Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (09/06/2020)

MANCHETES

O Globo

Consórcio inédito de veículos de imprensa dá transparênciaa dados vitais no combate à Covid
Toffoli: ‘dubiedade’ de Bolsonaro assusta sociedade
Carla Zambelli – ‘Não fico feliz com pessoas do centrão compondo o governo’
Radicalização racha o Brasil 200, grupo de empresários de direita
Banco Mundial prevê queda de 8% no PIB e recuperação fraca
Governo vai estender auxílio com duas parcelas de R$ 300
Em busca das vacinas
Cedae pode passar ao governo federal se concessão atrasar
Justiça freia retomada no Rio
Mil bares e restaurantes fecham no Rio
EUA: Floyd recebe homenagem

O Estado de S. Paulo

País tem 849 óbitos por covid em 24h, aponta consórcio da imprensa
Corte no Bolsa Família pode ser drible em regra fiscal
Programa Renda Brasil
Toffoli critica ‘dubiedade’ de Bolsonaro com democracia
‘O grande problema’
Ato que autorizava o Exército a ter aviões é revogado
Ônibus lotado em SP deixa secretário sob risco
Oxford pesquisa injeção de anticorpos
EUA debatem mudar a polícia

Folha de S. Paulo

Brasil tem 849 novas mortes em 24 horas e 37.312 no total
Pressão de militares após recorde de óbitos levou a nova plataforma
Guedes diz que Bolsa Família deverá virar Renda Brasil
Eduardo Bolsonaro faz lobby por firma dos EUA
Toffoli pode trégua entre Poderes e vê presidente dúbio
Após atos, Bolsonaro pretende intensificar polarização com PT
Weintraub se defende com argumento que contesta
Transporte lota em SP, e Covas ameaça demitir secretário
Dólar cai a R$ 4,86, e Nasdaq bate recorde nos EUA
Witezel sinaliza que não irá se opor mais ao presidente
Eduardo Moreira – Abraço de Lula e Ciro não é preciso

Valor Econômico

Investidor ignora crise tripla e faz aposta em bolsa no país
Vender ações é opção para privatizar BB
Respeito
Pool global torna vacina mais barata
BP corta 10 mil empregos e procura ser ‘mais limpa’
Justiça manda Carf refazer julgamento
Mancha
Vale suspende produção em Itabira e minério sobe 4,9%

EDITORIAIS

O Globo

Um Ministério da Saúde à deriva em fase crítica da epidemia

Esvaziada e inerte, pasta tenta, inutilmente, ocultar números sobre a pandemia de Covid-19

Seria um equívoco dizer que a responsabilidade pelo descalabro na Saúde durante a mais letal pandemia em cem anos é apenas do governo federal, já que as ações de combate à Covid-19 são compartilhadas entre União, estados e municípios. Ademais, governadores e prefeitos têm autonomia para decretar medidas de restrição, a despeito da oposição do presidente Jair Bolsonaro. Mas ao Ministério da Saúde cabe — ou deveria caber — a condução do processo.

Se é verdade que em algum momento o ministério chegou a ter protagonismo no combate à Covid-19, hoje é mero coadjuvante, quase um observador, enquanto o Brasil, que já soma mais de 37 mil mortos, caminha para se tornar o segundo país com maior número de óbitos. A tragédia que se amplia a cada minuto, tempo em que um brasileiro morre de Covid-19, transformou o país numa espécie de pária internacional. Chegou-se ao ponto de o presidente Donald Trump, dos EUA, que concentram maior número de mortes no planeta, citar o Brasil como mau exemplo.

Essa imagem não foi desconstruída à toa. Em menos de dois meses, os ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich deixaram o governo devido às interferências de Bolsonaro na pasta. O ministério foi tão esvaziado que está há quase um mês sem titular. O general Eduardo Pazuello levou 17 dias para ser confirmado. Como ministro interino. Uma de suas principais decisões foi liberar, por ordem de Bolsonaro, o novo protocolo da cloroquina, contra evidências científicas de que o remédio é ineficaz contra a Covid- 19. Nomeações são feitas sem critérios técnicos. O empresário Carlos Wizard, que assumiria a Secretaria de Ciência e Tecnologia da pasta, desistiu do cargo, após dizer que estados e municípios inflavam as estatísticas para receber mais recursos.

