MANCHETES DA CAPA
O Globo
Pane global de Facebook e apps afeta negócios e gera perdas
Telegram, nova ameaça digital às eleições
Bolsas sob tensão
A positividade tóxica que domina as redes
Concessionária do Galeão mira Santos Dumont
Estudo ajudou a pressionar médicos da Hapvida
O drama do estudante brasileiro baleado nos EUA
Caso Henry: sigilo quebrado de Jairinho e Monique
Nobel de Medicina – Premiação sentida na pele
Nova Zelândia deixa política de ‘Covid zero’
Novo premier do Japão diz que atacará desigualdade
O Estado de S. Paulo
Pane global expõe dependência de aplicativos do Facebook
Comissão deve pedir fim do tratamento precoce
Sem peças, venda de carro novo cai 25% e afeta PIB
TCU suspende compras do ‘tratoraço’
USP libera, mas aula presencial não vinga
Volta da torcida alivia cofres dos clubes paulistas
Nobel de Medicina – Esperança para o alívio da dor crônica
Osesp se volta ao ano novo
Folha de S. Paulo
Apagão global de Facebook e WhatsApp afeta bilhões
Com pane, Zuckerberg perde US$ 6 bi, e Bill Gates o ultrapassa
Nunes recebeu de investigada na máfia das creches
Denunciantes da Prevent receitaram kit a si mesmos
USP reabre, mas ensino remoto ainda será regra
Pessoas de 2ª dose diferente ficam sem certificado
Educação dos mais pobres dispara, mas crise corrói renda
Mesmo com diploma nas mãos, jovens ficam desempregados
Para historiador, mundo discute clima e substima outros riscos
Lira descarta veto, e chance de Bolsonaro no PP cresce
Guedes quis tirar taxação de paraíso fiscal de reforma
Petróelo tem maior valor em três anos e derruba bolsas
SP vai fechar bilheterias da CPTM e do Metrô até o fim do ano
China faz maior incursão militar aérea em Taiwan
Valor Econômico
Campos Neto descarta ajuste na meta e diz que foco é 2022
Facebook perde US$ 47,3 bi em valor na bolsa após apagão
Interior de SP poderá ter voo internacional
União de Betânia e Embaré cria gigante do leite
Petróleo fecha acima de US$ 81 após decisão da Opep+
Falta de contêineres marítimos impulsiona transporte aéreo
Oncoclínicas faz aquisições de R$ 2 bi
Escalada de preços derruba ativos locais
Magalu na moda
EDITORIAIS
O Globo
Exploração de óleo não pode pôr santuários em risco
Não é apenas o risco inerente à atividade que preocupa, mas principalmente o desleixo do governo com a preservação ambiental
Os cenários paradisíacos de Fernando de Noronha e do Atol das Rocas estão sob risco. Apesar dos reiterados apelos de ambientalistas, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) decidiu manter, no leilão marcado para quinta-feira, blocos de exploração de óleo e gás em regiões próximas aos dois santuários, ambos entre os mais importantes do ecossistema de recifes no Brasil. A 17ª rodada de concessão, que oferecerá 92 blocos em diversas regiões, inclui áreas da Bacia Potiguar a cerca de 370 quilômetros do Parque Marinho de Fernando de Noronha e a 260 quilômetros da Reserva Biológica do Atol das Rocas.
O alerta sobre o desatino vem de dentro do próprio governo. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou nota técnica na página da ANP afirmando que a decisão é temerária, “considerando a propagação por longas distâncias de ondas sísmicas, a grande mobilidade de algumas espécies marinhas, a ação das correntes marítimas sobre a propagação do óleo e o histórico de invasão de espécies às atividades de exploração de petróleo e gás”.
O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou fragilidades na análise ambiental do leilão e recomendou ao Ministério de Minas e Energia o aperfeiçoamento para futuros certames, que devem ter “dados primários dotados de melhor qualidade e robustez técnica”. Só faltou combinar com o imponderável.
O governo não deveria desprezar os riscos. Os exemplos do que pode acontecer estão por toda parte. No último sábado, um vazamento na costa da Califórnia, nos Estados Unidos, jogou no Oceano Pacífico ao menos 126 mil barris de óleo, criando uma mancha de mais de 20 mil quilômetros quadrados. A poluição levou ao fechamento de Huntington Beach, conhecido destino de surfistas. Autoridades americanas suspeitam que o desastre ambiental tenha tido origem numa plataforma de exploração de petróleo operada pela empresa Beta Offshore.
