Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (29/04/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Supremo determina realização do Censo ainda neste ano
Senear, desafio da futura Cedae
BNDES alivia dívida de pequenos
Requerimentos de governistas da CPI têm origem no Planalto
Daniel Silveira vira réu por ataques ao STF
Casos e mortes por Covid em queda no Brasil
Conselho do Grupo Globo tem novo presidente
Rivalidade com China domina discurso de Biden

O Estado de S. Paulo

Defesa do governo na CPI mobiliza milícias digitais
STF manda o governo adotar renda mínima e fazer o Censo
Deputado vira réu por atacar STF
Saúde falha em compra de novos testes
Ainda sem aprovação da Anvisa, SP começa a produzir Butanvac
Em balanço de 100 dias, Biden exalta vacinação e papel estatal
Evento-teste – Um show animador na Espanha

Folha de S. Paulo

Governo e aliados de Renan pedem tom mais baixo na CPI
Bolsonaro defende de novo cloroquina e diz que não vai se vacinar agora
Em decisão unânime, STF torna Daniel Silveira réu
Marco Aurélio ordena que Censo 2021 seja realizado
TRF-4 revoga prisão preventiva de Cunha, que continua detido
Procuradoria vê suspeita de favorecimento sob Pazuello
União paga R$ 10,3 mi em seguro para doses de Pfizer e Janssen
São Paulo lançará metas de desenvolvimento sustentável para se adequar à agenda 2030 da ONU
SP prorroga fase de transição, mas amplia o comércio
Em discurso, Biden faz aposta em nacionalismo

Valor Econômico

União de Americanas e B2W cria rival para Magalu e Via
Mulher perde 12 milhões de empregos na AL
‘Corporation’
País tem maior alta de jovens ‘nem-nem’
João Roberto Marinho vai presidir conselho do Grupo Globo
Butantan inicia a produção de sua nova vacina
“Ainda não é hora”
Depois de sair do varejo, Advent decide investir no setor químico
Cientista de dados é desafio para empresas

EDITORIAIS

O Globo

Nova mudança na equipe de Guedes desperta ceticismo

Desde o início, ministro da Economia se fez notar por declarações de impacto e promessas tão ambiciosas quanto irrealizáveis

No início do governo, Paulo Guedes assumiu como uma espécie de superministro, concentrando sob seu comando o que antes eram quatro ministérios. Sua meta era um programa econômico de matriz liberal, que reduzisse o peso do Estado sobre a economia, com destaque para as reformas da Previdência, tributária e administrativa, além do programa estratégico de privatizações.

Desde o início, Guedes se fez notar por declarações de impacto e promessas tão ambiciosas quanto irrealizáveis. Aos poucos, seu ministério foi sofrendo as consequências previsíveis da pressão política e da resistência às reformas predominante há décadas em Brasília. O plano anunciado mal saiu da prancheta. Apenas a reforma previdenciária, já encaminhada na gestão Temer, foi aprovada, com a desidratação previsível para atender a bases eleitorais do presidente Jair Bolsonaro — em particular, militares e policiais.

A tributária foi levada ao Congresso numa versão mais fraca que duas PECs que já tramitavam no Senado e na Câmara. A administrativa ainda continua no campo das boas intenções. O programa de privatizações, apesar do sucesso em leilões recentes, ainda anda a passos trôpegos. Os recursos emergenciais exigidos pela pandemia contribuíram para deixar em segundo plano qualquer projeto cujo objetivo fosse a austeridade e a saúde fiscal.

Como resultado, secretários estratégicos do ministério começaram a sair, a começar pelo do Tesouro, Mansueto Almeida, egresso ainda do governo Temer. No ano passado, deixaram o governo os encarregados das privatizações (Salim Mattar) e do programa de desburocratização (Paulo Uebel). A crise em torno da negociação do Orçamento resultou em mais mudanças esta semana. Os destaques foram a demissão do secretário Waldery Rodrigues — sempre firme na defesa de um Orçamento exequível, pagou um preço — e a saída da secretária Vanessa Canado, uma das maiores tributaristas do país, assessora especial para a reforma. Dos oito secretários da equipe original de Guedes, apenas um permanece.

Caíram também os presidentes de BNDES, Petrobras e Banco do Brasil, substituídos por nomes mais dóceis ao Planalto. É verdade que a nova equipe de Guedes ainda mantém um perfil técnico de competência reconhecida. Dentro do governo, porém, vêm de todos os lados pressões para desmembramento do ministério e recriação de pastas que, no passado, sempre foram usadas para atender a interesses políticos particulares, sem muito apreço pelo custo coletivo.

A nova configuração de sua equipe dá a Guedes uma última chance de entregar ao Brasil o que sempre prometeu. A realidade tem infelizmente dado a cada dia mais motivos para ceticismo. É até possível relevar o lado pitoresco de Guedes, aquele que diz que a China criou o coronavírus e vendeu ao Brasil uma vacina pior que as americanas, para depois sair desdizendo o que disse na tentativa de consertar o estrago. Palavras, afinal, são apenas palavras.

Atos são mais relevantes. Numa situação fiscal crítica, com pressão cambial e inflacionária, demanda social crescente e crise aguda como resultado da pandemia, mais do que nunca o momento é de ação concreta, sobretudo de capacidade política para pôr em marcha um programa ambicioso de reformas, de que o Brasil precisa para resgatar a confiança. Nesse ponto, é inegável que Guedes continua devendo.

O Estado de S. Paulo

Economia da obediência

O fracasso do Ministério da Economia, sem rumo, sem projetos e sem peso político, foi comprovado, mais uma vez, pela rendição de Paulo Guedes a pressões

O fracasso do Ministério da Economia, sem rumo, sem projetos e sem peso político, foi comprovado, mais uma vez, pela rendição do ministro Paulo Guedes a pressões do Congresso, de outras áreas do Executivo e também do presidente da República. Ao substituir alguns de seus principais auxiliares, como o secretário especial da Fazenda, o ministro cuidou apenas de uma reles acomodação política. Ele nem tentou disfarçar. “O que está acontecendo”, explicou, “é remanejamento da equipe justamente para facilitar negociações com o Congresso.” Negociações para quê? Para garantir a execução de uma ambiciosa política econômica? Até poderia ser, mas nada parecido com essa política foi apresentado em quase dois anos e meio de escassa atividade governamental.

A nova rendição é mais um desdobramento da enorme confusão sobre o Orçamento de 2021. Aprovado só em março, o projeto orçamentário, muito ruim desde a origem, ainda foi destroçado no Congresso para atender aos interesses paroquiais de parlamentares. Emendas foram infladas, gastos obrigatórios foram subestimados e a sanção presidencial foi decidida, enfim, no meio das negociações entre Poderes e de graves divergências dentro do Executivo.

Já desgastado em outros episódios, o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, atraiu novas críticas. Com isso, ficou mais exposto à destituição, enfim anunciada, juntamente com outras mudanças, na terça-feira. Considerado um fiscalista rigoroso, ele chegou a propor, no ano passado, o congelamento de aposentadorias ligadas ao salário mínimo. O presidente reagiu, ameaçou demissões e o ministro aceitou a pressão, embora houvesse admitido, inicialmente, a proposta impopular formulada pelo secretário.

A desarticulação da área econômica, no entanto, é muito mais importante que o conteúdo das polêmicas. O Ministério da Economia negociou mal, e de forma confusa, a forma final do Orçamento. O ministro falhou na escalação do pessoal autorizado a se manifestar e na definição dos temas e objetivos da negociação. Os parlamentares conseguiram, afinal, manter boa parte das emendas infladas. Ficou para o Executivo a missão de completar os ajustes. Cortaram-se verbas destinadas ao censo demográfico, já atrasado, ao programa habitacional e a outras ações de importância econômica e social, em áreas como educação, serviços de saúde e pesquisa médica.

Houve pouca discussão sobre os efeitos desse ajuste, mas o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo apontou possíveis consequências. Os cortes, segundo o sindicato, poderão impedir ou dificultar a produção de cerca de 215 mil unidades habitacionais em todo o País, com perda de “mais de 400 mil empregos diretos e indiretos”.

