Início Site Página 1033

Prazo para eleitor faltoso evitar cancelamento de título termina nesta segunda-feira

0

Termina nesta segunda-feira (6) o prazo para os eleitores faltosos nas últimas três votações evitarem o cancelamento do título. Para isso, é preciso pagar as multas referentes às ausências, bem como comparecer a um cartório eleitoral para apresentar, além do título, um documento com foto e um comprovante de residência.

O processo pode ser iniciado pela internet, no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Para somar as três faltas, são contados também os turnos de votação. São consideradas ainda as eleições suplementares, convocadas quando o pleito oficial é anulado devido a irregularidades.

Caso esteja em dúvida sobre sua situação, o eleitor também pode consultar o site do TSE.

Segundo informações do TSE, mais de 2,6 milhões de pessoas podem ter o título cancelado caso não resolvam a pendência. Desse total, apenas 93.702 regularizaram a situação desde o início do prazo, no início de março.

O cancelamento do título pode acarretar uma série de problemas. A pessoa fica, por exemplo, impedida de obter passaporte e carteira de identidade, de receber salário de função ou emprego público e de participar de concorrência pública ou administrativa estatal.

O faltoso fica ainda impossibilitado de obter empréstimos em instituições públicas, de se matricular em instituições de ensino e de ser nomeado em concurso público.

Não terão os títulos cancelados aqueles que não são obrigados a votar, sendo seu comparecimento às urnas facultativo, como as pessoas entre 16 e 18 anos e acima de 70 anos. Também não estão sujeitos à medida os portadores de deficiência a quem seja impossível ou extremamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais.

Os números dos títulos cancelados começarão a ser divulgados em 24 de maio. (Agência Brasil)

“O mundo exige outra forma de organização”, diz Freire sobre partidos no Estadão

0

Maiores siglas já se rendem a nome novo

Pedro Venceslau, Ricardo Galhardo, Paulo Beraldo – O Estado de S. Paulo

O desgaste dos partidos e da própria classe política – marcado nas eleições do ano passado pela rejeição do eleitorado – já estimula mudanças nas mais tradicionais e mais estruturadas siglas do País. De imediato, das 10 maiores bancadas do Congresso, ao menos cinco siglas já alteraram ou estudam alterar o nome, decisão que costuma ser anunciada como um processo de busca de conexões com as redes sociais e de renovação de estatutos e programas.

Algo que o DEM, que hoje preside tanto a Câmara quanto o Senado, fez em 2007, quando deixou de ser PFL e adotou a marca Democratas. O PSDB e MDB, as duas maiores bancadas no Senado, devem ir na mesma linha. O fenômeno, segundo especialistas, é uma tendência mundial e revela uma mudança na relação do eleitor com a política que dispensa mediadores e tem campo aberto no meio digital.

Depois de abolir “P” da sigla, o MDB estuda passar a se chamar apenas “Movimento” (mais informações nesta página). O PSDB encomendou pesquisa para se reposicionar a partir de junho, quando ocorrerá a convenção nacional. Principal liderança da legenda, o governador de São Paulo, João Doria, fala em transformar o partido em “digital”.

Ligado à Igreja Universal, o PRB vai se transformar em Republicanos, como antecipou o Estado. A intenção da legenda é focar sua atuação no campo ideológico da centro-direita. Originário do antigo PCB, o Partido Popular Socialista (PPS) foi rebatizado recentemente como Cidadania, e tirou o “Socialista” do nome para receber os grupos de renovação política, como Agora, Livres e Acredite. Entre os 74 partidos em formação inscritos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 20 optaram por nomes com cara de movimento: Iguais, Raiz, Tribuna Popular, Animais, Força Brasil, Liga, Arena, UDN, Unidade Popular, entre outros.

O ex-deputado Roberto Freire, fundador e líder do Cidadania, observa que a ideia de partido como configurada hoje surgiu na revolução industrial, com o Partido Social Democrata Alemão. Para ele, este conceito está com os dias contados. “O mundo exige outra forma de organização. Os partidos vão deixar de existir”, disse. “A comunicação direta com o eleitor é uma nova realidade. Hoje é só pelas redes. Ninguém espera mais uma articulação partidária por células em sindicatos de base.”

Outra sigla que mudou de nome foi o Partido Trabalhista Nacional (PTN), que se transformou em Podemos em maio de 2017. “Somos cidadãos do século 21, mas lidamos com instituições concebidas no século 18. O que mobiliza hoje a sociedade não é mais a ideologia de esquerda ou direita, mas as causas, que são muito dinâmicas”, disse a deputada federal Renata Abreu (SP), presidente da legenda.

Sistema

Para o professor de ciência política Leonardo Avritzer, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esta tendência indica que o sistema partidário brasileiro é pouco consolidado. “Não consigo imaginar o Partido Republicano dos Estados Unidos mudando de nome”, disse.

Avritzer avalia que existe grande desconfiança em relação aos partidos. Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), em parceria com outras instituições, mostrou que, em 2018, oito em cada dez brasileiros (78%) afirmaram não ter “nenhuma confiança” nessas instituições. Uma das causas, segundo Avritzer, é a ausência de conexão com os anseios de parte da sociedade.

“A mudança (de nome dos partidos) é para se viabilizarem como estruturas que possam ser mais atrativas. Mas, provavelmente o motivo da pouca confiança não é que as pessoas não gostam do nome, e sim de determinadas de práticas”, diz o cientista político.

O pesquisador vê o Brasil inserido em um movimento mundial de forte insatisfação com o sistema político tradicional. “O eleitorado esteve disposto a votar no PSL e no Novo, partidos que praticamente inexistiam em eleições anteriores”, destacou. Nos casos dos partidos tradicionais, como MDB e PSDB, ele alerta que a mudança do nome significa, também, “abandonar muita coisa”. “O MDB seria a própria tradição da luta pela redemocratização, e o PSDB seria abrir mão de uma série de bandeiras históricas.”

Para o sociólogo Rodrigo Prando, professor do Mackenzie, a ideia de tirar o termo “partido” é uma tentativa de se mostrar mais conectado com a sociedade, numa tentativa de dar ares de modernidade a uma estrutura antiquada e pouco democrática. “Os partidos estão assentados em uma burocracia do século 20 e a sociedade hoje é outra, a democracia representativa está em crise no mundo todo. As eleições de Trump nos EUA e de Bolsonaro no Brasil deram uma chacoalhada no sistema.” Para ele, é fundamental que a militância participe da discussão da mudança do nome. “Não pode vir só da cúpula.”

