Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (22/09/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Presidente distorce fatos sobre Covid, economia e Amazônia
Queiroga testa positivo em NY e é impedido de voltar ao Brasil
Ministro da Saúde faz gesto obsceno a manifestantes
Em depoimento na CPI, ministro da CGU ofende senadora
MP expõe indícios de fantasmas no gabinete de Carlos na Câmara
Gastos de R$ 61 bi em 2022 ainda não tem fonte de custeio
Futuro nos ares: Gol anuncia frota de ‘carros elétricos voadores’ em 2025

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro exalta na ONU remédio ineficaz; Queiroga pega covid
Biden e a China
Acordo tira R$ 49 bi em precatório de teto de gastos
Bolsa reage bem
Ministro ataca senadora e se torna alvo da CPI
Governo antecipa operação de usinas térmicas
Área mais poluída do Rio Tietê cai pela metade
‘Apagão’ de cerveja assombra britânicos

Folha de S. Paulo

Tumulto, falácias e descrédito marcam ida de Bolsonaro à ONU
Presidente cita dados errados e incompletos
Queiroga está com Covid e cumprirá quarentena em NY
Em sessão com ataques na CPI, ministro vira investigado
Estados decidem se vacinam menores, diz Lewandowski
Guedes, Pacheco e Lira querem limite para precatórios
Bolsa sobe à espera de solução para a Evergrande
Para 63%, governo é responsável por crise energética
Bolsonarista fiel se hiper-radicaliza, aponta estudo
Prevent Senior se diz vítima de armação e pede apuração da PGR
Vírus recua, ma HC não consegue retomar ritmo normal de cirurgias
Segunda dose da Janssen eleva para 94% proteção contra Covid
Retorno do horário de verão tem apoio de 55%
Biden diz que não quer Guerra Fria e dá recado à China
Trudeau vence no Canadá, mas fica sem maioria

Valor Econômico

Parte de precatórios pode ser paga por negociação
Evergrande deve impactar exportações
Poupança das famílias volta a aumentar no 2º trimestre
Incertezas e alta de juros elevam fluxo para a renda fixa
Bolsonaro usa discurso na ONU para falar à sua base
Alcoa retoma a produção de alumínio no MA
Com planos de R$ 3 bi, Shell foca renováveis

EDITORIAIS

O Globo

A realidade paralela de Bolsonaro

Discurso do presidente na abertura da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas não tem o menor amparo nos fatos

Era esperado que o presidente Jair Bolsonaro tentasse polir a imagem de seu governo no discurso de abertura da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Bem que ele tentou. Pintou o retrato de uma economia vigorosa que vence o desemprego e atrai capital estrangeiro para investir em infraestrutura e tecnologia. De um país que deixou a corrupção para trás e está preocupado em preservar a Amazônia e o meio ambiente, em reduzir emissões de gases e garantir os direitos indígenas. De uma sociedade que está prestes a vencer a pandemia.

Só que seu discurso não tem o menor amparo nos fatos. O que disse, quando não era simplesmente mentira, repetia as fantasias ideológicas da realidade paralela bolsonarista. Antes mesmo de completar três minutos de discurso, Bolsonaro já havia feito pelo menos quatro declarações falsas ou imprecisas. Teve o desplante de afirmar que desde o início do governo não há “caso concreto” de corrupção (omitiu as rachadinhas, a CPI da Covid e o desmonte da Operação Lava Jato sob seu beneplácito). Disse que o presidente respeita a Constituição (esqueceu os ataques ao Supremo e ao Congresso), que antes dele o o país estava “à beira do socialismo” (um delírio) e que, com ele no poder, o Brasil recuperou credibilidade internacional (outro despropósito).

No universo paralelo de Bolsonaro, o Brasil hoje se apresenta como “um dos melhores destinos” para o capital. No mundo duro dos fatos, os investimentos diretos caíram pela metade em 2020 e, embora tenha havido recuperação este ano, os investidores resistem a apostar aqui em virtude do cenário político conturbado por ele próprio.

Numa manobra retórica clássica, Bolsonaro usou as estatísticas para esconder a verdade. Citou uma redução pontual de desmatamento, quando dados públicos reiteram os recordes de queimadas e devastação amazônica. Mencionou a geração de empregos formais, quando os desempregados passam de 14 milhões, e os que não trabalham ou desistiram de procurar emprego são quase 29% da mão de obra. Por fim, citou o tamanho das reservas indígenas, quando o respeito aos direitos dos povos originários no Brasil é preocupação do Alto-Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos. Também mentiu de forma deslavada ao dizer que seu governo reforçou recursos destinados a órgãos ambientais para zerar o desmatamento.