Para culminar, o ministério atrasou a divulgação das estatísticas da Covid-19 e mudou a metodologia, de modo a omitir o total de mortos. No domingo, informou dois números conflitantes sobre as vítimas. A manobra é infrutífera — é como quebrar o termômetro para acabar com a febre. Porque as fontes são os estados, e instituições como o Congresso Nacional e o TCU se ofereceram para tabular os números. O jornalismo profissional também não deixará de informá-los. O GLOBO, “Extra”, G1, “Estado de S.Paulo”, “Folha de S. Paulo” e UOL formaram parceria para apurar os dados e divulgá-los. Ocultar ou manipular números afeta governos e sociedade, prejudica a imagem do Brasil no exterior e não contribui em nada para combater o coronavírus.

Números de mortos e infectados no país dizem muito. Por trás de cada um deles, há uma história. E, no conjunto, não só mostram o tamanho da tragédia, mas são vitais no planejamento de ações contra a doença.

O Estado de S. Paulo

Coragem moral

Tivesse alguma coragem moral, o general Eduardo Pazuello teria pedido demissão ao receber a ordem para esconder os números da covid-19

Tivesse alguma coragem moral, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, teria pedido demissão ao receber a ordem para esconder os números relativos à pandemia de covid-19. Ao permanecer no cargo e cumprir a absurda determinação, Pazuello não apenas colaborou para desmoralizar ainda mais o Ministério da Saúde, como danificou a imagem das Forças Armadas, já que é militar da ativa e apresentado pelo presidente Bolsonaro como um dos sustentáculos militares de seu governo. Se não é, deveria deixar isso claro.

Não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro vem colocando em dúvida o número de mortos na pandemia. Mais de uma vez, acusou os governadores de Estado, seus desafetos, de inflar as estatísticas para justificar a quarentena e, assim, criar uma crise com o objetivo de prejudicar o governo.

Foi necessário afastar dois titulares da Saúde para que Bolsonaro finalmente encontrasse um ministro subserviente o bastante para transformar essa teoria da conspiração em política de governo.

Em perfeita sintonia, o empresário Carlos Wizard, convidado para ocupar uma Secretaria no Ministério da Saúde, deu o tom da presepada ao dizer que os dados produzidos até aqui eram “fantasiosos ou manipulados” e que uma “equipe de inteligência militar” identificou sinais de fraude nas informações prestadas pelos Estados. Em resposta, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde divulgou nota em que diz que Wizard, “além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias”. Quando já estava claro que suas declarações prejudicariam a imagem de suas empresas, Wizard pediu desculpas e declinou do convite – mas a lembrança da ofensa que praticou será perene.

Ao maquiar os dados, o presidente Bolsonaro e seus serviçais no Ministério da Saúde atentam contra as regras básicas de transparência da administração pública. Sem a publicidade ampla e integral de informações produzidas pelo Estado, a democracia não se realiza, pois a manipulação de dados compromete a capacidade dos cidadãos de exercer o controle público da administração. Além disso, informações distorcidas certamente resultam em decisões equivocadas, tanto por parte dos cidadãos como por parte do governo.

Na hipótese de que a ardilosa revisão dos números da pandemia desenhe um quadro menos grave do que o atual, seria natural que os cidadãos desafiassem as regras de isolamento social impostas pelas autoridades estaduais e municipais – exatamente como deseja o presidente Bolsonaro. Ou seja, tomariam uma decisão temerária baseados em estatísticas falsas ou adulteradas, colocando em risco ainda maior a saúde pública em meio à pandemia.

Como bem lembrou o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, “a manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários” e, portanto, é preciso “parar de brincar de ditadura” no Brasil. Na Venezuela chavista, que o presidente Bolsonaro tanto critica, os dados oficiais foram tão manipulados que perderam completamente a credibilidade, obrigando a sociedade civil a apurar as informações por conta própria.

Há um movimento semelhante aqui no Brasil. Logo depois que o País tomou conhecimento da iniciativa do governo de esconder os dados da pandemia, veículos de comunicação – entre os quais o Estado – decidiram trabalhar de forma colaborativa para obter as informações nas Secretarias de Saúde de todos os Estados. Além disso, o Tribunal de Contas da União ofereceu-se para fazer a consolidação dos números. Por fim, partidos de oposição entraram na Justiça para exigir a divulgação correta e ágil das estatísticas.

A firme reação da sociedade ante as patranhas do governo Bolsonaro em relação à pandemia coincide com o início de um movimento de defesa da democracia, que no domingo passado, a despeito da necessidade de manter o isolamento social, levou milhares de pessoas às ruas, em protestos pacíficos. Para o governo, esses cidadãos cansados do embuste bolsonarista são “terroristas”.

Um governo que vive de enganar os cidadãos e de criminalizar a oposição não é democrático e deve ser denunciado com o maior vigor, mesmo diante das limitações sanitárias impostas pela pandemia. A coragem moral que falta a alguns no governo sobra entre os brasileiros de bem – maioria absoluta da população.

Folha de S. Paulo

Novo ingrediente

Temerários na pandemia, protestos de rua agravam o isolamento de Bolsonaro

A despeito de passos iniciais promissores, os movimentos que procuram articular a sociedade contra os rompantes autoritários de Jair Bolsonaro ainda têm muito chão a percorrer. Assim o indicam os protestos realizados no domingo (7) em diversas cidades do país.

Se o objetivo era uma demonstração de força e coesão, os resultados são ambíguos. Começa-se, claro, pela decisão controversa —e sem dúvida temerária— de estimular pessoas a ocuparem as ruas em plena pandemia que não atingiu seu pico em território nacional.

Questionada abertamente por partidos de oposição, autoridades e entidades, a estratégia decerto mobilizou menos gente do que poderia em outras circunstâncias. Embora longe de desprezíveis, os contingentes visíveis nas capitais não se comparam, por exemplo, aos das manifestações em defesa da educação no ano passado.

Louve-se, de todo modo, a índole pacífica de praticamente todos os atos. Mal se pode listar como exceção o confronto de um pequeno grupo exaltado com a Polícia Militar na cidade de São Paulo, quando as vias já esvaziavam.

O governo Bolsonaro, tudo indica, pretende carimbar nos movimentos os rótulos da baderna e da perseguição política —o que serve tanto para atiçar suas hostes mais fanáticas quanto para buscar aliados entre militares e policiais.

Na semana passada o presidente chegou mesmo a chamar de “terroristas” os organizadores dos protestos, e o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, achou tempo na noite de domingo para atacar os “vândalos” dispersados pela PM paulista, a seu ver antidemocráticos.

O que de fato ameaça o mandatário, contudo, é a contínua desmoralização de seu governo e o acúmulo de questionamentos cada vez mais graves a sua conduta.

Alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal devido à escandalosa interferência na Polícia Federal, entre outros percalços judiciais, e com sustentação precária no Congresso Nacional, Bolsonaro já experimentou o primeiro aumento importante de sua reprovação com os impactos iniciais da pandemia de Codiv-19 no país.

Ainda terá de gerir uma economia em frangalhos, com desemprego em alta e contas públicas mais ruinosas a demandar ajustes amargos. As perspectivas para o que resta de seu mandato se afiguram, pois, sombrias.

Os movimentos da sociedade mostram a vitalidade da democracia —o que só é má notícia para um presidente em conflito com as instituições, se não com as ruas.

Valor Econômico

Ameaça de quebradeira de empresas exige agilidade

Pedidos de recuperação judicial começaram a acelerar após a pandemia e saltaram 68,6% de abril para maio

Uma onda de quebradeira de empresas a partir do próximo mês é o que receiam especialistas em reestruturação de dívidas, birôs de crédito e bancos em consequência da persistência do fraco desempenho na economia. Depois de ter registrado queda de 1,5% no primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) continuou perdendo terreno nos meses seguintes, quando a pandemia do novo coronavírus se instalou por inteiro. Já se sabe que a indústria recuou 18,8% em abril em comparação com março, quando havia retrocedido 9%. Um exemplo das perdas pesadas é a área de veículos. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revisou as previsões de vendas do ano de 9,4% de crescimento para um tombo de 40%.