Desde a derrota de Fernando Haddad para Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial do ano passado, o PT intensificou as discussões sobre como superar o antipetismo e o desgaste da imagem do partido. Houve até a proposta de mudança do nome – hipótese prontamente descartada. Hoje o PT debate internamente a criação de uma frente formada por partidos, movimentos sociais e “setores democráticos”, como forma de fazer oposição ao governo Bolsonaro. A justificativa para a estratégia da frente é a “ausência de um deslocamento da situação política à esquerda”.

Desemprego, creche contra universidade, democracia na Venezuela. É a realidade do bolsonarismo no #Olhar23

0

Desemprego recorde, creche contra universidade, democracia na Venezuela, liberação da caça no Brasil. É a realidade do bolsonarismo no #Olhar23

O mundo surreal do #Olhar23 (veja vídeo abaixo) segue acompanhando a estranha realidade do governo Bolsonaro, que supera de longe qualquer sátira política. Tudo envolve a polarização esquerda x direita e a perseguição a inimigos imaginários (os comunistas estão por toda a parte!). 

Nesta semana nossos personagens comentam o incrível pronunciamento do presidente no 1º de maio, que conseguiu a proeza de omitir a palavra “trabalhador” em pleno discurso do Dia do Trabalho. Detalhe que o número de desempregados segue crescendo e chega a desesperadores 13 milhões de brasileiros.

Também comentamos outros fatos inusitados da semana, como a proposta do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de cortar 30% dos investimentos nas universidades – segundo ele, antro de comunistas – para investir em creches.

Ou a possibilidade de o Brasil declarar guerra à Venezuela e invadir o país vizinho para garantir a democracia nas terras de Nicolás Maduro, visto que obviamente Jair Bolsonaro é contra ditaduras (no país dos outros, principalmente).

Mas tem mais: Bolsonaro anunciou que vai assinar um decreto para “facilitar a vida” de colecionadores de armas, atiradores e caçadores. É isso aí! Fecha de vez as universidades e libera geral a caça e o uso de armas, presidente! Livro é coisa de esquerdista! A direita quer tiro, porrada e bomba!

Bebianno diz à Folha que ministro do Turismo definiu verba de laranja do PSL em Minas

0

Bebianno diz que ministro definiu verba de laranja

Ex-presidente nacional do PSL e ex-ministro de Bolsonaro, ele diz não ter tido contato com candidatas

Ranier Bragon e Camila Mattoso – Folha de S. Paulo

Coordenador da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro e ministro da Secretaria-Geral da Presidência até fevereiro, Gustavo Bebianno disse à Folha ser de exclusiva responsabilidade do diretório do PSL de Minas Gerais, comandado em 2018 pelo hoje ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, o repasse de dinheiro público do partido para quatro candidatas investigadas sob suspeita de integrarem esquema de laranjas.

Bebianno, que presidiu nacionalmente o PSL no ano passado, diz que a verba foi solicitada formalmente pelo comando do partido em Minas e que apresentará às autoridades, quando solicitado, toda a documentação comprobatória.

“Em relação a Minas Gerais, não conheço qualquer das candidatas que formaram aquela chapa. Não sei quem são, e nunca sequer mantive qualquer contato com elas. Simplesmente desconheço. Esclareço que todos os pedidos de recursos efetuados para as mencionadas candidatas em questão foram feitos pelo próprio diretório de Minas Gerais”, diz Bebianno.

A prestação de contas entregue pelas quatro candidatas ao Tribunal Superior Eleitoral mostra que elas receberam os recursos — R$ 279 mil, um terço de toda a verba eleitoral do partido no estado — diretamente da Executiva nacional, comandada por Bebianno.

O ex-presidente do partido afirma, porém, que assim como fez em relação às outras 26 unidades da federação, apenas repassou o dinheiro pedido pelos comandos estaduais.

Para isso, diz, solicitou sempre formulário preenchido pelas próprias candidatas e uma planilha de cada diretório discriminando quais eram as beneficiárias. “Juntamente com essa planilha, os diretórios estaduais mandavam os nomes, essas fichas individualizadas, para a [executiva] nacional, dizendo: são essas as candidatas que receberão recursos, e cada uma receberá tanto.”

Em resposta a questionamento da Folha sobre por que direcionou recursos para essas candidatas, Álvaro Antônio confirmou ter sido o responsável e disse que houve uma escolha por investir em candidatos do Vale do Aço de Minas para se contrapor à força da esquerda na região.

Em fevereiro, a Folha revelou um esquema de candidaturas laranjas patrocinado pelo ministro do Turismo, na época candidato a deputado federal em Minas. Apesar do volume de recursos recebido, as candidatas escolhidas por ele tiveram votação inexpressiva, sem sinal de terem feito campanha.

Parte do dinheiro direcionado a elas por Álvaro Antônio foi parar em empresas ligadas ao gabinete dele na Câmara.

A Polícia Federal e o Ministério Público iniciaram investigação que, no último dia 29, promoveu operação de busca e apreensão na sede de cinco gráficas, além de outros endereços de Minas Gerais.

Conforme a Folha revelou neste fim de semana, os policiais não encontraram vestígios de que essas empresas tenham, de fato, produzido material ou outros serviços eleitorais para as quatro candidatas. Esquema semelhante ocorreu em Pernambuco, terra do atual presidente nacional do PSL, Luciano Bivar. Também há investigação da polícia nesse estado.

Bebianno também negou responsabilidade sobre os casos de Pernambuco. Em fevereiro ele já havia dito que atendeu a um pedido de repasse do diretório estadual. Inicialmente a sigla no estado negou a versão. Depois, a confirmou.

“À [direção] nacional do partido competiram duas tarefas, apenas: montagem da chapa para presidente e vice-presidente da República e montagem de 27 diretórios estaduais. Só isso”, disse Bebianno.

“Por sua vez, cada um dos 27 diretórios estaduais montou a sua própria chapa para governador, vice-governador, senadores, deputados federais e deputados estaduais. Em todos os casos, sem exceção, os nomes dos candidatos que compunham as chapas, homens ou mulheres, foram indicados pelos respectivos diretórios estaduais”, afirmou o ex-ministro, demitido após entrar em conflito com o presidente e com um de seus filhos, Carlos Bolsonaro, em decorrência da repercussão da revelação do esquema das laranjas do PSL.

Na época, o filho do presidente foi a público dizer que Bebianno mentira ao afirmar que havia conversado com Bolsonaro — na época internado — em meio ao escândalo. O presidente referendou a manifestação do filho.

Bebianno disse que em só quatro casos a direção nacional ofereceu ajuda financeira direta: para Janaina Paschoal (eleita deputada estadual por SP e que declinou da ajuda), Joice Hasselmann (deputada federal por SP), Dayane Pimentel (deputada federal pela BA) e Maura Jorge (candidata ao governo do MA, não eleita).

