Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje 12/11/2021

O Globo

Bolsonaro apoia desoneração da folha por mais dois anos
Transparência nas emendas: STF aguarda ação do Congresso
Acordo entre EUA e China terá impacto no Brasil
Reajuste de gás da Petrobras vai afetar toda a economia
Pirâmide de Bitcoins – Permanência forçada em paraíso do Caribe
Brasil confirma vaga no Qatar
Vick Muniz: ‘Não se pode viver sem empatia’
Stevens Rehen – ‘Psicodélicos serão revolução na psiquiatria’
Gil imortal: ‘Academia está dando recado de que o Brasil é diverso’, diz o eleito
Obituário/Cristiana Lôbo – Uma craque do jornalismo
Obituário/Frederik De Klerk – Presidente que negociou fim do apartheid
Com status de Mao, Xi abre caminho para novo mandato

O Estado de S. Paulo

China alça Xi ao status de Mao e abre caminho para novos mandatos
Governo prorroga desoneração da folha de pagamento por 2 anos
Acordo sobre regras do mercado de carbono está perto de ser fechado
Aeronáutica revê de forma unilateral contrato com a Embraer
Novo suspende vereadoras que trocaram agressões
Gil mais imortal

Folha de S. Paulo

Projeto de Lira traz transparência mas mantém verbas
Futura sigla de Bolsonaro, PL possui trajetória marcada por corrupção
Anúncio de EUA e China alimenta otimismo na COP
Depois de discursar, Txai Suruí é alvo de ataques e posts falsos
Candidata cobra transparência em disputa da OAB-SP
Queixas contra Prevent na ANS sobem 67% no 1º ano da Covid
Com decreto, procuradores veem risco à fiscalização trabalhista
Vereadoras do Novo na capital se acusam de agressão
Jornalista Cristiana Lôbo morre aos 64 anos
Morre De Klerk, último líder branco sul-africano
Pequim iguala Xi a Mao e Deng e acena com 3º mandato

Valor Econômico

Inflação derruba o varejo e afeta cenário para atividade
Bolsonaro diz que estenderá desoneração
ArcelorMittal vai investir US$ 850 mi
O desafio social
Novo Código de Mineração retira poder de Estados
COP26 sofre com crise de liderança
Auxílio Brasil não deve ajudar aumento do PIB
Em movimento
CTNBio libera farinha de trigo transgênico

EDITORIAIS

O Globo

Juro é a única arma ao alcance para conter a inflação descontrolada

A inflação resulta, segundo os manuais de economia, da interação de quatro forças: inércia, câmbio, expectativas e pressão da demanda sobre a produção

A inflação acumulada em 12 meses não para de subir. De outubro a outubro, foi de 3,9% a 10,7%. Errou quem acreditava numa inflação temporária, resultado apenas da retomada de atividades represadas pela pandemia. A alta de preços está descontrolada: subiram alimentos e serviços, combustíveis e energia, vestuário e transporte. As consequências para a população são dramáticas — e os efeitos políticos, incontornáveis.

Pesquisas de opinião confirmam que a pauta econômica superou a pandemia como eixo de preocupação dos cidadãos. Felizmente, o Brasil ainda dispõe de meios para deter a espiral dos preços, mas o governo precisará agir rápido, com toda a energia necessária. Trata-se, por sinal, de questão de sobrevivência para quem disputa a reeleição.

A inflação resulta, segundo os manuais de economia, da interação de quatro forças: inércia, câmbio, expectativas e pressão da demanda sobre a produção. Na conjuntura atual, apenas o último fator tem contribuído para reduzir a inflação, já que ainda há ociosidade, uma distância grande entre o que a economia tem forças para produzir e o que ela de fato produz. Todos os demais três fatores pressionam os preços.

A alta consistente no índice de inflação ao longo dos meses traduz o primeiro fator: a inércia (influência dos preços do passado no futuro). Empresários reajustam suas tabelas para arcar com custos mais altos, como energia, combustíveis ou aumentos salariais. Trabalhadores fazem pressão por maiores salários para poder pagar comida e transporte mais caros. E por aí vai.

O câmbio — segundo fator — deveria funcionar como válvula de escape da inflação. A demanda externa por commodities brasileiras aumenta as exportações, atrai dólares e deveria derrubar a cotação da moeda. Com isso, produtos importados deveriam se tornar mais competitivos e obrigar as empresas brasileiras a segurar os preços. Por que isso não acontece? Pela mesma razão que deteriora o terceiro fator, as expectativas: desconfiança.

