Covid-19: Pandemia separou os solidários de quem só pensa em se dar bem

Em conversa com Malu Molina, o ex-secretário de Cultura da cidade de São Paulo Alê Youssef diz que gestão Bolsonaro é conjunto de perversidades e “aventura ególatra voltada para a manutenção do poder”

Cotado para a vice do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, o ex-secretário de Cultura da cidade, Alê Youssef, afirmou em entrevista à cientista política Malu Molina que a pandemia da Covid-19 dividiu o país entre os que defendem o pesamento e os que advogam a estupidez. Em uma referência ao grupo “liderado” pelo presidente Jair Bolsonaro, ele sustentou que a doença está mostrando quem está no campo da solidariedade e quem pensa apenas em se dar bem.

Em live no instagram de Molina, pré-candidata a vereadora pelo Cidadania, ele disse que o Brasil assiste a “um show de horrores, situações lamentáveis e trágicas”. “Uma aventura absolutamente ególatra e voltada para a manutenção do poder. Nada a ver com a melhoria das condições de vida do povo brasileiro. Estão tentando impor ao país o individualismo, um desprezo à diversidade e à beleza da brasilidade, mas não vão conseguir”, apontou.

O olhar de Youssef para a situação, no entanto, é positivo. Segundo ele, de um lado estão a civilização, a democracia, a liberdade de expressão e a busca da solidariedade e de outro, a barbárie. “São várias camadas de perversidade na construção de um projeto que chegou ao poder e muitos erros que levaram a isso. Muita gente que vendeu sonho e que enganou e gerou frustração que foram despositados nesse projeto que agora chegou ao poder”, criticou.

Malu Molina disse também ver uma linha separando um “campo iluminista e um campo obscurantista e negacionista”. “Esse campo tem vários inimigos, entre eles a cultura, justamente por tentar negar a identidade nacional. Uma identidade que é um desafio porque estamos falando de unidade em meio a tanta diversidade. Quando você tenta negar você passa por cima desssas diversidades. Reforça competição e individualismo, reforça as desigualdades”, condenou.

Na conversa, Youssef argumentou que a pandemia deu nova vida à necessidade de “fazer um grande pacto social”. “Reforçar as áreas em que o Estado precise atuar com força para gerar oportunidade igual para todos. Um pensamento mais generoso e civilizatório. Quais são esses elementos que compõem a vida social? A educação, a cultura, a saúde, a moradia, a vida digna, os direitos humanos. É o grande desafio da nossa geração. Retomar esse sonho a partir de um futuro em que o Estado invista no social e combata a desigualdade”, defendeu.

Cultura

Ainda durante a entrevista, Youssef reforçou a importância da cultura na formação de uma identidade nacional. Para ele, é preciso “colocar a cultura no eixo central de desenvolvimento social do País”. “O Brasil é uma potência cultural. Oferece muitas opções para a diminuição da desigualdade e, claro, fortalecer a valorização da cultura e reforçar a nossa identidade nacional”, disse o produtor.

Ele fez duras críticas ao governo federal, que, deliberadamente, ataca personalidades culturais e trata o setor como inimigo. Na avaliação de Youssef, está em curso uma tentativa equivocada de forjar uma nova identidade nacional a partir da ideologização em vários campos de atuação.

“Atacam vários signos identitários do Brasil num plano para criar uma nova identidade nacional. Não vai acontecer. Temos identidade sólida. Podemos passar dificuldades, mas conseguimos retomar a cultura. É o que nos une e nos aproxima como povo”, destacou.

Solidariedade

Alê Youssef também falou sobre o “Cidade Solidária”, projeto de que participa e que tem como objetivo a organização em redes para a distribuição de cestas básicas e material de higienização, em parceria com a prefeitura paulista e entidades dos mais variados segmentos sociais. Ele classificou o programa como um ato de civilidade e ajuda àqueles que mais precisam.

“O Cidade Solidária é um pacto social com o poder público e entidades na busca de uma rede de solidariedade. Uma rede capaz de propiciar um sistema de captação e arrecadação de doações e também de distribuição eficaz, levando em consideração as áreas de maior vulnerabilidade social, a partir do cruzamento de dados e informações”, explicou.

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