Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (24/11/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Governo propõe tornar Auxílio despesa obrigatório
Lira favorece aliados com orçamento
CCJ aprova proposta que reduz idade de aposentadoria no STF
Índios pedem a invasores ajuda contra malária
Lula é criticado após comparar Ortega a Merekel
Prefeitura manda tirar touro da frente da B3 em São Paulo
Fintechs de pagamento enfrentam teste de resistência na Bolsa
Prefeitura vai tombar cinemas do Estação
STF confirma recondução de Domingos Brazão ao TCE
Com Covid em baixa, Rio agora vive surto de gripe
Estudo relaciona aspirina a insuficiência cardíaca

O Estado de S. Paulo

Inflação e juros devem tirar R$ 44,7 bi do comércio no fim de ano
Congresso amplia em 139% a previsão de emendas para 2022
Com receio de contágio, ao menos 70 cidades paulistas não terão Carnaval
‘País acerta o rumo se eleger bom presidente’, diz Arida
Prefeitura de SP manda tirar touro dourado do centro
Pinacoteca vai crescer e se conectar ao Parque da Luz
Jornal ‘Clarín’ sofre ataque com coquetéis molotov
Um teste espacial para defender o planeta. De ameças externas

Folha de S. Paulo

46% das ações policiais no RJ não foram informadas ao MP
Agentes levaram dinheiro em matança no Salgueiro, afirma moradores
Governo faz seis alterações na PEC dos Precatórios
Declarações recentes de Lula preocupam aliados
Mourão reconhece culpa por fracasso contra desmate
PSDB contrata empresa para testa novo app
Megafazenda na Bahia avança sobre mata nativa e isola comunidades
Mãe de Ciro Nogueira abastece avião com verba do Senado
Guedes admite que offshore foi usada contra imposto nos EUA
Europa pode ter mais 700 mil mortes por Covid até março
Grupo lança bombas contra jornal Clarín

EDITORIAIS

O Globo

As piruetas de Lula para seduzir o eleitorado

O mais intrigante no malabarismo retórico do ex-presidente é sua capacidade de ser, ao mesmo tempo, contra e a favor de Ortega quando convém

Favorito nas pesquisas para as eleições de 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma turnê pela Europa em que agiu e falou como se já estivesse eleito. Foi recebido com pompa por líderes como o presidente francês, Emmanuel Macron, o futuro premiê alemão, Olaf Scholz, e o premiê espanhol, Pedro Sánchez, além de ter sido ovacionado no Parlamento Europeu. Ficaram em segundo plano as explicações sobre os casos de corrupção ou a tragédia fiscal que os governos petistas legaram aos sucessores.

Sua entrevista ao jornal espanhol El País é um ótimo exemplo do que o brasileiro deve esperar de Lula na campanha eleitoral. Mesmo sem assumir a candidatura explicitamente, ele deixou claro que se apresentará como único antídoto capaz de salvar o Brasil do bolsonarismo e resgatar a pretensa glória dos anos petistas. Tentou posar de vítima de perseguição política e distorceu os fatos para construir uma narrativa apoiada em falácias, sofismas e na eterna cantilena de autocomiseração com que sempre seduziu o eleitor.

Duas comparações ilustram o estilo Lula de lidar com a realidade. Questionado sobre a Nicarágua, ele se saiu com um paralelo estapafúrdio para defender Daniel Ortega, um dos ditadores de estimação do PT: “Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?”. Diante de tamanho absurdo, uma entrevistadora reagiu dizendo que Ortega mandara prender opositores para garantir sua reeleição, enquanto Merkel sempre foi reeleita dentro das regras da democracia. Lula deu então nova pirueta retórica e, noutro desafio à realidade, comparou o período que passou na cadeia ao arbítrio de Ortega contra políticos da oposição. “Não sei o que as pessoas fizeram para ser presas”, afirmou. “Sei que eu não fiz nada. Se Daniel Ortega prendeu líderes da oposição para não disputar eleição, como fizeram no Brasil contra mim, ele está totalmente errado.”

