Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (04/03/2022)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Rússia e Ucrânia acertam criar corredor humanitário
Maior usina nuclear da Europa é alvo de ataque
Michael Mazarr – ‘Não há espaço para um acordo negociado’
‘Peguei o que dava, entrei no carro e sai fora’
Número de refugiados ultrapassa 1 milhão, afirma ONU
Brasil tem estoque de fertilizantes só até junho
PF muda diretor de combate à corrupção
Governo avalia zerar IOF para microempresas
Pasquale Bacco – Antivacina arrependido
Obituário/Luiz Pinguelli Rosa – Físico, professor, conhecedor de energia
Megaiates de magnatas são confiscados

O Estado de S. Paulo

Maior usina nuclear da Europa é alvo de ataque da Rússia
Invasão causa êxodo mais rápido do século
Brasil atrai investidores após conflito; dólar cai e Bolsa sobe
Valor do Fundo Eleitoral supera orçamento de 99% dos municípios
Fala de Bolsonaro que liga vacina a aids será investigada
Pane digital do Itaú Unibanco gera onda de queixa de clientes
São Paulo decide terça-feira se muda regra da máscara
Morre pai que foi baleado quando deixava filhos em escola no Morumbi
Algas e aguapés ‘poluem’ o Tietê

Folha de S. Paulo

Maior usina nuclear da Europa pega fogo; Ucrânia acusa Rússia
Conflito gera maior alta em commodities desde 2008
Polo portuário, Odessa se prepara para invasão russa
Moscou e Kiev criam corredor humanitário após êxodo de 1 mi
Supremo mantém fundão eleitoral em R$ 5 bilhões
Novo chefe da PF trocará setor que investiga Bolsonaro
Falha técnica deixa clientes do Itaú sem acessar contas
Trens concedidos em São Paulo ainda atormentam passageiros
‘Hipster da Federal’ morre baleado em Goiás

Valor Econômico

Guerra aumenta a pressão sobre o preço de alimentos
Tereza Cristina prevê impacto na inflação
A Macron, Putin diz que irá “até o fim”
Ucrânia já venceu a batalha da informação
UE vai ampliar as sanções contra a Rússia
A marca feminina no vinho
Limbo ameaça estatais de saneamento

EDITORIAIS

O Globo

Guerra não pode ser pretexto para liberar exploração mineral

Bolsonaro vislumbrou na Guerra da Ucrânia um pretexto para tentar liberar a exploração mineral em terras indígenas

O presidente Jair Bolsonaro vislumbrou na Guerra da Ucrânia, que deverá afetar a importação de fertilizantes pelo agronegócio brasileiro, um pretexto para tentar liberar a exploração mineral em terras indígenas. Se é verdadeira a dependência do país, sobretudo da Rússia e da Bielorrússia, nossos principais fornecedores, a tentativa de desencavar um projeto enviado ao Congresso em 2020, ainda não apreciado pelo Parlamento, não passa de oportunismo político. Quer aproveitar o conflito para tocar mais uma “boiada” sobre as já depauperadas normas ambientais.

Nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que, “com a guerra Rússia/Ucrânia, hoje corremos risco da falta de potássio ou aumento do seu preço”. Ainda segundo ele, “nossa segurança alimentar e agronegócio (Economia) exigem de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância”. Foi uma referência velada às jazidas de potássio que ele supõe existirem em terras indígenas na Amazônia.

O projeto de exploração enviado ao Congresso é amplo. Prevê liberação dessas terras em atividades como mineração, exploração de petróleo, gás ou construção de hidrelétricas. Não pode ser debatido no calor de uma guerra, muito menos de forma açodada, por um governo que tem se esmerado em promover o desmonte dos órgãos ambientais e da legislação de proteção ao meio ambiente. A situação só não é mais catastrófica devido aos freios impostos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que travou várias aberrações.

O risco de desabastecimento de insumos em consequência da guerra e das sanções econômicas impostas à Rússia é real. Mas essa preocupação já existia antes da invasão da Ucrânia. O Brasil importa 85% dos fertilizantes usados na agricultura. É o quarto consumidor mundial, atrás de China, Índia e Estados Unidos. Um quarto das importações vem da Rússia. É fato também que a dependência externa tem aumentado (em 2017, 76% vinham de fora). Por isso já estava em discussão desde o ano passado um Plano Nacional de Fertilizantes, com o objetivo de incentivar a produção interna e de aumentar a autossuficiência. É uma meta desejável, mas é preciso ter sensatez.

