Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (04/06/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Sob pressão de Bolsonaro, Exército livra Pazuello e põe disciplina em risco
Pai e filha vítimas de tragédia que se repete
Cristo volta à capa da Economist com respirador
Estados planejam ajuste nas contas para aderir ao novo RRF
Estudo mapeia abordagens policiais racistas
EUA dão destino a doação de 25 milhões de doses

O Estado de S. Paulo

Exército livra Pazuello de punição e cria desgaste entre oficiais
‘Punição existe nas Forças’
‘É hora de reagir, antes que seja tarde’, diz Jungmann
Medida tem efeito na tropa
Revogação da LSN para no Senado
Prédio desaba no Rio e deixa dois mortos
Laboratório já testam remédios contra covid-19
Startups do País já atraíram US$ 3 bi em 2021
Decisão de Salles ‘trava’ ação de Ibama de ICMBio
Doação de vacina dos EUA frustra governo federal

Folha de S. Paulo

Após pressão direta de Bolsonaro, Exército livra Pazuello de punição
Em vídeo, ex-assessor descreve o ‘gabinete paralelo’ da pandemia
Imunização contra outras doenças cai durante crise
Risco de Covid em SP cresce por idade, e não comorbidade
Araraquara vive à sombra de um novo lockdown
Suspeito de matar gays em Curitiba nega crime de ódio
Ricardo Nunes nomeia ex de Covas para cargo em SP
Prédio desaba em área de milícias no Rio, matando pai e filha
Desempregados há mais de dois anos são recorde
Sebrae engorda caixa, mas negócios relatam dificuldade
EUA anunciam 6 mi de doses para a América Latina

Valor Econômico

Home office só é possível para 17,8% dos trabalhadores
Exército livra Pazuello de punição
Em poucos dias, sete aquisições no setor de saúde
Tecnologia fez o agronegócio avançar no país
Bancos apostam em marketplaces
O impasse dos BCs para enfrentar a inflação
Galp investe no pré-sal e também em renováveis

EDITORIAIS

O Globo

Governo precisa se organizar para acelerar vacinação no 2º semestre

No mundo real, o governo reduziu em quase 4 milhões a previsão de vacinas para junho

Em seu discurso na quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro pintou um quadro sobre a vacinação que distorce a realidade. Começou dizendo que o Brasil atingiu a marca de 100 milhões de vacinas distribuídas. Só que o número de doses aplicadas — o que interessa — está longe disso: cerca de 70 milhões. Não só porque parte do estoque tem que ser reservada para a segunda dose, mas também por equívocos nos critérios de imunização que atrasam a campanha. Afirmou ainda que o Brasil é o quarto país que mais vacinou. É uma dessas meias verdades típicas de quem manipula estatísticas, por considerar apenas números absolutos, e não a população. Imunizamos 22,5% com a primeira dose e 10,7% com as duas, percentuais distantes de conferir proteção suficiente à população.

No mundo real, o governo reduziu em quase 4 milhões a previsão de vacinas para junho. A Fiocruz cortou 10 milhões na estimativa para o segundo semestre da Oxford/AstraZeneca (de 110 milhões para 100 milhões), mesmo considerando que começará a produzir aqui os insumos. Em maio, o ritmo de vacinação caiu 16% em relação a abril (4,1 milhões de doses a menos). Em vez de acelerarmos, reduzimos a velocidade. É verdade que o país já tem quase 600 milhões de doses contratadas. Mas boa parte só chega no terceiro e quarto trimestres. Tentativas para antecipar as entregas não têm sido bem-sucedidas. A indústria tem seus gargalos — e o governo deveria saber.

O cenário não é favorável. Após uma brevíssima trégua, o número de infectados voltou a subir, apontando para uma nova onda de contágio e estresse no sistema de saúde. Com apenas 10,7% imunizados, a população continua vulnerável. Enquanto isso, variantes se espalham.

