Senadora é vice-presidente da comissão mista do Congresso que acompanha as ações de combate à pandemia (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
A edição desta segunda-feira (23) do Jornal Nacional (veja aqui e leia abaixo) destacou o pedido da líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), para que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, explique os quase 7 milhões de testes de Covid-19, tipo RT-PCR, estocados em um galpão no aeroporto de Guarulhos (SP).
Vice-presidente da comissão mista do Congresso que acompanha as ações de combate à Covid, a parlamentar cobra de Pazuello esclarecimentos sobre o motivo de os testes ainda não terem sido distribuídos (veja aqui).
Quase 7 milhões de testes de Covid podem perder a validade dentro de armazém do governo
Pouco mais de 5 milhões de exames RT-PCR foram feitos na rede pública do início da pandemia até agora. Desde setembro, o número de testes realizados por mês vem caindo, de acordo com dados do Ministério da Saúde compilados e divulgados pelo G1.
Jornal Nacional – TV Globo
Quase sete milhões de testes de Covid podem perder a validade dentro de um armazém do governo federal.
Pouco mais de cinco milhões de exames RT-PCR foram feitos na rede pública do início da pandemia até agora. Desde setembro, o número de testes realizados por mês vem caindo, de acordo com dados do Ministério da Saúde compilados e divulgados pelo G1.
O teste RT-PCR é considerado o de maior precisão: indica se o vírus está ativo, ou seja, se ainda há infecção e se pode ser transmitido. Em junho, o Ministério da Saúde divulgou a meta de testes para 2020: 24,6 milhões testes RT-PCR. Mas a pouco mais de um mês de fechar 2020, a testagem mal passou de 20% desse total.
A meta está longe de ser alcançada e sobram testes no estoque do governo federal. O Estado de São Paulo publicou neste domingo (22) e a TV Globo confirmou que 6,8 milhões testes vão perder a validade entre dezembro e janeiro. Nesta segunda (23), uma seguidora do presidente Jair Bolsonaro perguntou em uma rede social se era verdade mesmo. O presidente respondeu: “todo o material foi enviado para estados e municípios. Se algum estado/município não utilizou, deve apresentar seus motivos”.
Nesta segunda, o Ministério da Saúde não se manifestou. Na nota divulgada no domingo, o ministério contradisse o presidente: indicou que os testes estão ainda sob responsabilidade do governo federal e afirmou que os testes são distribuídos de acordo com as demandas dos estados, e que o Ministério se mantém à disposição dos entes para dar suporte às ações e que a exemplo do que ocorreu com outros lotes de testes utilizados em outros países, devem chegar ao Brasil ainda esta semana, estudos de estabilidade estendida para os testes que a pastam tem em estoque.
O Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde afirma que “alertou o ministério sobre os problemas de falta de materiais” para processar “as amostras do exame PCR por diversas vezes durante a pandemia”. O conselho disse que a responsabilidade pela distribuição de insumos para realizar testes é do governo federal. E que o contrato para fornecimento desse material foi cancelado pelo Ministério da Saúde.
O presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde disse que os municípios poderiam fazer mais, se recebessem mais kits de estados e do governo federal para coletar o material dos exames.
“O que nós temos apresentado nesse momento é a necessidade de ampliarmos essa testagem. E a nossa proposição tem sido permanente e apresentada e discutida com o Ministério da Saúde e com os estados para que nós possamos utilizar a atenção básica e as nossas 48 mil unidades básicas de saúde como porta de entrada para que nós possamos ampliar a coleta desses exames”, disse Willames Freire, presidente do CONASEMS
Elogiado pelo presidente por ser um especialista em logística no Exército, só agora o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tenta correr contra o tempo. Na manhã desta segunda, houve uma reunião para tratar do assunto no ministério, que busca montar uma rápida operação para distribuir os testes guardados em um galpão no aeroporto de Guarulhos. A reportagem da TV Globo foi ao local e encontrou oito caminhões na área.
A senadora Elizane gama, vice-presidente da comissão mista do Congresso que acompanha as ações de combate à Covid, cobrou de Pazuello esclarecimentos sobre o estoque de testes que não foi distribuído.
O governo espera que a empresa fabricante forneça estudos à Anvisa que permitam a extensão da validade dos testes. O epidemiologista da UFRJ, Roberto Medronho, afirma que é grande perder o que está estocado.
“Este é um procedimento utilizado em algumas situações, em que você avalia se aquele prazo de validade pode ser estendido. Se for atestado que é possível usar após aquele prazo de validade, não tem nenhum problema em usar. Se for atestado que não, você tem que descartar e isso será um prejuízo muito grande e não só econômico, mas para o controle da pandemia.”