Segundo ele, algumas candidatas tentavam obter financiamento em contato direto com a Executiva nacional do PSL. “A [direção] nacional ignorava esses pedidos avulsos. Nenhum pedido que não tenha sido feito pelo diretório de cada estado foi aceito pela executiva nacional”, afirma.

“Imagine se seria possível eu, que acumulava a presidência do partido e a coordenação geral da campanha [de Bolsonaro], receber diretamente esse tipo de pedido?”

O ex-ministro afirma ainda que a exigência da legislação de que pelo menos 30% dos recursos sejam aplicados em candidaturas femininas “é um erro e acaba induzindo à indicação de candidatas sem muita expressão política”.

“Isso é um problema que afeta a todos os partidos. O PSL contava com R$ 9 milhões [para todo o país]. Imagine o MDB, com R$ 270 milhões. O PT, com R$ 240 milhões. Como terá sido isso?”

Petrobras reajusta gás de cozinha em 3,43% nas distribuidoras

0

A Petrobras reajustou em 3,43%, em média, a partir deste domingo (5), o preço do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), o gás de cozinha, para botijão de 13 quilos às distribuidoras sem a cobrança de tributos. O preço do botijão de 13 kg vai custar R$ 26,20.

O último reajuste ocorreu no dia 5 de fevereiro, exatamente há três meses, quando o valor do gás de cozinha subiu para R$ 25,33 para as distribuidoras.

Em nota, o Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo) informou que as empresas distribuidoras associadas à entidade foram comunicadas na tarde de hoje pela Petrobras que o GLP residencial para embalagens de até de 13kg ficará mais caro a partir do próximo domingo. De acordo com o Sindigás, o reajuste oscilará entre 3,3% e 3,6%, de acordo com o polo de suprimento. (Com informações da Agência Brasil)

Crise prolongada vai levar quase 1 milhão de famílias para classes D e E em 2019

0

Crise empurra 1 milhão de famílias para classes D e E

Com mais gente na base da pirâmide social, segmento mais pobre da população vai consumir R$ 450 bi este ano, prevê estudo

CÁSSIA ALMEIDA E DAIANE COSTA – O GLOBO

A crise prolongada vai levar quase um milhão de famílias a engrossar as classes D/E este ano, a mais baixa na pirâmide de renda, de acordo com estudo inédito do IPC Marketing. Pelas estimativas do economista Marcos Pazzini, diretor do IPC e responsável pela pesquisa, vão descer um degrau de classe econômica, 988,472 mil lares para a faixa de rendimento médio domiciliar de até R$ 708 mensais, o que representa queda de 58% em relação à classe superior, a C. Com isso, o consumo nesse segmento é o que mais vai crescer este ano, nas contas de Pazzini. A alta será de 14,2%, contra 7,2% da classe A.

O segmento mais pobre injetará R$ 450 bilhões na economia em 2019, segundo as previsões. Pouco abaixo do consumo da classe A, que será de R$ 595 bilhões. A diferença é que a classe A concentra 1,47 milhão de famílias, o que representa apenas 8,6% do contingente da classe D/E, com seus 17,12 milhões de domicílios.

MAIS MICRO EMPRESAS

De acordo com a pesquisa, haverá queda no número de domicílios nas classes C, B e A. Somente na base da pirâmide de renda haverá aumento no número de famílias, indicando empobrecimento.

— O crescimento maior do consumo das classes D/E virá principalmente do aumento no número de famílias — afirma Pazzini.

Apesar da piora das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o estudo mostra que o potencial de consumo do Brasil este ano deve crescer 2,7%,
para R$ 4,7 trilhões, já com o desconto da inflação. Pazzini diz que o desempenho do consumo das famílias tem melhorado, mesmo com a recuperação lenta:

— No ano passado, o consumo das famílias cresceu quase o dobro do PIB, 1,9% contra 1,1%. Em 2017, tinha empatado e, em 2016, teve queda superior à do PIB. O consumo se recupera. Há um movimento grande de criação de micro-empresas no país. Subiu quase 13% este ano, com a criação de pessoa jurídica no lugar do emprego formal.

Pazzini refere-se a 10,4 milhões de microempresas no país, número já 12,4% maior que o registrado em 2018. As pequenas também cresceram. Eram 20,2 milhões no ano passado, número bem superior aos 18 milhões de 2016.

O aumento do consumo será majoritariamente em bens de primeira necessidade, segundo o estudo. Os gastos com manutenção do lar, que são as despesas com água, luz, aluguel, telefone e gás, concentram a maior parte dos R$ 4,7 trilhões previstos. São 39,1% do orçamento das famílias destinados a essas despesas. Em 2014, eram 35,1%.

Apesar de a inflação ter subido no início do ano, pressionada pelos alimentos, os preços de legumes, verduras e frutas devem cair e dar uma folga no orçamento das famílias, esperam os economistas.

— A queda da inflação forte de alimentos em 2017 deu um alívio numa situação econômica frágil, que permanece. A partir de maio, as famílias devem ter alívio no bolso, pois os preços dos alimentos tendem a se acomodar — diz Silvia Matos, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para Marcelo Azevedo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a mudança de humor dos consumidores na última sondagem feita pela entidade ainda não é uma tendência consolidada.

Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (06/05/2019)

0

MANCHETES

O Globo

Previdência – Base já prepara emendas para não reduzir reforma
Bolsonaro permitirá levar arma carregada a clube de tiro
Presidente reafirma que não vai regular mídias
Passeio Público, primeiro parque do país, agoniza
Confronto entre Israel e Hamas deixa 27 mortos
Trump volta a ameçar China com mais tarifas

O Estado de S. Paulo

Quatro em cada dez jovens já ficaram com o nome sujo
Receita mira 263 contribuintes de programa de repatriação
Governo quer rever gastos com aluguéis
Bolsonaro descarta regulação das mídias sociais
Bloqueio no MEC afeta mestrado e doutorado
Crime violento tem queda em 57% do Estado de SP
Combate entre Israel e Gaza é o maior em 5 anos
Trump deve elevar taxa sobre produto chinês

Folha de S. Paulo

Governo mantém sob sigilo partes de acordos na Lava Jato
Bebianno diz que ministro definiu verba de laranja
Presidente inflama ala de olavistas ao rebater ministro
Homofobia de hoje resulta dos exageros da esquerda
Investidor teme maio, mês em que Bolsa cai há 9 anos
Cresce participação da venda de jogador na receita de clubes
Conflito entre Gaza e Israel deixa ao menos 30 mortos
Maduro endurece censura e aumenta ataque a jornalistas

Valor Econômico

Zurich e fundo IG4 fazem proposta por Viracopos
Edital de leilão de energia para Roraima inova
Trump volta a ameaçar China com tarifas
Amazon abre plataforma de corretagem de fretes
Escândalos de corrupção rondam PDVSA de Maduro

EDITORIAIS

O Globo

Agentes públicos protagonizam ataques à liberdade

Apesar de três décadas da inclusão da livre expressão na Carta, este direito ainda é desrespeitado

A Constituição determina: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. Poucos fundamentos republicanos são descritos com tamanha clareza e objetividade. São apenas dezessete palavras no Artigo 5° (Inciso IX) da Carta, mas raros são os dispositivos da ordem jurídica desrespeitados cotidianamente como este.

