Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (01/09/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Governo apela por ‘esforço inadiável’ de redução do consumo de energia
Orçamento prevê gasto com Bolsa Família inalterado
Código poderá punir fake news sobre eleições
Justiça ordena quebra de sigilo de Carlos Bolsonaro
Contra manifesto, presidente da Caixa ameaçou bancos
No Pantanal, rota das chamas
CPI liga saque de motoboy a pagamentos para Roberto Dias
Exigência de passaporte leva a recorde de vacinação no Rio
Biden: Afeganistão marca fim da era de reconstruir nações

O Estado de S. Paulo

Governo cria taxa de escassez hídrica; conta de luz deve subir 6,8%
Cúpula da Petrobras tem pelo menos dez militares
Justiça do RJ quebra sigilos de Carlos Bolsonaro
Mais segurança para o dia 7
O Ipiranga, mais verde
Empresa pagou contas de ex-chefe da Saúde, diz CPI
Polícia recolhe 100 kg de bombas em Araçatuba
Entre os espólios, o desafio de governar
Agruras dos músicos afegãos

Folha de S. Paulo

Governo cria nova bandeira e eleva conta de luz em 6,78%
Para ministros, Lewandowski dá caminho em caso de ruptura
Orçamento é enviado sem Bolsa Família turbinado
Salário mínimo é estimado em R$ 1.169 para 2022
Esquerda usa Lula e evita relação com 7/9 bolsonarista
Justiça do Rio quebra sigilo de Carlos Bolsonaro
Em MT, cachoeira Véu de Noiva fica praticamente seca devido à crise
País desconhece razão de 17 mil mortes violentas em 2019
Biden ignora fiasco, cita China e fala em ‘sucesso’ de retirada

Valor Econômico

Governo usa Eletrobras para aliviar alta da luz
Orçamento de 2022 requer solução para precatórios
Rentabilidade de bancos será menor pós-crise
Entre os grandes
Estabilidade do funcionalismo segue intocada
Bancos privados mantêm posição
SulAmérica e Hapvida disputam a operadora paulista HB Saúde
Consórcio de provedores no leilão de 5G

EDITORIAIS

O Globo

Deterioração na segurança pública é mascarada por apagão de dados

No Brasil sob Jair Bolsonaro, as quadrilhas fazem do interior do país um faroeste e deixam a polícia em papel de coadjuvante

As cidades e os estados mudam, mas as cenas são as mesmas. Bandos armados invadem as ruas, espalham o terror, matam inocentes, incendeiam veículos e explodem agências bancárias como se estivessem num filme de ação — um filme em que os bandidos ganham. O último município de porte médio a passar por isso foi Araçatuba, a 521 km de São Paulo. Entre os estados onde recentemente houve crimes semelhantes estão Santa Catarina e Pará.

Depois do ataque de segunda-feira, que deixou ao menos três mortos e quatro feridos, aulas foram suspensas, e a polícia ainda procurava por bombas deixadas pelos criminosos. No Brasil sob Jair Bolsonaro, presidente que parece um garoto-propaganda de rifles e revólveres, as quadrilhas fazem do interior do país um faroeste e deixam a polícia em papel de coadjuvante.

Os dados divulgados ontem no “Atlas da violência 2021”, parceria entre Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), dão poucos motivos para otimismo. Na estatística, o número de homicídios entre 2018 e 2019 caiu 22,1%, segundo dados do sistema do Ministério da Saúde (SIM). Mas há muitas dúvidas sobre a qualidade dos números. Ao contar os homicídios registrados em boletins de ocorrência produzidos pelas Polícias Civis, chega-se à conclusão de que as mortes violentas intencionais em 2019 foram 5% superiores ao dado registrado no SIM.

Uma explicação técnica ajuda a entender o motivo provável da diferença. O número de mortes violentas em que o Estado é incapaz de identificar a motivação deu um salto, como resultado da negligência dos governos estaduais e federal: de 9.799 em 2017 para 16.648 em 2019. Essas mortes não são classificadas como homicídios, embora estime-se que 75% devessem ser enquadradas nessa categoria. A melhora no indicador é exagerada, em virtude do apagão de dados.

