Seminário da Fundação Astrojildo Pereira também será transmitido pela internet, na sexta-feira (25/3), a partir das 10 horas
Defesa da democracia, valorização da equidade e inclusão e mobilização pela paz e convivência pacífica internacional são legados que marcam a história do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a celebração de seu centenário na sexta-feira (25/3). A data será comemorada em seminário a ser realizado, pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ).
O novo seminário sobre os 100 anos do PCB será realizado, a partir das 10 horas, presencialmente. O evento terá transmissão ao vivo no portal da FAP, na página da instituição no Facebook e no canal dela no Youtube. O objetivo é tornar o evento acessível ao maior público possível para registrar a importância do legado do partido principalmente na luta pela democracia, que voltou a ser ameaçada pelo atual governo.
Presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire diz que “a comemoração é importante” e faz refletir sobre os desafios que estão pela frente. “Desafio de uma esquerda de começar a pensar neste novo mundo que aí está para entender seu papel, não das formações, inclusive das denominações que tínhamos, para enfrentar este século 21”, afirma. “Quem conhece o passado tem condições de construir o futuro”, ressalta.
“Simbologia”
Diretor-geral da FAP, o sociólogo Caetano Araújo destaca que o centenário é um marco histórico sobre a trajetória do PCB, fundado em 1922 e que se reformulou com o passar dos anos para atender aos anseios da sociedade. Em 1992, a sigla deu novo passo e tornou-se o Partido Popular Socialista (PPS) antes de avançar para a nova identidade política com o Cidadania, em 2019.
“Nós, da fundação, consideramos que é importante fazer o ato político porque tem simbologia por representar a continuidade de toda a trajetória política do que foi o PCB, o PPS e o que é o Cidadania hoje. Niterói é a ponte com nosso passado”, avalia.
Marco histórico
A fundação do PCB ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, no Sindicato dos Alfaiates e dos Metalúrgicos, nos dias 25 e 26 de março, e em Niterói, no dia 27 de março de 1922. O episódio está registrado no livro Os nove de 22: O PCB na vida brasileira, do historiador Ivan Alves Filho.
“O deslocamento para Niterói, mais precisamente para uma casa pertencente à família de Astrojildo Pereira, se deu em função de uma denúncia de que a polícia estaria prestes a invadir o encontro dos comunistas no Rio de Janeiro”, conta o livro, editado pela FAP.
Uma foto histórica mostra os fundadores do PCB. Em pé, estão Manoel Cendon, Joaquim Barbosa, Astrojildo Pereira, João da Costa Pimenta, Luís Peres e José Elias da Silva (da esquerda para a direita). Sentados, estão Hermogênio Silva, Abílio de Nequete e Cristiano Cordeiro (da esquerda para a direita).
“Trajetória do aprendizado”
A tomada de decisão dos fundadores naquela época ainda ecoa entre os militantes que hoje buscam concretizar os ideais democráticos da cidadania plena e da justiça social com novos modelos e soluções para a urgente melhoria das condições de vida do povo brasileiro.
“Essa trajetória é a trajetória do aprendizado do que o PCB e o PPS aprenderam e do que o Cidadania está aprendendo sobre a importância de algumas dimensões. A questão democrática foi o aprendizado do PCB, e achávamos que estava garantida, mas agora vemos que não. A equidade e a inclusão social pelas quais o PCB lutou, durante sua história, também ainda estão pendentes”, observa Araújo.
Seminário em Niterói
Todas essas questões serão abordadas durante quatro palestras que serão realizadas no local relacionadas com o PCB e suas dimensões no aspecto histórico, no mundo da cultura, na luta sindical e na juventude. Cada uma terá duração de 15 minutos, antes de ser iniciado tempo de 1 hora para debate, comentários e perguntas.
Em seguida, haverá exposição de uma placa que será descerrada em homenagem a todos dirigentes mortos pela ditadura militar e militantes que fizeram parte da luta histórica do PCB.
“Embora contenha nomes das vítimas da repressão da ditadura de 1964, a homenagem é extensiva aos companheiros assassinados na ditadura do Estado Novo, implantada por Getúlio Vargas”, diz o diretor-geral da FAP, referindo-se ao período de 1937 a 1946. “Como toda comemoração tem lado que é rememoração, vamos discutir o que aconteceu, homenagear dirigentes passados e lançar pontes para o futuro”, acrescentou.
Desde 2021, a FAP tem realizado diversas atividades e eventos online em celebração ao centenário do partido. O mais recente deles foi o Seminário Internacional 100 Anos do PCB, realizado de 8 a 10 de março.
(Cleomar Almeida, coordenador de Publicações da FAP)