Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (02/09/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

PIB estagnado e crises derrubam previsão para 2022
Câmara aprova reforma do Imposto de Renda
Defesa pede veto do presidente à revogação da LSN
Justiça quebra sigilo também da ex de Bolsonaro
Novo código vai a voto com mudanças na quarentena
Relator diz que Executivo busca alternativa para desonerar folha
Minirreforma trabalhista não passa no Senado
Museu em busca de verbas para renascer das cinzas
Cirurgia contra enxaqueca ganha aval de sociedade americana
Polícia acusa brasileiro de ter sido serial killer nos EUA
Mais voos para Portugal após reabertura a brasileiros

O Estado de S. Paulo

Com inflação e desemprego, PIB frustra expectativa

Adesão da PM ao bolsonarismo radical cresce nas redes sociais
Câmara aprova reforma do IR com apoio da oposição
Estado começa a aplicar 3ª dose na segunda-feira
SP planeja prédio para morador de rua no Centro
‘Passaporte’ estreia com visitantes barrados
Analistas destacam força da democracia
À CPI, motoboy diz ter sacado até R$ 430 mil

Folha de S. Paulo

PIB estanca, e economia dá sinais de crise prolongada
STF mira pauta econômica se tom de Bolsonaro subir
Av. Faria Lima, em São Paulo, é palco de guerra de imagens
Itamaraty esconde formatura que cita vítima da ditadura
Suspeito de roubo é morto em frente à casa de Nunes
Alvo da CPI ajudou Renan Bolsonaro a abrir empresa
Senado derruba minirreforma trabalhista
Área indígena em SC é base para voto no Supremo
SP passa a dar dose extra a quem tem mais de 90 dia 6
Câmara aprova texto-base da reforma do IR
Tóquio 2020 – Despedida das piscinas
Portugal autoriza entrada de turistas vindos do Brasil

Valor Econômico

Câmara aprova o novo IR e Senado rejeita minirreforma
PIB decepciona e o mercado corta projeções
Arnault cansa de esperar e deixa Carrefour
Nova cultura híbrida
Comitê do São Francisco critica vazão maior
Analistas veem boas apostas no setor financeiro
Sucesso na Paralimpíada agita as redes

EDITORIAIS

O Globo

Resultado do PIB no segundo trimestre liga alerta para 2022

Mirando no ano que vem, a má notícia é que a inflação não deverá ceder por mais algum tempo, apesar da alta nos juros promovida pelo BC

A divulgação ontem do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deu um choque de realidade em quem sonhava com uma recuperação acima da média depois da recessão do ano passado, quando houve retração de 4,1%. É certo que a economia está no patamar pré-pandemia e que as previsões de expansão em torno de 5% para este ano devem se realizar. Mesmo se o crescimento do terceiro e quarto trimestres for zero, a economia fechará o ano com expansão superior a 4,5% por um efeito puramente estatístico. Porém não faltam ventos contrários capazes de jogar tudo para baixo no ano que vem.

Quando se compara o segundo trimestre deste ano ao mesmo período de 2020, a imagem é positiva: 12,4% de crescimento. A razão para isso é a base de comparação. Nos meses de abril, maio e junho do ano passado, a atividade econômica atingiu seu ponto mais baixo da recessão, em decorrência das restrições impostas pela pandemia.

A análise dos dados do segundo trimestre de 2021 ante o trimestre anterior mostra um quadro diferente. O PIB variou 0,1% para menos. Com mais gente nas ruas, o setor de serviços cresceu 0,7%, mas a agropecuária sofreu retração de 2,8%. A indústria, que padece com a falta de insumos, registrou queda de 0,2%. O consumo das famílias, uma das forças motrizes do crescimento, ficou estável, por razões que os economistas ainda não sabem explicar muito bem. É verdade que o endividamento está alto, mas a inadimplência não. A inflação, sim, corrói a renda. A taxa de poupança, em contrapartida, está elevada, e o mercado de trabalho começa aos poucos a se recuperar.

Mirando em 2022, a má notícia é que a inflação não deverá ceder por mais algum tempo, apesar da alta nos juros promovida pelo Banco Central (BC). Os problemas de suprimentos da indústria também não têm hora para acabar.