Não é apenas o risco inerente à atividade que preocupa, mas principalmente o desleixo do governo com a preservação ambiental — para não falar no costumeiro despreparo, que, a bem da verdade, não se restringe à área ambiental. Um exemplo é o misterioso vazamento de óleo que atingiu a costa do Nordeste e de parte do Sudeste em 2019, causando prejuízos incalculáveis ao meio ambiente, à pesca e ao turismo. Os planos de contingência e as investigações sobre o desastre se tornaram uma comédia de erros. O então ministro Ricardo Salles chegou a atribuir o acidente a uma ONG cujo intuito seria prejudicar o governo. Patético. Dois anos depois, ainda não se sabe o que aconteceu.
Os sinais do governo na questão ambiental não inspiram confiança. As ações mais marcantes nestes quase três anos de gestão Bolsonaro são as muitas “boiadas” passadas sobre a legislação, como a flexibilização que praticamente acabou com o licenciamento para determinadas atividades. Agora o Congresso, sob o incentivo do Planalto, prepara mais uma, para permitir extração mineral e criação de gado nas Reservas Extrativistas (Resex). Paralelamente, promoveu-se um desmantelamento sem precedentes dos órgãos de fiscalização. Tudo isso deveria desaconselhar a exploração de óleo próximo a santuários ecológicos. Independentemente dos ganhos, os prejuízos podem ser irrecuperáveis.
O Estado de S. Paulo
Em defesa do ‘passaporte da vacina’
Se os danos à saúde e à economia não bastam, que as restrições façam os não vacinados mudar de ideia
A discussão em torno do chamado “passaporte da vacina” no Brasil, que há poucos dias chegou até o Supremo Tribunal Federal (STF), é uma celeuma artificialmente criada com propósitos políticos. A exigência do documento para entrada em shows, feiras, congressos, eventos esportivos e prédios públicos, por exemplo, é apenas mais uma forma de encorajar os brasileiros a receberem o imunizante contra a covid-19 – pois, como já está suficientemente claro, somente a vacinação em massa será capaz de permitir a tão desejada volta à normalidade.
Este jornal defende a obrigatoriedade da apresentação do documento para que se possa frequentar determinados locais. Em primeiro lugar, porque essa exigência se coaduna perfeitamente com as leis e a Constituição do País. Não há qualquer controvérsia jurídica em relação à legalidade do “passaporte da vacina”. No final de 2020, o STF decidiu que União, Estados e municípios têm autonomia para determinar a vacinação compulsória contra a covid-19. A Corte tomou essa decisão ao julgar a constitucionalidade de um dispositivo da Lei n.º 13.979/2020, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que, entre outras medidas de combate à emergência sanitária, prevê a vacinação compulsória da população.
Isso não significa, obviamente, que agentes públicos estão autorizados a aplicar vacinas à força nos cidadãos que não querem recebê-las – a exceção é o caso dos menores de idade, cujos pais ou responsáveis, mesmo que sejam contra a imunização, são obrigados a levar para vacinar.
Os governantes, no entanto, têm o dever de zelar pela saúde de seus governados, conforme o artigo 196 da Constituição, e isso inclui a imposição de sanções administrativas a quem optar por não se vacinar. A bem da verdade, tais sanções já existem há tempos.
O “passaporte da vacina” não é uma mirabolância inventada na pandemia. A apresentação de um certificado de vacinação é exigência corriqueira em uma série de atos da vida civil, como matricular crianças nas escolas, viajar para determinados lugares ou inscrever-se em programas sociais, por exemplo. A ninguém de bom senso ocorre denunciar que tais situações configuram qualquer ataque às liberdades individuais, pois nesses casos está claro que deve prevalecer a saúde coletiva. É o mesmo princípio que torna perfeitamente legítimo proibir o fumo em locais fechados e obrigar o uso de cinto de segurança – medidas destinadas a preservar vidas.
