A aposta dos bombeiros do Palácio do Planalto de que Alexandre de Moraes adotará uma postura de trégua como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve se frustrar. O ministro já sinalizou abertamente a colegas da corte que sua caneta está carregada para assinar, especialmente, atos e resoluções do TSE que endureçam ainda mais a defesa do sistema eleitoral e das urnas, foco de ataques do presidente Bolsonaro.
Moraes toma posse como presidente do tribunal em 16 de agosto, mesmo dia em que se inicia oficialmente a campanha eleitoral.
Um dos fatores que alimentam o otimismo dos integrantes do governo de que a relação entre o TSE e Bolsonaro pode melhorar é o trânsito que Moraes tem entre as Forças Armadas. O magistrado cultiva melhor relação com a caserna que o seu antecessor na presidência da corte, Edson Fachin.
Nos últimos meses de seu mandato, Fachin foi destinatário de uma série de ofícios do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, com questionamentos insistentes e, muitos deles, sem fundamentos, sobre o processo eleitoral. O magistrado encerra sua passagem pelo posto sem aceitar o convite de Nogueira para uma reunião reservada com ele. Fachin, no entanto, sempre agiu em sintonia com Moraes, que ocupa o cargo de vice-presidente do TSE.
Como informou O GLOBO, com o aval de Bolsonaro, ministros do governo têm buscado aproximação com integrantes do TSE para tentar um acordo em que a corte possa atender as propostas dos militares sobre as eleições. O próprio Nogueira enviou mensagens a Moraes para tratar do tema. (O Globo – 10/08/2022)