O pacto político nacional que transformou em cláusula pétrea o direito à liberdade de expressão, de pensamento e de imprensa já conta três décadas. Paradoxalmente, o direito da cidadania à informação continua a ser questionado, na maioria das vezes, por iniciativa de ocupantes de funções públicas, ou seja, aqueles cuja missão precípua deveria ser o resguardo e o zelo dos valores sociais cristalizados na Carta.

A alergia à crítica e ao controle público por parte de grupos que se revezam no poder é motor de iniciativas judiciais contra jornalistas e empresas de mídia em todos os estados.

Essa hostilidade sistemática, e disseminada, fomenta ambiente de constantes violações do direito coletivo à informação. São materializadas até em ameaças de morte, tentativas de assassinato, homicídios e sequestros — contaram-se 52 casos na média anual do último quinquénio, de acordo com a ONG Artigo 19, que estuda causas dessa violência.

Processos judiciais contra veículos e jornalistas têm sido usados de forma abusiva e intensa, principalmente por agentes públicos dos Três Poderes, como instrumentos para intimidação da imprensa livre, pluralista e independente. São inúmeros os casos de jornalistas e de empresas de mídia regional asfixiados por ações judiciais de servidores, com e sem mandato, avessos à crítica e à transparência dos seus atos. Exemplos proliferam no Rio Grande do Sul, Ceará, Pará, Espírito Santo e Amapá, entre outros.

Há episódios recentes, como o de um único jornalista cearense alvo em mais de meia centena de processos abertos, simultaneamente, por funcionários graduados, estimulados por políticos locais incomodados com críticas à qualidade do serviço que prestavam ao público.

Há dias assistiu-se, também, à censura a meios de comunicação determinada por alguns ministros do Supremo Tribunal Federal. Felizmente, foi veemente a reação da sociedade e dos demais integrantes do tribunal, o guardião da Constituição. A decisão acabou revogada depois de uma semana, mas, infelizmente, prossegue o estranhável inquérito no qual teve origem.

A sociedade precisa se manter vigilante e elevar o custo das infrações à Carta, porque liberdade é valor fundamental. O jornalismo profissional garante acesso à informação com transparência e pluralidade de análise. Ao contribuir com a diversidade na formação de opinião, auxilia no adequado funcionamento do estado democrático de direito.

O Globo

Trump agrava a crise, mas Cuba foi congelada na pobreza pela ditadura

Não se abriu um caminho próprio, trocou-se apenas a dependência soviética pela venezuelana

O pesadelo da escassez de energia e alimentos voltou ao imaginário de 11,5 milhões de cubanos. O avanço da crise é real, admitiu o governo. “Mas não vamos voltar à fase aguda do Período Especial”, atenuou o ex-presidente Raúl Castro em discurso.

Referia-se ao quadro crítico que marcou o início dos anos 90 do século passado, quando os blecautes ultrapassavam doze horas, as atividades económicas caíram mais de 30%, e o poder de compra reduziu-se 60% em três anos. Castro só não explicou por que, agora, tudo seria diferente.

Uma das causas da nova crise tem nome: Donald Trump. Ele se empenha em liquidar os acordos diplomáticos do antecessor Barack Obama com a dinastia Castro, há seis décadas no poder na ilha, distante 150 quilômetros de Miami, na Flórida.

Trump intensifica pressões contra o regime de Cuba, apostando na asfixia do seu atual patrocinador, a cleptocracia de Nicolás Maduro.

A ilha está congelada na pobreza. A extinta União Soviética financiava 80% das necessidades em energia, alimentos e tecnologia. A ditadura da Venezuela supria com petróleo, até o ano passado, e era responsável por mais da metade da receita do país. Estima-se que ainda responda por 20% do PIB cubano.

Cuba trocou Moscou por Caracas. Desta vez, há uma diferença geopolítica fundamental. No regime chavista, a dinastia Castro chegou a ter mais de 20 mil militares infiltrados em áreas-chave do poder na Venezuela, como petróleo, defesa, inteligência e finanças.

É caso singular de país dependente que passou a controlar decisões do antigo protetor. O humor venezuelano até criou um neologismo para tal situação: “Cubazuela”.

Trump mira em Cuba e na Venezuela, assim como na Nicarágua, também dependente do petróleo chavista, com objetivos simultâneos: manter agitada sua base extremista republicana e seduzir a maioria conservadora do eleitorado latino na Flórida, estado que garantiu sua vitória em 2016 e continua decisivo ao projeto de reeleição.

Os cubanos amargam perdas nesse embate político, potencializadas pelos erros históricos da burocracia dirigente. Ela se provou incapaz de reverter a dependência externa e de aumentar a produtividade e a eficiência da economia doméstica.

Meio século de estagnação e os novos calotes na dívida externa—inclusive no Brasil, que financiou obras de infraestrutura — atestam que nem todas as agonias de Cuba têm origem na Casa Branca de Trump e de seus antecessores. O problema está mesmo no comitê central, em Havana.

O Estado de S. Paulo

Liberdade para empreender

Até agora, a atividade de costureira, mesmo desenvolvida em casa, seria considerada ilegal se não dispusesse de alvará prévio. A autorização prévia de autoridade pública não será mais exigida. Esta é uma das medidas de desburocratização incluídas na Medida Provisória (MP) n.º 881, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro na terça-feira passada.

A MP 881 institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, com normas que buscam proteger e estimular a iniciativa privada e o livre exercício de atividade econômica, por meio da redução da atuação do Estado, reduzindo ou eliminando exigências prévias para o início de um negócio, controle sobre as atividades e punição em caso de irregularidades apontadas pela fiscalização, entre outros atos que inibem a atividade econômica privada. Com a edição da MP 881, o governo procura melhorar a imagem do País junto aos investidores, especialmente os internacionais. Essa imagem tem sido caracterizada por pouca liberdade econômica em decorrência do excesso de controle estatal e de exigências burocráticas para a atividade empresarial.