No caso do Rio de Janeiro, a distorção é gritante. A taxa de homicídios diminuiu 45,3% em 2019, mas as mortes violentas por causa indeterminada subiram 237%. De cada dez mortes violentas, mais de três não têm causa definida. No Rio de Janeiro e em São Paulo, a taxa de homicídios é menor que a taxa de mortes violentas sem motivo identificado. Na Bahia e no Ceará, os dados também sofreram piora, dizem os pesquisadores do Ipea e do FBSP.

Olhando para a frente, não falta motivo para preocupação. A queda de homicídios no Brasil está ligada a fatores como envelhecimento da população, calmaria nas guerras entre facções criminosas e Estatuto do Desarmamento. Esse último ponto tem sido enfraquecido pela política armamentista de Bolsonaro. Pesquisas atestam a relação de causa e efeito entre aumento na circulação de armas e homicídios. Isso deverá ser sentido nos indicadores de 2020 e 2021, anos em que a venda de armas disparou — e os assassinatos voltaram a crescer. O presidente, como sabemos, não confia em pesquisadores nem na ciência. O custo do culto à ignorância está nas vítimas em Araçatuba e noutras cidades a cada dia mais violentas.

O Estado de S. Paulo

A paz que dá medo ao governo

O clamor por responsabilidade e harmonia institucional é visto pelo Planalto como radical oposição aos planos do bolsonarismo

Os tempos atuais são tão esquisitos que um manifesto pedindo a pacificação e a harmonia entre os Três Poderes foi encarado como ato de oposição ao presidente da República. Aliado do governo federal, o presidente da Câmara, Arthur Lira, pediu ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que adiasse a divulgação do documento para depois do 7 de Setembro.

Com mais de 200 assinaturas, o manifesto nasceu da preocupação da Federação Nacional dos Bancos (Febraban) com a situação do País. A Fiesp adiou sua divulgação, mas outras vozes se levantaram.

Na segunda-feira passada, entidades do agronegócio manifestaram-se em defesa do Estado Democrático de Direito. “As entidades (…) tornam pública sua preocupação com os atuais desafios à harmonia político-institucional e, como consequência, à estabilidade econômica e social em nosso País. (…) Em nome de nossos setores, cumprimos o dever de nos juntar a muitas outras vozes responsáveis, em chamamento a que nossas lideranças se mostrem à altura do Brasil e de sua história”, diz a nota.

“O voto de confiança foi dado, e a confiança não foi retribuída”, disse Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), uma das entidades que endossaram o manifesto. “Talvez a gente tenha sido condescendente por um tempo longo demais. A omissão não se admite em tempos de pressão como agora”, disse Brito, em entrevista na TV Cultura.

As entidades do agronegócio disseram o óbvio. “O desenvolvimento econômico e social do Brasil, para ser efetivo e sustentável, requer paz e tranquilidade”, lê-se na nota. Infelizmente, no entanto, expressar o óbvio tornou-se hoje ato de enfrentamento a Jair Bolsonaro, tal é o seu comportamento conflituoso e irresponsável.

O óbvio também foi dito por centrais sindicais. “São quase 15 milhões de desempregados, seis milhões de desalentados, outros seis milhões de inativos que precisam de um emprego e mais sete milhões ocupados de forma precária. Inflação alta, carestia e fuga de investimentos. (…) O próprio presidente se encarrega de pessoalmente gerar confrontos diários, criando um clima de instabilidade e uma imagem de descrédito do Brasil”, diz nota conjunta das centrais.

Tal é a disfuncionalidade do Executivo federal – não cabe esperar nada de Jair Bolsonaro –, que o prognóstico também se tornou consenso. “É preciso que o Legislativo e o Judiciário em todos os níveis, os governadores e prefeitos tomem à frente de decisões importantes em nome do Estado Democrático de Direito, não apenas para conter os arroubos autoritários do presidente, mas também que disponham sobre questões urgentes como geração de empregos decentes, a necessidade de programas sociais e o enfrentamento correto da crise sanitária”, disseram as centrais sindicais.