Especialistas podem debater os detalhes, mas o investimento em habitação é conhecido como importante fonte de empregos e de estímulos a vários setores da indústria – nos segmentos de aço, plásticos, cimento, vidros, guindastes, tratores, tintas e móveis, entre outros. Pode-se perguntar se o governo leva em conta informações como essas ao tomar decisões sobre política orçamentária. A resposta é provavelmente negativa, a julgar pela escassa atenção destinada, habitualmente, às condições de funcionamento da economia, isto é, ao dia a dia da produção e dos negócios.

Essa pouca atenção foi demonstrada na decisão de reduzir o auxílio emergencial a partir de setembro e extingui-lo na virada do ano. O aumento da miséria foi uma das consequências. Depois, aparentemente surpreendido, o governo teve de negociar com o Congresso ações para restabelecer a ajuda. Não houve sequer, em 2020, o planejamento necessário para o enfrentamento continuado da crise. Sem plano e sem prioridades para a economia real, o governo se aproxima de um período eleitoral muito perigoso para as finanças públicas, com o Tesouro sujeito às pressões do presidente e de seus aliados dentro e fora do Congresso. Se nada surpreendente ocorrer, a função do Ministério da Economia será tentar a conciliação dessas pressões.

Folha de S. Paulo

Censo no tribunal

Governo e Congresso devem reparar com urgência enorme erro de parar levantamento

A etimologia da palavra “estatística” se confunde com a noção de estado, status: ciência que busca retratar com números a presente situação. A partir do século 19, consagrou-se a ideia de que todo país é ingovernável sem ela —uma noção que o governo Jair Bolsonaro não parece compreender.

O Censo demográfico se realiza a cada dez anos, ou deveria realizar-se. Em 2020 adiou-se a pesquisa, e com razão, em meio ao fragor da pandemia. Seria feito neste ano, mas Congresso e Presidência se uniram para ceifar de R$ 2 bilhões para R$ 50 milhões a verba do levantamento, inviabilizando-o.

Os prejuízos são, literalmente, imensuráveis. A maior parte das políticas públicas perde foco quando não se conhecem características das populações-alvo. Por exemplo, transferências da União para estados e municípios se fazem com base em projeções que, sem o Censo, se afastam da realidade.

Estudos amostrais como a Pnad dependem de parâmetros fornecidos pelo Censo. Até pesquisas de opinião e de mercado, vitais para o setor privado, necessitam do recenseamento para não cair nos desvãos de tendências indetectadas.

O talho no orçamento do IBGE ameaça até a realização do levantamento em 2022. O recurso restante é insuficiente para os trabalhos de preparação e treinamento imprescindíveis para que recenseadores visitem com segurança 72 milhões de domicílios.

Entende-se que o desastroso enfrentamento da Covid-19 pelo governo federal e a fragilidade fiscal do Estado brasileiro impõem obstáculos consideráveis para o censo. O atraso, portanto, precisa ser minimizado desde já.

Em condições normais de temperatura e pressão, o governo deveria estar fazendo todo o possível para reunir recursos capazes de garantir o recenseamento dentro do menor prazo possível. Entre a ignorância do Planalto e a inoperância da área econômica, entretanto, nenhuma providência se nota.

Chega-se ao cúmulo, agora, de ver o tema chegar aos tribunais —mais especificamente ao Supremo Tribunal Federal, cujo plenário examinará liminar concedida nesta quarta-feira (28) pelo ministro Marco Aurélio Mello determinando a realização do Censo 2021.

Infelizmente não basta uma canetada do Judiciário para viabilizar a pesquisa em tempo hábil. Além de conseguir dinheiro, há uma série de medidas a serem tomadas, a começar por um concurso para recenseadores. De todo modo, é bom que Executivo e Legislativo estejam obrigados a reparar o enorme erro que cometeram juntos.

Valor Econômico

O aquecimento global pode custar caro aos bancos

O BC tem mais propostas para ampliar o combate para deter o aquecimento

Os bancos terão de ficar cada vez mais atentos ao que se passa com o clima e, de todos os motivos possíveis para isso, há um muito convincente: podem perder bastante dinheiro com o aquecimento global. Ele cria desafios para todos os negócios, muda a percepção de risco de todos os agentes e torna complexa a precificação de algo que até hoje foi pouco, ou mal, avaliado. Em um cenário climático deteriorado, a própria estabilidade financeira está em jogo.

