A vice-líder do Cidadania na Câmara, deputada federal Paula Belmonte (DF), foi incisiva ao perguntar ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega por que a Camex (Câmara de Comércio Exterior) determinou, em 2003, que os países integrantes do CCR (Convênio de Pagamento de Créditos Recíprocos) ascendessem do risco de inadimplência sete para o um. Quando maior a nota, mais presente o risco. Com essa mudança, disse a parlamentar, foram emprestados, em 2015, US$ 11 bilhões em 140 operações.
Mantega fez uma gracinha: “A gente não conseguia exportar para a Suíça, mas conseguíamos exportar para a Venezuela”.
A deputada reclamou e disse que todo o dinheiro dispendido nas operações era público, fruto dos aportes do Tesouro Nacional.
“Eram recursos do povo e o senhor não devia fazer piada com isso”, disse.
O ex-ministro acrescentou que essa política consistia em incluir entre os parceiros no comércio exterior países não tão sólidos quando os de primeiro mundo, pois o Brasil queria ser hegemônico na região.
Empresas no exterior
Outra questão colocada por Paula Belmonte estava embasada em relatório do TCU (Tribunal de Contas da União). A instituição atesta que não foram encontrados documentos que comprovem que houve a prestação do serviço ou até mesmo a compra de empresas no exterior. Mantega afirmou que existe uma tabela que prova o cumprimento do contrato pelas empresas brasileiras que tomaram empréstimos do BNDES.
Outra dúvida levantada pela deputada: se o ex-ministro ia a São Paulo se encontrar com Joesley Batista, do grupo JBS, levando o presidente do BNDES com ele. Paula Belmonte questionou ainda a superavaliação dos preços de empresas compradas por companhias brasileiras, o que levava prejuízo ao BNDES e aos acionistas minoritários. Esse ponto ficou sem resposta.