O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que o ministro Celso de Mello, relator do inquérito que apura se Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal (PF), solicite que o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, investigue também se o presidente agiu para beneficiar o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan.
Em entrevista ao site O Antagonista, Calero lembra que Hang reclamou nas redes sociais de um suposto embargo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (IPHAN) às obras de uma loja da Havan no Rio Grande do Sul. Na reunião ministerial de 22 de abril, Bolsonaro menciona o caso e reclama que o IPHAN, na avaliação dele, “para qualquer obra do Brasil, como para a do Luciano Hang”.
O parlamentar já questiona na Justiça a nomeação para o comando da autarquia da turismóloga Larissa Peixoto, substituta de Katia Bogéa, que, ao deixar o cargo, conforme lembra o site, denunciou ter sido demitida por pressão do dono da Havan, amigo de Bolsonaro. Na petição ao Supremo, Calero diz que a instituição mudou de perfil para “satisfazer interesse de seu apoiador, financiador e amigo pessoal, Luciano Hang”.
Em seu perfil no Twitter, Calero comparou a interferência na gestão do órgão à ocorrida quando era ministro da Cultura e se recusou a atender um pedido de Geddel Vieira Lima, então ministro da Secretaria-Geral de Governo, para liberar uma obra de interesse do emedebista em Salvador (Bahia).
“Assim como no caso do Geddel, Bolsonaro e Hang tentam moldar as decisões do IPHAN aos seus interesses. Um órgão público não está a serviço de um Presidente e seus bajuladores, mas unicamente a serviço do Brasil. Este caso precisa de uma investigação aprofundada e urgente”, cobrou.