Presidente do Cidadania critica José Bernardi e diz ver racismo em ascensão no Brasil desde a chegada de Bolsonaro ao Planalto
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, cobrou abertura de inquérito do Ministério Público Federal para apurar o crime de racismo em um comentário feito pelo jornalista José Carlos Bernardi, na Jovem Pan News, no qual atribuiu o desenvolvimento econômico da Alemanha à expropriação praticada pelo regime nazista contra os judeus na II Guerra Mundial.
“O MP não pode assistir impassível a um ato claro de antissemitismo. O comentário não tem qualquer fundamento. Infelizmente, o presidente Jair Bolsonaro deu voz e representação a uma gangue de extrema-direita racista e antissemita”, argumentou.
Segundo Freire, a “explicação” de Bernardi ignora aspectos históricos e não tem base política ou econômica, se resumindo ao “mais puro antissemitismo’”.
“Ele ignora a destruição física e de capital social, os primeiros anos de restrição industrial e a brutal recessão, as reformas realizadas, o socorro bilionário de iniciativas como o Plano Marshall e a própria divisão territorial, opondo capitalistas e socialistas”, pontuou.
O presidente do Cidadania demonstrou preocupação com os episódios cada vez mais frequentes de racismo e antissemitismo, em alta, na avaliação dele, desde a eleição de Bolsonaro em 2018.
Ele mencionou o episódio em que o ex-secretário de Cultura Roberto Alvim emulou Goebbels, ministro nazista, em uma propaganda do governo e o gesto supremacista feito pelo assessor internacional Filipe Martins, que significa “white power” ou “poder branco”.
“Bolsonaro usa Israel e os judeus – o povo escolhido, segundo a Bíblia – como um totem junto às religiões evangélicas, mas, na prática, incentiva, por ação e omissão, a supremacia ariana e movimentos neonazistas. Há casos de pessoas indo passear de suástica sem que nada aconteça. O Ministério Público precisa conter essa marcha racista”, sustentou.
Freire ainda observou que o negacionismo que o atual presidente inspira vai além da Pandemia. “É a negação do presente aliada à negação do passado. A julgar pelo desabrido comentário de fundo racista, esse jornalista adepto do bolsonarismo deve estar também entre os que negam a barbárie do Holocausto como outros que encontraram abrigo sob o governo do capitão”, concluiu.