Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (16/03/2022)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Ministro de Minas e Energia defende imposto sobre combustíveis
Esperança que se renova ao som de bombas
Rússia pode dar hoje calote em sua dívida externa
Privatização: como, quando e por que fazer
Governo deve antecipar 13º a aposentados e liberar saque do FGTS
Brasileiros fazem fila por gasolina a R$ 3…na Argentina
Conta de luz da Light tem reajuste de 15%, e da Enel, de 17%
Ministério da Justiça censura comédia
Saúde investiga dois casos suspeitos da nova variante Deltacron
Próximo do partido, Leite sofre resistência no PSD

O Estado de S. Paulo

Plano para baixar diesel pode elevar preço em 9 Estados e DF
Petrobras avalia campanha publicitária para rebater críticas
Índice mostra as melhores cidades para empreender no País
Governo tenta veto a filme de Gentili em plataformas de streaming
Governo decide antecipar 13º de aposentados do INSS
Iniciativas buscam reduzir a poluição dos oceanos pelo plástico
Rússia acirra ataques e líder da Ucrânia afasta entrada na Otan
Massacre põe cidades ucranianas em alerta
Lockdown na China ajuda a derrubar preço do petróleo

Folha de S. Paulo

Covid na China derruba petróleo e assusta mercados
BC pode repetir alta de 1,5 ponto do juro básico, dizem ex-diretores
Governo tenta censurar filme que acusa de pedofilia
Bolsonaro decide antecipar 13º de segurados do INSS
Fuzileiros navais e Interpol treinam segurança do STF
Vacina contra gripe começa no dia 4 de abril
Painel do CNJ omite 60 mil contracheques
Paulistanos usam redes sociais ante insegurança
Pobreza menstrual se agrava no cárcere
Ataque a prédio indica cerco mais próximo do centro de Kiev
Sob pressão, Zelenski sinaliza abdicar da Otan

Valor Econômico

Avanço da covid na China derruba preço do petróleo
Ucrânia já admite ficar fora da Otan
Saque de FGTS será liberado e 13º, antecipado
Geração prateada cai na rede
Mineradoras são contra PL sobre terras indígenas

EDITORIAIS

O Globo

Governo deve explicações sobre viagem de Carlos Bolsonaro à Rússia

Na visão dos oposicionistas, a presença na comitiva do filho Zero Dois do presidente só pode ter uma explicação: a intenção de obter apoio externo para a estratégia eleitoral deste ano

Há muitas dúvidas — e uma boa dose de especulação — sobre os motivos de o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) ter acompanhado o pai na missão oficial brasileira à Rússia dias antes da invasão à Ucrânia. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou informações a respeito, como agenda de compromissos e fonte de recursos para bancar a viagem. O senador oposicionista Randolfe Rodrigues (Rede-AP) exigiu uma investigação dos “seus reflexos sobre a integridade das eleições de 2022”.

Na visão dos oposicionistas, a presença na comitiva do filho Zero Dois do presidente Jair Bolsonaro, articulador de sua propaganda em redes sociais, e do assessor Tércio Arnaud, acusado de coordenar campanhas de desinformação por intermédio do grupo conhecido como “gabinete do ódio”, só pode ter uma explicação: a intenção de obter apoio externo para a estratégia eleitoral deste ano, tendo em vista o folclórico “know-how” russo em matéria de manipulação da opinião pública e do resultado de eleições mundo afora.

Sobre isso, só existem especulações. Do ponto de vista técnico, é inverossímil que as centrais de ataques digitais mantidas pelos russos — responsáveis, entre outras operações, pela invasão dos computadores do Comitê Nacional Democrata nas eleições americanas de 2016 —possam ter acesso ao sistema eleitoral brasileiro, que funciona numa rede própria, fora da internet.