A situação de incerteza política e descontrole fiscal (que culminou na ameaça ao teto de gastos) cria dúvida entre os investidores sobre a capacidade de o governo honrar seus compromissos, piorando as expectativas. Com duas consequências. Primeiro, o dólar se torna refúgio para preservação do capital e deixa de cumprir seu papel regulador da inflação. Segundo, o governo se vê obrigado a pagar mais caro para captar o dinheiro de que precisa para tapar o buraco fiscal — aumentando o juro.

Sem um ajuste nas contas ou uma âncora que assegure, ao longo do tempo, solvência e controle da dívida pública — a que resta é o teto moribundo —, os juros são a arma de que o país dispõe para interferir nos outros fatores. Juros altos funcionam como um ímã para o capital. Ajudam a segurar câmbio e demanda, portanto os preços. São um remédio amargo, pois significam menos investimento produtivo e menos emprego. Mas, no curto prazo, é o único ao alcance, enquanto temos uma classe política incapaz de entender a relevância do equilíbrio fiscal para o país e para sua própria sobrevivência.

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro em casa

Com a anunciada ida ao PL, Jair Bolsonaro vai oficialmente para onde sempre esteve. Sempre foiCentrão, sempre foi baixo clero, sempre foi parte da política miúda

Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República prometendo uma nova política. Chegou a dizer que apoiaria uma reforma política que acabasse com a reeleição. Não fez nada disso. Agora, dá mais um passo no abandono do figurino de 2018, assumindo sua verdadeira identidade política. Segundo o anúncio oficial, Jair Bolsonaro vai se filiar no dia 22 de novembro ao PL, o partido de Valdemar Costa Neto.

A escolha do PL, se confirmada, é muito significativa. Revela, em primeiro lugar, a incapacidade do bolsonarismo de criar uma legenda. Em novembro de 2019, Jair Bolsonaro desfiliou-se do PSL, anunciando a intenção de criar uma tal Aliança pelo Brasil. No entanto, a nova legenda não saiu do papel. O presidente e seus apoiadores simplesmente não conseguiram realizar uma tarefa que, mesmo não sendo fácil, está longe de ser impossível. Marina Silva, por exemplo, conseguiu o registro da sua legenda na Justiça Eleitoral. Jair Bolsonaro nem isso fez. O fracasso da Aliança pelo Brasil diz muito sobre a disfuncionalidade do bolsonarismo para construir o que quer que seja.

Incapaz de criar uma legenda para chamar de sua, Jair Bolsonaro precisava escolher um partido. A filiação partidária é requisito constitucional para concorrer a cargo político. Foi acintosa, no entanto, a escolha da legenda. Havendo tantos partidos no País – até muito mais do que seria razoável –, Jair Bolsonaro escolheu justamente o partido de Valdemar Costa Neto, uma das figuras centrais do mensalão. Ou seja, aquele que, nas eleições presidenciais de 2018, dizia ser o candidato mais antipetista não tem agora a menor inibição de pedir abrigo partidário a quem participou ativamente de um dos maiores escândalos do PT.

Há muitas incoerências nessa história, mas é preciso reconhecer uma coisa. A filiação de Jair Bolsonaro ao PL está perfeitamente alinhada com sua trajetória política. O slogan da campanha de 2018 – “meu partido é o Brasil” – nunca correspondeu aos fatos. Jair Bolsonaro é um dos políticos que mais se beneficiaram do atual sistema partidário, altamente fragmentado, com legendas sem identidade e sem programa político, estruturadas a partir do interesse de seus caciques. Em 1990, Jair Bolsonaro foi eleito deputado federal pelo PDC. Depois, passou pelo PPR (1993-1995), PPB (1995-2003), PTB (2003-2005), PFL (2005), PP (2005-2016), PSC (2016-2017) e PSL (2018-2019).

Questionado sobre sua filiação ao partido de Valdemar Costa Neto, Jair Bolsonaro retrucou com sua lógica peculiar. “Vou conversar com PSOL e PCdoB?”, questionou em entrevista ao Jornal Cidade Online. Aos críticos de sua nova escolha partidária, Jair Bolsonaro poderia simplesmente ter mencionado sua história. Quem esteve por mais de uma década no PP de Paulo Maluf – foi o partido no qual Jair Bolsonaro ficou por mais tempo – não tem motivos para nutrir inquietações de consciência em razão de uma filiação ao PL de Valdemar Costa Neto.

