Quando votaram por mudança em 2018, os brasileiros estavam cansados de corrupção. Viram na eleição de Bolsonaro uma saída onde saída não havia. A crise apenas se aprofundou. Muitos descobriram que não é a pretensa honestidade que leva a bons projetos, mas bons projetos é que levarão a menos corrupção, mais investimentos, crescimento econômico, diminuição da desigualdade social… e emprego. A mudança se chama emprego.
Deixemos a política um pouco de lado. O que importa pra você? Ser produtivo, crescer com o suor do seu trabalho, colocar comida na mesa, dar a melhor educação aos seus filhos, certo? No Brasil pré-pandemia do coronavírus, enquanto o presidente distraía o país com política menor, agressões e polarização, o desemprego continuava alto. De janeiro a março deste ano, ele cresceu: com mais 1,2 milhão na fila do emprego, já são 13 milhões de brasileiros sem trabalho.
No Brasil pós-pandemia, temos dois grandes desafios pela frente que só serão vencidos se reorientarmos a nossa visão e abandonarmos dogmas econômicos e sociais. Falo da necessidade de, por um lado, investir pesadamente em infraestrutura, único meio de rapidamente criarmos empregos e injetar algum ânimo na economia. E, por outro, forjando uma mentalidade digital no lugar da analógica que nos guiou até aqui.
O trabalhador como ainda o conhecemos no Brasil deixará de existir no horizonte curto, postos de trabalho estão sendo rapidamente fechados e substituídos por máquinas, robôs, tecnologia. Grandes empresas empregando mão de obra maciça estão ficando no passado. O vínculo empregatício tem sido colocado à prova por empresas de tecnologia na chamada uberização do trabalho. Como garantir direitos e acelerar a marcha da nossa indústria rumo à sociedade 4.0?
Essas duas noções não precisam estar em oposição se nos pusermos a pensar de forma disruptiva, que é o que esses novos tempos exigirão de nós. Isso exige investimento real em Educação, tecnologia, infraestrutura de redes, inteligência artificial. Para isso, o olhar precisa estar no futuro e não no passado, no lulopetismo, a desculpa de Bolsonaro para todo o mal. Ou isso ou veremos a destruição cada vez mais acelerada de empregos e cada vez mais brasileiros deixados para trás, numa escalada assustadora da desigualdade nesse Brasil já tão desigual.
Por isso, nesse dia primeiro, nesse Dia Internacional dos Trabalhadores, o que eu, como presidente do Cidadania, desejo é que a gente coloque o emprego como a discussão central no Brasil. Emprego e renda, que garantam aos brasileiros uma transição para esse novo mundo que tem muito ainda de desconhecido.
Não poderia terminar sem saudar especificamente nossos profissionais da saúde, homens e mulheres dando a sua vida para salvar o maior número de pessoas, e também entregadores, vendedores, estoquistas em mercados e farmácias e nossos trabalhadores do campo, garantindo que continuemos em segurança respeitando o distanciamento social.
O 1º de Maio sempre foi uma data de mobilizações, luta e, em alguns momentos, de festa mundo afora. Em meio a essa tragédia do coronavírus, que possamos celebrar a data reforçando o sentimento de solidariedade que vai nos mover na superação desse momento tão delicado da nossa história.
Um abraço fraterno,
Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania