Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (28/01/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Butantan cobra, mas governo não garante compra de vacinas
De olho na retomada, indústria corre atrás de imunizantes
Bolsa Família: ministério pode ir para o centrão
Alta de casos e nova cepa levam Portugal a vetar voos do Brasil
Primeira dose de esperança
No Senado, MDB avalia abandonar Simone Tebet

O Estado de S. Paulo

Governo avalia corte no imposto do diesel para atender caminhoneiros
Candidatos de Bolsonaro falam em barrar CPIs
Guedes estuda facilitar corte de jornada e de salários
Verba para Manaus não acompanhou alta da covid
SP pede para adiar 2ª dose de Coronavac
Butantan fala em exportar vacinas
Biden põe foco no clima; Brasil pode ser afetado

Folha de S. Paulo

Biden lança plano de US$ 2 tri contra mudança climática
Capital paulista vai usar estoque inteiro na 1ª dose
Sem decisão da Saúde, SP cogita exportar vacina
Legado da pandemia será a telemedicina, afirma cardiologista
Por demanda, empresa mudará suprimento de oxigênio em SP
Bolsonaro admite interferência na eleição da Câmara
Portugal veta voos vindos do Brasil ou rumo ao país
Governista, Lira é contra criação de CPI da Covid
Viajante do Brasil ficará isolado na Inglaterra
Desigualdade e vírus podem gerar onda antirreforma
Governo quer novo pacote de jornada e salários

Valor Econômico

Grandes empresas descartam aderir à compra de vacinas
Receita perde R$ 167 bi com compensações
Grupo de rede social vira o jogo na bolsa
Biden dá guinada para a transição energética
Check-in com saúde
Comércio eletrônico cresce 41,2%

EDITORIAIS

O Globo

Com falta de vacinas, é preciso reforçar prevenção do contágio

Alheio à disparada do número de infectados e mortos, país corre o risco de virar uma grande Manaus

O Programa Nacional de Imunização contra a Covid-19 avança ao ritmo de conta-gotas. Depois dos dois milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca importadas de forma atabalhoada da Índia, o governo anunciou a compra de mais um lote de 10 milhões, que deverá desembarcar no Brasil até 8 de fevereiro. A chegada de 5.400 litros do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), da China, prevista para os próximos dias, permitirá que o Instituto Butantan produza mais 8 milhões de doses da CoronaVac.

Somados aos 10 milhões de doses já produzidas, teríamos um total de 30 milhões. Que não são suficientes nem para as os grupos prioritários, que somam 77 milhões e demandam 154 milhões de doses. Por ora, a produção prevista de 100 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca pela Fiocruz, no primeiro semestre, ainda é uma esperança, devido ao atraso na matéria-prima. Mesmo que chegue nos próximos dias, como se espera, o cronograma já está comprometido.

O fracasso retumbante no plano de imunização da dupla Bolsonaro & Pazuello, no momento em que a segunda onda avança pelo Brasil, deveria ensejar uma preocupação maior com as medidas de prevenção ao coronavírus. Salvo exceções, não é o que se vê no país. A começar pelo presidente da República, que abomina a máscara, a ponto de causar constrangimento entre assessores. Não está sozinho. Cenas de praias lotadas, aglomerações em bares, bailes e festas clandestinas mostram que o país segue em sentido oposto ao aumento preocupante de infectados e mortos — na maior parte dos estados, os números estão em alta ou estabilizados em patamares elevados.

Mesmo quando tomam decisões corretas, os governos agem tardiamente. Só agora o país decidiu proibir voos vindos da África do Sul, devido a uma nova variante mais contagiosa do Sars-Cov-2. Manaus, que enfrenta o caos, só acordou para as medidas mais severas de restrição quando a situação já estava totalmente fora de controle.

