Os autores respondem pelos crimes, mas o monstro continua solto

A morte de Apollo Gabriel Rodrigues, um menino de apenas 2 anos de idade, ocorrida esta semana na Vila Maria, bairro da zona norte de São Paulo (SP), consternou o país pelo descaso que teve por vítima uma pessoa indefesa.

Em princípio, ele não resistiu ao ficar fechado num veículo, num dia que as temperaturas tiveram uma média de 37,3ºC na capital paulista.

O Motorista da van e a auxiliar foram indiciados e vão responder pela acusação de homicídio.

Há três anos, o menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morreu após cair do 9º andar de um prédio de luxo no Centro do Recife em 2 de junho de 2020.

Ele tinha sido confiado pela mãe aos cuidados da então patroa dela, a primeira-dama do município de Tamandaré, Sari Corte-Real, que foi condenada a 8 anos e 6 de prisão por abandono de incapaz.

Portanto, em ambos os casos os autores foram identificados. No episódio da van, os indiciados provavelmente serão condenados.

A perplexidade, no entanto, é reconhecer que o verdadeiro criminoso permanece a solta. Um monstro conhecido como racismo. Ele é cruel e contumaz e certamente atacará de novo e não deve demorar, dado seu modus operandi.

Apollo e Miguel basta ver a imagem têm algo em comum. Os dois são negros, de famílias negras e de perfis socioeconômicos modestos.

Contudo, nas duas situações, não podemos ser levianos e supor que os prepostos do racismo tramaram assassinar crianças negras. Isso é o mais constrangedor. Esse chefe de quadrilha, o racismo, escolhe seus comparsas de formas diferenciadas, as vezes sutis, as vezes frontais, ardilosas, brutais, individuais e coletivas.

Fica a pergunta, que operação especial poderá encontrá-lo, indiciá-lo, acusá-lo e definitivamente o recolher a prisão?

Coordenação do Coletivo Igualdade 23

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