Em sua lógica torta, Lula considera que foi preso não em virtude das inúmeras provas recolhidas nas investigações do petrolão — notas fiscais, documentos, extratos bancários, fotografias, confissões em texto, áudio, vídeo etc. —, mas apenas para ser impedido de concorrer na eleição de 2018. “Fiquei 580 dias na cadeia para que Bolsonaro fosse eleito presidente da República”, afirmou. Como se tudo o que importasse nas investigações da Operação Lava-Jato, que revelou o submundo das negociações espúrias no meio político em diversos partidos, fosse atingir o PT e impedi-lo de concorrer.

O mais intrigante no malabarismo retórico de Lula é sua capacidade de ser, ao mesmo tempo, contra e a favor de Ortega quando convém. E de, em ambas as situações, dar um jeito de levar a vitória moral. Na primeira comparação, ele está ao lado de Ortega, visto como um injustiçado da esquerda que só paga o preço de ficar no poder tanto quanto Merkel ou outros líderes de democracias consolidadas. Na segunda, está ao lado da oposição a Ortega, vista como injustiçada — como ele, claro — por ir para a prisão sem fazer nada. Nas duas, Lula está com a razão. O erro é de quem o perseguiu. E só o retorno dele ao poder poderá repará-lo.

Lá pela tantas, Lula deixou escapar a seguinte frase: “Todo político que começa a se achar imprescindível ou insubstituível começa a virar um pequeno ditador”. Se Lula se julga mesmo tão infalível assim, talvez fosse o caso de começar a ouvir os conselhos do próprio Lula.

O Estado de S. Paulo

Inflação dá lucro para o governo

Alta de preços engorda a base tributária, eleva a arrecadação e amplia o espaço para os gastos federais em ano de eleição

Cruel para os trabalhadores, especialmente para os mais de 13 milhões de desempregados, a inflação tem sido grande colaboradora do Tesouro Nacional, importante fonte de arrecadação mesmo em tempo de economia emperrada. Pela nova estimativa, incluída no quinto relatório bimestral de receitas e despesas, o poder federal deve arrecadar neste ano R$ 1,913 trilhão, R$ 57 bilhões a mais que o valor projetado em abril, R$ 1,856 trilhão. Vinte bilhões, mais que um terço desse acréscimo, devem provir da combinação de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação superior à prevista no início do ano.

A receita da União normalmente cresce mais que o produto. Esse é um dado conhecido há muito tempo. Neste ano, a arrecadação recebe também o impulso especial de um dos maiores surtos inflacionários já registrados, no Brasil, no século 21. Em 12 meses a alta de preços ao consumidor já ultrapassou 10%. A variação prevista no mercado para o período de janeiro a dezembro chegou a 10,12%, segundo a última pesquisa Focus.

A arrecadação tende a engordar, portanto, mesmo com negócios em marcha muito lenta, desemprego elevado e consumidores empobrecidos. Neste ano, a produção da indústria recuou em sete dos nove meses de janeiro a setembro, na comparação de cada mês com o imediatamente anterior. O consumo também tem oscilado, assim como a atividade do setor de serviços. No terceiro trimestre o desempenho econômico foi muito fraco, a julgar pelos números já publicados, e no segundo o PIB foi inferior ao do primeiro.

Não há, portanto, como vincular o aumento da arrecadação a um renovado dinamismo econômico. As comparações com os dados de 2020 mostram avanços econômicos mais sensíveis, por causa da base de referência muito baixa. Mas o desempenho registrado neste ano, desde o começo do segundo trimestre, tem sido medíocre. Os consumidores estão empobrecidos, o desemprego é um dos mais altos do mundo e a indústria, além de prejudicada pelas más condições do mercado interno, tem sido afetada por um fenômeno global, os desarranjos nas cadeias de suprimento de insumos.