As campanhas de desinformação, que fazem a fama da Rússia desde pelo menos os tempos de Catarina, a Grande, certamente ganharam vulto sem paralelo com a ascensão ao poder de Vladimir Putin, um ex-espião da KGB. Mas não parece haver muito que os asseclas de Putin possam ensinar ao tal “gabinete do ódio” em matéria de fake news, em particular as disseminadas por aplicativos de mensagens. Embora esteja documentado o interesse da militância bolsonarista por equipamentos de espionagem digital, as acusações da oposição padecem de substância concreta. Com razão, o governo as qualificou de “ilações”.

Isso não significa, contudo, que o caso esteja explicado. O presidente Bolsonaro afirmou que o filho dormiu em seu quarto. O Executivo informou não haver “registro de despesas” relacionadas à viagem, mas não quem as pagou. Tampouco apresentou agenda convincente para justificar a presença de Carlos e Arnaud na comitiva. O caso se torna ainda mais estranho porque, tendo como uma das principais pautas o fornecimento de fertilizantes ao Brasil, a missão nem contou com a presença da ministra Tereza Cristina, da Agricultura.

Ainda que Carlos tivesse ido apenas fazer turismo pagando do próprio bolso, a viagem de um vereador carioca na comitiva do presidente da República é injustificável. Com as suspeitas que pairam sobre ele e o “gabinete do ódio”, torna-se ainda mais relevante a apresentação de uma explicação plausível pelo governo, por Bolsonaro e por seu filho. Do contrário, só alimentarão e darão credibilidade às especulações.

O Estado de S. Paulo

O ‘papel social’ do dinheiro público

Políticos cobram responsabilidade social da petrolífera, mas esquecem o papel social dos bilhões queimados no Orçamento

Pode custar R$ 27 bilhões a nova bondade proposta pelo presidente Jair Bolsonaro, o corte de tributos cobrados sobre a gasolina. Dedicado em tempo integral à caça de votos, ele conduz a mais cara campanha eleitoral deste ano, provavelmente a mais cara da história brasileira. Empresas são proibidas de financiar candidaturas, mas limitações desse tipo são dificilmente aplicáveis ao Tesouro público. Parlamentares destinaram R$ 4,9 bilhões ao Fundo Eleitoral, multiplicando por 2,5 o valor aprovado para as últimas eleições. Pode ter sido escandalosa, mas foi uma decisão legal. Ações eleitoreiras de interesse do presidente podem ser ainda mais custosas, tanto pelos efeitos fiscais quanto pelas consequências econômicas mais difusas.

Populismo, irresponsabilidade e imediatismo têm marcado as ações do presidente Bolsonaro e da maior parte dos congressistas, no esforço de sedução de eleitores. Atacar a Petrobras, numa encenação de cuidado com os consumidores, tem sido quase um ritual obrigatório. Depois de manter preços inalterados por 57 dias, a estatal anunciou grandes aumentos, na semana passada, quando os efeitos econômicos da invasão da Ucrânia já atingiam as cotações internacionais do petróleo e de alimentos.

A decisão, normalíssima na atividade empresarial, criou o cenário para novas manifestações populistas. Segundo o presidente da República, faltou sensibilidade aos dirigentes da Petrobras. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, aproveitou a ocasião para se mostrar preocupado com os consumidores, também qualificáveis, nessas ocasiões, como eleitores. O senador cobrou “responsabilidade social” da empresa e criticou seus lucros. A Petrobras, segundo ele, tem tido o triplo da lucratividade das concorrentes e tem distribuído dividendos bilionários.

“Óbvio que é muito bom que isso aconteça, mas não pode acontecer em prejuízo da população brasileira que abastece seus veículos ou que precisa de transporte coletivo”, disse o senador, numa divertida tentativa de equilibrismo.

Ele teria dado uma contribuição mais notável se houvesse explicado o tal “papel social” da Petrobras e os limites desejáveis de sua lucratividade. Poderia, talvez, ter ajudado a entender as condições da correta administração de uma empresa de capital aberto com as características da maior companhia brasileira do setor de petróleo.

O maior acionista da Petrobras é o Estado brasileiro, mas a maior parte das ações pertence, de forma pulverizada, a investidores domiciliados no Brasil e no exterior. Seria bom, talvez, o presidente do Senado explicar a esses acionistas se eles podem torcer legitimamente por altos lucros e gordos dividendos ou se deveriam, em atenção a seus interesses privados, aplicar dinheiro em outra empresa.

