O Cidadania ganhou nesta terça-feira (8) o reforço do sociólogo e cientista político Bolívar Lamounier. No ato de filiação do intelectual e político, em reunião virtual, ele destacou a “harmonia de pensamento” que sempre houve entre ele e o partido. E disse que foi levado a se filiar por uma “vontade pessoal de fazer e ajudar” em “um partido da liberdade, da democracia, do progresso e do bem-estrar, sem fanatismos e radicalismos, que está lutando contra os extremismos idiotas”.
Lamounier propôs uma atuação em duas frentes: “resistir no varejo”, coibindo ameaças democráticas em curso por parte do governo Bolsonaro, e “projetar no atacado”, pensando um projeto para o Brasil e uma reforma estrutural que livre o país do patrimonialismo.
“Sinto que o país está sendo levado por um caminho muito perigoso e preocupante. Vejo pessoas com 30 a 40 anos com medo de falar e agir. O clima está mudando para muito pior. Acho que temos de estar atentos e fortes, sem ter medo da morte. Temos de estar na trincheira e impedir que a democracia seja conspurcada e que essas ameaças diárias prosperem. Impedir o andamento dessa aventura cujo caráter nós conhecemos”, argumentou.
Na avaliação do sociólogo, a terrível conjuntura brasileira em meio a uma pandemia está levando muita gente a “se ocultar e procurar refúgio em algum lugar”. Para ele, o Cidadania pode ajudar a buscar as melhores cabeças nos partidos e na academia para voltar a pensar um projeto de país.
“Paramos de pensar no atacado. Somos um país pobre, profundamente miserável, grotescamente desprovido de Educação. O atacado é uma grande reforma estrutural. O Brasil ainda é um país patrimonialista, até mais do que no passado. Não podemos, por estarmos ameaçados por um governo desorientado e desnorteado, esquecer o atacado, a renovação, a reforma estrutural que significa acabar com a apropriação do público pelo privado, do Estado por alguns”, defendeu.
Para o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, a chegada de Bolívar Lamounier vai ajudar o partido em seu processo de “aggiornamento” e será fundamental na construção de políticas públicas para superação dos problemas históricos do país e sua inserção na “realidade futura contemporânea”. “Não somos o Flamengo, mas nos colocamos em outro patamar”, brincou.
Na avaliação do presidente do diretório estadual do Cidadania em São Paulo, deputado federal Arnaldo Jardim, a filiação não é um evento paulista, mas de repercussão nacional pela história e pelo perfil formulador de Lamounier. “Somos entusiastas dos construtores de consenso, não dos gladiadores. Mais que um polo de oposição, um polo de formulação de políticas. Acolhemos com entusiasmo”, disse.
O vice-presidente nacional do partido, deputado federal Rubens Bueno (PR), destacou a “bela história” do sociólogo e seus escritos sobre administração pública de qualidade. E o líder na Câmara, deputado Alex Manente (SP), pontuou que é “fundamental termos quadros com esse nível e essa envergadura intelectual que podem colaborar conosco” e “construir projetos eficientes para o país”.