Não é apenas a regulação bancária que está se adaptando aos novos e mais difíceis tempos. O Banco Central colocou recentemente em consulta pública normas para que os bancos incorporem fatores sociais, ambientais e climáticos em suas políticas de gerenciamento de riscos. Já concluiu outra consulta pública sobre critérios socioambientais para o crédito rural. Ambas jogam no mesmo sentido, de desestimular o financiamento de negócios que contribuam para aumentar as emissões de gases estufa, destruam florestas, poluam rios e degradem o ambiente.

As mudanças de curto prazo no clima “não tiveram impactos relevantes sobre depósitos ou crédito no Brasil”, concluiu o Banco Central em seu Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro trimestre, com base em estudo inédito (de Juliano Assunção, da PUC-Rio, Flávia Chein, Universidade Federal de Juiz de Fora, Giovanni Frisari, do BID e Sérgio Koyama, do BC), que avaliou os efeitos em nível municipal, no período entre 2004 e 2017, de fenômenos climáticos adversos. Isto ocorre porque os bancos se adaptaram à evolução de secas e inundações, que estão mudando significativamente, da mesma forma com que se adaptam a uma situação econômica arriscada – reduzindo o crédito para controlar a inadimplência. A menor liquidez diminui as atividades e, com elas, os volumes de depósitos.

A estratégia visa fugir de perdas potenciais que não são pequenas. O estudo estima o que ocorreria nesse período se os bancos não se adaptassem – algo possível no caso de secas, nem tanto no caso de inundações. A inadimplência diante das estiagens subiria a 8%, com uma queda de 61,9% nas carteiras ativas das instituições, acompanhadas por retração de 34,5% nos depósitos a vista e 78,5% nos a prazo. Ao agir com enorme precaução (adaptação), o resultado foi de aumento de 13,1% na carteira ativa e uma queda de 2,4% na inadimplência. Os cortes de crédito preventivos foram menos intensos nos bancos estatais do que nos privados. Com isso, as instituições oficiais sofrem impacto maior pela inadimplência decorrente das secas.

Mas o que ocorreria se as mudanças climáticas seguissem o curso previsto pelo IPCC? Foram criados modelos para estimar o impacto de longo prazo de chuvas e das temperaturas sobre os resultados financeiros com os cenários propostos pela instituição da ONU. O saldo da carteira ativa dos bancos despencaria no mínimo 22%, na média, 31% e no máximo, 48%. O crédito poderia se reduzir em cerca de 20%. A taxa de inadimplência aumentaria 12%, e no máximo 18%.

Apenas como base de comparação (não feita no estudo), esse cenário é muito mais danoso para as instituições financeiras que, por exemplo, os cenários de estresse a que o Banco Central as submeteu, que considerava duas situações. A volta inesperada de uma recessão em 2021, com a mesma (forte) intensidade da de 2015, e deterioração fiscal da magnitude de 2015-2016, com idêntica retração econômica. Os ativos problemáticos, nessa situação, somariam 10,1% da carteira total de crédito, superando o pico de 8,1% de março de 2017.

Diante do aquecimento global, é importante não só agir para evitar os piores cenários, mas também medir os riscos em alta. A falha em precificá-los pode afetar “substancialmente” as instituições financeiras, logo a economia como um todo, adverte o Banco Central. “Elas podem ter perdas, por exemplo, se financiarem indústrias que deixam de ser competitivas numa economia de baixo carbono, ou se tiverem como garantia um imóvel em área sujeita a intempéries relacionadas à mudança climática”, disse Kathleen Krause, do Departamento de Regulação Prudencial e Cambial do BC (Valor, 26 de abril).

O BC, acertadamente, tem mais propostas para fortalecer as defesas contra riscos ao mesmo tempo que ampliar o combate para deter o aquecimento. Está prevista uma terceira consulta pública que incorpora recomendações internacionais para que os bancos ampliem o detalhamento da sustentabilidade dos projetos que financiam.

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