Ainda que em diferentes linguagens, os manifestos expressam a mesma preocupação. Há uma grave crise política e institucional, que vem causando profundos prejuízos sociais e econômicos ao País. E mesmo que o Palácio do Planalto não seja citado, a simples menção à crise remete diretamente a Jair Bolsonaro. Todos sabem a causa da crise.

Habitualmente, a desestabilização e a desarmonia são objetivos da oposição. Ainda que possa ser criticada, a tática é compreensível. Opositores tentam criar dificuldades para que o governo não seja capaz de implementar suas propostas, das quais a oposição discorda.

Com Jair Bolsonaro na Presidência da República, a situação é a inversa. O governo tenta criar constantemente arruaças, conflitos e instabilidades. Bolsonaristas ameaçam dar um golpe de Estado. Em contraste, todo o restante – desde entidades do agronegócio e instituições financeiras até centrais sindicais – pede, em inusitado uníssono, paz e tranquilidade.

A confirmar o despautério, o clamor por responsabilidade e harmonia institucional é visto pelo Palácio do Planalto como radical oposição aos planos do bolsonarismo. O alerta a Hamlet sobre a podridão na Dinamarca teria aqui tons de inapropriado eufemismo.

Folha de S. Paulo

O nome da crise

Ao tentar abafar manifesto empresarial, governo explicita papel de Bolsonaro

Movimentos atabalhoados e truculentos do governo Jair Bolsonaro precipitaram a divulgação de um manifesto organizado por associações empresariais e subscrito por mais de duas centenas delas.

Na versão que chegou aos meios de comunicação, trata-se de um pedido de entendimento entre os Poderes, em um texto tão comedido que passaria por anódino não fosse a desordem instaurada pelo chefe do Executivo —e nem mesmo há no documento atribuição de responsabilidade pela crise.

Por meio de suas intervenções, no entanto, auxiliares do presidente como o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o chefe da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, cuidaram de explicitar o sujeito oculto do conflito institucional e o objeto implícito da preocupação empresarial: as ameaças golpistas de Bolsonaro.

Além disso, tal reação acabou por levar um setor do agronegócio a publicar de modo oficial e por sua conta um apelo muito mais firme pelo diálogo, pela tolerância e pela defesa da democracia.

A iniciativa veio de associações preocupadas com a deterioração da imagem internacional do Brasil, com o ambiente e com afrontas ao Estado democrático de Direito.

Apesar de disseminar temores entre os organizadores do manifesto, que ficaram na defensiva, o governo acabou por escancarar seu isolamento — e por demonstrar que pretende calar qualquer voz que julgue contrária a seus desígnios, de resto mais uma evidência de sua crescente paranoia.

Para tanto, manipulou a condição de administrador de bancos públicos para ameaçar a Febraban e as instituições privadas.

Contou, ademais, com o auxílio de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados e líder do centrão. Lira acertou com Paulo Skaf, presidente da Fiesp e até ontem um bolsonarista integral, um adiamento, talvez “sine die”, do documento empresarial.

Tenta-se de modo autoritário e contraproducente ocultar más notícias que venham a desanimar as manifestações do 7 de Setembro, com as quais Bolsonaro busca exibir apoio popular em seu desafio ao Congresso e ao Judiciário.

Ainda que um texto formal venha a ser divulgado somente depois das manifestações bolsonaristas do Dia da Independência, ou mesmo seja deixado de lado, Bolsonaro atraiu para si mais descrédito.

Fica cada vez mais claro que o bravateiro conta apenas com o apoio de franjas radicais e minoritárias do eleitorado e da sociedade organizada; que recusa qualquer diálogo e quer sufocar a crítica, não importa o tamanho ou a origem da insatisfação social. A tentativa de abafar uma mostra de insatisfação deu-lhe visibilidade.