Ainda bem que, apesar do pânico semeado por Bolsonaro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem demonstrado serenidade ao tratar do assunto. Na quarta-feira, afirmou que o conflito na Ucrânia não terá impacto imediato na produção agrícola. Disse que a safra atual não necessita mais de fertilizantes. A preocupação surgiria na próxima, entre setembro e outubro. Também nesse caso, segundo ela, haveria “volume suficiente para chegar até outubro”. Tereza Cristina deverá viajar ao Canadá, maior produtor de potássio, para tentar ampliar os estoques.

Seria um erro tomar decisões por decreto. É fundamental que a proposta de autorizar exploração mineral na Amazônia e em reservas indígenas seja debatida no Congresso, onde certamente enfrentará forte resistência. Sem dúvida, a dependência do mercado externo para compra de fertilizantes impõe desafios. O Brasil, dono de um agronegócio pujante, tem capacidade de enfrentá-los. Mas não deve tentar resolver um problema criando outro. Conflitos como os da Ucrânia e seus inexoráveis efeitos na economia felizmente não duram para sempre. Os danos ao meio ambiente, infelizmente, sim.

O Estado de S. Paulo

O isolamento de Putin

Com anos de atraso, o mundo despertou para a ameaça de Putin. Seu isolamento é crescente, mas não há sinais de que será dissuadido. É preciso se preparar para o pior

A Assembleia-Geral da ONU aprovou, com 141 votos, uma resolução demandando que a Rússia “retire imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares do território da Ucrânia”. Os votos contrários – de Bielorússia, Coreia do Norte, Eritreia e Síria – mostram o grau de isolamento diplomático do presidente russo, Vladimir Putin, mas as 35 abstenções – incluindo China e Índia – mostram também que esse isolamento está longe de ser completo.

A resposta internacional foi mais dura e coordenada do que Putin esperava. A Rússia está sendo obliterada do sistema financeiro global; diversos países fecharam o espaço aéreo a aeronaves russas; países europeus promoveram uma reversão histórica em sua política de segurança; e a Otan ganhou um novo senso de propósito.

Na Ucrânia, o Exército russo tampouco conquistou a vitória rápida e fácil que Putin esperava. Os ucranianos têm sido mundialmente celebrados por seu exemplo de patriotismo e coragem. Domesticamente, a dissidência também dá mostras de valentia e a elite russa dá sinais de desconforto.

A substantiva reação internacional contrasta com o histórico de leniência com as seguidas agressões russas nos últimos anos, do assalto cibernético à Estônia, em 2007, passando pela guerra na Geórgia, em 2008, até a ocupação da Crimeia, em 2014.

Mas antes tarde do que nunca. Ainda assim, nada permite supor que Putin buscará uma solução antes de derramar muito sangue, muito menos recuará. Ao contrário. Imerso em uma atmosfera de paranoia e orgulho, acuado a ponto de vislumbrar talvez pela primeira vez riscos à sua sobrevivência, tudo indica que ele escalará o conflito. As ameaças nucleares são um sinal tenebroso. Sintomaticamente, no mesmo dia em que a ONU aprovou sua resolução, os russos capturaram a primeira grande cidade ucraniana, Kherson, e intensificaram os bombardeios no sul e no norte. A Rússia reconheceu baixas significativas e, como retaliação, ataques indiscriminados a civis são mais do que prováveis.

A comunidade internacional tem um triplo desafio: manter vivas, por escassas que sejam, as possibilidades de resoluções pacíficas; responder energicamente à provável escalada; e reduzir os riscos de um choque entre a Rússia e a Otan.

Nas negociações com a Ucrânia, a delegação russa não deu sinais de recuo nas demandas maximalistas que desmembrariam ainda mais o território da Ucrânia e eliminariam de facto a sua independência.

Internamente, uma mistura de fracasso militar, angústia das elites e revolta da população poderia levar a uma deposição de Putin, como aconteceu com Nikita Kruchev após a crise dos mísseis em Cuba. Mas, se é difícil vislumbrar esse desfecho a médio prazo, a curto é praticamente impossível. Ainda assim, os generais russos deveriam ser advertidos de que condenações por crimes de guerra ainda podem ser evitadas se forem capazes de neutralizar Putin.

