podem ser abertamente fraudadas, como ocorreu neste ano na Venezuela. Fraudes ostensivas se materializam na manipulação de cédulas e urnas, na intimidação dos eleitores, na repressão às manifestações e na perseguição aos que se opõem aos governantes autoritários, sempre desejosos de dilatar seu tempo no cargo. Nicolás Maduro tem feito tudo isso ao mesmo tempo, e pode ser tomado como um case de autoritarismo eleitoral: ao fim de pleitos viciados, sem controle e sem transparência, se autoproclamou vencedor.

Fraudes diretas e desavergonhadas desprezam regras do jogo e diálogos democráticos. São organizadas para fazer a festa e entronar ditadores. São uma farsa, que desvirtua e cancela a democracia, por mais que o povo seja chamado às urnas.

Candidatos há que costumam fraudar eleições mediante formas mais “discretas”: mentiras, ataques pessoais, campanhas de difamação e autopromoção, fuga do debate público, ausência de programas e intenções. Podem não rejeitar as regras do jogo, mas pouco contribuem para qualificar as eleições, a política e a democracia. Ajudam a converter as disputas numa espécie de circo em que se desperdiça tempo e se intoxica o eleitorado.

O fato é que a democracia, por sua complexidade, sofre quando as eleições perdem o senso da História, da ética e da política. Disputas eleitorais congestionadas de atitudes distantes do bom senso continuarão a ocorrer, em que pesem todo o esforço cívico e toda a eficácia da estrutura institucional. A teatralidade inerente à política possibilita e incentiva isso.

Cabe aos democratas consistentes – de esquerda, liberais, de centro ou conservadores – atuar para reduzir o espaço daqueles que procuram manipular eleições e impedir que elas produzam resultados que reforcem e qualifiquem a democracia. (O Estado de S. Paulo – 31/08/2024)

Por um entendimento entre Democratas e Humanistas

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O papel das forças democráticas implica a defesa intransigente dos interesses da população, o que significa o reconhecimento sem arestas das instituições da República.

Mas não é difícil constatar a ambiguidade do comportamento de alguns setores se reivindicando do campo progressista quando recorrem à doutrina nacionalista, em período marcado pela globalização, para justificar seus equívocos e crimes. Não há como deixar de lembrar aqui a frase do escritor Samuel Johnson: “O nacionalismo é o último refúgio dos calhordas”. Proferida no século XVIII, ela parece manter toda sua atualidade. Já foi dito por um grande estrategista político do século XX: “Não pintemos o nacionalismo de vermelho”.

Para algumas instâncias políticas ocorre, visivelmente, um atrito entre o plano nacional e a questão democrática. A História ensina. Vejamos o caso do governo populista de Getúlio Vargas. Ele subordina a Democracia a um propalado nacionalismo modernizador. Ocorre que a modernização desejada por ele se fazia em detrimento dos direitos humanos. Modernização com recurso sistemático a torturas e carta branca para a polícia política de Filinto Müller não dá. Astrojildo Pereira percebeu isso com muita acuidade à época, valorizando a Democracia entre nós desde os primórdios do movimento dos trabalhadores, nas primeiras décadas do século XX.

Um país não se compõe apenas de bandeira e hino. Tem povo dentro dele. E esse povo não pode ser reprimido sob pretexto de preservar os interesses nacionais. A redução da política à lógica do chamado “nós contra eles” conduz a considerar os atores sociais como inimigos e não adversários. Nunca é demais lembrar que o próprio da atividade política é a negociação: a destruição ou a eliminação do outro pertence ao raciocínio e ao domínio dos marginais.

A mediocridade e a perversidade podem ser significativas e andar de mãos dadas. Já vimos esse filme durante a ascensão do fascismo na Europa. Hoje, vem se formando um novo Eixo nazifascista, tendo a Democracia como inimiga.

