Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (07/03/2022)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Horror da Guerra – Mortes de civis em fuga são nova face do conflito
Milhares desafiam Putin na Rússia contra invasão
Países buscam reduzir impacto de alta do petróleo
Drogas contra Covid seguem fora do SUS
MBL enfrenta crise pública, e movimentos de renovação tentam sanar conflitos internos
Rio deve flexibilizar hoje uso obrigatório de máscara na cidade
Víktor Eroféiev: ‘Na Rússia, a esperança é a primeira a morrer’, diz escritor

O Estado de S. Paulo

Governo quer novo programa de subsídio para combustíveis
Governo russo prende 3,5 mil em dia de protestos contra conflito
Rússia viola cessar-fogo pela segunda vez e ataca civis
Pedido de dinheiro para reeleição de Bolsonaro gera queixa de ruralistas
Devolução de concessões paralisa projetos de infraestrutura
Vacina contra gripe – Clínicas privadas preveem iniciar campanha neste mês
Construtoras usam até robôs em prédios pensados para idosos

Folha de S. Paulo

Bolsonaro e agro determinam acenos do Brasil à Rússia
Caça russo é abatido; cessar-fogo volta a ser desrespeitado
Moscou perde força na guerra de desinformação
Tainah Pereira – Eleição de mulher negra não beneficia só negras
Venda de munição para colecionador, atirador e caçador dobra desde 2021
Renda com lucros e dividendos aumenta durante pandemia
Só fechamento do espaço aéro pode salvar Odessa, diz prefeito
Sem Arthur do Val, Moro perde o palanque em SP

Valor Econômico

Rússia intensifica ataques à população civil na Ucrânia
Guerra de Putin muda o curso da História
Conflito pode incentivar protecionismo
Para Goldman, Brasil é refúgio de curto prazo
Landim na Petrobras divide opiniões
O outro lado da moeda
País está num ponto de inflexão, diz Chauvet
Justiça reequilibra partilha no exterior

EDITORIAIS

O Globo

Acordo na ONU para acabar com poluição por plásticos é um avanço

Os problemas causados pela má gestão do plástico não se resumem às centenas de anos que o produto leva para se decompor

Como comprovam os lixões e, vergonhosamente, também ruas e praias de várias cidades brasileiras, a poluição por plásticos atingiu níveis escandalosos. No mundo, a produção anual dobrou nas duas últimas décadas. Saiu de 234 milhões de toneladas no ano 2000 para 460 milhões de toneladas em 2019, diz uma publicação recém-lançada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Um estudo publicado em 2020 por pesquisadores israelenses na revista Nature estimou que o peso de todos os plásticos já produzidos é superior ao de todos os animais vivos, terrestres e marinhos.

O triângulo formado por três setas em sentido horário nas embalagens, símbolo da reciclagem, se tornou inócuo. Entre 2000 e 2019, apenas 9% do plástico descartado no mundo foi reciclado, 19% acabaram incinerados e 50% tiveram como destino aterros sanitários. Os restantes 22% foram despejados irregularmente.

Os efeitos desse desleixo são sentidos no meio ambiente. O estoque de plásticos em rios soma 109 milhões de toneladas. Nos mares, são 30 milhões de toneladas. Ainda que a produção caia e a reciclagem aumente, a quantidade de plásticos já existente nos rios é garantia de que os mares continuarão poluídos por muitos anos. Microplásticos, fragmentos com menos de 5 milímetros, já foram encontrados em reservatórios de água potável, em bebidas industrializadas e até em alimentos.

Os problemas causados pela má gestão do plástico não se resumem às centenas de anos que o produto leva para se decompor. A produção emite carbono em níveis significativos. Feitos a partir de combustíveis fósseis, plásticos geraram 1,8 bilhão de toneladas de gases causadores do efeito estufa em 2019, número bem acima das emissões da aviação.

