Secom diz que a campanha publicitária de R$ 4,8 milhões foi “em caráter experimental”
Pressionado por ação popular que pedia a suspensão de uma propaganda fake news sobre coronavírus da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), o governo federal recuou e divulgou nota nesta sexta-feira (27) afirmando que o vídeo foi feito em “caráter experimental”e “a custo zero”. O vídeo incita os brasileiros a deixar o isolamento social no combate ao coronavírus.
Diferentemente do que diz a nota, o Diário Oficial da União (DOU) do dia 26 de março mostra a contratação pelo governo no valor de R$ 4,8 milhões, com dispensa de licitação, de uma empresa “para disseminar informações de interesse público à sociedade, por meio de desenvolvimento de ações de comunicação”.
“Causa-nos estranheza o governo veicular uma campanha milionária experimental em tempos de pandemia do coronavírus. Pessoas desassistidas pelo Estado, falta de testes e de equipamentos de saúde e o presidente Bolsonaro interessado em gastar o dinheiro público disseminando uma proposta irresponsável que nenhum presidente do mundo adota porque a ciência diz que o único meio de evitar a rápida propagação da Covid-19 é o isolamento social”, sublinhou Freire.
A ação popular é assinada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e pelos deputados Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES). Na peça, eles afirmam que a propaganda “contraria não apenas a ciência e o bom-senso”, mas também “as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)” e ameaça mesmo quem não faz parte do chamado grupo de risco.
Os parlamentares apontam lesão ao patrimônio, à moralidade administrativa e à saude e incolumidade públicos e sustentam que os quase R$ 5 milhões que teriam sido gastos para contratar, sem licitação, a agência responsável pela campanha seriam suficientes para comprar cerca de 4 milhões de testes rápidos para coronavírus.
“Publicidade não mata vírus, mas pode matar muitos brasileiros. O impacto econômico de milhares de brasileiros adoecendo ao mesmo tempo, sobrecarregando os hospitais, será brutal”, observa o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire.