Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (23/04/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

STF forma maioria para confirmar suspeição de Moro
Pressão internacional leva Bolsonaro a anunciar nova meta
Síndrome pós-Covid já afeta 1,4 milhão
Marcelo Queiroga – ‘Minha função não é vigiar o presidente’
Cedae: Fux cassa liminar, e concessão volta a ser de 35 anos
Pico de Havaí, vista do Pão de Açúcar

O Estado de S. Paulo

Maioria do STF valida decisão sobre parcialidade de Moro
EUA adotam corte de emissões; Brasil revê meta
Credibilidade ainda sob risco
Homicídios crescem em seis regiões do Estado de SP
Caminhoneiros vão ao encontro da Faria Lima
Pouco sono após os 50 anos pode causar demência

Folha de S. Paulo

Supremo forma maioria para confirmar suspeição de Moro
Bolsonaro contradiz seu governo e repete metas em Cúpula do Clima
Pronunciamento não reflete ações do governo federal; leia checagens e contextualizações
Orçamento com vetos é sancionado conforme acordo
TCU vê dano em doação a programa de Michelle
Aline Thomaz – Jovens estão com medo de sequelas
Guilherme Leal – Investidor não quer vir ao Brasil
Mais de 16 mil têm registro de doses trocadas de vacina
Cresce busca de pulmão artificial usado para tratar Paulo Gustavo
Medicamentos do ‘kit intubação’ são doados ao SUS em mandarim
PM irmão de Witzel é preso em SP em ação de combate ao PCC
Índia bate recorde mundial de infecções em um dia

Valor Econômico

Corrida pelo carbono neutro aumenta o fosso entre países
Alto imposto nos EUA faz as bolsas caírem
Parcialidade de Moro está em 7 a 2 no STF
Atraso na vacinação de prioritários preocupa
‘Home office’ reduz gasto com planos de saúde
Registro de testamentos cresce no país
Obras federais no Orçamento serão afetados

EDITORIAIS

O Globo

No meio ambiente, Brasil passou de protagonista a pária

Bolsonaro precisará convencer o mundo de que as metas que anunciou são para valer

O Brasil confirmou ontem, na Cúpula de Líderes sobre o Clima, convocada pelo presidente americano, Joe Biden, que, sob Jair Bolsonaro, seu tamanho encolheu nos encontros multilaterais sobre o tema. Anfitrião da Rio-92, que cinco anos depois resultaria no Protocolo de Kyoto, com as primeiras metas para redução nas emissões de gases, o país perdeu credibilidade e participou da reunião como coadjuvante visto com desconfiança. O motivo é o avanço da devastação na Amazônia, resultado da leniência de um governo negacionista e incapaz no Meio Ambiente.

Bolsonaro até mudou o tom de outros pronunciamentos. Antecipou em dez anos, para 2050, a meta de neutralidade nas emissões de carbono. Também se comprometeu a eliminar o desmatamento ilegal até 2030 e falou em dobrar os recursos para os órgãos de fiscalização ambiental. Mas não parecia confortável no novo figurino ambientalista — e ninguém acreditou nele.

Na vida real, o Ibama está sem operar depois que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mudou o método de trabalho do órgão para dificultar a emissão de multas. Recordes de queimadas e devastação continuam a ser batidos, como constatam todos os levantamentos independentes.

Só em março, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), foram desmatados 810 quilômetros quadrados, mais que o triplo do total registrado no mesmo mês do ano passado — e a maior destruição em 10 anos. A área é um pouco maior que a ocupada pela cidade de Goiânia. Em janeiro, a devastação de 196 quilômetros quadrados já representava alta de 46%.

Na campanha de 2018, ficara clara a despreocupação do candidato Bolsonaro com o meio ambiente. Na época, empresários do agronegócio chegaram a alertar o futuro presidente para o risco de retaliações no exterior se o desmatamento na Amazônia não fosse combatido. Hoje, países europeus se recusam a referendar o acordo comercial com o Mercosul por esse motivo.

Dada sua falta de credibilidade, principalmente quando o assunto é meio ambiente, Bolsonaro precisará convencer o mundo de que as metas que anunciou são para valer. A tônica do governo, reforçada em entrevista do ministro Salles depois da participação do presidente na Cúpula , foi pedir dinheiro para garantir o cumprimento de todas as promessas. Na prática, é um discurso que já traz pronta a desculpa para quando não forem cumpridas: faltou dinheiro. A marca do governo Bolsonaro na questão ambiental continua sendo o retrocesso.

É visível a perda de status internacional do Brasil desde que Bolsonaro chegou ao Planalto. Ficou na memória de todos a cena ocorrida na Conferência do Clima de Copenhague, em 2009, quando o então presidente americano, Barack Obama, invadiu a sala em que se reuniam representantes de Brasil, China, Índia e África do Sul, que tentavam unificar suas exigências — e se sentou ao lado de Lula, a quem chamou de “amigo”. O Brasil era, naquele momento, a peça-chave na negociação entre chineses e americanos para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa. Ontem, no discurso de Bolsonaro, Biden saiu da sala. Prova eloquente de que, em pouco mais de onze anos, o Brasil passou de protagonista a pária nas discussões sobre o clima.

O Estado de S. Paulo

A aula do ministro da Saúde

Marcelo Queiroga afirmou que o País estaria melhor se a população seguisse protocolos sanitários. Ele poderia dizer isso ao chefe

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse na terça-feira que o Brasil estaria numa situação bem melhor se a população estivesse seguindo os protocolos sanitários para conter a pandemia de covid-19. Queiroga deu essas declarações a integrantes da Confederação Nacional de Municípios, mas bem que poderia fazer essa mesma preleção para seu próprio chefe, o presidente Jair Bolsonaro.

“Se a população estivesse usando máscaras, mantendo o distanciamento, evitando aglomerações, se houvesse um programa de testagem mais adequado, isolamento de casos positivos e dos seus contactantes, se fizéssemos a disciplina dos transportes urbanos e para o funcionamento dos setores estratégicos, os senhores podem ter certeza de que não estaríamos vivendo o momento que estamos vivendo hoje”, explicou, didaticamente, o ministro Queiroga.

A declaração do ministro da Saúde prima pela obviedade. Desde o início da pandemia, lá se vai mais de um ano, já se sabe que a única forma de evitar a contaminação é manter a população em isolamento. Já se sabe também que o uso de máscaras é determinante para impedir a proliferação do vírus entre aqueles que, por um motivo ou outro, precisam sair de casa. Também é do conhecimento de todos, há muito tempo, que é preciso fazer testagem ampla e sistemática para identificar focos de contaminação e isolar os casos detectados.

Queiroga, convém recordar, é o quarto ministro da Saúde do governo Bolsonaro. Mais do que isso: é o quarto ministro dentro do período da pandemia, justamente quando era mais necessário um planejamento sólido do Ministério da Saúde para o enfrentamento da doença. Nada disso é possível quando, a cada troca de ministro, se trocam também os principais assessores e mudam as diretrizes.

Para piorar, sabe-se muito bem que Bolsonaro fez suas tantas mudanças no Ministério da Saúde não na tentativa de melhorar o trabalho da pasta, mas sim de subjugá-la a seus propósitos eleitoreiros e a suas extravagâncias pessoais. Descontente com ministros que defendiam medidas duras e impopulares para combater o vírus, o presidente preferiu dar ouvidos aos negacionistas que insistiam em minimizar a pandemia e não sossegou enquanto não encontrou um sabujo que lhe dedicasse integral vassalagem.

Esse dócil ministro, o intendente Eduardo Pazuello, fez exatamente o que o presidente dele esperava, colaborando de maneira decisiva para atrasar a vacinação e para ignorar a tarefa central do Ministério da Saúde, que é a de coordenar os esforços nacionais contra a pandemia.

Diante do recrudescimento da pandemia, Bolsonaro cedeu à pressão das forças políticas que o sustentam e, muito a contragosto, demitiu Pazuello. Para seu lugar, o presidente escolheu o médico Marcelo Queiroga – que, se pouco está fazendo para reparar o descalabro que seu antecessor deixou, ao menos dá declarações sensatas, como as que fez à Confederação Nacional de Municípios.

Na ocasião, o ministro, talvez de modo involuntário, praticamente forneceu à CPI da Covid um roteiro pronto e acabado para as investigações. Quando citou a falta de incentivo para o uso de máscaras e para evitar aglomerações, o ministro expôs o comportamento inconsequente do presidente Bolsonaro, que raramente aparece de máscara e frequentemente incita aglomerações. Quando mencionou a importância de um “programa de testagem mais adequado”, trouxe à memória o caso do desperdício de 3,7 milhões de testes que o Ministério deixou vencer e também o fato de que o governo abandonou as metas de testagem, já que não conseguiu cumprir nenhuma. Por fim, quando citou a necessidade de isolamento, o ministro evidenciou a notória irresponsabilidade do presidente, que faz campanha sistemática contra o distanciamento social.

O ministro Queiroga aproveitou o ensejo para informar que, mais de 380 mil mortos depois, o Ministério da Saúde finalmente fará uma “orientação geral” sobre o uso de máscaras e outras medidas preventivas. Pode até ser uma iniciativa honesta, mas, depois de um ano de negacionismo, de sabotagem e de desorientação criminosa por parte do governo e do presidente Bolsonaro, soa como piada de mau gosto.

Folha de S. Paulo

Negação da negação

Nova retórica ambiental de Bolsonaro se choca com a prática e revela cinismo

Isolado internacionalmente, o presidente Jair Bolsonaro confirmou a guinada no discurso, e por ora apenas no discurso, ambiental. A moderação e a adesão resignada ao consenso nortearam sua breve intervenção na cúpula do clima organizada pelo governo dos EUA.

Está admitida na fala do mandatário brasileiro a causa do aquecimento global —”a queima de combustíveis fósseis ao longo dos últimos dois séculos”. Não é pouco para quem costuma trilhar os labirintos do obscurantismo científico.

Também foram reconhecidos esforços de gestões que precederam a de Bolsonaro —até porque a atual não tem nada que não seja desastroso a apresentar— para evitar a liberação de carbono à atmosfera. Notável para quem costuma tachar adversários, tucanos e petistas inclusos, de “comunistas”.

O presidente do Brasil, que na campanha eleitoral e no início do governo flertou com abandonar o acordo global climático, agora reafirmou as metas nacionais de redução de emissões de gases do efeito estufa de 37% até 2025 e 43% até 2030, considerados os níveis de 2005. Cumpriu o que prometera dias antes em carta ao seu homólogo norte-americano, Joe Biden.

O objetivo de zerar o desmate ilegal até o final da década, bem como o pedido para que o Brasil seja remunerado por outras nações pelos serviços de preservação da Amazônia, foi igualmente veiculado, como havia sido antecipado.

O cotejo entre o que agora fala para o público externo o presidente da República, de um lado, e o que o seu gabinete faz na área ambiental, do outro, leva a crer que a administração federal está transitando do negacionismo não para o cerco enérgico aos aniquiladores da floresta —mas sim para o cinismo.

Afinal o governismo acaba de manifestar prestígio ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que atua contra os objetivos de sua pasta e há muito deveria ter sido demitido. O Planalto exonerou um delegado federal do Amazonas porque ele resistiu à inusitada aliança entre Salles e madeireiros para sabotar uma gigantesca apreensão de madeira.

Tudo somado, a nova retórica de Bolsonaro parece mais uma tática para ganhar tempo —ou ”enrolar os gringos”— e lançar uma cortina de fumaça enquanto as práticas ambientais nefastas continuam a ser toleradas e até incentivadas por baixo do radar. O erro está em julgar a comunidade nacional e internacional ingênua e estúpida a ponto de cair na esparrela.

Se ações eficazes antidesmate não ficarem logo evidentes, o pujante agronegócio brasileiro será punido por nações importadoras. Quando se trata de Jair Bolsonaro, a negação da negação não leva necessariamente a resultado virtuoso.

