Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (12/05/2020)

MANCHETES

O Globo

Bolsonaro libera salões de beleza, enquanto prefeitos apertam restrições
Vírus matou no país um mês antes do 1º registro
Presidente queria ‘afinidade’ com a PF, diz Valeixo
Desemprego: 748 mil pedidos de seguro em abril
Apesar de críticas, Enem abre inscrições
MP denuncia duas pessoas por ato em frente à casa de Moraes
Defesa busca militares que receberam R$ 600 da Caixa indevidamente
França volta às ruas após 55 dias

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro queria alguém com ‘afinidade’, diz ex-diretor da PF
Sem voos da FAB, presidente gastou 59% mais no cartão
Força e UGT propõem corte de salário como política de crise
Centrão pressiona por gastos
Militares com auxílio de R$ 600
Ruas mais vazias, vagões mais cheios
Governo federal põe salão de beleza na lista de essenciais
Coronavírus já estava sendo transmitido no carnaval, diz Fiocruz
‘Na UTI, a gente não pensa em nada’

Folha de S. Paulo

Rodízio empurra paulistano para o transporte público
OMS teme ‘cegueira’ de países que não adotam ações
Bolsonaro amplia serviço essencial e surpreende Teich
Ex-assessor que Bolsonaros viam como ameaça ganha cargo
Enem é mantido e abre inscrições em meio à pandemia
Sangue masculino tem mais enzima que leva à infecção
Estudo aponta que vírus circulou no Brasil em fevereiro
Em março e abril, desemprego leva 1,5 mi a benefício
Aplausos no Pacaembu vão para quem vencer a Covid
País viverá década de pior crescimento da história
Crise faz Avianca pedir recuperação judicial nos EUA
Sob desconfiança, França dá início a desconfinamento

Valor Econômico

Receita da União cai 30% no primeiro mês da pandemia
Ministro do TCU vê falhas do BB em privatização
Paulista quase deserta
Auxílio emergencial poderá ser definitivo
Senado vai votar limitação de juro e taxação de bancos
JBS anuncia doação de R$ 700 mi
Mudança de rota
Viajar de avião ficará 50% mais caro, prevê Iata

EDITORIAIS

O Globo

Evolução da pandemia demoliu tese bolsonarista contra o isolamento

A velocidade do aumento do número de casos mostra a necessidade de medidas mais duras nas cidades

Bolsonaro continua a justificar as críticas de dentro e de fora do país ao seu comportamento inominável com relação à tragédia em curso no país provocada pela epidemia da Covid-19. Desde que começaram a ser contabilizados no Brasil casos de infecção pelo vírus Sars-CoV-2, no final de fevereiro, o presidente assume uma posição negacionista, contrária a medidas preventivas como o isolamento social, quarentenas e similares.

O presidente Trump recuou em parte nessa posição quando começou a se assustar com a explosão no número de mortos no estado de Nova York (até o início da tarde de ontem, 26.800), que tomou da cidade chinesa de Wuhan o posto de epicentro mundial da pandemia. O colega brasileiro, ao contrário, segue em frente no desatino.

No sábado, quando o país alcançou oficialmente 10 mil mortes, Bolsonaro passeou de jet-ski no Lago Paranoá, em Brasília, depois de ter desmentido que faria um churrasco para a família e convidados no Alvorada, um tipo de evento desaconselhado por gerar aglomerações e facilitar o contágio por um vírus de elevada transmissibilidade. O presidente recuou na festa devido ao tamanho da repercussão negativa. Em contrapartida, Congresso e Supremo decretaram luto oficial pelas vítimas.

O histórico desta pandemia já fornece provas e argumentos sólidos de que seria um erro crasso de dimensões descomunais o poder público nada fazer para atenuar a propagação de um vírus desconhecido, contra o qual ainda não há a proteção de vacina e medicamentos que possam contê-lo. Tudo dentro da teoria de que os vírus cumprem um ciclo de ascensão e queda, à medida que a contaminação das pessoas vai criando anticorpos na população.