No Brasil, poucas questões de interesse público são tão consensuais como a importância da vacinação. Superada a Revolta da Vacina, no início do século 20, os brasileiros, independentemente de filiações políticas ou religiosas, passaram a entender que vacinas são seguras e salvam vidas. Prova disso é o sucesso do Programa Nacional de Imunizações (PNI), referência internacional em políticas públicas de saúde desde 1975. A maciça adesão da população ao PNI foi responsável por erradicar do País uma série de doenças que no passado causaram a morte de milhões de pessoas.
A pandemia de covid-19 não abalou a confiança que a ampla maioria dos brasileiros deposita nas vacinas. Ao contrário, gerou enorme expectativa na população pela aquisição e aplicação de um imunizante seguro e eficaz contra o coronavírus tão logo fosse possível.
É forçoso reconhecer, contudo, que ainda há muitas pessoas que se negam a receber a vacina pelas mais variadas – e não raro respeitáveis – razões, seja por convicções religiosas, seja por entender que se trata de intromissão indevida do Estado na vida privada. Não se pretende, aqui, convencer ninguém a abrir mão de suas convicções, mas é preciso deixar claro que a recalcitrância em relação à vacina, se generalizada, pode atrasar a retomada da economia e, mais importante, custar vidas. É por esse motivo que a adoção de um “passaporte da vacina”, malgrado inspirar antipatia, é um imperativo. Se os argumentos sobre os danos à saúde pública e à economia não bastam para dobrar os relutantes, que as restrições impostas pelo poder público aos não vacinados sirvam para fazê-los mudar de ideia.
Folha de S. Paulo
Paradoxo das ruas
Protestos contra Bolsonaro se sucedem, mas líderes contam com ele onde está
A relativa falta de público vista na avenida Paulista no sábado (2), por ocasião do terceiro protesto contra Jair Bolsonaro desde a jornada golpista do presidente no 7 de Setembro, revela um paradoxo.
O mandatário máximo colhe seu maior índice de reprovação, de 53% segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, mas consegue no embate com seus opositores uma fotografia mais favorável das ruas.
Já o líder em intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não usa sua posição para galvanizar apoios à campanha pelo impedimento de Bolsonaro.
Apesar de já ter defendido de modo protocolar o impeachment, o petista nunca foi a ato em prol da iniciativa apoiada por 56% dos brasileiros. Há cálculo, obviamente.
Noves fora a compreensão política de que as chances de tal processo ser aberto são remotas, o que colocaria em sua conta uma derrota, para Lula interessa mais um Bolsonaro desossado para a disputa em outubro de 2022.
O petista se move pela mesma lógica do presidente. Lula vê a tragédia administrativa presidida por Bolsonaro como um passaporte para derrotá-lo no segundo turno.
Bolsonaro, de sua parte, se agarra à sua base mais fiel, de cerca de 20% do eleitorado, na esperança de que o antipetismo traga de volta os votos conservadores que aderiram à sua aventura em 2018.
Os bolsonaristas que foram às ruas em setembro são mais mobilizáveis, enquanto são muitas as divisões nas hostes oposicionistas.
Símbolo disso foram os ataques covardes a Ciro Gomes (PDT) na Paulista por ativistas de agremiações à esquerda. O presidenciável é um ácido crítico de Lula, e isso é pecado naquele palanque. Depois do ato, Ciro pediu uma trégua com esses setores lulistas em nome da destituição de Bolsonaro.
Parece um tanto tarde para isso, em especial quando não é essa a real agenda: o pedetista tem a inglória missão de suplantar o petista como nome da esquerda e, ao mesmo tempo, ganhar votos ao centro —ele procura sair dos seus usuais 10% das intenções de voto.
Para os postulantes a candidatos da terceira via, o caminho do impeachment já foi mais interessante.
João Doria (PSDB), por exemplo, chegou a ir ao malogrado ato dos remanescentes das ruas que ajudaram a derrubar Dilma Rousseff (PT). Pediu o impedimento, mas não falou mais nisso e centrou fogo em Lula. Seu objetivo mais realista é um Bolsonaro fraco que lhe abra a vaga no segundo turno.
Os protestos vieram para ficar no cenário político, ainda que com graus variados de desidratação. Enquanto multidões gritam “Fora, Bolsonaro”, porém, presidenciáveis e líderes partidários se posicionam para o cenário oposto.