Como se essas preocupações não bastassem, há outros bons motivos para ter cautela em relação a 2022:

1) há o temor de que a crise hídrica afete a oferta de energia elétrica;

2) a alta de juros necessária para controlar os preços tem como efeito indesejado a redução no ritmo da atividade;

3) a política fiscal do governo causa insegurança por ameaçar o teto de gastos;

4) a insistência do presidente Jair Bolsonaro em manter o país constantemente convulsionado por seus ataques às instituições democráticas gera incerteza entre investidores e empresários.

Se Bolsonaro pensasse primeiro no crescimento econômico e no bem-estar da população brasileira, pararia de dar a sua contribuição para o atraso. Se quisesse resolver problemas em vez de criá-los, trataria de resgatar a confiança no equilíbrio fiscal e de acelerar as reformas econômicas capazes de destravar a expansão do PIB.

O Estado de S. Paulo

Estagnação, desemprego, inflação

O balanço econômico do primeiro semestre é mais uma façanha liderada por Jair Bolsonaro

Estagnação, desemprego elevado, inflação disparada e cinto apertado resumem o balanço econômico do primeiro semestre – mais uma façanha liderada pelo presidente Jair Bolsonaro. Os poucos sinais de vigor percebidos no começo do ano logo se esgotaram. Num país desgovernado e em tensão permanente, os negócios avançaram 1,2% no primeiro trimestre, recuaram 0,1% no segundo e ficaram apenas 1,1% acima do patamar dos três meses finais de 2020. Se o crescimento chegar perto de 5% neste ano, o País apenas sairá do buraco onde afundou no ano passado, quando foi atingido pelo primeiro choque da pandemia. Não há, por enquanto, como prever nada melhor que 2% em 2022, e até essa aposta já é considerada otimista por vários analistas do mercado.

Com crescimento zero, o consumo das famílias mostra de forma ostensiva a condição da maior parte dos brasileiros no segundo trimestre. Para aqueles em pior situação, o auxílio emergencial só foi retomado a partir de abril, depois de um mergulho na miséria no período de janeiro a março. O drama foi menor para quem conseguiu substituir produtos e recompor suas compras sem grande redução de bens essenciais. Nem todos conseguiram. Com orçamento curto e rígido, as pessoas mais pobres só podem mesmo cortar despesas, quando a cesta habitual de consumo se torna inacessível. O semestre terminou com 14,4 milhões de desempregados, inflação próxima de 9% em 12 meses e enormes aumentos acumulados nos preços da comida, do gás e da energia.

Dos três grandes setores, só o de serviços, o último a entrar em recuperação no ano passado, cresceu no segundo trimestre, com ganho de 0,7%. A produção da indústria recuou 0,2% e a da agropecuária diminuiu 2,8%, afetada pela estiagem mais severa em nove décadas. Especialistas atribuem a seca no Brasil e desastres meteorológicos em outras partes do mundo a mudanças causadas pela ação humana.

Governos discutem metas mais ambiciosas de combate ao aquecimento global e o assunto está na agenda de grandes empresas. O discurso antiecológico do presidente Bolsonaro e de seus ministros está mais contido, mas a política pró-devastação defendida por mais de dois anos continua produzindo efeitos. Grandes queimadas ainda se multiplicam, assustando o mundo e prejudicando a imagem do agronegócio brasileiro.

Apesar da quebra de safra de vários produtos, o agronegócio continua como principal pilar do superávit no comércio de mercadorias. As exportações do setor, juntamente com as da indústria mineral, sustentaram as vendas externas. Principalmente graças a isso as exportações de bens e serviços foram no segundo trimestre 9,4% maiores que no primeiro. É muito bom, obviamente, o País dispor de um agronegócio tão eficiente e competitivo, mas é muito ruim depender tanto desse setor.

A indústria de transformação andou muito mal nos últimos dez anos, perdeu poder de competição e se tornou menos importante no comércio exterior. Seus números só impressionam quando comparados com os de 2020, derrubados pela pandemia. O País precisa de uma política de revigoramento industrial, com modernização e ampliação da capacidade produtiva, mas isso envolve planejamento, algo estranho ao universo do presidente e de sua equipe econômica.

Condição essencial para o crescimento firme e duradouro, o investimento produtivo tem ido mal. No segundo trimestre, foi 3,6% menor que no primeiro e equivaleu a 18,2% do PIB. Essa relação raramente superou 20% desde o ano 2000. Uma taxa próxima de 25% e razoavelmente sustentada poderia proporcionar ao Brasil um crescimento típico de um emergente. Mas isso dependerá de um melhor manejo das finanças públicas, de uma participação maior e mais eficiente do capital privado na infraestrutura e de um ambiente mais favorável à expansão empresarial. Também seria preciso cuidar do capital humano, mas para isso seria indispensável uma política educacional de país civilizado, algo incompatível com os padrões bolsonarianos. Nas condições atuais, nada mais normal que uma economia medíocre ou abaixo disso.

Folha de S. Paulo

País estagnado

Como atestam números do PIB, economia prossegue entre recessão e mediocridade

A estagnação mostrada pela economia brasileira no segundo trimestre não altera em demasia o quadro esperado para o restante deste 2021. Ainda é provável que o Produto Interno Bruto, depois de cair 0,1% entre abril e junho, feche o ano com expansão próxima a 5%, o que consolidará a recuperação das perdas da pandemia.

Nessa métrica restrita, o país não destoa tanto do padrão mundial, mas uma abordagem mais ampla, levando em conta as perdas de emprego e renda, põe em evidência enormes dificuldades e incertezas.

O resultado pífio do trimestre não ficou muito abaixo das expectativas. Esperava-se a retração na agropecuária, que chegou a 2,8%, em decorrência do impacto do clima adverso em safras importantes como milho, cana e café.

Depois de um desempenho favorável no ano passado, a produção manufatureira também caiu (2,2%), em parte por causa de percalços notáveis em algumas cadeias produtivas, caso do setor automotivo.

A alta modesta dos serviços (0,7%), por sua vez, está associada a restrições decorrentes do agravamento da crise sanitária.

Pela ótica da demanda, houve parada do consumo e queda expressiva dos investimentos. As transações com o exterior, impulsionadas pelas exportações de matérias-primas, evitaram o pior.

Com o relaxamento de quarentenas e limites ao comércio e a outras atividades, espera-se aceleração no segundo semestre, com consequências positivas para a geração de emprego e a renda das famílias.

A esse respeito, de fato, o dado mais recente apontou queda na taxa de desocupação (para 14% no trimestre encerrado em junho, com ajuste para a sazonalidade, ante 14,3% na leitura de um mês antes).

Mesmo assim, a massa salarial ainda permanece 6% abaixo do patamar anterior à pandemia, enquanto a inflação —que deve chegar a ao menos 8% neste ano— castiga sobretudo os mais pobres, dada a concentração em itens de consumo essencial como alimentos, combustíveis e energia.

Pior, com o agravamento das incertezas sobre o rumo da política econômica, que tem reforçado a escalada da inflação e dos juros, e da crise hídrica que ameaça o fornecimento de energia, as projeções para 2022 têm piorado e já caem abaixo de 2% —antes mesmo que se possam quantificar os impactos advindos dos ataques às instituições por parte de Jair Bolsonaro.

Não surpreende nesse quadro caótico que consumidores e empresas se retraiam, afastando o otimismo que poderia derivar do avanço da vacinação nas últimas semanas.

Por novos e velhos motivos, o país prossegue entre a recessão e a mediocridade econômica, como ocorre já há uma década.

Valor Econômico

Pioram as previsões de crescimento de 2022

Inflação e o aumento de juros refrearão o baixo desempenho vislumbrado, com sobressalto adicional de eleições polarizadas com um presidente que não aceita de antemão seu resultado

O Produto Interno Bruto teve o seu pior desempenho do ano no segundo trimestre, com queda de -0,1%. As previsões dos economistas não distavam muito disso (eram positivas em 0,2%) e o certo é que o comportamento da economia será melhor no resto do ano. Quanto melhor já é objeto de revisão, com as estimativas encolhendo de números acima de 5,5% para mais perto de 5%, ou algo ligeiramente abaixo disso. A principal mudança, porém, diz respeito a 2022. O patamar de 2% começa a ser erodido e as previsões caminham para 1,5% ou menos. Se estiverem certas, não haverá divergência com a tônica dominante pós-recessão de 2016: será mais um ano medíocre.