O campo democrático está diante de uma verdadeira encruzilhada. Ou assume de vez os valores e as conquistas do processo civilizatório ou simplesmente desaparece de cena. Ou combate a barbárie ou sucumbe. Não há meio-termo. Dos enormes desafios que o Campo Democrático têm pela frente – os quais passam tanto pela compreensão de que um novo mundo do trabalho vem se formando diante de nós quanto pela necessária ampliação das lutas pela cidadania, sem esquecer dos compromissos a assumir com a defesa do meio ambiente -, a incorporação definitiva da Democracia ao ideário progressista talvez seja aquele de maior complexidade. Houve, em muitos momentos, um corte entre o ideário das organizações políticas e sindicais dos trabalhadores e a Democracia, essa é a verdade. Não podemos mais adiar essa decisão, a retomada do fio da meada. Alguns são mais democratas no plano político; outros, no terreno social e econômico. Mas há um chão democrático comum, formado pelo Humanismo, pela defesa da ética e pela formação de uma ampla frente política. A luta é longa e só pode ser conduzida de forma consensual. Em tempo: por Humanismo eu entendo uma sociedade não fraturada, sem exploração, alienação ou opressão de nenhum tipo. Somente assim o homem se reencontra ou se reconcilia com ele mesmo.

A linha de demarcação política se dá entre Civilização e Barbárie. O que não podemos admitir é que haja tortura de direita ou tortura de esquerda. O que há é tortura e ponto final. O que não podemos admitir ainda é que haja corrupção de direita e corrupção de esquerda. O que há é corrupção e ponto final. Em outras palavras, a corrupção está para a economia como a tortura para a política: mata.

Durante muitos anos deixamos que aventureiros e demais integrantes de toda uma escória, à maneira das hordas fascistas, posassem de defensores do povo. Eles não representam coisa alguma, a não ser eles mesmos. O populismo é, muitas vezes, o fascismo que não ousa dizer o nome.

Não podemos continuar nessa marcha. Não temos como manter por mais tempo esse corte entre Justiça Social e Democracia, como algumas esferas políticas vêm praticando. Ao contrário, é preciso aproximar esses dois componentes essenciais da vida em sociedade. Temos que entender que a Democracia é uma totalidade, possuindo ao mesmo tempo uma dimensão social, econômica, política, ambiental, cultural e educacional. A própria Frente Ampla não pode se limitar mais à defesa da Democracia institucional. Evidentemente, esta defesa continua sendo fundamental, mas, a rigor, é preciso ir além da Frente Ampla formulada na batalha contra o nazifascismo: urge aplicá-la a todos os setores da vida. E entender de uma vez por todas que contradição não se dá entre Estado e Mercado e, isto sim, entre capital e interesse social. E que a socialização tem que se dar pela própria sociedade e não pelo Estado forçosamente. Essas são correções inevitáveis, alterando certos rumos nossos. O trabalho por conta própria e as cooperativas de trabalhadores abrem novos espaços, ditando aspectos diferenciados para a atividade econômica.

Não há mais muito tempo a perder. Urge organizar um novo projeto político e um novo operador político.

Precisamos, em meio a essa crise sem precedentes dos nossos ideais de justiça social e de Democracia, agarrar a realidade pelos cabelos e recuperar os laços que ainda nos ligam à cultura libertária. O movimento anarquista correspondeu a uma fase da organização da indústria, de corte mais artesanal. O movimento comunista da III Internacional representava o chão da fábrica, indicando uma separação maior entre capital e trabalho. Hoje, estamos diante de um processo de outro tipo, com a entrada em cena da automação, da robótica e da inteligência artificial. Que política armar a partir daí é o x da questão. Esse é o ponto de partida. Vamos concentrar esforços nisso. O sonho não acabou, mas necessita de ajustes consideráveis.

Se a primeira Revolução Industrial, a que teve início na Inglaterra em 1780, criou as bases técnicas para a superação do modo de produção escravista, esta última, iniciada na virada do século XX para o seguinte, está criando as bases técnicas para a superação, por seu turno, do modo de produção capitalista. Somente os reacionários não entendem isso. Em outubro de 1917, na velha Rússia, havia as condições políticas para as mudanças, mas não existiam as condições técnicas. Hoje é o contrário: temos as condições técnicas, mas perdemos, momentaneamente, as condições políticas. Tudo indica que haverá um choque entre as forças produtivas, que não recuam historicamente, e as forças reprodutivas, isto é, o número de pessoas formado no bojo da Revolução Industrial anterior. Esta é outra dificuldade que temos de encarar.

Cabe a nós, humanistas contemporâneos, reinventar a Democracia, democratizando o seu sistema atual de representação. Até para melhor defendê-la das forças autoritárias e totalitárias.