O país deveria começar a se planejar para o segundo semestre, quando a disponibilidade de vacinas deve ser bem maior. O epidemiologista Wanderson Oliveira, ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde, acredita que é viável vacinar toda a população brasileira até o fim do ano. Ele traçou quatro cenários. No mais otimista, seria possível chegar a 31 de outubro com 255 milhões de doses aplicadas, suficientes para imunizar todos os adultos, público-alvo da campanha (cerca de 160 milhões de pessoas).

Para isso, diz ele, seria preciso aumentar o ritmo para 1,8 milhão de doses por dia, um desafio — em maio, a média ficou em 510 mil. Não é impossível, desde que haja grande esforço envolvendo governo e sociedade para ampliar o número de postos de vacinação além das 37 mil salas. O pacto precisaria envolver universidades, farmácias, iniciativa privada, hospitais etc.

Apesar dos muitos erros cometidos até aqui, como desprezar as ofertas de vacinas no ano passado, ainda é possível corrigir o rumo. Porém o governo precisará demonstrar uma capacidade de gestão que não comprovou até agora. Por enquanto, a falta de vacinas ainda serve como pretexto para o desempenho pífio na imunização. No segundo semestre, provavelmente, não servirá mais.

O Estado de S. Paulo

O perigoso afastamento da política

Um regime democrático saudável deve atrair e promover a participação de todos, especialmente das novas gerações

Um estudo realizado pelo Ibope e pela Rede Nossa São Paulo mostrou uma situação preocupante para o regime democrático e o exercício da cidadania. Segundo o levantamento, 67% das pessoas entre 16 e 24 anos na cidade de São Paulo não têm nenhuma vontade de participar da vida política do Município. Dois terços de uma parcela especialmente relevante da população – a nova geração, que se aproxima da vida adulta – querem distância da política. Apenas 19% disseram ter alguma vontade de participar da vida política e 15%, muita vontade.

Realizada no mês de janeiro com 800 pessoas na cidade de São Paulo, a pesquisa apresentou aos entrevistados uma série de possibilidades de atuação na vida política, que iam desde o compartilhamento de notícias sobre política na internet e trabalho voluntário até a participação em atos de rua e atuação em conselhos municipais. Quase a metade (42%) respondeu que não pratica nenhuma das ações listadas.

Segundo o público pesquisado, a forma mais frequente de fazer política é a assinatura de abaixo-assinados (22%), seguida do compartilhamento de notícias em redes sociais e em aplicativos de mensagens (18%) e atuação no movimento estudantil (15%).

O quadro é especialmente grave tendo em vista que as pessoas reconhecem a importância da participação política, mas mesmo assim não veem sentido nessa atuação. “Sei que é importante acompanhar, mas não me vejo refletida na política”, disse Giovanna Paulo, de 20 anos, que trabalha numa fábrica de automóveis.

Não é, portanto, apenas uma carência de informação. Pode-se dizer que há uma resistência consciente a participar da vida política, por entender que essa atuação seria inútil ou mesmo contraproducente. É a desilusão motivando um desejo de distância da política.

Outro ponto que desperta especial preocupação refere-se ao voto. Questionados se a proximidade das eleições levava a um maior interesse pela política, 43% discordaram totalmente dessa afirmação.

Ou seja, mesmo nesse momento único da democracia, em que o cidadão tem nas mãos o poder de direcionar os rumos da cidade, do Estado e do País, boa parte da juventude sente-se desinteressada da política. É um grave sintoma do desapreço pelo voto. Para parte da população, nem na hora de escolher seus representantes a política adquire algum interesse.

Mais do que simplesmente condenar a juventude pelo distanciamento da política, os resultados da pesquisa devem levar a uma reflexão. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer a existência de um problema grave. O regime democrático não funciona bem quando parcela importante da população está distante da política.

Tal problema tem uma dimensão ainda maior quando são os jovens os que querem distância da política. Já não se trata de uma questão apenas do presente, mas também do futuro. Quem zelará pelo regime democrático nos próximos dez, vinte, trinta anos?

Em segundo lugar, é preciso investigar e, na medida do possível, sanar a causa da desilusão dos jovens com a política. Não basta repetir a importância da participação de todos. Tal consciência, como diz a própria pesquisa, é bem difundida. Trata-se de melhorar a funcionalidade do sistema político, de forma a que as pessoas se sintam estimuladas a participar.