O Brasil ganharia muito mais, e perderia muito menos, se o senador Rodrigo Pacheco, seus companheiros e o presidente Bolsonaro cuidassem menos do “papel social” da Petrobras e pensassem mais no “papel social” do governo e do dinheiro público. Seriam muito mais comedidos ao programar o Fundo Eleitoral. Nunca teriam criado o infame orçamento secreto, uma forma de operar fora do controle dos pagadores de impostos e dos mais legítimos credores das atenções do poder estatal. Não destinariam bilhões, por meio de emendas, a interesses particulares, incluídos seus interesses eleitorais, tão privados quanto os de qualquer investidor do mercado de ações, porém às vezes menos legítimos.

Se pensassem mais no valor social do dinheiro público, buscariam, diante do surto inflacionário, formas de ajuda aos mais necessitados, por meio de programas bem desenhados e dirigidos a grupos bem definidos. Evitariam desperdiçar recursos e nunca pensariam em violentar os padrões federativos, interferindo na tributação estadual e na capacidade dos governos de Estados e municípios de prestar os serviços devidos a seu público. Para isso, no entanto, precisariam entender as obrigações, muito mais que as prerrogativas, de quem ocupa cargos públicos em Brasília. Quantos iriam tão longe?

Folha de S. Paulo

Censura de volta

Governo proíbe exibição de filme, em vez de debater classificação indicativa

Numa decisão que remete aos sombrios tempos da censura, o governo federal decidiu que os serviços de streaming devem suspender a exibição do filme “Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola”, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. A determinação, publicada no Diário Oficial da União nesta terça (15), partiu do Ministério da Justiça.

O motivo do veto é a alegação, insuflada por auxiliares e apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), de que a comédia, com a presença dos atores Fábio Porchat e Danilo Gentili no elenco, é obra pedófila e faz apologia do abuso sexual infantil.

A acusação se concentra numa cena em que o vilão da trama aborda dois estudantes e os convida a masturbá-lo, no que é refutado.

Entre os líderes da cruzada moralista contra o filme estão o secretário especial da Cultura, Mario Frias, o ministro da Justiça, Anderson Torres, e sua colega Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

O responsável por deflagrar a polêmica nas redes sociais foi o deputado estadual pelo Ceará André Fernandes (Republicanos) —que se define como conservador, bolsonarista e armamentista.

Note-se que a comédia, só agora disponível em streaming, foi lançada nos cinemas em 2017, durante o governo de Michel Temer (MDB). Chamou pouca atenção na época, mas mereceu um elogio do pastor evangélico conservador Marco Feliciano, agora apagado na internet.

“Confesso que não me recordo da cena que faz apologia da pedofilia, devo ter saído para atender o telefone. Se tivesse visto, faria o que sempre fiz com outros filmes, teria denunciado”, tentou explicar Feliciano, deputado federal pelo PL-SP.

No lançamento, o longa recebeu classificação indicativa para maiores de 14 anos. Segundo os manuais do site do Ministério da Justiça usados pela indústria audiovisual, conteúdos com indução de alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual não são recomendados para crianças e adolescentes abaixo dessa faixa.

Já no caso de cenas com atos de pedofilia, consta a indicação para maiores de 16 anos.

Pode-se, certamente, considerar legítima a divergência sobre a faixa indicativa (se 14 ou 16 anos) e a interpretação do conteúdo da cena, se seria indução a exploração sexual ou pedofilia. Inadmissível é o governo proibir a exibição do filme. Tal decisão, sem amparo constitucional, é um retrocesso obscurantista e precisa ser revertida.

