Freire pede reconhecimento ao Almirante Negro, que liderou reação a castigos físicos na Marinha durante a Revolta da Chibata, em 1910
Nota oficial – João Cândido: Brasil precisa tirar das mãos a chibata que continua a castigar um de nossos heróis nacionais
Neste 22 de novembro de 2021, o Cidadania vem a público defender a aprovação do Projeto Lei do Senado 340/2018, em tramitação na Câmara dos Deputados, que reconhece e inscreve o nome de João Cândido Felisberto, o Almirante Negro e um dos líderes da Revolta da Chibata, no panteão dos heróis nacionais.
Não cabe mais haver recalcitrantes no seio da Marinha imaginando que possam tentar impedir que essa justiça histórica se concretize. Não cabe também ao governo e a nenhum de seus órgãos deixar de reconhecer e homenagear a bravura e o heroísmo de João Cândido, 111 anos depois do início daquele grito de liberdade.
Até para não deixar subtendido que aquelas práticas abomináveis da tortura e do racismo sejam valores intrínsecos à Marinha, quando, na verdade, já de há muito, a hierarquia e a disciplina se impõem pelo respeito, não por ideologias eugenistas.
É preciso prestar esse reconhecimento aos milhares e milhares de negros e negras que envergam sua farda, à pátria que tem como missão defender e ao que a própria Força define como sua “visão de futuro”, que, pretende, esteja em “sintonia com os anseios da sociedade”
Uma sociedade cuja maioria é formada pretos e pardos e que reconhece em João Cândido os valores da “honra”, da “iniciativa”, da “coragem”, da “abnegação”, da “tenacidade” e do “espírito de sacrifício”, que estão entre os próprios valores da Marinha.
Sobre o movimento, disse João Cândido, em depoimento de 1968, ao Museu da Imagem e do Som (MIS), que pode ser visto clicando aqui:
“Acabar definitivamente com a chibata na Marinha: o causo esta isto. Nós que viemos da Europa, em contato com outras Marinhas, não podíamos mais admitir que, na Marinha do Brasil, um homem tirasse a camisa para ser chibateado por outro homem”.
Passou da hora de nós, brasileiros, tirarmos das mãos a chibata que continua a castigar um de nossos heróis nacionais.
É preciso corrigir esse grave erro histórico.
Viva o Almirante Negro!
Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania