Brazil Conference: Huck quer maior engajamento da elite brasileira na redução da desigualdade

Em painel sobre a Covid-19 e a desigualdade econômica no Brasil, realizado por videoconferência nesta segunda-feira (27/4), apresentador afirmou que pandemia do coronavírus despertou sentimento de solidariedade no país

Ao participar da sexta edição da Brazil Conference at Harvard & MIT, evento promovido anualmente por estudantes brasileiros sediados em Boston, nos Estados Unidos, o apresentador Luciano Huck defendeu participação mais ativa da elite brasileira no enfrentamento da desigualdade social, agravada pela Covid-19 especialmente nas comunidades de todo o país.

“Chegou a hora desse 1% mais rico da sociedade brasileira, uma elite que sempre foi acusada de passividade, fazer parte da solução do problema da desigualdade no Brasil”, disse.

O apresentador foi um dos convidados do painel “Covid-19 e a desigualdade econômica no Brasil”, que também contou com a participação do deputado federal Felipe Rigoni (PSB-ES), da diretora-executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, e do fundador do projeto social Primeira Chance no Complexo da Coruja, em São Gonçalo (RJ), Douglas Oliveira. Pela primeira vez, o evento foi realizado a distância, por videoconferência, em razão da necessidade de distanciamento social como medida de controle da pandemia.

Ciência como norte

Embora os desafios de enfrentamento da pandemia sejam muitos, Luciano Huck disse que o momento é de oportunidade para a ampliação da cultura de solidariedade no país. “O Brasil nunca foi tão solidário. Em cinco semanas, o Brasil doou mais de R$ 3 bilhões. Normalmente, se doava em torno de R$ 2 bilhões por ano, contando as igrejas pentecostais. Então, a gente teve aumento exponencial da cultura de doação nessas cinco semanas. Espero que isso realmente não termine pós-pandemia”, afirmou.

Durante o debate, Huck defendeu o alinhamento entre governo e sociedade civil em torno de regras sanitárias, tendo a ciência como norte para o enfrentamento da pandemia.

“A melhor arma que a gente teria contra o vírus é se estivesse todo mundo alinhado: governo, autoridades sanitárias, sociedade civil, com narrativa única ancorada na ciência, na medicina”, disse.

Ele também abordou a necessidade de fortalecimento das políticas públicas de proteção social para evitar que o país entre em colapso. “(O Estado) tem que ter capacidade de gestão para gerar políticas públicas que ataquem o problema. Quem está fazendo a sociedade funcionar, neste momento, são pessoas, muitas vezes, mal remumeradas, como pequenos agricultores, caminhoneiros, bombeiros, auxiliares de enfermagem, de limpeza, entregadores”, ressaltou.

Ao longo do painel, que teve pouco mais de uma hora e meia de duração, o apresentador afirmou ainda que a educação é a chave para a transformação social. “A educação é a ferramenta mais poderosa para redução da desigualdade”, sustentou.

Convidado especial do painel, Douglas Oliveira, fundador do projeto social Primeira Chance, também avalia que os investimentos em educação são essenciais para o combate à desigualdade. “Quando se investe em educação, está se investindo indiretamente em outras áreas como na saúde e na segurança, com menos crianças na rua”, disse.

Douglas espera que, com a crise da pandemia, a sociedade acorde para a dura realidade dos moradores de favelas que, além de condições precárias, enfrentam preconceito social.

“Ainda hoje a favela é enxergada como se fosse um planeta fora da Terra. Só quem convive nela entende o que acontece. Parece que a gente não faz parte da sociedade”, lamentou.

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