O representante chinês na ONU disse que a resolução não considerou “a urgência de se promover uma resolução política e avançar esforços diplomáticos”. A China deveria ser conclamada a ser consistente com suas palavras, pressionar por um cessar-fogo e estabelecer limites claros à sua aliança com Putin, sob pena de pôr em risco seus negócios com a Europa e os EUA.

Por mais doloroso que seja para a economia mundial, o Ocidente deve estar preparado para impor um embargo sobre o petróleo e o gás da Rússia, que respondem por mais de 40% das suas receitas. Entre as opções militares, é preciso resistir a manobras que podem levar a um confronto direto entre a Rússia e a Otan – como a instauração de uma zona de proibição de voo.

Só os ucranianos podem dizer até onde estão dispostos a lutar por sua soberania. Mas eles não podem ser deixados sós. A ONU precisa mobilizar mais recursos humanitários. A Europa, em especial, tem a missão de abrir os braços aos refugiados. O aceno à integração ao bloco é um apoio moral aos negociadores ucranianos. Sobretudo, os ucranianos precisam de mais e melhores armas para se defender. Com pouco mais de uma semana de conflito, eles mostraram que têm determinação para isso, mas, contra o poderio russo, só vontade não basta.

Folha de S. Paulo

Preços de guerra

Agressão à Ucrânia eleva risco de decisão temerária sobre combustível no Brasil

O principal impacto econômico da guerra na Ucrânia para o mundo até o momento é o salto nos preços das matérias-primas, que vai além da energia e já contamina produtos agrícolas e insumos industriais.

Com a cotação do petróleo em quase US$ 115, o gás batendo recordes na Europa e soja, trigo e milho nos maiores patamares dos últimos anos, o custo de produção e transporte dispara e aumenta o risco de uma recaída recessiva.

No Brasil, o quadro inflacionário também se deteriora. As expectativas para a variação neste ano do principal índice, o IPCA, subiram de 5% para 5,6% em poucas semanas, muito além da meta do Banco Central, fixada em 3,5%.

O quadro não era simples antes, na medida em que os mecanismos de indexação do choque de preços ocasionado pela pandemia já exigiam um aumento significativo dos juros, que devem chegar a 12,5% anuais segundo as projeções.

O cenário mais otimista, viável há algumas semanas, era o de acomodação das pressões com a normalização das cadeias de fornecimento globais que se seguiria ao arrefecimento da emergência sanitária.

Com a renovada alta das matérias-primas, tal quadro deixou de ser realista. O mais provável agora é uma nova onda de repasses, que deve prolongar o prazo de convergência para as metas de inflação e, com isso, levar a juros mais elevados. As chances de retomada da atividade ficam ainda menores.

Nesse contexto, e com a arrecadação de impostos nas alturas, crescem as demandas por medidas compensatórias do governo. A busca de Jair Bolsonaro (PL) pela reeleição pode levar a más decisões e novos abalos nas contas públicas.

O tema mais urgente é o do preço dos combustíveis, que terá atenção iminente do Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve colocar dois projetos em votação.

O primeiro, que enfrenta resistência de governadores, lida com a estabilização do ICMS cobrado pelos estados; o outro, que seria danoso, cria um fundo com recursos públicos para estabilizar os custos para o consumidor na bomba e pode abrir espaço para interferência na política de preços da Petrobras.

Também se cogitam eliminar impostos federais sobre a gasolina e o diesel —algo que poderia custar R$ 50 bilhões anuais.

É preciso buscar soluções que minimizem os impactos para a população na emergência atual, mas sem voluntarismo que danifique ainda mais o depauperado Orçamento federal ou resulte em retrocessos na gestão profissional da empresa estatal do setor.

Valor Econômico

Empolgação do investidor estrangeiro enfrentará teste

Investimento direto não está eternamente imune ao efeito negativo de políticas como a deterioração das condições fiscais

O investidor estrangeiro começou o ano animado com o Brasil. Resta saber se a empolgação vai resistir às turbulências no mercado financeiro causadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia na semana passada, e pelas eleições presidenciais no segundo semestre.

