Freire defende adoção da renda básica pra superar pobreza, miséria e mitigar efeitos do desemprego

Presidente do Cidadania mostrou preocupação com a crise econômica e política no pós-pandemia em conversa com os cientistas políticos Juliana Fratini e Carlos Melo na TV Democracia

O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, defendeu nesta terça-feira (11) o projeto de renda básica como alternativa aos graves problemas que surgirão no pós-pandemia, como o aumento do desemprego e a crise econômica, mesmo que ela possa ser eventualmente usada como manobra política por parte do presidente Jair Bolsonaro. 

“Nós, da oposição, temos a discussão do emprego e não podemos fugir de alguns instrumentos que, infelizmente, podem ser utilizados para criar currais eleitorais. Vamos ter de enfrentar porque a realidade vai se impor e teremos graves problemas de emprego e renda, mesmo que tenhamos a tentativa de manipular. A renda básica está nos nossos planos como algo que defendemos”, disse, durante live da TV Democracia, com os cientistas políticos Juliana Fratini e Carlos Melo.

No debate, Melo levantou a questão sobre a necessidade de o Congresso criar critérios para a distribuição desses recursos e questionou o ex-parlamentar se estava faltando essa articulação.

“Alguns economistas que eram refratários à ideia da renda básica e a um desafogo maior do ponto de vista de gastos com políticas sociais estão começando a discutir, mas a visão é de ter cuidado. Isso está tendo impacto mesmo naqueles que já achavam medida necessária, até por conta da miséria, ampliar as ações assistenciais. Há uma discussão de que é interessante que se tenha condicionantes à renda básica numa perspectiva de que não precise ser permanente, mas como preparação para um momento em que ela não seja mais necessária”, sustentou.

Bolsonaro e CPI

Para o presidente do Cidadania, o problema está na perspectiva eleitoral com que alguns governantes enxergam as políticas públicas: a manutenção de um grupo no poder. “Passaram-se 12 anos de governo tido de esquerda e não se criou nenhuma perspectiva de um Brasil com destino diferente, insistiu-se no populismo e não houve avanço. Devemos pensar a renda básica numa visão maior e não apenas da transferência de renda. Queremos discutir isso em função da pobreza e da miséria que precisam ser superadas”, argumentou.

Freire voltou a cobrar do Congresso Nacional uma ação mais ativa diante das denúncias que envolvem a família Bolsonaro e a negligência do presidente no combate à pandemia. Para ele, é urgente a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). 

“Temos um Congresso exercendo um excelente papel no combate à pandemia, mas falta papel político. Estamos vendo um governo que sofre um embate com a Justiça, investigação policial, Ministério Público, rachadinha, Queiroz, relação com milicianos, cheques para a família. Isso teria de ter uma CPI. E a presença mais ativa do Congresso também contra o ministro da Justiça, que criou uma gestapo bolsonarista, que pensa estar acima da Constituição”, apontou.

Frente ampla e esperança

O ex-parlamentar também foi questionado sobre o apoio do senador e presidente do PP, Ciro Nogueira, ao governo Bolsonaro e um possível aumento de eleitores no Nordeste. “Não conseguimos compreender como setores da esquerda imaginam que a esquerda brasileira está nos grotões nordestinos. Isso é um grave equívoco. Só existe a esquerda no Nordeste por conta de um programa assistencial, não de transformação, de mudança de estrutura, de dignidade para as pessoas”, ponderou.

Nesse sentido, Freire comparou com estados do Sudeste, em que, mais do que programas assistenciais, oferecem emprego, renda e desenvolvimento na busca por votos.

“Isto é o que tem de presidir qualquer pensamento de uma esquerda séria. Qualquer governo que tiver programa para combater a pobreza e miséria, esse setor a ele se vincula. O grotão nordestino é governo. Não podemos, por visão eleitoreira, não entender programas compensatórios, mas tentando vincular à superação, com projetos de crescimento. E esse governo não tem projeto nenhum para o país”, criticou.

Freire falou do otimismo na superação de barreiras visando um novo quadro em 2022, também com a formação de uma frente ampla pela democracia.

“Nos integramos e está sendo um ótimo diálogo. Do lado da centro-direita, temos também o afastamento do DEM e MDB, embora se tenha representantes desses partidos junto ao governo, mas as suas direções entendendo a necessidade da sua autonomia. São alguns sinais de que estamos nos preparando. Quem lutou contra a ditadura não pode perder a esperança”, concluiu.

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