Valor Econômico

Governo se mobiliza contra um manifesto de conciliação

O presidente e seus aliados criam um clima corrosivo também para os negócios

Não foi o primeiro e, se depender do presidente Jair Bolsonaro, não será o último manifesto por paz na República e atenção às regras democráticas o que duas das mais poderosas organizações de empresários do país, a Federação Brasileira de Bancos e a Fiesp, prepararam. A diferença em relação aos outros foi que ele não veio a público – embora seu conteúdo principal tenha sido amplamente divulgado.

O governo federal interveio para isso. O ministro Paulo Guedes disse que alguém lhe tinha dito que não se tratava da defesa da democracia, mas de um ataque da Febraban ao governo. As direções do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal entraram em ação e ameaçaram deixar a associação. O convite final ao silêncio veio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP- AL), que solicitou a Paulo Skaf, presidente da Fiesp e ex-aliado de Bolsonaro, que postergasse o documento para depois do 7 de Setembro. Não houve iniciativa semelhante do deputado em relação ao presidente da República, que incentivou a convocação de atos públicos nesta data cujas palavras de ordem são ataques ao Supremo Tribunal Federal.

O contraste entre o comedimento de um lado e o radicalismo de outro merece atenção. Quem acredita que a associação dos bancos é incendiária comete o mesmo erro descomunal de quem acredita que Jair Bolsonaro é um liberal. O manifesto que se engendrava era bem mais comedido do que seus antecessores e, em essência, assentava-se no pressuposto de que a harmonia entre os Poderes está inscrita na Constituição e que por isso “é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõem”. Em seguida, pregava “serenidade, diálogo, pacificação política e estabilidade institucional”.

Enquanto os organizadores do manifesto faziam malabarismos para não colocar em suas frases o sujeito oculto – aquele que não anda fazendo o que manda a Constituição – e igualava as condutas dos demais Poderes, que não estão provocando balbúrdia, o presidente dizia no sábado em Goiânia que não deseja rupturas, “mas tudo tem limite” e que não aceitará uma derrota nas eleições de 2022. Deu três chances sobre seu futuro: “Estar preso, morto ou a vitória”. Bolsonaro afirmou, a mais de um ano da votação, que pacificamente, pelas normas do jogo democrático, não entregará o poder.

O presidente e as correntes bolsonaristas que preparam atos no 7 de setembro graduaram as palavras de ordem e agora dão prioridade à “liberdade de expressão”, embora nas convocações por redes sociais abundem críticas à “ditadura da toga”, ao “ativismo político” do STF e defesas do voto impresso. Organizações empresariais podem, e em ambientes polarizados como agora, devem, indicar os rumos que entendam melhor para o país, especialmente se o que estiver em questão for o regime democrático – como é o caso.

Em todas as pesquisas de opinião, os empresários formam o segmento mais fiel e o que melhor avalia o desempenho de Bolsonaro e seu governo. Esse apoio também está encolhendo, mas de forma menos acentuada. O raro protagonismo da Febraban em uma manifestação política é, em si, um sintoma de descontentamento que se dissemina entre as cúpulas empresariais. Os êmulos do presidente, para não incomodar o chefe, não tentam mudar as causas desse descontentamento, e sim apenas inibir sua expressão escrita. Mas o estrago já está feito. Fiesp e Febraban não saem ilesas do episódio. Bastou um conselho do mensageiro do poder para adiarem a expressão legítima de suas posições.

O presidente e seus aliados criam um clima corrosivo para os negócios e para largas áreas da vida social e cultural: produzem desastres em série na cultura, no meio ambiente, na saúde, na educação etc. Na economia só o ministro da pasta acredita que as coisas vão bem. A ideia de que o sufoco fiscal cedera foi passageira e foi seguida por várias outras que buscam furar o teto de gastos. A desconfiança sobre o futuro das contas públicas impede há meses uma queda significativa do dólar, cuja megadesvalorização transformou um bem-vindo aumento das commodities em um motor da inflação, que beira os 9%.

O risco Bolsonaro tornou-se sinônimo do risco Brasil. O Banco Central está subindo rapidamente os juros e contratando um crescimento anêmico – mais um – em 2022, ano de eleições. Bolsonaro cria condições desfavoráveis para si próprio nas urnas – e diz, confiante, que derrotado não será.

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