Valor Econômico
O desafio de manter o emprego em recuperação
Governo precisa avançar nos desafios de melhorar a produtividade e a capacitação da mão de obra
Depois de alguns meses de reclamações do ministro da Economia, Paulo Guedes, as duas principais pesquisas sobre o emprego do país se alinharam na sinalização de uma melhora do mercado de trabalho. Tanto o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de agosto, do Ministério do Trabalho e Previdência, quanto a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) referente ao trimestre terminado em julho, do IBGE, apresentaram resultados mais positivos do que os esperados. Mas a recuperação ainda é frágil e não há certeza de que vai prosseguir em um ambiente econômico e político instável
Desde o início do ano, o Caged vem apresentando resultados mensais positivos indicando a criação de vagas formais, comemoradas por Guedes e, agora, pelo ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni. Em fevereiro foi o pico, com 397,4 mil postos novos criados. Agosto chegou perto, com 372, 3 mil, acumulando 2,2 milhões de vagas no ano. Lorenzoni mantém a promessa de fechar o ano com 2,5 milhões de novos postos. Se isso se confirmar será um resultado bem distante do registrado em 2020, quando foram criadas apenas 142,7 mil vagas sob o forte impacto do primeiro ano da pandemia.
A informação da Pnad Contínua sobre o mercado de trabalho também foi positiva: a taxa de desemprego caiu um ponto para 13,7% no trimestre terminado em julho, em comparação com o pico de 14,7% registrado no trimestre móvel terminado em abril. A população exercendo algum tipo de trabalho aumentou em 3,1 milhões na comparação com o trimestre anterior e pouco mais de 1 milhão conseguiram emprego com carteira assinada. É o maior aumento no emprego formal registrado pela Pnad, desde o início da série histórica, em 2012.
Apesar de, pela primeira vez desde maio de 2020, metade da população com idade de trabalhar estar com alguma ocupação, o número de desempregados ainda é muito alto – 14,1 milhões de pessoas. O emprego informal segue importante e foi responsável por dois terços (66,8%) das posições criadas. Na comparação com igual período do ano passado, 7 milhões de pessoas conseguiram uma ocupação, 1,246 milhão delas numa posição formal. A população que trabalha menos horas do que gostaria bateu recorde e soma 7,73 milhões. Outro recorde foi o do número de trabalhadores por conta própria, de 25,172 milhões.
A população ocupada soma 89 milhões de pessoas, e ainda cerca de 5% abaixo da registrada antes da pandemia, em fevereiro de 2020, enquanto a força de trabalho, de 103,1 milhões, é 2% menor. Segundo estimativas, se a força de trabalho estivesse no mesmo patamar de fevereiro de 2020, a taxa de desemprego seria de 15,3% (Valor 1/10).
O rendimento médio e a massa de renda efetiva real também não se recuperaram totalmente, e estão 1,2% e 5,2% abaixo do nível pré-pandemia, respectivamente. Inflação alta, ociosidade no mercado de trabalho e mudanças na composição da população ocupada são as razões por trás do fraco desempenho do rendimento real.
Para alguns setores do governo, os dados do IBGE refletem melhor a realidade captada pelo Caged porque a coleta de dados voltou a ter entrevistas pessoais. Desde o recrudescimento da pandemia, o IBGE restringiu o levantamento de informações aos contatos por telefone, o que estaria contribuindo para subestimar a melhora no mercado de trabalho, segundo críticos do governo. O Caged, por outro lado, teve mudança na metodologia de apuração em janeiro de 2020, passando a incluir mais fontes de informação, como o eSocial, que registra os vínculos temporários, subdeclarados no sistema antigo. Tecnicamente, o Caged nem pode ser comparado com as estatísticas de anos anteriores.
O Caged revela outra vulnerabilidade, que é a influência nos dados do mercado de trabalho do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm). Segundo o governo, o BEm evitou a demissão de cerca de 10 milhões de pessoas durante o ano passado e, de abril a agosto deste ano, beneficiou 2,6 milhões de trabalhadores.
Em vez de perder tempo com debate sobre questões metodológicas importantes, mas paralelas, o governo precisa se preocupar em superar a meta de abrir 2,5 milhões postos de trabalho neste ano, e, principalmente, em criar condições para avançar em postos e renda no futuro, diante de um cenário econômico incerto e dos desafios de melhorar a produtividade e a capacitação da mão de obra.