Medidas para facilitar a abertura e o encerramento de um negócio, reduzir os controles administrativos e estimular investimentos e inovação vêm sendo prometidas e algumas anunciadas e implementadas nos últimos anos. Mas o quadro geral sobre competitividade da economia brasileira e ambiente para a atividade empresarial continua ruim. A equipe do Ministério da Economia citou, entre as pesquisas internacionais nas quais o Brasil é mal classificado, os relatórios de liberdade econômica da Heritage Foundation (150.º lugar), da facilidade de realização de negócios aferida pelo Doing Business do Banco Mundial (109.º lugar) e o relatório de competitividade do Fórum Econômico Mundial (72.º).

As medidas, que entram em vigor imediatamente, serão especialmente favoráveis para pequenos negócios e startups, empresas iniciantes com grande potencial de crescimento e que necessitam de ampla liberdade de iniciativa. As startups não mais necessitarão de alvará de funcionamento para testar novos produtos e serviços, desde que obedeçam a determinados critérios de saúde e segurança pública. Estão isentas de licenças, alvarás e outras exigências prévias as atividades consideradas de baixo risco, de acordo com a definição legal para essas atividades a ser feita pelos Estados ou pelas prefeituras, conforme o caso. Essas atividades não serão, porém, dispensadas de registros e cadastros tributários e previdenciários.

Outras exigências para atividade econômica são eliminadas ou fortemente reduzidas pela MP 881, como o horário de trabalho, desde que não haja danos ao meio ambiente ou desrespeito a normas de direito de vizinhança. A MP procura impor maior eficiência e presteza ao setor público, sempre que sua ação for necessária no que se refere à atividade empresarial. A administração federal, por exemplo, terá prazos para responder a pedidos de autorização; se não se manifestar no prazo, o pedido será considerado aprovado. A interpretação de fiscais e de outros agentes públicos em casos de autorização de atividade econômica será padronizada, de modo que a decisão em determinada situação se estenderá a outras similares.

Como diz a nota do Ministério de Economia, a medida “impede que fiscais tratem dois cidadãos em situações similares de forma diferente, estabelecendo efeito vinculante e isonômico”. Nos casos em que a norma permitir interpretação dúbia ou não seja clara, o agente público deve “sempre recorrer à interpretação que mais respeita a autonomia do cidadão”. Assim, segundo o Ministério da Economia, haverá “maior segurança e previsibilidade”.

A MP assegura a liberdade de fixar e flutuar preços de acordo com a oferta e a demanda, o que já está previsto em outras normas legais e mesmo na Constituição. Curiosamente, o governo que reafirma o respeito à liberdade de preços é o mesmo que defende o tabelamento do frete rodoviário – para tentar agradar aos caminhoneiros que tanto o assustam –, que nada mais é do que um preço.

O Estado de S. Paulo

Melhora do IDHM

A leve alta registrada pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre 2016 e 2017 é uma boa notícia porque surge quando o País ainda atravessa uma das mais graves crises de sua história. Esse avanço não inclui um indicador importante como a renda, e as desigualdades sociais e entre regiões continuam grandes. Apesar disso, o resultado surpreendeu os pesquisadores e é animador.

Os dados sobre a evolução do IDHM naquele período – os mais recentes disponíveis – constam de estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pela Fundação João Pinheiro e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Eles indicam que o IDHM do Brasil cresceu de 0,776 para 0,778. O avanço foi registrado a despeito de uma ligeira queda de 0,92% no valor da renda per capita, que passou de R$ 842,04 para R$ 834,31 e gerou uma retração do IDHM Renda de 0,748 para 0,747.

A queda da renda foi contrabalançada pelo bom resultado de dois outros importantes indicadores de desenvolvimento humano. Um foi o crescimento da esperança de vida dos brasileiros, de 75,72 anos para 75,79 anos, que elevou o índice de longevidade de 0,845 para 0,850. Outro fator que pesou na elevação do IDHM foi a melhora da educação, cujo índice subiu de 0,686 para 0,742. Isso se deveu apenas ao aumento da frequência às escolas, pois a escolaridade da população adulta, como assinala o estudo, permaneceu praticamente constante. O porcentual da população adulta com ensino fundamental completo passou de 64,41 para 64,31.

Igualmente animadora é a melhora de indicadores referentes a cor e sexo da população e entre as regiões do País. O IDHM da população branca caiu de 0,819 para 0,817, ao mesmo tempo que o da população negra subiu de 0,728 para 0,732. Esse resultado foi possível graças ao avanço de todos os índices referentes aos negros e pardos e à queda dos de renda e educação da população branca. O da renda desta última recuou de 0,801 para 0,798 e o da educação, de 0,799 para 0,795. O desequilíbrio entre homens e mulheres também se reduziu.

O IDHM dos homens teve uma ligeira alta de 0,772 para 0,773, enquanto o das mulheres teve variação bem maior – de 0,769 para 0,772. Com isso, os dois índices praticamente se equipararam. Isso se explica principalmente porque o índice de renda dos homens caiu de 0,818 para 0,814 e o das mulheres subiu de 0,658 para 0,660. Com relação à longevidade as mulheres continuam na frente: seu índice passou de 0,905 para 0,909 e o dos homens, de 0,786 para 0,791. A diferença de renda persiste entre eles, mas no geral o avanço é significativo. O mesmo se pode dizer quando se comparam brancos e negros e pardos: os primeiros ainda ganham duas vezes mais, apesar do progresso registrado, mas os dados do período de 2016 a 2017 indicam que a distância entre os dois grupos tende a diminuir.

Quando se considera o IDHM no quadro das 27 unidades da Federação (Estados e Distrito Federal), também houve avanços. Só em seis delas, das mais variadas regiões, houve pequenos recuos: Acre (-0,010), Roraima (-0,006), Rio Grande do Norte (-0,005), São Paulo (-0,005), Distrito Federal (-0,004) e Pernambuco (-0,003). Nas demais, o destaque do crescimento ficou para Amazonas (0,017) e Paraíba (0,013), que em termos porcentuais cresceram 2,4% e 1,8% respectivamente. As disparidades de renda permanecem grandes: Distrito Federal com índice de 0,859 e São Paulo (0,796) num extremo e Alagoas (0,639) e Maranhão (0,623) em outro.

Em todos os casos considerados, se o progresso obtido é animador, não há dúvida também que o Brasil tem ainda um longo caminho a percorrer para melhorar seu IDHM. Outro fato a assinalar é que, em termos de indicadores de desenvolvimento social, o País resistiu bem até 2017 à crise. A resistência das políticas sociais, mesmo com suas insuficiências, impressionou os técnicos encarregados do estudo sobre o IDHM.