Mas a que custo em termos de vidas humanas? Na noite de sábado, o programa “GloboNews Debate”, com a participação dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde, Bolsonaro), do DEM; Humberto Costa (Saúde, Lula), do PT; e Osmar Terra (da Cidadania, Bolsonaro), do MDB, serviu para reafirmar a fragilidade da argumentação bolsonarista contra o isolamento e outras medidas desse tipo, defendidas no programa por Terra.

O deputado do MDB gaúcho, também médico como Mandetta e Humberto Costa, não conseguiu justificar o fim do isolamento diante da sobrecarga nas redes de saúde, como já ocorre em Manaus, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Deixa-se as pessoas morrerem sufocadas nas ruas? É indiscutível que os países que ensaiaram uma posição mais relaxada no início da epidemia foram forçados a tomar medidas às pressas para esvaziar as áreas públicas. Foi assim na Itália e nos Estados Unidos, casos notórios de recuo.

O Estado de S. Paulo

Brincando de ser presidente

O enfrentamento da crise é quase impossível quando se tem um presidente absolutamente incapaz de ver o mundo além do próprio umbigo

O Brasil decente e solidário está de luto. O Congresso e o Supremo Tribunal Federal decretaram no sábado passado luto oficial de três dias, depois que o Brasil superou a triste marca de 10 mil mortos pela covid-19. O governador de São Paulo, João Doria, já havia feito o mesmo na quinta-feira, dia 7, e o luto paulista será mantido até o fim da pandemia. Como lembrou o Supremo, em nota oficial, “precisamos, mais do que nunca, unir esforços, em solidariedade e fraternidade, em prol da preservação da vida e da saúde”. E a mensagem da Corte arrematou: “A saída para esta crise está na união, no diálogo e na ação coordenada, amparada na ciência, entre os Poderes, as instituições, públicas e privadas, e todas as esferas da Federação deste vasto país”.

No mesmo dia em que as principais autoridades do Judiciário e do Legislativo manifestavam pesar pelos milhares de concidadãos mortos e rogavam aos brasileiros que se unissem na luta contra a pandemia, circularam pelas redes sociais imagens do presidente Jair Bolsonaro a passear de moto aquática pelo Lago Paranoá, em Brasília, divertindo-se à beça. A este senhor, que brinca de ser presidente, não basta incitar seus camisas pardas vestidos de verde e amarelo a desafiar as instituições republicanas e a intimidar jornalistas; é preciso tripudiar sobre o sofrimento dos milhares de brasileiros que morreram e dos milhões que ora se encontram em quarentena, abrindo mão de sua vida social e enfrentando as agruras do desemprego e da redução de renda.

E mais: enquanto os governadores e prefeitos lutam para convencer seus governados a ficar em casa, única forma de retardar o colapso do sistema público de saúde – que já se verificou em diversos Estados –, o presidente avisa que vai ampliar, por decreto, o número de atividades consideradas essenciais e, portanto, livres de restrições durante a pandemia. “Vou abrir, já que eles (governadores) não querem abrir, a gente vai abrindo aí”, declarou Bolsonaro, como se a quarentena fosse uma escolha, e não um imperativo. Respeitados especialistas dizem, aliás, que o ideal seria impor desde já o chamado “lockdown”, isto é, a radicalização do isolamento social – o exato oposto do que Bolsonaro defende.

Compreende-se a dificuldade de fazer com que os cidadãos aceitem o isolamento social, o que inclui pôr em risco a própria sobrevivência e a da família em muitos casos. A situação fica ainda mais dramática à medida que a quarentena se estende no tempo. Portanto, é razoável esperar uma progressiva queda na adesão ao esforço coletivo para reduzir o contágio, mas está claro que essa queda tende a se acentuar quando a mensagem das autoridades a respeito da pandemia é confusa e fragmentada.