Plásticos são e continuarão a ser parte importante de nossa vida. Por isso não devem ser demonizados. Eles ajudam a preservar alimentos, são matérias-primas importantes em vários setores, como construção ou eletrônicos, tornam os veículos mais eficientes em consumo de combustíveis, entre outros benefícios. Espera-se do acordo da ONU que estabeleça regras para o bom uso, deixando para trás um histórico de sujeira, poluição e prejuízo aos ecossistemas.

O Estado de S. Paulo

A guerra no mundo interconectado

As necessárias sanções econômicas foram surpreendentes em velocidade e escala. Agora, precisam ser calibradas para evitar consequências indesejadas

Vladimir Putin já foi descrito como um imperialista do século 20 operando com táticas do século 19 para se firmar com um czar do século 21. Tantos anacronismos são prerrogativa de um autocrata que vem há anos erguendo uma “fortaleza” financeira, isolando o regime da opinião pública e que não tem escrúpulos de impor miséria à sua população para satisfazer seu imperialismo. As lideranças globais não têm essas prerrogativas. Para que suas sanções sejam eficazes elas têm de ser concatenadas, e é preciso lidar com as pressões da opinião pública doméstica.

As sanções foram sem precedentes. Bancos russos foram barrados da rede Swift; EUA, União Europeia, Reino Unido e Suíça sancionaram o banco central russo; diversos países fecharam o espaço aéreo para a Rússia e impuseram limites à importação de tecnologias. Sanções ao petróleo e gás ainda estão em boa parte excluídas, mas países europeus dependentes da energia russa promoveram reversões surpreendentes em suas políticas.

Essas sanções não terão efeito imediato sobre a ofensiva contra a Ucrânia em si, mas imporão grandes pressões à economia russa, limitando o tempo do Kremlin para financiar sua guerra.

A velocidade e a escala das sanções mostram que a comunidade internacional aprendeu lições importantes desde a ocupação da Crimeia em 2014. Mas tal como os conflitos militares, a contraofensiva econômica exigirá cálculos táticos em vista de objetivos estratégicos. A prioridade é impedir que a guerra transborde as fronteiras da Ucrânia, sobretudo em um confronto entre potências nucleares. Além disso, é preciso minimizar os custos para as populações dos países aliados.

Ainda que o opróbrio do povo russo seja inevitável, é preciso lembrar que o confronto é menos contra a Rússia do que contra o seu regime. A dissidência russa vem crescendo. Mas um colapso rápido demais poderia provocar efeitos adversos. Furar o bloqueio de desinformação do Kremlin na própria Rússia é essencial para engajar os russos contra o regime.

A comunicação pública às populações dos aliados precisa ser clara e consistente. É preciso envolvê-las nas decisões sobre os custos que precisarão ser pagos, esclarecer a sua dimensão e por que eles valem a pena. É fácil apelar ao idealismo e à solidariedade aos ucranianos no curto prazo. Mas o tempo pode desgastar esse entusiasmo. As medidas podem ter um efeito desproporcional sobre a classe média. O Kremlin conta com isso para desestabilizar os governos aliados. Será preciso um empenho continuado para demonstrar a essas populações que conter Putin serve ao seu próprio interesse.

As lideranças precisam se preparar, e preparar suas populações, para as retaliações. No plano econômico, Putin pode impor custos não só na energia, mas em grãos, fertilizantes e metais. Ele já pôs na mesa ameaças nucleares, mas mais iminentes são possíveis ataques cibernéticos contra as finanças e infraestruturas ocidentais.

Não há sinalização de que a China participará das sanções – e o regime observa a estratégia ocidental para calcular sua ofensiva a Taiwan. Mas a falta de liquidez de bancos, empresas e governo russos pode ser ruim para seus negócios. A diplomacia ocidental precisa deixar claro aos chineses que o apoio a Putin é incompatível com relações amigáveis com o Ocidente.