O Estado de S. Paulo

Baixa expectativa na educação

Os professores da rede pública, seja qual for a série para a qual lecionam, não depositam grandes esperanças no futuro escolar de seus alunos, aponta levantamento feito pelo Instituto Iede, a partir de dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Essa baixa expectativa dos docentes é um problema grave e exige uma cuidadosa, articulada e diligente atuação do Estado. Apenas 55,2% dos professores que dão aulas para alunos do 5.º ano acreditam que eles terminarão a escola, conforme relatou Renata Cafardo no Estado (Ninguém fica para trás, 28/4/2019). Quando questionados sobre a chegada ao ensino superior, os docentes, que trabalham com crianças de 10 anos, são ainda mais céticos.

Só 13,3% acreditam que seus alunos entrarão na universidade. Os professores que dão aula no 9.º ano acreditam que apenas 8% entrarão na faculdade. Já os que dão aulas para alunos do 3.º ano acreditam que 10% deles ingressarão no ensino superior. Essas declarações constam dos questionários do último Saeb, realizado em 2017. Com o objetivo de traçar um diagnóstico do sistema educacional, o Saeb realiza testes cognitivos e questionários. A cada dois anos, estudantes do 5.º e do 9.º ano do ensino fundamental e do 3.º ano do ensino médio de escolas públicas fazem provas de português e matemática.

Aplicados aos alunos, professores e diretores, os questionários fornecem informações sobre a vida escolar e as práticas pedagógicas e de gestão. Se é inegável que essa desconfiança, proveniente do profissional que está mais próximo das crianças no processo de aprendizado, é um sintoma dos muitos problemas enfrentados no dia a dia escolar, a baixa expectativa dos docentes por si só constitui uma deficiência que deve ser responsavelmente enfrentada. “Diversas pesquisas no mundo todo têm mostrado há décadas o efeito nefasto da baixa expectativa na aprendizagem dos alunos. Crianças desestimuladas têm desempenho pior ou acabam deixando a escola”, apontou Renata Cafardo.

Na opinião dos docentes, os fatores ligados ao aluno e à família são os principais responsáveis pelos problemas de aprendizagem. Eles teriam mais impacto até mesmo do que as deficiências relativas ao currículo, à estrutura ou à gestão da escola. Nos questionários do Saeb, mais de 90% dos professores citaram a falta de ajuda dos pais e o desinteresse do estudante como razões pelo baixo desempenho. Apenas 16% dos docentes entendem que a inadequação dos conteúdos curriculares pode ser um empecilho ao aprendizado. Seja qual for a sua origem, essa desconfiança no aluno reflete uma descrença no próprio sistema de ensino, como elemento de formação e de transformação.

O que se vê é que, na percepção do professor, a escola atual é incapaz de fazer frente às limitações e deficiências que o aluno traz de casa. Além das óbvias consequências em sala de aula – o processo de aprendizagem orientado por um professor desmotivado é muito menos eficiente –, a baixa expectativa pode ajudar a explicar outros traços do comportamento dos profissionais da educação fora da sala de aula. A partir dos dados do Saeb, o Instituto Iede apurou, por exemplo, que 14,8% dos diretores desconheciam o resultado de sua própria escola na avaliação do Saeb anterior.

Quando questionados sobre os resultados do seu município, o índice de desconhecimento foi de 18,5%. Em relação ao desconhecimento sobre os dados do seu Estado, o porcentual foi de 25,7%. Como se vê, há um porcentual significativo de desconhecimento – de desinteresse, já que os dados são de fácil acesso – em relação a um importante diagnóstico sobre o ensino. E o pior é que, muito provavelmente, as escolas que mais necessitariam desses resultados para rever suas práticas são aquelas cujos diretores nem tomaram conhecimento da avaliação do Saeb.

É necessário romper esse círculo vicioso, pois é impossível um processo de aprendizagem eficiente sem professores e diretores capacitados e entusiasmados. Formar e manter professores e diretores capacitados e entusiasmados é uma responsabilidade do País.

Folha de S. Paulo

CPMF gigante

Proposta de um imposto sobre pagamentos, para substituirá contribuição patronal ao INSS, é exotismo que turva debate da reforma tributária

Se as correções na Previdência constituem condição necessária para colocar as contas públicas em ordem e consolidar um cenário de juros baixos, a reforma do sistema de impostos apresenta o maior potencial para alavancar a produtividade e ampliar investimentos.

Após décadas de tentativas frustradas de mudanças, o momento se mostra propício para uma agenda ambiciosa na seara tributária. Para tanto, precisa-se de um diagnóstico correto e de bom senso na escolha de prioridades.

A equipe econômica de Jair Bolsonaro (PSL) parece dispor do primeiro requisito, mas o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, peca ao dar ênfase a uma ideia fixa sua — a criação de um imposto sobre pagamentos, que se assemelha à malfadada CPMF.

Provoca-se com isso polêmica desnecessária e perigosa, que pode galvanizar oposição a outras propostas essenciais.

O governo pretende atuar em três vertentes, todas meritórias. A primeira e mais crítica é simplificar a taxação de bens e serviços, que hoje onera em demasia a atividade produtiva e cria enorme contencioso judicial. Tal objetivo conta com virtual consenso entre os estudiosos do assunto.

Propõe-se trocar a miríade de tributos desse tipo por um Imposto sobre Valor Agregado (IVA), de modo a aproximar o Brasil das melhores práticas internacionais. A dúvida remanescente diz respeito à amplitude dessa alteração.

Cintra quer começar com um IVA federal, ao qual depois se acoplariam o ICMS estadual e o ISS municipal. Um projeto em tramitação na Câmara dos Deputados prevê a substituição completa.

A segunda linha de ação se dá no gravame da renda, em que se pretende combinar uma redução da carga das empresas com cobrança sobre dividendos e redução das vantagens da chamada pejotização. Tais mudanças seriam capazes, em tese, de tornar o sistema mais progressivo e justo.

Na última frente, a da redução do custo da folha de salários, entra em cena o tal imposto sobre pagamentos — que tomaria o lugar, no exemplo mais importante, das contribuições patronais de 20% para a Previdência Social.

Não resta dúvida de que os encargos sobre a folha são elevados no país; ademais, as modernas relações de trabalho, menos ancoradas em empregos formais, podem comprometer essa base de arrecadação ao longo do tempo.

Entretanto a defesa de uma substituição pura e simples dessa taxação pela nova CPMF, com alíquota de 0,9% (a contribuição extinta em 2007 tinha alíquota de 0,38%) partilhada entre as duas partes da transação, é uma temeridade.

Nada parecido existe no mundo, o que tornaria o imposto em estudo um experimento particularmente arriscado em um país já castigado pelo colapso das finanças públicas e por exotismos de toda espécie nesse campo.