Se o presidente usa sua destacada posição de principal dirigente da República para, além de debochar dos mortos e dos que estão sofrendo, incitar os cidadãos a ignorar a quarentena imposta por governadores e prefeitos como se fosse desnecessária, não surpreende que muitos o façam. Em vez de inspirar os cidadãos a aceitar a responsabilidade de cada um no enfrentamento da pandemia, o presidente estimula o fracionamento da autoridade – o que, no limite, leva à desobediência e ao caos. Para complicar, o Ministério Público ainda colabora para minar a credibilidade dos governos estaduais e das prefeituras ao criar caso com compras emergenciais de equipamentos médicos, ignorando que, neste momento, eventuais irregularidades, previsíveis numa operação dessa magnitude, são o menor dos problemas diante da urgência urgentíssima.

O enfrentamento desta crise, que caminha para ser a maior da história do Brasil, depende, fundamentalmente, de harmonia entre as diversas autoridades, em todas as esferas, resguardadas as prerrogativas de cada uma, conforme o espírito da Federação. E depende de articulação dedicada entre o presidente, seus ministros, os governadores e os prefeitos, além do Congresso, do Judiciário e do Ministério Público. Obviamente não é fácil, como ficou claro na maior parte dos países do mundo, às voltas com atropelos no combate à covid-19. Mas é muitíssimo mais difícil, quase impossível, quando se tem um presidente que, tal como um adolescente birrento e mandão, é absolutamente incapaz de ver o mundo além do próprio umbigo.

Folha de S. Paulo

Amarelo-golpista

Autoritários excitam predisposição do presidente e exigem reação institucional

Sob o beneplácito do presidente da República, a cor da moda em nichos da veneração bolsonarista é o amarelo- golpista. Combinada ao verde-ódio, a onda retrô patrocina aglomerações em plena epidemia mortal, emprega violência e incita à ruptura do regime democrático.

Seus primeiros modelos se exibiram acoplados a movimentos que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2015 e 2016. Outro desfile, mais desavergonhado, ocorreu no cerco à população brasileira promovido por caminhoneiros em maio de 2018.

Após a vitória de Jair Bolsonaro, os tons da boçalidade passaram a adornar gabinetes do Executivo federal e chegaram ao Planalto. A longa trajetória do eleito como deputado federal não deixava dúvidas sobre suas inclinações autoritárias e seu desprezo pelos princípios norteadores do pacto de 1988.

Uma vez eleito, não negou sua própria biografia. Pior, a caneta na mão deu vazão ao irascível e incapaz chefe de Estado para criar uma série de crises. O exemplo mais recente de uma lista imensa é a incapacidade de liderar o país no momento em que o Brasil e o mundo passam pelo maior desafio sanitário e econômico de uma geração.

O erro crasso de Bolsonaro ao menosprezar o impacto da pandemia na saúde transformou o que era uma relação difícil com os demais atores institucionais num conflito aberto. O presidente se colocou quase na condição de pária mundial e talvez por isso se aproximou mais da militância lunática.

Que não reste dúvida sobre quem é a parte fraca — Bolsonaro — e quem é a forte — a arquitetura institucional que o contém — nesse embate. Ainda assim, cabe aos fiscais da lei investigarem quem está por trás de movimentos conspiratórios, mesmo que partam de nichos aparentemente exóticos, o que é apenas parcialmente verdade quando examinadas algumas conexões dos agitadores da baderna.

Detectaram-se pessoas próximas a quem exerce mandato em relação com aparelhos, como um tal “300 do Brasil”, que organizaram atos antidemocráticos. Investigam-se deputados sob suspeita de envolvimento em tramas contra a ordem constitucional, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso.

No Conselho de Ética da Câmara, adormece representação contra o deputado Eduardo Bolsonaro, por cogitar a repetição de uma medida como o AI-5, que em 1968 fechou o Congresso e esmagou o que restava de liberdades individuais.

Tais movimentos golpistas, que um dia se deram nas franjas distantes do poder de Estado, hoje excitam a predisposição de quem está na Presidência. Que o Judiciário e o Legislativo descubram quem segura as cordas a mover as marionetes de camisa amarela.