Valor Econômico

Cúpula reaviva empenho global contra aquecimento

Antes e durante a Cúpula ficou claro que o Brasil deixou de ter papel relevante na condução da agenda ambiental. O preço disso será cobrado logo

A volta dos Estados Unidos às negociações do clima reabriram uma fresta de otimismo no combate ao aquecimento global. A Cúpula dos Líderes sobre o Clima, que termina hoje, catalisou compromissos maiores de redução das emissões até 2030 dos principais poluidores mundiais – os EUA são o segundo maior deles, a China, o primeiro. Nem todas as promessas podem se concretizar, mas se o forem é possível tirar os países da zona de conforto e desviar a trajetória do aumento das temperaturas do planeta. No passo perdido na Conferência do Clima em Copenhague, reencontrado com o Acordo de Paris, rompido com a saída dos EUA do acordo, a Terra caminha para temperatura até 3.9o Celsius, quando se sabe que 1,5o é um limite que não deveria ser ultrapassado, 2o C já é uma zona de desastres e, acima disso, de catástrofes sucessivas.

Há vários objetivos de Joe Biden com a cúpula. O primeiro deles foi mostrar uma nova determinação dos EUA de impulsionar a agenda climática, que trará benefícios globais e aos EUA, e para a qual a liderança americana tem um peso decisivo, como pode ser visto em contraprova com o atraso promovido pelo negacionista Donald Trump. Depois, as tecnologias para conter o aquecimento estarão na vanguarda em meio a outras mais disputadas no futuro próximo, como já são a inteligência artificial, internet das coisas, genética, e serão essenciais para o desenvolvimento econômico. E, tão importante quanto, criarão empregos de qualidade e bem remunerados.

Biden quer uma revolução tecnológica verde para mudar a infraestrutura da economia americana e impulsionar bons empregos. É um plano de US$ 2,2 trilhões, ambicioso, que pode não se realizar. Os republicanos já propuseram uma contrapartida diminuta, de US$ 568 bilhões, para que Biden não tenha de elevar os impostos corporativos, como prometeu. O presidente americano abriu a frente “verde” de competição com a China, que já leva a dianteira global em relação a tecnologia destinada a energias alternativas.

O empurrão dado pela Cúpula dos Líderes, que poderá ser amplificado e disseminado até a CoP-26 de Glasgow, foi significativo. Os EUA praticamente dobram sua meta até 2030, para cortes em emissões de 50%-52% em 2030, ante os 26-28% até 2025 propostos pelo governo Obama. O corte europeu é de 55% e o japonês, de 46% no mesmo ano. Xi Jinping, presidente da China, que depende muito do carvão como fonte de energia, disse que o pico das emissões será atingido até 2030, com a desaceleração do uso do carvão a partir de 2021 – o auge das emissões chinesas, antes, ia além do fim da década. A neutralidade em carbono foi mantida em 2060, ante 2050 da maioria das nações.

Com o que foi dito na Cúpula, as metas alinham intensidade de redução mais significativa pelos maiores poluidores e com o poder econômico que desfrutam. EUA, China, União Europeia e Japão liberam 49% dos gases de efeito estufa do mundo e compõem 48,7% do PIB global. A intenção manifesta destes países de intensificar suas ações até 2030 significa que o combate ao aquecimento global pode subir a um patamar em que não esteve até hoje. No caso da China, a declaração conjunta com os EUA sobre o tema e a presença de Xi na Cúpula, reedita uma dupla que ajudou a sedimentar o Acordo de Paris, só que agora com metas maiores.

Na sombra da Cúpula, entidades governamentais e empresas privadas lançaram fundo para proteção das florestas tropicais e subtropicais e mostraram urgência na organização ampla de um mercado de carbono. Os bancos deverão entrar firmes no financiamento de ações contra o aquecimento, disse o enviado do clima, John Kerry, para quem há intenção de grandes instituições financeiras de dar crédito de US$ 4,1 trilhões para projetos de baixo carbono. O Tesouro americano e as instituições multilaterais apontaram nessa mesma direção. “Os esforços anteriores para apoiar o investimento privado não atingiram, nem de longe, a escala necessária para tornar a economia global mais verde”, disse a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.

Rivalidades ideológicas foram neste momento postas de lado, com o engajamento de Rússia e China na cúpula convocada por Biden. O Brasil anunciou a antecipação da zeragem de emissões de 2060 e 2050, mas no curto prazo manteve metas para 2030 que significam mais emissões. Antes e durante a Cúpula ficou claro que o Brasil deixou de ter papel relevante na condução da agenda ambiental. O preço disso será cobrado logo.

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