No Jornal Nacional, Alessandro Vieira critica oposição de Bolsonaro à ciência

Senador diz parecer que o presidente ‘não quer um médico para cuidar da saúde dos brasileiros’ (Foto: Agência Senado/Reprodução)

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) criticou no Jornal Nacional (veja a reportagem abaixo e o vídeo clicando aqui) a oposição do presidente Jair Bolsonaro a ministros que se valem da ciência no combate à pandemia, ao analisar o pedido demissão do ex-ministro Nelson Teich, nesta sexta-feira (15).

“O presidente Bolsonaro me parece não quer um médico para cuidar da saúde dos brasileiros. Ele quer uma pessoa que cumpra suas ordens sem pensar, mesmo rasgando a ciência, mesmo não indo de encontro àquilo que os especialistas determinam”, disse o parlamentar.

Políticos, entidades médicas e sociedade civil reagem à saída de mais um ministro da Saúde

Nova mudança provoca preocupação da comunidade médica e científica no Brasil e no exterior, e críticas contundentes de governadores que enfrentam a escalada de mortes nos estados.

Jornal Nacional – TV Globo

A saída de mais um ministro da Saúde em meio à pandemia teve grande repercussão entre políticos, entidades médicas e sociedade civil.

Henrique Mandetta, que sabe bem o que é ser ministro da Saúde no governo Bolsonaro, escreveu em uma rede social: “Oremos, força SUS. Ciência. Paciência. Fé!”.

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro publicou: “Cenário difícil, em plena pandemia, 13.993 mortes até ontem. Números crescentes a cada dia. Cuide-se e cuide dos outros”.

A saída de Nelson Teich provocou reações de parlamentares, partidos, governadores, prefeitos e representantes da sociedade civil. A maioria criticou os desmandos do governo em plena pandemia.

O senador Alessandro Vieira, do Cidadania, criticou a oposição de Bolsonaro a ministros que se valem da ciência no combate à pandemia:

“O presidente Bolsonaro me parece não quer um médico para cuidar da saúde dos brasileiros. Ele quer uma pessoa que cumpra suas ordens sem pensar, mesmo rasgando a ciência, mesmo não indo de encontro àquilo que os especialistas determinam”.

O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes, defendeu as ações do governo: “Não tem faltado, por parte do presidente Bolsonaro e do governo, recursos para estados e municípios e também recursos para o Ministério da Saúde. Se era pra não dar certo, que seja feita rapidamente a troca para que nós possamos enfrentar o que realmente interessa, que é a pandemia, que é a recuperação da vida do povo brasileiro. E nisso eu sei que o presidente tem feito o seu esforço maior”.

Na Câmara, a líder do PSOL, Fernanda Melchiona, considerou a demissão grave: “Bolsonaro busca um ministro que seja tutelado pela sua marcha anticiência, obscurantista e de propagação de fake news, estimulando inclusive o uso da cloroquina que não tem nenhuma comprovação científica de que resolve o caso – ao contrário”.

Governadores, que enfrentam a pandemia com medidas restritivas, recomendadas pelas autoridades sanitárias e têm sido alvos de ataques do presidente Bolsonaro, reagiram com preocupação.

“É muito grave e preocupante mais uma mudança no Ministério da Saúde. Isso gera uma insegurança enorme diante desse enfrentamento a essa grave pandemia no Brasil. É preciso termos uma coordenação nacional, em que todas as ações de orientações do Ministério da Saúde sejam pautadas por questões técnicas e científicas”, afirmou Camilo Santana, do PT, governador do Ceará.

“A gente espera que, com a nova pessoa que entre no Ministério da Saúde, não haja nenhum tipo de problema de descontinuidade. Porque a situação do Amazonas ainda é muito grave. Nós continuamos precisando e muito da ajuda do governo federal nesse momento para que a gente possa, o mais rápido possível, sair dessa pandemia”, falou Wilson Lima, do Amazonas.

“Catorze mil famílias perderam seus entes queridos. Não estamos em uma brincadeira, não estamos num campeonato de jet ski, não estamos disputando tiro ao alvo, não estamos fazendo churrasco no jardim do Palácio do Alvorada. Estamos enfrentando uma gravíssima crise de saúde, de vida e de economia, presidente. Presidente Bolsonaro, governe. Administre o seu país com equilíbrio, com paz no coração, com compreensão, com discernimento e com grandeza. Pare com agressões, pare com os conflitos, pare de de colocar o país dentro de um caldeirão interminável de brigas e atritos”, declarou o paulista João Doria.

“É fundamental que o governo federal se alinhe e ajuste sua política na área pública, com equipe técnica, com respeito à ciência e muita integração com os entes subnacionais, como fazemos aqui, os governos estaduais com as prefeituras”, disse Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde alertou que “estamos diante da maior calamidade na saúde pública, com o maior número de mortos de nossa história recente. Estabilidade, unidade técnica, esforços conjuntos, ações efetivas e compromisso com a vida e com saúde da população é o que se espera dos gestores neste momento.”

A Frente Nacional dos Prefeitos escreveu que “qualquer profissional sério não se submeterá a um jogo que não seja para o bem da saúde da população. Enfrentar essa pandemia no país tem exigido esforços que vão além do combate à Covid-19”.

O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, disse que “com método e paciência, Bolsonaro vai destruindo o Brasil e semeando a morte e o descrédito”.

O presidente da CNBB, Dom Walmor de Azevedo, afirmou que “mudanças constantes no Ministério da Saúde comprometem o enfrentamento da pandemia da Covid-19, mostram fragilidades que precisam ser enfrentadas com cidadania, fé e esperança.”

A Anistia Internacional destacou que no momento em que o Brasil entra na fase aguda da pandemia, “o governo federal não apresentou medidas adequadas para o enfrentamento dessa crise. E a postura do presidente Jair Bolsonaro dificulta ainda mais as urgentes respostas que precisam ser dadas para superarmos esse momento”.

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