Valor Econômico

Conflito traz inflação maior e crescimento menor

O equilíbrio possível será instável e ruim: juros maiores com inflação resistente e acima das metas

O terremoto geopolítico da invasão da Ucrânia pela Rússia destruiu todos os cenários otimistas sobre o comportamento da economia global no futuro próximo. As ações políticas passaram a ter a primazia, ampliando em grau preocupante as incertezas em um terreno no qual os mercados financeiros navegam sem instrumentos confiáveis de direção. Assim, a possibilidade de uma recessão americana, por exemplo, ressurgiu nas expectativas dos investidores, embora com probabilidade menor, mas não desprezível. O efeito bumerangue do cerco financeiro à Rússia ainda não se manifestou e pode ser considerável.

De imediato, o desenrolar da guerra em território ucraniano sugere que a Rússia poderá ocupar o país ou entregar seu comando a um aliado que garanta sua fidelidade aos desígnios de Putin. As falhas da invasão russa não a impedem de uma vitória sangrenta e de alto custo, mas de todo modo uma vitória. O preço dessa aventura Putin já paga com um cerco financeiro jamais visto na história, com o sequestro de metade de suas reservas de US$ 650 bilhões e seu cancelamento como parceiro comercial das principais economias desenvolvidas – exceto China.

A guerra potencializou todas as adversidades acumuladas em dois anos de pandemia e acrescentou novas. A inflação, que já vinha em alta desde antes da aventura militar russa, ganhou novo impulso, e talvez mais persistência, com o bloqueio financeiro à Rússia e às compras de petróleo e gás natural, das quais a Europa é dependente. O papel importante da Rússia na produção de fertilizantes e, com a Ucrânia, na produção de trigo, jogou para cima os preços das commodities agrícolas.

Como os infortúnios nunca vem sozinhos, a maior onda de covid-19 desde o início da pandemia percorre de volta o solo chinês. O governo de Xi Jinping segue com seu tratamento de choque e um dos principais centros da tecnologia e manufatura eletrônica, Shenzen, além de outras regiões, estão em lockdown. Os efeitos dessa paralisia sobre as cadeias de produção, que não haviam ainda se recuperado do baque sofrido com a pandemia, são preocupantes. O risco de paralisia dos portos de Xangai e Shenzen, o primeiro e o quarto maiores do mundo, com interrupção de fluxo vital de mercadorias, cresceu.

Os desafios para as economias desenvolvidas e emergentes tornaram-se parecidos. Os choques da guerra acirraram uma inflação que já se encontrava em nível nunca visto em quatro décadas nos Estados Unidos e Europa, e era alta mesmo para os padrões de alguns países emergentes, como o Brasil. A perturbação do comércio global, por seu lado, vai desacelerar o crescimento em toda parte.

Para um cenário pessimista, faltam as turbulências financeiras, que devem vir com um provável calote da dívida de governos e empresas da Rússia. O isolamento da Rússia do sistema financeiro deixa sem lastro em dólares todos os papéis russos negociados internacionalmente, o que espalhará prejuízos a boa parcela de investidores. A ajuda que a China prometeu à Rússia para mitigar os efeitos das sanções é crucial, mas insuficiente.

Os principais bancos centrais, o Fed americano e o BCE, postergaram o combate à inflação temendo incorrer nos erros anteriores de abortar a recuperação. Agora serão obrigados a enfrentar a alta dos preços em uma situação muito menos favorável, pois a desaceleração econômica será inevitável – tanto pelos efeitos da política monetária quanto pelos da guerra. Adicionalmente, juros em alta põe em dúvida a capacidade de pagamentos de países muito endividados, em um momento de incerteza generalizada e perdas para alguns segmentos do mercado.

É muito provável que os BCs tolerem inflação maior porque não lhes resta muita opção. Elevar muito os juros terá influência limitada sobre os preços, que estão sendo movidos por choques brutais de oferta de alimentos e energia, propagadores inflacionários por excelência. Como a economia global tende a desacelerar, uma parte importante da tarefa atribuída à política monetária não terá de ser feita. Mas o equilíbrio possível será instável e ruim: juros maiores com inflação resistente e acima das metas.

Esses são os problemas econômicos de curto prazo. Os de longo prazo são ainda mais intrincados e podem envolver uma ruptura do sistema global, com uma aliança entre Rússia e China consolidando um sistema multipolar em que a segurança política terá primazia na alocação da oferta global.

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