“Impressionante a falta absoluta de uma política pública de saúde desenhada com técnica e eficiência”, criticou o senador na rede social (Foto: Pedro França/Agência Senado)
O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), apontou uma série de contradições do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante sessão temática no Senado, nesta quinta-feira (12), para prestar informações sobre a crise sanitária da pandemia de Covid-19 e as medidas adotadas pela pasta para promover a vacinação em todo o País.
“A fala do ministro Pazuello ao Senado pode ser resumida, em grande parte, a mentiras sobre o passado e promessas fantasiosas sobre o futuro. Impressionante a falta absoluta de uma política pública de saúde desenhada com técnica e eficiência”, postou o parlamentar em seu perfil no Twitter.
Na sessão semipresencial, Alessandro Vieira disse que a exposição inicial de Pazuello revelou ‘pequenas frases’ que marcaram a forma como o ministério e governo conduziram as ações de combate à pandemia do novo coronavírus, sobretudo na manifestação do ministro quanto à surpresa com os aumentos de casos da doença na região Norte do Brasil e comparações com as estruturas de saúde do País com Europa e Estados Unidos.
“Perdoe-me as palavras duras, senhor ministro, mas o momento é, sim, de palavras duras: existe aí um misto de ignorância e de mentira. Ignorância no sentido de que não surpreendeu a quem estava acompanhando o cenário técnico o aumento de casos. O aumento de casos era previsto, fazia parte do roteiro traçado pelo vírus, inclusive na Europa. A questão da estrutura de saúde: na verdade, quanto à nossa estrutura de saúde, sistema de portas abertas, nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes tem esse tipo de sistema. Isso gera uma resposta automática, que não depende da vontade política, muito superior à desses países referidos como comparativo”, observou o senador.
Vacinas
Alessandro Vieira questionou também a diferença de tratamento do governo dada ao Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, à União Farmacêutica, que negocia a produção da vacina russa Sputnik V no País.
“A União Farmacêutica, até onde eu tenho conhecimento, é uma empresa de grande porte, capacidade reconhecida, mas que jamais produziu vacinas. Existe um descompasso, existe uma diferença de tratamento muito marcante no tocante ao que foi feito na contratação com o Butantan, que, por outro lado, produz vacinas há cem anos”, apontou o senador, ao cobrar uma explicação da atuação do ministério sobre o número dois da pasta, Élcio Franco, e do ex-deputado Rogério Rosso nas negociações envolvendo a contratação da vacina russa.
Aplicativo TrateCov
Alessandro Vieira pediu ainda explicações detalhadas a Pazuello sobre o TrateCov, aplicativo do Ministério da Saúde que ‘automaticamente receitava tratamentos que têm consequências negativas eventuais para o paciente’ de Covid-19 e foi retirado do ar após denúncias.
Pazuello, no entanto, respondeu que a pasta nunca recomendou remédios específicos, e que as referências ao “tratamento precoce” eram recomendações para que os cidadãos não esperassem a piora dos sintomas antes de irem a um hospital. Ele se referiu à prática como “atendimento precoce”.
O líder do Cidadania também questionou o ministro em relação à suposta redução na habilitação de leitos de UTI Covid.