Num país onde há gente morrendo por falta de oxigênio, chama a atenção o discurso do novo presidente do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, desembargador Carlos Eduardo Contar. Ao tomar posse no dia 22, criticou o “irresponsável, covarde e o picareta da ocasião” que prega o “fiquem em casa”. E se referiu ao trabalho da imprensa na pandemia como “esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre”. Palavras que revelam um misto de ignorância e descaso.

Acumulam-se cadáveres, acumulam-se também os erros e trapalhadas do governo. Enquanto isso, a vacinação em massa ainda demora. O que reforça ainda mais a necessidade de prevenir o contágio para que o Brasil não vire uma grande Manaus. Seria o pior cenário, é verdade, mas, no que se refere à pandemia, já se viu que, no governo Bolsonaro, o pior não parece ter limites.

O Estado de S. Paulo

As urnas de 2018 e a altivez do Congresso

A altiva disposição do eleitor de renovar o Congresso em 2018 não merece ser convertida numa degradante vassalagem

As eleições legislativas de 2018 proporcionaram um fato inédito. Velhos nomes da política não foram eleitos, ao mesmo tempo que muitos novos candidatos conseguiram uma cadeira no Congresso. Tão logo se encerrou a apuração dos votos, o fenômeno ficou evidente. Mesmo com um sistema eleitoral cheio de defeitos, o eleitor tinha conseguido promover uma contundente renovação da Câmara e do Senado.

De fato, os números das eleições legislativas de 2018 são impressionantes. Mais de 50% dos membros da Câmara e 85% dos eleitos para as vagas no Senado eram de novatos na política ou de políticos que estavam fora e voltaram.

Naturalmente, o “novo” não é necessariamente sinônimo de benéfico para o País. Mas aí está outro importante aspecto das eleições de 2018. O eleitor não apenas promoveu uma renovação inédita do Congresso, como essa renovação transmitiu uma orientação clara para os parlamentares eleitos. Cansada das velhas práticas políticas, a população queria uma profunda renovação não apenas de nomes, mas principalmente de costumes e práticas políticas.

Nas urnas de 2018, o eleitor estabeleceu um novo patamar moral e cívico para a política. O que havia sido tolerado por tantos anos, às vezes por décadas, já não deveria mais ser permitido. Não haveria mais tolerância, por exemplo, para transformar a atividade parlamentar em balcão de negócios. Os escândalos do mensalão e do petrolão tinham mostrado, com abundância de detalhes, os males que a corrupção da política causa ao País.

Todo esse impressionante cenário de 2018, tão próprio da democracia – o eleitor manifestando com o voto o que deseja para o País –, não pode ser esquecido às vésperas das eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Um Congresso eleito com tamanha taxa de renovação e chamado a renovar os costumes políticos não pode se esquecer de sua origem. Em outras palavras, não cabe a um Congresso minimamente fiel à vontade das urnas de 2018 eleger os dois candidatos do Palácio do Planalto para as presidências das duas Casas.

Basta ver, por exemplo, que Arthur Lira (Progressistas-AL), condenado em segunda instância por improbidade administrativa, só tomou posse como deputado federal em 2019 em razão de liminar do Tribunal de Justiça de Alagoas. Parece ser uma troça com os anseios da população por uma nova moralidade pública alçar, pouco mais de dois anos depois, o deputado alagoano à presidência da Câmara.

Além disso, os dois candidatos do Palácio do Planalto colocam-se a uma grande distância de qualquer compromisso com as reformas, outra grande pauta das eleições de 2018. As recentes manifestações de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) mostram disposições bem mais modestas. Mais do que mudanças legislativas estruturantes, o que suas respectivas campanhas anunciam é um eficaz sistema de atendimento de interesses.

Mas há ainda outro aspecto mais dramático. As eleições para as presidências da Câmara e do Senado colocam à prova a própria autonomia do Congresso, enquanto Poder independente em um Estado Democrático de Direito. Com os seus votos, deputados e senadores não apenas escolherão os nomes que vão presidir a Câmara e o Senado, respectivamente. Eles definirão a identidade do Congresso perante o Executivo nos próximos dois anos.

De alguma forma, esse é o principal aspecto da relação entre a vontade da população e as eleições deste ano para as duas Casas legislativas. Nas urnas de 2018, o eleitor condenou a tentativa das administrações petistas de subjugar o Legislativo aos mandos do Executivo por meio do mensalão e do petrolão. Agora, há o risco de que parlamentares eleitos por essa mesma disposição moralizadora venham a instaurar uma nova servidão no Congresso, tornando-o submisso ao Palácio do Planalto – ou um órgão subalterno para cumprir as vontades de Bolsonaro.

A altiva disposição de renovar a política de 2018 não merece ser convertida numa das mais degradantes vassalagens que se conhece na política – o Legislativo que se aniquila perante o Executivo. A Venezuela trilhou esse caminho.

Folha de S. Paulo

Dobrar o alcance

Há boas razões para adiar 2ª dose de vacinas contra Covid e atingir mais pessoas

O pior cenário para o debate sobre postergar ou não a segunda dose das vacinas contra a Covid-19 seria vê-lo capturado pela polarização. A saúde pública não pode perder tempo com mais picuinhas entre os governos federal e paulista em tema que exige decisão rápida e amparada na ciência.

A Prefeitura de São Paulo decidiu que usará todas as 368,3 mil unidades de imunizante recebidas até esta quarta- feira (27) para vacinar pela primeira vez pessoas do grupo prioritário. Em comunicado, a Secretaria Municipal da Saúde informa que as segundas doses serão ministradas só com o preparado de futuras remessas.

O governo do estado cogita o mesmo e pressiona o Programa Nacional de Imunização a alterar o protocolo, ampliando o prazo do reforço para 28 dias ou mais. Argumenta-se que, na Turquia, intervalos maiores entre doses da Coronavac induziram eficácia até maior que os 50,4% anunciados aqui.

Diante da escassez de vacinas, fruto da incúria do governo Jair Bolsonaro —que chega ao acúmulo de retardar a resposta sobre o interesse em 54 milhões de doses adicionais do produto do Butantan—, existem sem dúvida boas razões em favor da postergação.

Não faria sentido manter metade do ínfimo estoque na prateleira quando há mais vacinas por chegar; melhor imunizar o máximo de pessoas já e adiar por pouco tempo a segunda dose.

O repique da epidemia, de volta ao patamar de mil mortes diárias, o advento de uma mutação que parece tornar o coronavírus mais transmissível, talvez mais letal, e a perspectiva de colapsos hospitalares constrangem autoridades a tomar medidas ousadas. Assim já decidiu o Reino Unido, e outros países estudam seguir o exemplo.

No caso da vacina Covishield, da iniciativa AstraZeneca/Oxford, há evidência científica de que o prazo entre doses pode ser de até 120 dias.

Dos testes clínicos realizados com o imunizante da Sinovac/Butantan, não foram publicados resultados para avaliar qual o grau de proteção proporcionado pela primeira dose, embora o comando do Butantan mostre confiança.

Além disso, percalços até aqui ocorridos na importação de matéria-prima sugerem cautela ao contar com a chegada de novos suprimentos em tempo para o reforço.

O problema no Brasil ainda é a quantidade insuficiente de vacinas. O foco de todos os governos —federal, estaduais e municipais— deve permanecer em contratar mais unidades e acelerar a vacinação, que começa ainda lentamente. A postergação da segunda dose, de objetivos meritórios, deve ser encarada como paliativo.

Valor Econômico

Os riscos de uma vacinação rápida ou de sua ausência

A pandemia não foi vencida e uma política monetária frouxa será mantida pelo tempo necessário

A criação de vacinas e o início de imunização em massa em muitos países trouxe alívio e preocupações. A perspectiva da volta ao crescimento econômico sem as fortes amarras da covid-19 tornou-se concreta, levando os mercados financeiros a reavaliar os preços dos ativos para cima em decorrência do fim dos constrangimentos à recuperação. Por outro lado, a vacinação, como dificilmente deixaria de ser, ocorre com gargalos nas compras, na distribuição e, pior, em meio a uma segunda onda da pandemia que obrigou a lockdowns em várias partes do mundo, inclusive EUA e Europa. Esses obstáculos mal entraram no radar dos mercados em alta e essa dissonância é um dos fatores de risco de instabilidades financeiras futuras, alerta o Fundo Monetário Internacional na atualização de seu Relatório de Estabilidade Financeira Global.

Em seu Perspectivas da Economia Mundial, o Fundo elevou a taxa de expansão global, para 5,5% neste ano, puxada por China e Estados Unidos. Mas advertiu sobre os rumos do combate ao coronavírus, que em suas previsões só estará perto da vitória, com diminuição drástica da propagação da covid-19, no fim de 2022. Até lá, coisas ruins podem acontecer. Dificuldades de fornecimento e atrasos no calendário de vacinação se tornaram concretos nos Estados Unidos e na Europa, além do Brasil. As rápidas mutações do vírus podem em algum momento tornar inúteis ou reduzir muito a eficácia das vacinas existentes.

Os dois lados da equação trazem ameaças. Se a imunização demorar mais tempo, enquanto os vírus seguem mudando, a recuperação econômica dependerá, segundo o FMI, do apoio contínuo das políticas monetárias e fiscais. Essa perspectiva é a base do rali dos mercados e da alta dos ativos, em especial das ações, e sua reversão traria turbulências financeiras destrutivas. Por outro lado, o sucesso do combate à pandemia, especialmente nos EUA, traz consigo a possibilidade de aumento das taxas de juros de longo prazo e aperto nas condições financeiras, em um ambiente em que os ativos estão superavaliados e países, empresas e consumidores em geral possuem dívidas recordes.

Para o Fundo, “há um senso de complacência permeando os mercados financeiros (…) com visões uniformes sobre seu comportamento, o que aumenta os riscos de correção de preços”. Uma reviravolta na trajetória da taxa de juros, diante dos níveis muito baixos em que se encontra, seria “particularmente perniciosa se o aperto interagir com vulnerabilidades financeiras”.

Não é difícil apontar essas vulnerabilidades. O aumento da dívida de empresas não financeiras e a fragilidade de muitas delas são preocupantes. Na atual crise, em 13 economias avançadas, o número de falências corporativas caiu em vez de subir, algo inédito nas recessões observadas desde 1990. O número de companhias com rating BBB-, potencialmente candidatas ao desaparecimento, triplicou desde o início da pandemia. Os valores são significativos – essas corporações devem US$ 240 bilhões nos Estados Unidos e pelo menos US$ 110 bilhões na Europa.

Na corrente do risco estão os bancos que a elas emprestaram. A lucratividade dos bancos, em especial os europeus, caiu em decorrência da política de juros negativos e da diminuição dos empréstimos. Dificuldades renovadas podem afetar sua capacidade ou disposição de fornecer crédito, em um contexto em que as empresas dependem muito do fluxo de recursos. Interrupções na cadeia de crédito trariam pressão de solvência nos segmentos onde o risco já é considerado maior.

A demora para vacinar ou a escassez de vacinas, efeito de uma distribuição desigual, pode causar instabilidade financeira em alguns países emergentes e em desenvolvimento, em especial nos que têm alta dívida soberana. Como observa o FMI, os países emergentes foram responsáveis por 65% do crescimento global entre 2017 e 2019 – 40%, se a China for excluída – e um atraso da recuperação afetará a expansão global de maneira não desprezível.

Jerome Powell, presidente do Fed, que manteve os juros em 0 a 0,25% ontem, disse que os riscos maiores ainda são os advindos de onda deflacionária que varreu os países ricos, que a pandemia não foi vencida e que uma política monetária frouxa será mantida pelo tempo necessário até que as metas de emprego e inflação sejam cumpridas. Esse horizonte, segundo Powell, ainda “está muito, muito longe”.

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