A atuação política não pode ser vista como uma perda de tempo ou uma atividade para quem não tem outros compromissos. É justamente o oposto. Uma democracia pujante deve ser capaz de atrair jovens e adultos ocupados, com carreiras profissionais entusiasmantes, genuinamente comprometidos com o desenvolvimento social e econômico do País.

Como se vê, um sistema político disfuncional não causa apenas danos no curto prazo. Ao desestimular a participação política, ele prolonga seus nefastos efeitos ao longo do tempo, gerando um autêntico círculo vicioso.

É imprescindível, portanto, melhorar continuamente as regras e o funcionamento do sistema político. Um regime democrático saudável deve atrair e promover a participação de todos, especialmente das novas gerações. Não há democracia com distância ou alheamento.

Folha de S. Paulo

Sem tempo a perder

No papel, pode-se completar a vacinação neste ano; fazê-lo exige enorme esforço

Acossado pela queda da popularidade e pela erosão das chances de reeleição, o presidente Jair Bolsonaro, quem diria, escorou-se na vacinação para tentar estancar a derrocada, a julgar pelo discurso em cadeia de rádio e TV desta quarta (2).

Todos os brasileiros —presumem-se os adultos— que quiserem serão vacinados até o fim deste ano, prometeu o chefe de Estado.

É o que lhe resta diante da terra arrasada deixada por seu governo em todos os setores da administração. A imunização, que estaria bem mais adiantada não fosse a incúria do Planalto, salva vidas e impulsiona a retomada econômica, o que tende a beneficiar incumbentes.

Por sua vez, o governador João Doria (PSDB), outro pleiteante à Presidência em 2022, divulgou calendário prevendo a vacinação de todos os paulistas acima de 18 anos de idade até o final de outubro.

Embora as credenciais de Doria no campo da vacinação estejam bem mais lastreadas em fatos do que as de Bolsonaro, o cumprimento das promessas e expectativas emanadas dos dois governantes depende de esforços consideráveis, dados o ritmo e as perspectivas atuais do processo no Brasil.

O Ministério da Saúde projeta a disponibilização de mais de 560 milhões de doses até o final deste ano, das quais 100 milhões já foram distribuídas aos estados pelo Programa Nacional de Imunização. Em tese, haveria portanto vacina bastante para aplicar duas doses nos mais de 213 milhões de brasileiros de todas as idades.

O principal problema têm sido as frustrações desse prospecto, sobretudo em razão das incertezas quanto aos carregamentos oriundos da China. A Fiocruz acaba de reduzir a menos da metade, para 50 milhões, a estimativa de produção completamente nacional de vacinas AstraZeneca neste ano.

O laboratório estatal sediado no Rio pretende compensar o desfalque com a importação ainda não contratada de mais insumos, o que dependerá de Pequim. À labiríntica burocracia chinesa também estão sujeitos os suprimentos ao Butantan, que receberá o próximo voo da potência asiática, com material suficiente para 10 milhões de doses, apenas no final deste mês.

Portanto, se há algo a que o presidente Bolsonaro deveria dedicar 24 horas de seu dia é a China e outros fornecedores que possam garantir e adiantar suprimentos. Os passeios de motocicleta, os insultos a quem lhe aponta as múltiplas falhas e as asneiras sinofóbicas deveriam dar lugar a uma imersão concentrada e obsessiva —trabalhar um pouco, até para variar.

Aos demais atores envolvidos na mais importante campanha de vacinação da história, também deveria ser incutido o senso de urgência. Tempo perdido significa morte.

Valor Econômico

Banco Central deve rever o balanço de riscos da inflação

Se as expectativas inflacionárias se desencorarem, mesmo com desemprego alto, o BC adicionará mais alguns pontos à Selic

O crescimento acima do esperado do PIB trouxe mais desafios para o Banco Central. Com a atividade mais forte, vários bancos e gestores de recursos elevaram não só suas projeções de inflação para o ano corrente, além do teto de 5,25%, como as de 2022, mais distante da meta de 3,5%. Há aposta de que a “normalização parcial” da última ata do Comitê de Política Monetária será arquivada e a Selic se deslocará no fim do ano para 6,5% – correspondente ao juro real neutro – ou entrará no terreno contracionista. O BC ainda não pensa dessa maneira, mas pode mudar de ideia.