Com receita maior e alguma contenção de gastos, o Ministério da Economia reduziu de R$ 139,43 bilhões para R$ 95,82 bilhões o déficit primário – saldo calculado sem a conta de juros – estimado para 2021. Mas, para avaliar as despesas possíveis, o Executivo continua a depender da aprovação da PEC dos Precatórios e da decisão final do Congresso a respeito do auxílio aos pobres. Se aprovada no atual formato, a PEC dos Precatórios autorizará um novo cronograma de pagamentos de compromissos sacramentados pela Justiça. Será um calote avalizado pelo Legislativo contra uma decisão final do Judiciário.

Além disso, o teto de gastos dependerá da inflação de janeiro a dezembro deste ano, em vez de ser determinado, de acordo com o critério ainda em vigor, pela variação de preços entre julho de 2020 e junho de 2021. Os novos cálculos apontam uma folga de R$ 106,1 bilhões, R$ 14,5 bilhões superior à da previsão anterior. A diferença decorre da nova taxa de inflação tomada como referência, 9,6% em vez de 8,7%. Mas a diferença poderá ser ainda maior, porque a nova estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapassa 10%.

A inflação beneficia duplamente o poder federal, engordando a base tributária e elevando o teto de gastos de 2022, quando o presidente Jair Bolsonaro poderá influenciar as despesas de acordo com seus objetivos eleitorais.

As manobras para ampliar os gastos pioram as expectativas inflacionárias e afetam as projeções para 2023 (3,42%) e 2024 (3,10%). Todas as previsões da pesquisa Focus superam as metas oficiais. Já se fala, no mercado, em desancoragem das expectativas, e especialistas discutem se vale a pena apertar a política monetária, elevando ainda mais os juros e prejudicando o crescimento para controlar as expectativas de longo prazo. Pode-se discutir esse ponto, mas é preciso, sem dúvida, cuidar do desastroso cenário de 2022, já contaminado pela explosão de preços de 2021.

Folha de S. Paulo

Rotina macabra

Nova chacina em operação policial no Rio deixa pouca esperança de esclarecimento

Seis meses após o morticínio causado por uma operação policial na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, que deixou quase três dezenas de vítimas, uma nova investida das forças de segurança, desta vez no complexo do Salgueiro, custou ao menos oito vidas.

Mais uma vez a incursão ocorreu depois da morte de um policial na região, caracterizando um padrão de represália. Repetiu-se também o conhecido desprezo por procedimentos legais básicos, que deveriam nortear a ação da polícia —como a preservação dos locais para a realização de perícia.

Atirados numa área de mangue, os corpos foram resgatados por parentes e membros da comunidade, num episódio pungente e cruel, fruto da barbárie que tem caracterizado a atuação do poder estadual na área de segurança.

Segundo dados da Rede de Observatórios de Segurança, que articula entidades dedicadas ao monitoramento de confrontos, de janeiro a outubro deste ano aconteceram 38 chacinas (homicídios de três ou mais pessoas) em território fluminense, das quais 27 resultaram da ação da polícia.

Apenas de janeiro a julho deste ano, segundo dados da Universidade Federal Fluminense, registraram-se 811 mortes decorrentes de intervenção policial no Rio, cifra que representa 38% do total de homicídios —a maior porcentagem em 15 anos.

Apesar dos eventuais esforços do Ministério Público e de entidades de direitos humanos, é difícil crer que o caso será esclarecido, e os abusos, punidos.

Há décadas o confronto armado é o método escolhido pelos governantes para enfrentar quadrilhas do narcotráfico, quase sempre de maneira indiscriminada, com danos irreversíveis para a população de favelas e bairros pobres, constituída majoritariamente por negros.

A lógica do proibicionismo transformada em guerra contra as drogas perdura diante da inércia dos Poderes, que se omitem quanto à necessidade de reorientar as políticas públicas de modo mais eficaz.

Note-se que os descalabros têm contrariado liminar concedida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, sobre o caráter excepcional de incursões da polícia em favelas durante a pandemia. A decisão já obteve maioria no plenário, mas o julgamento arrasta-se desde que Alexandre de Moraes pediu vistas do processo.

A corte deve retomar o caso nesta semana, mas o dano está feito.

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