Chega de polarizações. Afastemos de nós os corruptos e aventureiros, aqueles que não possuem programa ou propostas sequer. O Campo Democrático não é o lugar deles.

Por um entendimento histórico entre os humanistas, tendo por base o legado da própria Civilização, no que ela tem de melhor: ou seja, a Justiça Social, a Ética e a Democracia. (Blog Democracia Política e novo Reformismo – 01/09/2024)

Ivan Alves Filho é historiador

IMPRENSA HOJE

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Veja as manchetes dos principais jornais hoje (02/09/2024)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Queda drástica de contribuintes ameaça regime da Previdência
Primeira Turma do STF vai analisar bloqueio do X
Debate em SP tem troca de ofensas e até ameça de agressão
Sudeste trava desempenho nacional na educação
Casos de câncer em homens terão alta expressiva até 2050
Maduro asfixia imprensa com prisões e exílio
Israelenses exigem na ruas acordo por reféns

O Estado de S. Paulo

Ministros, PT e sindicato loteiam cargos estratégicos na nova gestão da Petrobras
Dirigentes do PT, ex-assessor de Dirceu opera falso banco e ‘vende’ lobbies
Debate tenso na TV tem palavrão, ofensa pessoal e ameaça de agressão
Primeira Turma do STF julga hoje decisão de Moraes sobre veto ao X
Mapa de SP mostra risco de morte por doença crônica conforme o bairro
Faculdade da OAB terá cursos de tecnológo e pós-graduação
srael recupere corpos de seis reféns e protestos se espalham
Extrema direta vence eleição regional na Alemanha

Folha de S. Paulo

23 milhões de brasileiros dizem conviver com facção e milícia na vizinhança
Ferramentas de big techs para análise de redes na eleição sofrem retorecesso
Geraldo Alckmin – Não é porque é bilionário que não precisa cumprir a lei
Moraes chama 1ª turma do STF para votar caso X
Marçal é alvo de Nunes e Boulos em debate com ofensas
Queimadas na amazônia em agosto atingem maior nível desde 2010
Cubanos vivem rotina de escassez permanente de alimentos e itens básicos

Valor Econômico

Anúncio de investimentos produtivos no país aumenta 24% de janeiro a julho
Crescimento do PIB deve acelerar no 2º trimestre
1ª Turma do STF vai analisar suspensão do X
Chegada da NFL ao país movimenta marcas
Emissão externa ganha fôlego em setembro
Valor, O Globo e CBN sabatinam candidatos
Estados gastam 14,2% mais com segurança do que no 1º semestre de 2018

Musk fomenta uma crise pós-moderna no Brasil

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NAS ENTRELINHAS

O magnata da tecnologia acredita que seu poder está acima das instituições brasileiras e que pode se relacionar diretamente com a nossa sociedade

A presença de magnatas na política norte-americana sempre teve forte influência na projeção de poder dos Estados Unidos no mundo, seja por meio de sua política de Estado ou pela presença de suas corporações nos outros países, principalmente onde há petróleo ou um grande mercado consumidor. Historicamente, esse é o caso do Brasil.

Alguns desses magnatas foram “self-made man”, alcançaram sucesso, riqueza e prestígio por conta própria. Andrew Carnegie começou como um operário têxtil e se tornou um dos magnatas do aço mais ricos do século 19; Thomas Edison superou muitos obstáculos como inventor para se tornar um empresário de sucesso.

O “self-made man” é o mito do empreendedorismo. John Davison Rockefeller (1839-1937) talvez seja o seu grande ícone. Comprou sua primeira refinaria em 1870; dois anos depois, a National Refiner´s Association era dona de 21 das 26 refinarias de Cleveland, dando origem à indústria petrolífera. Em 1882, fundou a Standard Oil Company, que se tornaria um monopólio tão poderoso que originou uma lei federal contra monopólios.

Financiador do Partido Republicano, Rockefeller apoiou fortemente Abraham Lincoln. Ganhou muito dinheiro durante e após a Guerra Civil com petróleo e ferrovias. Membro militante da Igreja Batista, atribuiu a fortuna primeiro a Deus e aos conselhos da mulher. Doou boa parte dela a várias instituições, principalmente à Universidade de Chicago. Fundado em 1901, em Nova York, o Instituto Rockefeller até hoje dedica-se a pesquisas médicas. Morreu aos 97 anos.

