Para líder do Cidadania no Senado, depoimento do representante da empresa ‘fecha um ponto importante da apuração’ da CPI: a escolha do governo em não comprar imunizantes no ano passado (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
O líder do Cidadania no Senado, Alessandro Vieira (SE), disse nesta quinta-feira (13) durante depoimento do representante da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, à CPI da Pandemia que aproximadamente 3 mil brasileiros poderiam ter sobrevivido à Covid-19 caso o governo do presidente Jair Bolsonaro tivesse antecipado a compra de vacinas da farmacêutica contra a doença.
“Usando aquele parâmetro [do Departamento de Saúde Pública do Reino Unido], nós teríamos 1,5 milhão de vacinas, pelo menos mil vidas salvas diretamente. Essa diferença entre uma proposta apresentada e o contrato efetivamente firmado aponta para alguma coisa em torno de 4,5 milhões de doses. Então, na menor contabilidade, são 3 mil vidas que poderiam ter sido salvas e não foram salvas por omissão do governo brasileiro deliberada”, disse, ao citar cálculos feitos pelo professor Paulo Martins da Universidade Federal de Sergipe, baseado na proporção de dados levantada pela agência de saúde do Reino Unido.
Murillo afirmou que o Brasil poderia ter recebido 18,5 milhões de doses da vacina até o fim do segundo trimestre de 2021 caso o governo Bolsonaro tivesse aceitado a oferta feita pela Pfizer em 26 de agosto. Após diversas tentativas por parte do laboratório, o governo brasileiro fechou um contrato apenas este ano de 14 milhões de doses até o fim de junho. Até o momento, a Pfizer entregou 1,6 milhão de doses.
“O que nós estamos tratando no tocante a esse contrato é a apuração de se existia ou não a disponibilidade para a compra de mais vacinas e está mais do que comprovado que existia. Está mais do que comprovado que com a aplicação dessas vacinas – que tem 85% de eficácia na primeira dose e 95% na segunda – a realidade dos brasileiros poderia ser substancialmente diferente, vidas poderiam ser salvas se o Brasil tivesse o mínimo de zelo para preservar vidas”, afirmou Alessandro Vieira.
Para o senador, o depoimento do representante da Pfizer ‘fecha um ponto importante da apuração’ da CPI, a escolha do governo em não comprar o imunizante da farmacêutica no ano passado.
“Nada justifica essa omissão, ainda mais quando se vê postura diferente em outras negociações [com fabricantes de vacina anticovid]”, disse na rede social.