A perda de fôlego do segundo trimestre era amplamente esperada, após um vigoroso repique da covid-19 e um recorde de mortes diárias. Praticamente todos os segmentos tiveram pior comportamento. No caso da oferta, a reação dos serviços, impulsionada pelo aumento da vacinação, exibiu alta de 0,7%. Do lado da demanda, o consumo das famílias ficou estável pelo segundo trimestre. O consumo do governo, no entanto, subiu 0,7%.

As perspectivas para o resto do ano são desfavoráveis. A crise hídrica pode evoluir para um racionamento que atingiria todo o setor produtivo, além de piorar sobremaneira as condições para o cultivo agrícola e a recuperação das pastagens no fim do período seco. Ainda é uma incógnita os efeitos da variante Delta em uma população em que apenas 30% estão totalmente imunizados. No Rio de Janeiro, os hospitais voltaram a ficar totalmente ocupados, mas no restante do país a tendência é a de volta à normalidade.

A recuperação dos serviços, forte naqueles setores mais atingidos pela pandemia por depender de interação social – aumento de 2,1% contra o primeiro trimestre, nas outras atividades de serviços – deve continuar puxando o crescimento no caso da oferta.

A indústria de transformação, por outro lado, tem duros obstáculos pela frente. O setor recuou 2,2% no trimestre, acentuando um movimento negativo de 0,4% no primeiro. A interrupção das cadeias de produção globais inferniza a indústria automobilística e outros segmentos com a falta de semicondutores. A normalização do fornecimento demorará mais do que o inicialmente previsto e só será atingida em 2022. A alta das commodities trouxe simultaneamente à menor produção um aumento significativo de custos.

No caso da demanda, o consumo das famílias, com peso de quase dois terços no PIB, não reagiu com vigor. No ano nada cresceu e no acumulado de quatro trimestres contra idêntico período anterior amargou a quinta queda consecutiva. Há melhorias: o emprego formal e informal crescem – mais este que aquele – mas com remuneração em queda. Os salários de admissão encolheram e a inflação em alta atinge com intensidade os alimentos, o maior fator de gastos dos trabalhadores de baixa renda (um terço da mão de obra ganha até dois salários mínimos). Por outro lado, o auxílio emergencial deve acabar em breve e o plano do governo de ampliar o Bolsa Família ficou até agora no papel, por falta de dinheiro.

Um impulso positivo que tende a perdurar ao longo dos próximos meses vem das exportações líquidas. A megadesvalorização do dólar favoreceu os bens exportáveis e encareceu os importados – houve avanço de 9,4% nas vendas externas e queda de 0,6% nas compras. Há sinais de que o pico do crescimento das economias avançadas e da China podem ter ficado para trás. Ainda assim, como é o caso dos EUA, a economia continuará crescendo bem acima de sua tendência de longo prazo em 2022.

A covid-19 ainda pode pregar peças e talvez por isso a taxa de poupança siga aumentando – bateu o recorde, com 20,9%, salto de 5,2 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre. Ela somou R$ 447,3 bilhões, R$ 180 bilhões a mais do que no mesmo período de 2020. As incertezas econômicas continuam retendo o rumo desse dinheiro para o consumo.

Já os investimentos deram um salto menor, de 15,1% para 18,2%, ainda distante do pico da série, de 21,2% do PIB. A acumulação de estoques, que catapultou o PIB do primeiro trimestre, inverteu o movimento. A variação positiva de R$ 84 bilhões deu lugar a uma negativa de R$ 24,2 bilhões.

Com o crescimento do ano já dado pelo carregamento estatístico, a dúvida se transfere a 2022. Inflação e o aumento de juros refrearão o baixo desempenho vislumbrado, com sobressalto adicional de eleições polarizadas com um presidente que não aceita de antemão seu resultado. O cenário é ainda mais incerto.

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