Com a anunciada ida ao PL, Jair Bolsonaro vai oficialmente para onde sempre esteve. Sempre foi Centrão, sempre foi baixo clero, sempre foi parte da política miúda. Poucas cenas representam tão fielmente a real estatura política de Jair Bolsonaro como sua entrada na Câmara dos Deputados, para a sessão solene de posse no dia 1.º de janeiro de 2019, cumprimentando sua turma no Congresso. Não havia compostura presidencial. Tudo remetia à ideia de camarilha.

Ao aceitar o presidente da República em seus quadros, o PL revela também como o Centrão se sente confortável com o governo de Jair Bolsonaro. Suas chances de reeleição não são animadoras, mas isso não é problema para legendas como o PL – hábeis não apenas em aderir ao vencedor das eleições, mas em pular do barco antes do naufrágio. Aqui, a razão é outra. Com sua inesgotável capacidade de criar atritos e problemas, aliada à falta de rumo, Jair Bolsonaro oferece ao Centrão o cenário dos sonhos: um governo fraco, com o qual se pode barganhar ininterruptamente, com ganhos cada vez mais altos. Por que não irão aproveitar o folguedo até o último momento?

Folha de S. Paulo

Perto da estagflação

Inflação sobe no mundo, mas no Brasil é agravada por governo e risco de recessão

A aceleração abrupta da inflação neste ano é um fenômeno global, que abarca até países acostumados ao problema oposto, como o Japão.

Na maior parte do mundo, entretanto, as pressões de preços, que derivam dos deslocamentos no consumo e na produção por causa do impacto da pandemia, têm sido acompanhadas pela perspectiva de crescimento econômico também elevado no próximo ano.

Já no Brasil a situação é mais desfavorável. A combinação de inflação alta e risco recessivo sugere retorno a um quadro de estagflação infelizmente comum no país.

Os números são aterradores. O principal índice do custo de vida, o IPCA, subiu 1,25% em outubro, a maior taxa para o mês desde 2002, e acumula 10,67% em 12 meses. A generalização da carestia para itens como serviços sugere maior inércia e já contamina as projeções para 2022 —que se aproximam de 5%, bem acima da meta de 3,5%.

A consequência é uma maior dificuldade para o Banco Central fazer a inflação retornar aos objetivos traçados, e os juros, por isso, deverão subir mais. Não se descarta que a Selic chegue a 11% ou até mais nos próximos meses.

O quadro é agravado pela ausência de direção da política econômica, algo de resto confirmado pela tramitação da PEC do Calote, que fura o teto de gastos e eleva a dívida pública —receita para o aperto nas condições financeiras.

É essa configuração de fragilidades e desconfiança que distingue negativamente o Brasil. Embora a inflação elevada seja desconfortável em todos os lugares, lá fora ao menos há confiança na transitoriedade do fenômeno.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o índice de preços ao consumidor chegou a 6,2% em 12 meses, mas espera-se retorno ao ritmo normal de 2% ao ano. Tampouco há risco de crédito do governo.

É por isso que o Federal Reserve pode se dar ao luxo de ser paciente e não subir os juros até meados do ano que vem, quando se espera que o mercado de trabalho já esteja próximo da normalidade.

Na soma geral, as projeções mais comuns apontam para alta do Produto Interno Bruto americano próxima a 3,5% em 2022.

Aqui, empresas e consumidores não têm a mesma expectativa. A inflação é mais dura que alhures, pois foi agravada pela desvalorização do real e pode se perpetuar pela indexação. Ao mesmo tempo, os juros cada vez mais escorchantes reduzem o crescimento e a perspectiva de retomada do emprego.

A estagnação parece contratada e já se faz notar na perda de ritmo mesmo em áreas até recentemente mais defendidas, como as vendas no varejo. As chances de melhora dependem da política econômica que emergirá das eleições.

Valor Econômico

BC precisa ter cautela e testar o nível adequado da Selic

No estado frágil da economia, um overshooting de juros não seria a coisa certa a fazer

A inflação disparou, os juros estão subindo rapidamente e a economia começou logo a perder fôlego. É possível, desta forma, que o aperto monetário não precise ir tão longe quanto os investidores estão sugerindo apressadamente. Em setembro, o varejo caiu 1,3%, o maior recuo desde 2000 no mês, e voltou a um nível de negócios inferior ao pré-pandemia. No mesmo mês, houve a quarta queda consecutiva da atividade industrial. O setor de serviços, o de maior peso no PIB, ainda se recupera com a volta da mobilidade. O IPCA de outubro, de 1,25% levou a inflação em 12 meses a 10,67%.

Variações de insumos básicos para toda a economia, como energia e combustíveis, e de alimentos somaram 0,96 pontos percentuais, ou três quartos do IPCA de setembro. O choque na inflação vem da combinação de altas internacionais de energia e combustíveis com a desvalorização do real. A grande enrascada é que o aumento da taxa de juros praticamente não tem influência sobre problemas na oferta, e alguma sobre o câmbio, que está sendo mais que anulada pela bagunça fiscal criada pelo governo e seus aliados, e pelas decorrentes incertezas sobre as contas públicas.

A magnitude das altas impressiona. Em 12 meses, combustíveis e energia subiram 31,52%, os combustíveis domésticos, como gás de cozinha, 35,9%, a energia elétrica residencial 30,27% e transportes, 19,59%. Já em seu relatório de inflação de setembro o Banco Central observou que “energia elétrica e combustíveis têm estado entre os itens com maior contribuição para a volatilidade do IPCA, sendo canais pelos quais a inflação pode ser afetada de forma rápida e significativa por fatores voláteis e pouco previsíveis a curto prazo”. Ambos, mais a variação das commodities em reais explicaram 90% da variação da inflação em relação ao cenário básico. A explicação continua válida.

A inflação encerrou 2015 em 10,67%, o mesmo IPCA em doze meses que o atual. As situações têm semelhanças – o BC testou o limite de baixa dos juros em ambas -, mas há diferenças importantes que tornam mais difícil o trabalho das autoridades monetárias agora. No governo Dilma, os investidores não entenderam quando o BC, comandado por Alexandre Tombini, começou a reduzir os juros quando a inflação estava aumentando. A Selic caiu a 7,25%, uma proeza até então. Mas a economia estava aquecida, havia controles artificiais dos preços de combustíveis e fortes estímulos a investimentos e consumo. A inflação disparou e os juros subiram.

O BC de Roberto Campos reduziu os juros a 2% com o aval de grande parte dos analistas, que apostava que a inflação ficaria abaixo do piso da meta em 2020, ano da pandemia e de seus fortes efeitos iniciais deflacionários. A recuperação da pandemia foi rápida, auxiliada por grande estímulo fiscal, mas cercada de problemas, como a dos distúrbios globais nas cadeias de produção e encarecimento das matérias primas e fretes. A demanda só voltou ao que era antes do surgimento da covid-19 há poucos meses – no caso de alguns serviços, nem isso – e esse nível já era medíocre. O PIB cresceu 1,4% em 2019.

Assim, se a crise inflacionária de 2014 prescrevia os remédios clássicos de política monetária, a de 2021, que afeta não só o Brasil, traz desafios nada triviais. A curva de juros chegou a apontar taxa Selic a 14% (Nilson Teixeira, Valor, ontem), o que poderia jogar a inflação abaixo da meta de 3,25% em 2022, ao custo de forte recessão. Mesmo com Selic menor, de 9,5%, as previsões para a economia em 2022 já apontavam expansão abaixo de 1% ou mesmo retração.

A calibragem da taxa de juros exige agora sensibilidade, e não o piloto automático insensato de mais juros, reação padrão dos mercados. A rigor, a economia sequer se recuperou ainda da recessão iniciada em 2014 e uma nova estagnação, após uma cruel pandemia, provocará um custo social ainda maior do que o que já se está pagando, com desemprego alto, que aumentará mais, queda de renda mais acentuada etc.

Não há dúvida de que a inflação prejudica principalmente os mais pobres e é preciso derrubá-la a um nível suportável. Mas nas condições adversas em que o BC opera, é preciso testar com cautela o nível que trará a inflação para perto da meta ao mesmo tempo que minimiza custos econômicos e sociais, uma meta (secundária) do BC agora independente. No estado frágil da economia, um overshooting de juros não seria a coisa certa a fazer.

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