Eram inevitáveis os reflexos na saúde das empresas. Geralmente, as reservas em caixa são suficientes para 60 dias e já se passou mais do que isso desde que a pandemia foi declarada, em 11 de março. Uma das consequências mais graves é o aumento dos pedidos de recuperação judicial e falências. Depois de terem caído 10,7% em 2019, os pedidos de recuperação judicial começaram a acelerar após a pandemia e saltaram 68,6% de abril para maio, segundo o birô de crédito Boa Vista. Já os pedidos de falência aumentaram 30% também de abril para maio.

As mais atingidas são as pequenas empresas (94,8% do total) e o setor de serviços (55,6%). São geralmente empresas que já vinham enfrentando dificuldades em consequência do baixo crescimento. O PIB cresceu 1,1% em 2019, mantendo um ritmo fraco pelo terceiro ano consecutivo.

Se for confirmada a queda de 6,48% do PIB neste ano, como estima a pesquisa Focus, a previsão é que 3 mil empresas podem pedir recuperação judicial neste ano. Será batido o recorde anterior de 1,8 mil pedidos registrados em 2016, quando a economia encolheu 3,3% (Valor 5/6). Receia-se até um apagão no Judiciário, se a enxurrada de pedidos de recuperação judicial se confirmar.

A expectativa é que os pedidos vão saltar a partir do segundo semestre. Até agora, as empresas estariam tentando outro tipo de solução, buscando renegociação direta com os bancos, que foram estimulados pelo governo nessa direção pelas medidas de afrouxamento monetário e redução dos juros e também se interessam em evitar a alternativa judicial se veem boas perspectivas de recuperação para o negócios. O problema é que o cenário é nebuloso. As empresas estariam também esperando para ver se as medidas anunciadas contemplavam seus problemas específicos.

Além de reduzir os juros básicos, o Banco Central tomou várias iniciativas para amplificar a oferta de crédito. Apesar de o BC calcular o aumento da concessão de crédito em 36,6%, nem sempre os recursos chegam nos caixas mais necessitados. Além disso, alguns programas anunciados falharam em atingir seus objetivos e, mais de dois meses após o início da crise, precisaram passar por ajustes.

Um dos casos é o da linha de financiamento da folha de pagamentos. Foram contratados apenas R$ 1,93 bilhão em operações, beneficiando 79 mil empresas. O montante representa menos de 5% dos R$ 40 bilhões oferecidos. O programa terminaria em 30 de junho e agora será prorrogado por dois meses, com condições mais flexíveis. As empresas que tomarem os recursos precisarão manter apenas metade dos empregos e não mais a totalidade. Foi elevado o teto do faturamento das empresas elegíveis, de R$ 10 milhões para R$ 50 milhões. O BC tenta contornar a insegurança dos bancos que não sabem prever quais empresas vão sobreviver à crise. O crédito conta com apoio do Tesouro, que assume 85% do risco. Se nem assim atrair os bancos, poderá acionar a Caixa.

Entre outras medidas que ainda não saíram da prancheta estão a regulamentação do fundo garantidor de risco de crédito para a linha de financiamento para as micro e pequenas empresas (Pronampe) e a compra de títulos privados pelo Banco Central.

Há ainda expectativa com o Projeto de Lei 1.397, que cria regras emergenciais para a recuperação judicial na tentativa de que os problemas sejam resolvidos pela negociação, dando espaço para as empresas retomem o equilíbrio. O projeto passou pela Câmara no fim de maio e ainda precisa do aval do Senado.

Em outra frente, o governo deu um alívio na área tributária, suspendendo o pagamento do FGTS, adiando o PIS/Pasep e Cofins e prorrogou o Simples. Mas falta espaço fiscal para uma atuação mais efetiva e o governo resiste a abraçar as pressões para a criação de um Refis da pandemia.

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