Executiva Nacional do Cidadania cria Núcleo Evangélico 23

“Historicamente o movimento evangélico no Brasil sempre defendeu com convicção o conceito de estado laico”, diz o pastor Eliel Gama, do Maranhão (Foto: William Borgmann)

A Executiva Nacional do Cidadania decidiu, por unanimidade, pela criação do Núcleo Evangélico 23 por demanda de um grupo de filiados. O lançamento do movimento foi discutido em videoconferência, dia 5 de abril, e a proposta de constituição do núcleo apresentada ao partido pelo grupo que deve ter o pastor Eliel Gama, da Comunidade Maravilhosa da Graça, do Maranhão, como coordenador. Segundo ele, o Núcleo Evangélico 23 terá atuação nacional, estadual e também nos municípios.

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, disse que o partido recebe com muita expectativa a sua criação.

“A iniciativa mostra a pluralidade do Cidadania. O núcleo nasce comprometido com bandeiras caras à democracia, como o estado laico, as liberdades, os direitos humanos e o respeito à vida. Sempre na perspectiva da unidade do movimento evangélico, nunca pela divisão”, disse.

A criação do núcleo chegou a ser discutida no último Congresso Nacional do partido, no final do ano passado, em Brasília, mas a sua formalização acabou sendo postergada, ainda que sob o entendimento da necessidade de um movimento no partido para a promoção do diálogo inter-religioso entre os filiados, do respeito à liberdade religiosa e do enfrentamento da violência contra grupos religiosos.

A partir dessa discussão, de acordo com Eliel, o Cidadania realizou em São Luís, em abril de 2019, o evento ‘Política no contexto da igreja evangélica brasileira’ e, em agosto do ano passado, nas dependências do Senado Federal, foi promovido o seminário ‘A fé, o movimento evangélico e a política’, com a participação de pastores, senadores, deputados e do presidente Roberto Freire.

Seminário ‘A fé, o movimento evangélico e a política’, com a participação de pastores, senadores, deputados e do presidente Roberto Freire (Foto: William Borgmann)

Eliel disse que no processo de discussão da formação do núcleo evangélico do Cidadania, a FAP (Fundação Astrojildo Pereira) patrocinou, em setembro de 2019, uma roda de conversa com o tema ‘Movimento evangélico e a política’.

“Historicamente o movimento evangélico no Brasil sempre defendeu com convicção o conceito de estado laico e se fez presente e de maneira forte em áreas da sociedade, como educação, saúde, assistência e social e outras. O mundo evangélico, em suas várias vertentes, é parte constitutiva da nação brasileira, e assim deve ser entendido”, disse o pastor.

Ele destacou também que o Cidadania é um “partido plural e que não se rege por uma doutrina filosófica materialista”, embora dentro dele haja “pessoas formadas nos mais variados matizes do pensamento e religiosos, e que deve se abrir mais aos evangélicos e às suas opiniões”.

Para Eliel, o Núcleo Evangélico 23 se constituiu como um movimento importante no partido para “dialogar com o amplo segmento evangélico brasileiro”, inclusive “fazendo a pedagogia das grandes bandeiras partidárias”: o humanismo, a defesa da vida e a sua relação democrática com o Estado.

Composição inicial

Além de Eliel Gama, o núcleo está composto inicialmente por Luís Fernando Machado, da Igreja Missionária Lago Norte/DF; Everaldo Nunes, membro da Igreja Batista e presidente do Cidadania no Pará; e Lyndon de Araujo Santos, pastor da Igreja Congregacional de São Luís, professor de história da Universidade Federal do Maranhão e autor de vários livros referenciais.

Everaldo Nunes diz que o movimento evangélico é crescente no Brasil, já contando, segundo pesquisas, com mais de 60 milhões de adeptos, perfazendo um percentual de no mínimo 30% da população brasileira.

“Para nós evangélicos, o dia 23 de abril é uma data simbólica porque a Executiva Nacional do Cidadania aprovou a criação do Núcleo Evangélico 23. É o reconhecimento da importância dos evangélicos na construção de uma sociedade cada vez mais justa, humana e igualitária. O núcleo vem para fortalecer a democracia e para lutar contra qualquer tipo de intolerância religiosa, e gora vamos ampliar o núcleo para estados e municípios em todo o Brasil”, disse o presidente do partido no Pará.

Para Luís Fernando Machado, o movimento evangélico, dentro do partido, não pode estar dissolvido em um núcleo ou secretaria eclética do ponto de vista religioso. Ele defendeu que todas as correntes do pensamento religioso devem ter o direito e a liberdade de se organizarem no partido, mas que suas concepções são próprias e assim devem ser preservadas.

Roteiro de trabalho

O Núcleo Evangélico 23 definiu um roteiro de trabalho que foi apresentado à Comissão Executiva Nacional do Cidadania e que tem como primeira tarefa o incentivo à criação de núcleos estaduais, sempre com um mínimo de três pessoas;

2 – Estudar, junto ao partido, a criação de espaço no Portal Cidadania 23, para divulgar informações do movimento;

3 – Com o apoio formal da direção nacional, contatar os diretórios estaduais para que possam fazer um levantamento dos filiados evangélicos; e acessar possíveis cadastros de informações a partir das fichas primárias de filiação;

4 – Criar os núcleos estaduais e acioná-los por meio de reuniões e assembleias virtuais;

5 – Dar início imediatamente à preparação de um documento do núcleo voltado às eleições municipais, em consonância sempre com as linhas programáticas do Cidadania.

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