Folha de S. Paulo

Ética médica

Entrou em vigor no país uma nova versão do Código de Ética Médica. O novo diploma, que não traz reviravoltas dramáticas em relação ao texto anterior, de 2009, pode ser mais bem descrito como uma atualização necessária.

Um bom exemplo de adequação ao espírito dos tempos atuais é a explicitação dos direitos dos médicos que padeçam de deficiências físicas — as quais passaram, ao lado da raça e das posições políticas, a ser elencadas como um dos motivos pelos quais o profissional de saúde não pode ser discriminado.

Questões de cunho mais sindical, como as situações em que o médico está autorizado a recusar-se a trabalhar, seja por falta de condições, seja por objeções de consciência, também foram disciplinadas com uma dose adicional de detalhe.

No que provavelmente constitui a novidade mais relevante, o Código autoriza médicos a realizarem pesquisas retrospectivas em prontuários, desde que autorizados por uma comissão de ética em pesquisa. Nesta era de “big data” em que vivemos, os arquivos de hospitais e clínicas escondem informações valiosíssimas na forma de correlações das quais nem suspeitamos.

Tudo isso está enterrado nos discos de memória dos computadores ou nos mais antiquados arquivos mortos, mas pesquisadores não tinham acesso a esse conhecimento porque era na prática impossível obter o consentimento informado de todos os pacientes envolvidos.

Também no campo da pesquisa, manteve-se a proibição do uso de placebo isolado quando existem tratamentos efetivos disponíveis. Como regra geral, faz todo o sentido — e são poucas as comissões de ética que autorizariam uma investigação com essa característica.

Talvez tivesse sido sábio, entretanto, permitir exceções no caso de investigação não sobre drogas ou tratamentos mas sobre o próprio efeito placebo. Há muito que desconhecemos sobre esse fascinante mecanismo psicofisiológico.

Por fim, há que lamentar pelo que os médicos deixaram de fazer nessa revisão. O disciplinamento da telemedicina, exigência dos tempos modernos, foi jogado para resoluções do Conselho Federal de Medicina. Pela amostra que tivemos no início do ano, o tema se afigura mais polêmico do que deveria.

Pena também que não se tenha avançado mais no reconhecimento da autonomia dos pacientes maiores de idade e em pleno gozo de suas funções mentais — que deve ser plena, e não limitada.

Luiz Carlos Azedo: Como começa a balbúrdia

0

NAS ENTRELINHAS – CORREIO BRAZILIENSE

Há muita coisa errada nas universidades federais, mas a política de terra arrasada somente serve para mascarar os problemas, inibir a autocrítica e comprometer o ensino e a pesquisa.

O velho casarão da Rua Lara Vilela, no bairro do Ingá, em Niterói, nos anos 1970, era considerado um antro de balbúrdia. Lá se estudava História, Ciências Sociais (Antropologia, Política e Sociologia) e Psicologia. No regime militar, já havia sido feita uma “limpa” geral nas universidades, depois do Ato Institucional nº 5, mas a Universidade Federal Fluminense (UFF), da qual fazia parte o Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF), ainda era considerada pelo ministro da Educação, Jarbas Passarinho, um reduto de subversivos. Não foi à toa que Fernando Santa Cruz, aluno da Faculdade de Direito e líder estudantil, foi sequestrado e assassinado pelos órgãos de segurança do governo Geisel.

Quem pode contar melhor essa parte da história é o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, que, na época do sequestro de seu pai, tinha 2 anos. Sua mãe, Ana Santa Cruz, era aluna do IFHC. Entretanto, a balbúrdia na UFF não começou por causa do “desaparecimento” do líder estudantil. A motivação foi a reforma universitária preconizada pelo Acordo MEC-Usaid, assinado no governo Costa e Silva, que estava sendo implementado pelo ministro Passarinho, aproveitando a paz de cemitério que se estabeleceu nas universidades, literalmente.

Inspirada no modelo universitário norte-americano, a reforma era muito criticada, porque supostamente levaria à subordinação do ensino aos interesses imediatos da produção, à ênfase na técnica em detrimento das humanidades e à eliminação da gratuidade nas universidades oficiais, mais ou menos o que se desenha agora, para enfrentar o problema da crise de financiamento da Educação no Brasil. No caso da UFF, uma das medidas era acabar com os institutos e subordinar todos os cursos aos departamentos e centros administrativos, agrupando-os por ramo de estudos: humanas, biomédicas, tecnologia etc.

Houve enorme resistência de professores e alunos. A crise estourou no ICHF, liderada pelo decano de História Antiga e Medieval, professor Luiz Cézar Bittencourt Silva, que dividia a cátedra com o cargo de juiz da Primeira Vara Criminal de Duque de Caxias, à época, a cidade mais violenta do antigo estado do Rio de Janeiro (a fusão só viria ocorrer em 1975). Representante da velha elite liberal fluminense, insurgiu-se contra a reforma administrativa e os casos de espionagem em sala de aula, exclusão de professores com base em critérios ideológicos e perseguição a estudantes que estavam ocorrendo no instituto.

A crise prolongada no ICHF provocou uma greve dos alunos dos cursos de História e Ciências Sociais, em 1976, que decidiram perder o semestre em protesto contra a ameaça de expurgo de professores. A gota d’água fora o boato de que o professor José Nilo Tavares, autor do livro “Conciliação e radicalização política no Brasil” (um tema atualíssimo), seria demitido por supostas ligações com o antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB). O responsável pela “lista suja” fora o professor de Sociologia Ronaldo Coutinho, autor de “excelentes relatórios” para o Cenimar, o serviço de inteligência da Marinha, soube-se bem mais tarde.

Ajuste de contas

A greve do ICHF transformou a UFF num polo irradiador da bagunça nas universidades do Rio de Janeiro, com a Pontifícia Universidade Católica (PUC), na Gávea, desaguando na onda de manifestações estudantis de 1977, provocada pela prisão de estudantes em maio daquele ano. Lutava-se também por mais verbas, mais vagas, melhores condições de ensino e liberdade de expressão. O mesmo fenômeno ocorria na Universidade de São Paulo, na Universidade Federal de Minas Gerais, na Universidade Federal da Bahia e na Universidade de Brasília, onde a repressão era duríssima, com aplicação sistemática do Decreto 477, de 1969, que permitia a expulsão de estudantes, professores e funcionários considerados subversivos. A balbúrdia já era generalizada nas universidades e resultou na reorganização da proscrita União Nacional dos Estudantes, em maio de 1979, em Salvador (BA).