Na descrição de Bolsonaro, as manifestações golpistas do 7 de Setembro foram as maiores da história (primeiro erro) e em defesa da democracia (segundo erro). Noutra falácia, atribuiu às quarentenas decretadas por prefeitos e governadores a responsabilidade pela inflação. A dificuldade de conter os preços está hoje essencialmente ligada à incapacidade de seu governo em apresentar uma perspectiva mínima de equilíbrio fiscal.

No ponto mais delirante, voltou a defender o famigerado “tratamento precoce” contra a Covid-19, desacreditado por evidências científicas avassaladoras. Declarou seu apoio à vacinação, ainda que não tenha tomado vacina e que seu governo as tenha desdenhado por meses enquanto se envolvia em negociatas obscuras, investia em cloroquina e outras curandeirices. O cúmulo do cinismo foi ter afirmado que “a história e a ciência saberão responsabilizar a todos”. Pois o relatório da CPI da Covid está prestes a considerá- lo o maior responsável pela tragédia que já matou quase 600 mil brasileiros.

O Estado de S. Paulo

Vergonha

Em discurso na ONU, como se estivesse falando a seus fanáticos apoiadores, Bolsonaro esbanjou ignorância, má-fé e oportunismo, expondo o País a vexame mundial

Há poucos dias, o presidente Jair Bolsonaro, após reiteradas ameaças de golpe e seguidas demonstrações de desapreço pelo decoro do cargo, comprometeu-se por escrito a dialogar. Como previsto, no entanto, suas promessas de moderação e racionalidade na tal Declaração à Nação não duraram nem um mês. Em discurso na ONU, Bolsonaro, como se estivesse falando a seus fanáticos apoiadores, esbanjou ignorância, má-fé e oportunismo, expondo o Brasil a um vexame mundial. Ou seja, foi o mesmo de sempre.

Seu pronunciamento foi uma profusão de meias-verdades e mentiras completas, insistindo no negacionismo e na pregação para sua base eleitoral. Bolsonaro ignora a diferença entre discursar na Assembleia-Geral da ONU e falar no cercadinho do Palácio da Alvorada.

“O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e seus militares, valoriza a família e deve lealdade a seu povo”, disse Bolsonaro. Raras vezes se viu tanta falsidade em uma só frase. Bolsonaro desrespeita a Constituição praticamente desde que tomou posse. Quanto aos militares, não são poucos os que nas Forças Armadas consideram que a associação com a irresponsabilidade bolsonarista vem desgastando a imagem do Exército. Já em relação à família, a única que Bolsonaro valoriza é a dele mesmo.

“Estávamos à beira do socialismo”, disse Bolsonaro, sem qualquer respaldo nos fatos – que, para o bolsonarismo, não têm valor. Importa apenas o discurso, voltado à manipulação e à desinformação. “Apresento agora um novo Brasil com sua credibilidade já recuperada”, declarou o presidente que transformou o País em pária internacional.

Em suas palavras, “promovemos o ressurgimento do modal ferroviário”. A realidade: Bolsonaro editou uma imprópria medida provisória sobre o tema, atropelando o Legislativo e a segurança jurídica. “Grande avanço vem acontecendo na área do saneamento básico”, disse Bolsonaro. Os fatos: o marco do saneamento foi aprovado, apesar do desinteresse do Executivo.

“Nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa. Nosso Código Florestal deve servir de exemplo para outros países”, disse Bolsonaro na ONU. Sim, o Código Florestal de 2012 é uma legislação equilibrada, fruto de anos de trabalho e de negociação política – ou seja, a antítese do bolsonarismo. Além de não ter promovido nenhuma lei minimamente semelhante ao Código Florestal, Bolsonaro diminuiu os mecanismos de controle ambiental e ainda teve um ministro do Meio Ambiente incluído em inquérito sobre crimes ambientais.

“Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade”, disse aquele que fugiu dos dois problemas com a mesma irresponsabilidade. Nas palavras de Bolsonaro, a covid-19 sempre foi uma “gripezinha”. Por isso – e por tantas outras omissões –, Bolsonaro não pode se vangloriar dos atuais números da vacinação no Brasil. Os resultados de imunização da população foram obtidos contra a vontade do Palácio do Planalto, graças ao esforço do SUS e de vários governadores. Basta ver que Jair Bolsonaro é o único presidente do G-20 que se recusou a tomar vacina contra a covid-19.

Para culminar a insensatez, Bolsonaro disse apoiar “a autonomia do médico na busca do tratamento precoce”. Em outras palavras, o presidente continua defendendo drogas amplamente descartadas como tratamento contra a covid, enquanto se nega a tomar a vacina. A atitude alinha-se à lógica bolsonarista, em que a verdade é tratada como inimiga. Basta ver o que disse Bolsonaro sobre a atual situação econômica do País: “Na economia, temos um dos melhores desempenhos entre os emergentes”.

Ao desprezar os fatos e a civilidade, Jair Bolsonaro humilha e desonra o País internacionalmente. Os gestos obscenos do ministro da Saúde contra manifestantes em Nova York não foram um deslize num momento de destempero. Trata-se da expressão mais pura do bolsonarismo. Nada é por acaso, como mostrou o discurso do presidente ontem. Nem mil Declarações à Nação mudarão o fato de que Bolsonaro é e sempre será Bolsonaro.

Folha de S. Paulo

Pária na calçada

Bolsonaro usa assembleia da ONU para delírios voltados à minoria que o apoia

Jair Bolsonaro deu novamente as costas para o mundo ao se apresentar no púlpito da Organização das Nações Unidas para discursar na abertura da sua assembleia anual, nesta terça-feira (21).

Como em ocasiões anteriores, sua fala foi dirigida especialmente para a minoria que ainda apoia seu desacreditado governo, de cuja fidelidade o mandatário depende para sustentar sua campanha à reeleição no ano que vem.

Algo mais moderado, Bolsonaro mostrou preocupação em abordar temas que, em seu governo, geram desgaste para a imagem do país. Em que pese a tentativa, tudo o que tinha a oferecer eram fantasias que só seduzem os mais radicais de seus adeptos.

Ao discorrer sobre a política ambiental, distorceu números, minimizou receios e enalteceu a legislação brasileira —a mesma que ele busca enfraquecer sem descanso desde que tomou posse.

Numa tentativa covarde e canhestra de se eximir de responsabilidade pelo fracasso no enfrentamento da pandemia e na recuperação da atividade econômica, culpou governadores e prefeitos pela fome, pelo desemprego e até pelo descontrole da inflação.

Destacou a vacinação no país, como se o mundo ignorasse as medidas que tomou para sabotar os esforços dos governos locais e sua negligência na crise sanitária. Teve ainda a desfaçatez de oferecer lições a outros governantes.

Voltou a defender o uso de remédios que se provaram ineficazes contra a Covid e criticou os países que passaram a exigir comprovantes de vacinação em suas fronteiras.

Com a economia andando de lado, disse que não há no mundo porto mais seguro para os investidores do que o Brasil e apontou como prova da confiança em seu governo o apoio das multidões sectárias que foram às ruas atender a seus apelos golpistas no 7 de Setembro.

Para frustração dos diplomatas ingênuos que sonhavam com a aparição de um estadista magnânimo no palco da ONU, sugestões de moderação do discurso foram ignoradas, e Bolsonaro pôde se apresentar mais uma vez como o radical que seus seguidores idolatram.

Se o contraste entre as palavras e a realidade é gritante, as imagens produzidas pelo mandatário em sua passagem por Nova York deixaram claras suas intenções.

Com entrada restrita nos restaurantes da cidade por não ter se vacinado, o chefe do Executivo fez questão de divulgar imagens em que comia pizza com assessores na calçada. Em outra ocasião, seu ministro da Saúde permitiu-se fazer, de dentro de um carro, um gesto obsceno para manifestantes.

Ao ostentar o negacionismo, Bolsonaro acena para o eleitor que ainda vê nele o rebelde transgressor que prometia enfrentar as elites e consertar o país. Para o resto do mundo, fica apenas mais um retrato do isolamento do presidente que não governa e não se importa em ser visto como pária.