Valor Econômico

Comércio exterior pode fazer algum contraponto na recessão

Corrente de comércio diminuirá e importações cairão mais que exportações

Em contraste com a série de notícias negativas que a economia brasileira vem colecionando, a balança comercial de abril surpreendeu positivamente com um saldo de US$ 6,7 bilhões. O resultado superou em US$ 600 milhões até US$ 800 milhões as expectativas do mercado, que estava pessimista com o primeiro mês impactado integralmente pelo efeito da pandemia do coronavírus na economia. Tanto exportações quanto importações caíram. O saldo de abril é resultado de exportações que somaram US$ 18,3 bilhões. Mas as importações caíram mais, 12,3%, e totalizaram US$ 11,6 bilhões. No balanço final, foi o segundo maior resultado para o mês da série histórica, somente superado por abril de 2017.

De janeiro a abril, o saldo acumulado pela balança comercial está em US$ 12,264 bilhões, com queda de 16,4% sobre os US$ 14,7 bilhões do mesmo período de 2019. Esse foi o pior resultado para os quatro primeiros meses de um ano desde 2015, quando houve um déficit de US$ 5,1 bilhões. Em 12 meses, o saldo é de US$ 45,621 bilhões.

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) estimou que a balança comercial vai fechar o ano com superávit de US$ 46,6 bilhões, com uma queda de 3% em relação ao resultado de US$ 48 bilhões do ano passado, mas relativamente suave em vista do cenário global. A previsão leva em conta variáveis como importações mundiais, taxa de câmbio real, atividade econômica brasileira, produção industrial e o comportamento do comercio exterior brasileiro. Se essas projeções se confirmarem, o Brasil terá um desempenho no comércio exterior acima da média global. A Organização Mundial do Comércio (OMC) calcula que a corrente mundial de comércio diminuiu 4% no primeiro quadrimestre; e estima que deve encolher de 13% a 32% este ano.

Alguns fatores sustentam a previsão. A forte queda do real tornou os produtos brasileiros mais competitivos em dólar. Outro fator é a forte presença do Brasil no mercado global de alimentos como grãos e proteína animal. Mesmo em plena pandemia, países não deixam de comprar alimentos. Além disso, não só a China, mas a Ásia como um todo está se tornando parceiro comercial cada vez mais importante e tem reforçado as compras de alimentos. As exportações para a Ásia cresceram 28,65% em abril. Somente para a China o aumento foi de 29,5%, apesar das provocações de alguns setores do governo. Uma vantagem adicional da parceria com a China é o fato de estar saindo da crise causada pelo coronavírus antes das demais nações.

Já as exportações para os EUA e Argentina, os dois maiores parceiros comerciais depois da China, caíram 31,7% e 46%, respectivamente; e para a União Europeia subiram apenas 0,21%. Tanto os EUA quanto a Argentina enfrentam forte contração econômica. A pauta de vendas para esses países é muito concentrada em produtos industrializados, cujo comércio está abalado globalmente pela pandemia.

Uma pauta de exportações expressiva em alimentos e maior volume embarcado sustentaram o desempenho das exportações em abril. As vendas externas de produtos básicos saltaram 22,8%, compensando parcialmente a queda de 34,4% das exportações de manufaturados e de 4,8% dos semimanufaturados. Houve recorde mensal nos embarques de produtos como soja, com 16,3 milhões de toneladas e carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, com 116 mil toneladas. Já em relação ao valor exportado, apresentaram recorde mensal a soja com US$ 5,5 bilhões; a carne bovina, com US$ 509 milhões; e a carne suína, US$ 154 milhões.

Há quem receie que os próximos meses mostrem resultados menos favoráveis devido ao agravamento da crise global e do acirramento da desglobalização das cadeias de produção e aumento do protecionismo. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê que a diminuição do comércio internacional causada pela pandemia causará uma retração das exportações brasileiras entre 11% e 20% em 2020, com vendas em patamar inferior a US$ 200 bilhões. A crise também terá repercussão nas importações, que cairão 20%, para cerca de US$ 140 bilhões. O superávit comercial projetado é até superior ao esperado pelo governo. Mas as contas do Ipea embutem uma perspectiva de redução da corrente de comércio de pouco mais de 12%, dos US$ 402,7 bilhões de 2019 para US$ 353 bilhões neste ano – ainda assim em linha com as previsões mais otimistas da OMC.

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