Diante de um PIB mais forte no primeiro trimestre, a visão da autoridade monetária sobre o desempenho da economia estaria defasada, assim como sua insistência na “normalização parcial”, que o levou a anunciar nova elevação de 0,75 ponto da Selic na próxima reunião. Mas o BC já tinha uma visão mais acurada que boa parte do mercado antes da divulgação das contas nacionais na terça-feira.

Sobre uma das afirmações mais controversas da ata do Copom de maio, o BC retrospectivamente acertou. Primeiro, ao apontar que “a despeito da intensidade da segunda onda da pandemia ter sido maior que a esperada, os últimos dados disponíveis de atividade têm surpreendido positivamente”. Depois, ao avaliar que “os dados de atividade e do mercado de trabalho formal sugerem que a ociosidade da economia como um todo se reduziu mais rapidamente que o previsto, apesar do aumento da taxa do desemprego”.

Ou seja, o BC já havia considerado em seu cenário um desempenho corrente da economia melhor do que muitos analistas anteviam e que os números do PIB acabaram descortinando. Mesmo assim, o desempenho foi até um pouco melhor, o que pode mudar a dose de correção dos juros. O Copom estimava que a ociosidade da economia iria retornar ao nível de fins de 2019 nos próximos trimestres, quando, de maneira agregada, o PIB do início do ano mostrou que já se voltou ao nível pré-pandemia.

O balanço de riscos, que define os próximos passos da política monetária, pode ser alterado. Ainda que as incertezas sobre o desempenho futuro da economia continuem “acima do usual”, o impulso à atividade as torna um pouco menos incertas. Poderá modificar o cenário uma terceira onda ainda mais potente da pandemia, ainda que o BC e agentes do mercado contem com uma vacinação suficiente para imunização completa de setembro até o fim do ano. Assim, o enunciado “o processo de recuperação econômica dos efeitos da pandemia pode ser mais lento do que o estimado, produzindo trajetória de inflação abaixo do esperado”, pode não ser mais válido, o que joga a favor de uma dose maior de juros.

Por outro lado, o “risco fiscal elevado”, que há muito tempo criava uma “assimetria altista” no balanço de riscos foi em parte mitigado. Ainda que o regime fiscal não tenha ganhos de qualidade, a relação dívida bruta/PIB caminha mais em direção aos 85% do que aos 100%, como se previa. Os prêmios de riscos estão caindo, como prova a apreciação do real diante do dólar. Isso joga a favor de uma dose menor de juros.

Resta saber se “as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se no topo do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação” ou se, como parece, voltaram a fugir do limite. Há enorme pressão sobre os preços advinda das commodities. O IC-Br, divulgado na quarta-feira, mostrou avanços trimestrais fortes das commodities agrícolas (5,66%), metálicas (12% e de energia (9,7%). No ano, a evolução é bem pior: 24,2%, 30,6% e 35,14%, respectivamente. Essa pressão se estende a matérias primas e intermediárias da indústria, aferidas pelo IPA-FGV e aos preços monitorados, além de tudo majorados pela bandeira vermelha. Uma recuperação mais vigorosa do setor de serviços, ainda uma possibilidade, traria mais pressões ao IPCA.

Se as expectativas inflacionárias se desencorarem, mesmo com desemprego alto, como parece ocorrer, o BC adicionará mais alguns pontos à Selic. É plausível não encerrar o ano retirando todo o estímulo monetário (Selic a 6,5%), mas será necessário para isso aferir o que acontece com a inflação depois que passar o efeito estatístico de dois meses de deflação, que sairão do cálculo do IPCA anual em junho. A apreciação do real tem um papel vital nesse cálculo. Se cair abaixo dos R$ 5 por dólar e se mantiver aí por alguns meses, será possível “descontar” o aumento das commodities e conter parte muito relevante do impulso inflacionário.

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