Hoje, a UNE é uma sombra do passado, mas renascerá das cinzas, cantando “olha nós aqui de novo”, devido ao corte de até 30% dos recursos destinados às universidades federais. O arrocho fora anunciado para três universidades — Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade de Brasília (UnB) —, que, segundo o ministro da Educação, Abraham Weintraub, promoviam “balbúrdia”. Depois, foi ampliado para todas as instituições federais de ensino, inclusive o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, fundado em 1837, pelo marquês de Olinda, que já passou por todo tipo de crise. O que se anuncia agora é uma balbúrdia sem fim. Durante o regime militar, bem ou mal, havia um projeto de reforma universitária. Agora, não há nada, somente um ajuste de contas, nos dois sentidos. (Correio Braziliense – 05/05/2019)

Desemprego: Governo ainda não conseguiu gerar impacto positivo na economia, diz Eliziane Gama

0

A líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), defendeu ações mais rígidas na definição da política monetária pelo BC (Banco Central) para fazer frente ao aumento do desemprego no País, que fechou o primeiro trimestre do ano em 12,7%, com 13,4 milhões de brasileiros sem trabalho.

“A eleição do novo governo não proporcionou até agora nenhum impacto positivo na economia. O desemprego cresceu e temos hoje 13,4 milhões de brasileiros sem trabalho. Por isso, defendo que o emprego seja uma variável mais rígida nas definições de política monetária por parte do BC”, disse.

De acordo com dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro Geografia e Estatística), a taxa de desemprego ficou 1,1% acima da registrada no quarto trimestre de 2018, quando o desemprego estava em 11,6% da força de trabalho. Frente a um ano antes, porém, a taxa de desemprego está 0,4% menor – na ocasião estava em 13,1%.

Senadores do Cidadania participam de agenda de encontros e reuniões nos estados

0

Na semana do Dia do Trabalhador e sem pauta deliberativa no plenário do Senado, os parlamentares do Cidadania na Casa cumpriram extensa agenda de reuniões e encontros com lideranças e eleitores em seus estados e fora do Brasil.

Vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, o senador Marcos do Val (ES), em missão oficial nos Estados Unidos, participou da Conferência da TTPOA (Texas Tactical Police Officers Association), em San Marcos, no Texas, para encerrar sua carreira de instrutor das Forças Americanas.

Durante a cerimônia, o senador do Cidadania recebeu homenagem em reconhecimento aos 20 anos de carreira e foi aplaudido de pé por aproximadamente 700 policiais integrantes da SWAT, que representa os melhores policiais táticos do mundo.

No evento, Marcos do Val ressaltou que se dedicará totalmente ao mandato de senador no Brasil e que “atuará com afinco contra a corrupção e o crime organizado, objetivando um Brasil melhor para as futuras gerações”.

Em Washington, na quarta-feira (01), ele reuniu-se com o Embaixador brasileiro, Sergio Silva do Amaral, para tratar de assuntos relacionados ao comércio, tecnologia e segurança entre o Brasil e os Estados Unidos.

Com Joe Manchin

Na quinta-feira (02), também em Washington, o senador se reuniu com representante do governo do Texas. Na pauta do encontro “assuntos relacionados à segurança, à legislação referente à posse e porte de arma, comércio, bem como sobre políticas sociais e treinamento policial”, disse na rede social.

Ele também foi recebido pelo senador Americano Joe Manchin (Partido Democrata) para trata sobre a segurança no Brasil e no Espírito Santo.

Quilombolas e base espacial

No início da semana, a líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), participou de debate sobre o Centro de Lançamentos , desta vez com o tema “Alcântara, Quilombos e Base Espacial.

Em visita institucional à sede IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) do Maranhão, em São Luís, na terça- feira (30), o chefe da Unidade, Marcelo Virgínio de Melo, e o analista do instituto e supervisor de documentação e disseminação de informações, João Ricardo Costa Silva, apresentaram dados a senadora pertinentes à economia nacional e maranhense, além de perspectivas para o futuro.

Neste mesmo dia, na capital, Eliziane Gama entregou veículo resultado de emenda parlamentar apresentada pela senadora para a cidade de Esperantinópolis. Na ocasião, ela informou que ainda está prevista a entrega de veículos para os conselhos tutelares de mais cinco cidades maranhenses.

Na quinta-feira (02), a senadora enviou ofício (veja aqui) ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) sugerindo que o Conselho de Comunicação Social realize estudos sobre a liberdade de imprensa no Brasil e faça recomendações relativas ao tema.

Técnicos do IBGE

A parlamentar argumenta que “apesar de a Constituição Federal ter consignado em seu texto amplo direito à liberdade de imprensa, muitos dos elementos da antiga Lei de Imprensa de 1967, instituída pelo regime militar, continuam em nossos arcabouços jurídicos”.

Durante a semana, Eliziane Gama também usou as redes sociais para defender o retorno de democracia na Venezuela, criticar o corte de 30% dos investimentos nas universidades públicas (veja aqui) e parabenizar os trabalhadores pelo 1º de Maio.

Reforma da Previdência

Na segunda-feira (29), o senador Alessandro Vieira (SE) realizou uma live em suas redes sociais e foi questionado sobre seu posicionamento com relação à reforma da Previdência. Ele afirmou que existe necessidade da reforma nas aposentadorias “porque o sistema não se sustenta financeiramente”, mas avaliou que a proposta apresentada pelo governo federal “tem problemas sérios”.

“Os números não são claros. Nós tivemos a informação que um dos pontos mais polêmicos, que é o sistema de capitalização, não tem cálculo prévio, ou seja, eles não sabem qual é o custo, qual é a demanda, qual vai ser a economia. Nós não podemos transformar a reforma da Previdência em um pacote de boas intenções e jogar ao Deus dará, tentando apenas motivar o mercado”, disse Alessandro.

O lado positivo da reforma, segundo o senador, é a expectativa da equipe econômica de criar no brasileiro alguns hábitos financeiros saudáveis, a exemplo da poupança.

Reforma em debate

“Isso é bom, mas tem que ser comunicado de forma transparente. Não posso imaginar que preciso fazer um mega corte na Previdência e não apresentar números que justifiquem isso”, cobrou.

O senador informou ainda que montou uma equipe técnica, em parceria com o Movimento Acredito e os deputados federais Tábata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES), para estudar a proposta de forma aprofundada e construir emendas para tentar corrigir, já na Câmara dos Deputados, vários problemas, como a questão da aposentadoria rural, do BPC (Benefício de Prestação Continuada e a questão dos professores.

Nesta sexta-feira (03), Alessandro Vieira participou das atividades do projeto “Sua Voz no Senado”, em Lagarto e Estância, no interior do estado.

Segundo ele, o objetivo dos encontros é produzir um diagnóstico participativo, para entender as necessidades dos municípios e aproximar a população do mandato.