Em janeiro, o Investimento Direto no País (IDP) registrou saldo positivo de US$ 4,7 bilhões, o melhor resultado para o mês desde 2018, segundo o Banco Central (BC). O número é 35,4% superior ao ingresso registrado em janeiro de 2021. O IDP compreende a participação no capital de empresas locais e operações intercompanhias, que envolvem um crédito dentro do próprio grupo. São considerados fluxos de recursos estáveis e de longo prazo.

O total de capital externo investido em janeiro superou as expectativas do próprio BC, que estimava entrada de US$ 3,2 bilhões, e a surpresa foi devida, em boa parte, ao aumento de 75% do reinvestimento de lucros em relação a dezembro. Os reinvestimentos de lucros não impactam os fluxos de dólares no mercado de câmbio porque os recursos se originam de resultados apurados dentro do país. Mas significam que o investidor está repicando a aposta no Brasil. Apenas US$ 307 milhões foram resultado de operações intercompanhia.

Os números preliminares indicam que fevereiro seguiu com fluxo expressivo de IDP. Do início do mês até o dia 18, acumulava US$ 8,9 bilhões, quase o dobro do registrado em janeiro. Nesse período, o BC não detectou o reinvestimento de lucros, mas sim operações comuns, algumas com valor individual mais elevado. A estimativa do BC é que o número feche o mês em US$ 10 bilhões, o que será o maior montante desde agosto de 2019, quando houve ingresso de US$ 11,2 bilhões.

Também está expressivo o fluxo de capital externo para aplicações no mercado financeiro, chamado de investimento em carteira, que se caracteriza por maior volatilidade e dependência do humor do mercado no curto prazo. Nesse caso, a entrada líquida foi de US$ 5,7 bilhões em janeiro, sendo US$ 2,2 bilhões em ações e fundos de investimentos e US$ 3,5 bilhões em título de dívida.

As parciais de fevereiro, até o dia 18, contabilizadas pelo BC, mostraram, porém, uma reversão dessa dinâmica. Apesar da alta dos juros, o que aumentou a rentabilidade da renda fixa, houve uma saída líquida de US$ 2,3 bilhões dessas aplicações, enquanto ações e fundos de investimento registraram ingresso de US$ 4,96 bilhões.

A expectativa do BC é de continuidade de recuperação da entrada de investimentos estrangeiros, depois de ter desabado no primeiro ano da pandemia. A estimativa do BC é que o IDP atinja US$ 55 bilhões neste ano, um patamar superior ao de US$ 46,4 bilhões registrado em 2021 e acima dos US$ 37,8 bilhões de 2020. Ainda assim, distante dos registros anteriores à pandemia. Em 2019, IDP totalizou US$ 69,2 bilhões. O ponto máximo foi um ano antes, em 2018, com US$ 78,9 bilhões.

O estoque de Investimento Direto no País diminuiu US$ 109 bilhões em 2020, ficando em US$ 765 bilhões, como mostra o Relatório de Investimento Direto, divulgado em dezembro. O número representa uma queda de 12,4% em relação a 2019. A redução foi sobretudo causada pelo efeito cambial, negativo em US$ 140,1 bilhões. Ainda assim foram menos voláteis do que os investimentos em carteira e outros como empréstimos e créditos comerciais. Do total de Investimento Direto no País registrado em 2020, US$ 521,3 bilhões se referiam à participação direta no capital, e US$ 244,1 bilhões a operações intercompanhia. Das participações em capital, quase 60% estavam no setor de serviços, 30% na indústria, 10% na agricultura. Os percentuais correspondem à distribuição do PIB. Há dez anos, estavam 45% em serviços, 39% na indústria e 16% na agricultura.

Os dados de 2021 ainda não estão disponíveis, mas é bastante provável que o efeito do câmbio tenha novamente reduzido o volume do Investimento Direto no País. O IDP é considerado a fonte mais estável de financiamento do balanço de pagamentos e tem funcionado assim no Brasil. Até mesmo em 2020 quando encolheu devido à crise global causada pela pandemia, foi suficiente para cobrir o déficit em conta corrente. O mesmo aconteceu no ano passado. Mesmo sendo inspirados por uma avaliação de longo prazo da economia do país, o investimento direto não está eternamente imune ao efeito negativo de políticas como a deterioração das condições fiscais, o menosprezo pelas práticas ambientais corretas ou os ataques inspirados por antipatias pessoais.

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