Valor Econômico

Evergrande é problema chinês com impacto global mitigado

A única atitude previsível é que Pequim fará o que puder, e pode quase tudo, para evitar uma crise sistêmica

Há anos o governo chinês vem controlando uma bolha no setor imobiliário, que pode ter começado a estourar agora. Depois de colocar a mão pesada nas big techs chinesas e suas práticas anticompetitivas, parece ter chegado a hora de limitar a farra dos grandes incorporadores imobiliários, depois que o segundo maior do país, Evergrande, afundou sob uma montanha de débitos impagáveis – US$ 306 bilhões, US$ 142 bilhões a curto prazo. A alta alavancagem é generalizada em um setor no qual a demanda está regredindo – houve queda de 20% em agosto em relação ao mesmo mês de 2020 -, o que sugere tempos difíceis para empresas superendividadas e um desafio enorme para o todo poderoso governo de Xi Jinping.

Os efeitos da quebra da Evergrande sobre os mercados financeiros mundiais foram superavaliados. O episódio da quebra do Lehman Brothers foi fruto de uma desregulamentação irresponsável do setor financeiro. No caso chinês, a incorporadora entrou em apuros reais quando o governo chinês tentou pôr um freio em um setor muito alavancado, regulando a tomada de risco. Além disso, os bancos chineses são todos estatais e as operações de resgate dependem da decisão de poucas pessoas na cúpula do governo e do Partido Comunista. Bancos e mercados do país não têm amplos vasos comunicantes com os do resto do mundo. A crise pode ser isolada, até certo ponto, exceto para fundos estrangeiros que investem em ativos imobiliários.

Já os efeitos globais de uma desaceleração da China, em curso antes da quebra da incorporadora, são significativos. O setor imobiliário, direta e indiretamente, compõe ao menos 25% do PIB chinês. Ele consome de 5% a 20% da demanda global de aço, cobre, zinco, níquel e alumínio e o impacto de uma forte retração no segmento não é desprezível. Uma redução no PIB da China, que com os EUA são os motores do crescimento mundial, pode tirar alguns pontos percentuais da expansão global.

O governo chinês está diante de uma grande encrenca, para a qual não há saídas fáceis. Nem toda a dívida da Evergrande e dos incorporadores está nas mãos do sistema financeiro estatal – a que está, segundo relatos, é bem distribuída entre as instituições. A bolha de crédito, inclusive imobiliário, nutriu um alentado sistema financeiro paralelo, estimado em US$ 3 trilhões (mais que o PIB brasileiro, por comparação). Incorporadores e financiadores formaram trusts para transformar em veículos de investimento os papéis lastreados nos imóveis que prometeram construir, dando liquidez a uma corrida especulativa por terras e oferta de imóveis. Durante anos a Evergrande não teve caixa suficiente para os investimentos que fazia e “pedalava” os projetos que executava com o dinheiro do lançamento de títulos para novos projetos. Não estava sozinha nisso.

O problema se complica mais com a atuação dos governos provinciais e municipais, que obtinham receitas importantes da venda de terras para os incorporadores e participavam como chamarizes de veículos de investimentos para o povo, com diversificação em imóveis, infraestrutura etc. O governo central deixou a especulação correr solta por um bom tempo porque auxiliava suas metas de crescimento – e a dos governos locais, cujas lideranças almejam subir na hierarquia do partido – e supria os déficits habitacionais de uma população migrante para as cidades. Há um limite para esse processo, que parece ter chegado, com o acúmulo de imóveis vazios, mesmo com descontos expressivos para a aquisição – caso claro de super oferta.

A quebra da Evergrande significa que o limite deve ter chegado. Com alavancagem, a empresa adquiriu terra suficiente para abrigar a população de Portugal, ao custo de uma dívida maior do que a da Nova Zelândia (FT, novembro de 2020). Em agosto de 2020, o governo traçou as “três linhas vermelhas” para conter a febre especulativa no setor. Os passivos não poderiam ultrapassar 70% dos ativos, a relação entre caixa e dívida de curto prazo teria de ser maior que 1 e a de dívida líquida sobre capital, menor que 1. A Evergrande ultrapassou todas essas linhas.

Como sanear o setor e reduzir a alavancagem sem provocar queda vertiginosa em sua atividade é o primeiro desafio. O segundo é reconstruir a confiança dos compradores de imóveis e investidores, que se confundem. Os incorporadores criaram fundos cujos cotistas estão sendo vítimas do calote. A única atitude previsível é que Pequim fará o que puder, e pode quase tudo, para evitar uma crise sistêmica.

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