Em live com Malu Molina, Freire aponta Guedes como próxima vítima de Bolsonaro


Presidente do Cidadania conversou com pré-candidata a vereadora em São Paulo sobre os rumos do país após saída de Sérgio Moro e disse que desestruturação do governo coloca terceiro impeachment no Brasil em vista


O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou neste sábado (25), em live com a pré-candidata do partido a vereadora em São Paulo Malu Molina, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pode ser o próximo a deixar o governo de Jair Bolsonaro. “A saída de Moro é muito significativa da desestruturação do governo. Guedes, outro de seus pilares, muito provavelmente, será a próxima vítima”, apontou, ao lembrar que o programa de recuperação Pró Brasil foi construído sem participação de ninguém do Minitério da Economia.

Na avaliação de Freire, o governo pode desmoronar de vez a partir da investigação proposta pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal com base nas acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e das apurações que serão feitas a partir do Congresso Nacional, onde o Cidadania apresentou requerimento de instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o mesmo objetivo.

“Se o Supremo comprovar que houve crime comum, ele pode ser processado e cassado. É uma outra hipótese além do crime de responsabilidade julgado pelas casas do Congresso Nacional. CPI não é algo inócuo. O impeachment do ex-presidente Fernando Collor foi resultado de uma CPI. O Cidadania já iniciou pedido para apurar se todos os fatos apontados foram mesmo criminosos”, sustentou, ao salientar que o impeachment é hoje uma hipótese em todos os setores políticos.

Mesmo entre os bolsonaristas o tema ganhou corpo ou o presidente não estaria tentando articular uma base junto a parte do chamado Centrão, observa ele. Questionado por Malu sobre a possibilidade de o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), segurar os pedidos de impeachment, Freire disse que era possível porque processos como esse não são apenas uma questão de desejo pessoal, mas precisam de apoio da sociedade, além de dois terços favoráveis nas duas Casas do Congresso.

Ele elogiou atuação de Maia. “Rodrigo está exercendo importante papel, ao lado do STF, em meio à grave crise que vivemos. São guardiões do processo democrático do país, que sofre com a escalada claramente golpista de Bolsonaro”, disse. Para o ex-parlamentar, a saída da crise não deve ser rápida justamente pela ausência de um dos elementos que catalisou a queda de Collor e da ex-presidente Dilma Rousseff: as manifestações de rua, hoje impossíveis em razão da pandemia do coronavírus.

Democracia direta

Ao comentar o uso da tecnologia em tempos de distanciamento social, Freire sublinhou que essas novas ferramentas de comunicação irão aproximar o parlamento da sociedade e permitir a adoção de mecanismos de democracia direta. “Vimos o Congresso se reunindo e votando por teleconferência, de forma remota. Isso vai propiciar, em poder local, muito mais democracia direta, a participação da sociedade em questões importantes nas cidades. Política não pode ficar isolada em um enclave enquanto a sociedade avança”, apontou.

Malu Molina observou que o uso de tecnologia pode também impactar para baixo o custo dos mandatos, no que Freire concordou. Segundo ele, há várias experimentações em curso e será possivel observar em breve o que deu certo e deve continuar e o que deu errado e pode ser revisto. “O Cidadania, por exemplo, tem gabinetes compartilhados. A deputada Tábata também é um exemplo com Rigoni e Alessandro Vieira. Temos também as candidaturas múltiplas, coletivas. São questões embrionárias que podem morrer ou frutificar e virar mecanismos que vão se distribuir pela sociedade formando novas instituições”, previu.

O presidente do Cidadania, no entanto, ponderou que nada disso deve ser feito com base no binômio nova-velha política. “O mundo está mudando e com ele a política. Não podemos entrar em preconceito, como se tivesse que apagar tudo que veio antes. O que está vindo é em função do que havia, como processo de superação. Não tenho que fazer do passado terra arrasada, tenho de entender o que ali pode nos ajudar”, sugeriu a Malu Molina, em quem enxerga a possiblidade de aliar, no Cidadania, renovação e experiência.

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