Agora que ativaram seus arsenais econômicos, os aliados precisam solidificar consensos para sinalizar ao Kremlin, por um lado, qual estoque de sanções ainda têm à disposição caso Putin opte por escalar sua guerra ou estendê-la além da Ucrânia e, por outro lado, quais seriam as saídas caso ele decida negociar, ou seja, quais sanções podem ser aliviadas e em quais circunstâncias.

Putin não tem escrúpulos em mesclar recursos militares, políticos e econômicos. O Ocidente tem esses recursos, em maior escala. A condição para que sirvam às prioridades estratégicas é a união política e a primazia das alavancas econômicas sobre as militares. A união não deveria encontrar quaisquer limites. Mas, até para evitar o choque militar, as pressões econômicas precisarão ser muito bem calibradas.

Folha de S. Paulo

Desafio americano

Guerra exige dos EUA mais diplomacia e novos meios de cooperação com aliados

O presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden, fez o que pôde para transmitir determinação e autoconfiança ao tratar da guerra na Ucrânia em seu discurso anual no Congresso, na última terça (1º).

O líder americano disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, subestimou a capacidade do Ocidente de reagir à sua inaceitável agressão e por isso agora se encontra isolado diante da comunidade internacional.

Biden celebrou a frente única articulada com seus aliados na Europa para aplicar as duras sanções econômicas impostas à Rússia, que bloquearam o acesso do país ao sistema financeiro global e já lhe causam danos severos.

Por fim, sugeriu que o isolamento de Putin só tende a aumentar. “Na batalha entre a democracia e as autocracias, as democracias se levantaram e o mundo está claramente escolhendo o lado da paz e da segurança”, discursou.

A realidade, no entanto, parece mais incômoda do que Biden sugere. A invasão da Ucrânia, um país independente governado por um presidente eleito democraticamente nas franjas da Europa, representa uma contestação veemente à influência que os EUA e seus aliados buscam exercer no mundo.

A capacidade do autocrata russo de resistir à avalanche de sanções ainda está sendo testada, mas não há como duvidar da determinação de quem não hesita diante das normas do direito internacional e autoriza os tanques a disparar até contra instalações nucleares.

A crise chegou à mesa de Biden num momento de fragilidade, em que ele parece pouco propenso a correr riscos. Sua agenda doméstica encontra oposição até em seu partido, sua popularidade está em queda, e a maioria que detém no Congresso estará em jogo nas eleições legislativas de novembro.

Biden prometeu defender os vizinhos da Rússia que são membros da União Europeia e ofereceu assistência militar e socorro financeiro aos ucranianos, que querem entrar no bloco, mas já deixou claro que não tem intenção de mandar soldados americanos ao combate.

Os fiascos no Iraque e no Afeganistão, onde os EUA não deixaram de exibir truculência, são uma lembrança recente. Os norte-americanos, corretamente, não se mostram dispostos a financiar outra aventura militar no exterior — ainda mais diante das enormes incertezas de um confronto com outra potência nuclear.

Um prolongamento do conflito trará novos desafios, da necessidade de acolhimento de centenas de milhares de refugiados à busca por maior integração dos países da região com a economia global.

Se Putin é um adversário a ser enfrentado como parte de uma disputa global entre democracias liberais e autocracias emergentes, como Biden sugere, os Estados Unidos terão de abandonar a onipotência de outros tempos e encontrar novos meios de cooperação com seus aliados para prevalecer.

Valor Econômico

Sanções à Rússia estão longe de ser uma resposta ideal

O boicote de Xi Jinping às sanções pode dar sobrevida à postura bélica de Putin

Do sequestro de ativos detidos por oligarcas próximos ao Kremlin até o bloqueio à movimentação de reservas do Banco Central da Rússia, os países ocidentais aplicaram contra Moscou uma espiral inédita de sanções econômicas, que visam enfraquecer o presidente Vladimir Putin no plano doméstico. Idilicamente, o cerco pode acelerar a transição política em um governo que usurpa a democracia e viola o direito internacional. No mínimo, as punições anunciadas constrangem Putin com seus eleitores e demonstram os custos de agredir outras nações sem nenhuma justificativa plausível. Pela primeira vez, no entanto, o mundo testa também a capacidade de uma autocracia instalada em potência bélica – não uma ditadura latino-americana, uma ilha de corrupção na África ou um emirado absolutista no Golfo Pérsico – sobreviver escorando-se na neutralidade ou no apoio tácito da China. Pequim pode ter se tornado o fiel da balança.

É de se colocar em perspectiva, sim, que as sanções adotadas até agora estão longe de constituir uma resposta ideal. Restrições econômicas de todos os lados resultam em sofrimento de toda a população russa. Não se pode desprezar ainda o fato de que podem ajudar o próprio Putin a reforçar internamente, com sua máquina de desinformação, o discurso de que é uma vítima do Ocidente e luta apenas para resistir às tentativas de avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Também guarda razoabilidade o argumento de que regimes autocráticos no Irã, na Venezuela ou na Coreia do Norte têm sobrevivido às sanções.

O cerceamento à Rússia, contudo, ocorre em velocidade e amplitude épicas. Em menos de dez dias houve exclusão do sistema Swift de pagamentos internacionais, proibição à compra de nova dívida soberana, fechamento de espaço aéreo para voos comerciais, quase metade das reservas do BC russo teve seu uso inviabilizado. Companhias de navegação que respondem por 47% do tráfego global de contêineres decidiram paralisar fretes. Dezenas de empresas americanas e europeias anunciaram suspensão dos negócios. Petroleiras como Shell, BP, Total e Equinor se comprometeram a não mais alocar capital no país. Nike, Ikea e Spotify interromperam suas atividades. A lista aumenta dia após dia.

Os efeitos na economia russa já apareceram. O BC mais do que dobrou a taxa de juros (para 20% ao ano), o valor do rublo caiu para um mínimo histórico, há corrida bancária e a Bolsa de Moscou passou a semana inteira fechada. O colchão financeiro preparado pela Rússia para enfrentar a guerra parece não ser suficiente. Ela empobrecerá muito, e rapidamente. Não à toa, em reunião ministerial parcialmente televisionada na sexta-feira, Putin acusou o golpe: “Não temos más intenções acerca dos nossos vizinhos. Eu gostaria também de aconselhá-los a não escalar a situação, a não introduzir nenhuma restrição”.

De acordo com o instituto de pesquisas russo Levada Center, 52% dos cidadãos no país temem repressão das autoridades e 58% receiam sofrer prisões arbitrárias – os índices mais altos desde 1994. Por isso, impressiona que protestos tenham sido registradas em 48 cidades diferentes. A filha do porta-voz de Putin escreveu “não à guerra” em seu perfil numa rede social. Esportistas e celebridades têm se manifestado. Nesse ritmo, o apoio da classe média a Putin ficará cada vez mais corroído.

Nada disso garante que Putin aceite um cessar-fogo e, muito menos, uma paz duradoura com seus vizinhos. Trata-se, porém, do único caminho para pressioná-lo sem o impensável emprego de tropas da Otan. O problema é a resistência da China em aderir às sanções. Os países do eixo Ásia-Pacífico absorvem hoje 30% das exportações russas. Pequim já tem mais investimentos na Rússia do que a Alemanha. Putin e Xi Jinping, que já se encontraram 38 vezes e se chamaram de “melhores amigos”, anunciaram a construção de um “superduto” que levará gás da Sibéria ao norte da China.

O boicote de Xi às sanções, pelo peso da aliança formada entre os dois países, pode dar sobrevida à postura bélica de Putin e impedir o declínio do regime russo. Ao mesmo tempo, aumentará a desconfiança do Ocidente com a China e a percepção – já alimentada durante a pandemia – de que é preciso tomar cuidado com as cadeias de valor dependentes do gigante asiático. Uma divisão do mundo em dois eixos apartados, no qual suspeitas prevalecem sobre cooperação e integração, é péssimo para o futuro da economia e da estabilidade globais.

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