Howard R. Hughes (1905-1976), personagem do filme “O aviador”, de Martin Scorsese, era inventor, industrial, produtor de cinema, excêntrico, hipocondríaco e viciado em drogas. Projetou e pilotou aviões com os quais bateu recordes de aviação, inclusive em uma volta ao mundo. Namorou Katharine Hepburn, Jean Harlow, Gingers Rogers, Jane Russell e Bette Davis; segundo o biógrafo Charles Higham, era bisexual e teria casos com Randolph Scott e Cary Grant.

Além de ter mania por limpeza e o medo de germes, Hughes era racista e antissemita. Anticomunista, foi informante de J. Edgar Woover, que dirigiu o FBI de 1924 a 1972, durante o macartismo. Ligou-se à máfia e a políticos corruptos, entre os quais os ditadores de Cuba, Fulgêncio Batista, e da Nicarágua, Anastasio Somoza. Era financiador de Richard Nixon, que presidiu os Estados Unidos de 1969 a 1974, quando foi afastado por impeachment.

Sujeito pós-moderno

O magnata sul-africano Elon Reeve Musk tem cidadania canadense e norte-americana. É dono das empresas de alta tecnologia SpaceX, Tesla, Hyperloop, Neuralink, Startlink, The Boring Company e, mais recentemente, da X, antigo Twitter, que comprou por US$ 44 bilhões. Começou sua fortuna aos 12 anos, em Pretoria, quando vendeu seu primeiro jogo virtual por US$ 500. Nos Estados Unidos desde os 17 anos, criou a Zip 2, plataforma de jornais vendida por US$ 300 milhões. Depois, a Paypal, vendida para a Ebay em 2003.

Segundo homem mais rico do mundo, lidera um grupo de empresários do Vale do Silício, na Califórnia, que apoia o ex-presidente Donald Trump e pretende doar US$ 45 milhões (R$ 246 milhões) por mês ao “America PAC”, um “comitê de ação política” do candidato republicano. Os “Super PAC” são entidades jurídicas que não podem financiar diretamente um candidato, mas podem gastar com publicidade e outras ações.

Os apoiadores de Trump no Vale do Silício são homens brancos de ideologia “woke”, conservadores, que acusam os democratas de complacência com as reivindicações das minorias. Acham que a diversidade e a igualdade jogam contra a excelência e a eficácia. Esperam que Trump promova as criptomoedas e a tecnologia de defesa, e desregulamente as aquisições de startups. Esse grupo é conhecido como a “Máfia PayPal”.

Musk comprou o antigo Twitter para ampliar sua influência política nos Estados Unidos e nos países onde atua, com propósito de alavancar seus negócios. Tornou-se um ator político. Aqui no Brasil, é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que está por trás de sua queda de braços com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Musk se recusa a tirar do ar perfis de acusados de participar da tentativa de golpe de estado de 8 de janeiro de 2023.

Na sexta-feira (30), Moraes mandou a Anatel tirar do ar e proibiu o acesso por VPN à plataforma X, porque Musk retirou e, agora, se recusa a indicar um representante legal da plataforma no Brasil; na quinta, Moraes havia bloqueado os ativos financeiros da Starlink, empresa que fornece sinais de satélite a regiões remotas do Brasil, por causa do não pagamento de US$ 18 milhões em multas pela X. Em resposta, o magnata anunciou que fornecerá os sinais gratuitamente. Na queda de braços, ainda ameaçou divulgar “longa lista de crimes” que, segundo ele, foram cometidos por Moraes, “juntamente com as leis brasileiras específicas que ele violou”.

Musk acredita que seu poder está acima das instituições brasileiras e que pode se relacionar diretamente com a nossa sociedade. Moraes é um “sujeito iluminista”, centrado, autônomo, focado na razão, cujas decisões são solitárias, lidando com um magnata cujo público-alvo é o “sujeito pós-moderno”, deslocado, descentrado e sem certezas, que assume diferentes identidades e se utiliza das suas redes sociais. É um embate para o qual o Supremo Tribunal Federal foi desafiado por um ator exógeno, porém, conectado com a polarização política existente no país. Não é uma briga de peito aberto ou que se resolva com uma canetada, em meio a mudanças estruturais, institucionais e culturais complexas. (Correio Braziliense – 01/09/2024)