Marco Aurélio Nogueira: Exterminador do futuro

Em termos de capacidade de gestão, equilíbrio e solidariedade, de liderança, o presidente é um fiasco. Um caso grave, sem cura.

A máscara caiu. Não há uma Presidência da República no Brasil, mas um pesadelo. A cada dia fica mais evidente a tragédia que estava anunciada em 2018 e que não foi compreendida a tempo pela maioria do eleitorado. A partir de agora, teremos de matar um leão por dia. Não merecemos isso, nem o vírus que se dissemina, nem o presidente que não governa nem lidera o País nesse momento extremamente delicado.

É simplesmente patética a foto do presidente e de alguns ministros paramentados com máscaras descartáveis. Bolsonaro foi à manifestação, abraçou e beijou um monte de gente, acha que o distanciamento social e o confinamento não passam de histeria desnecessária. Depois, posou de higiênico e cuidadoso. Feitas as fotos, se atrapalhou para tirar a máscara. Ela caiu sozinha, por inteiro. Uma figura aparvalhada, sem saber o que fazer, sem atinar para a gravidade e a dimensão da pandemia. O olhar de todos à mesa de entrevista era de gente assustada.

Dá medo ver que há quem o aplauda e continue a tratá-lo como “mito”. Pessoas assim são uma correia de transmissão, espalham ódio e vírus. Quem são elas, como justificam suas atitudes perante os demais? A chave do fanatismo explica parte do fenômeno. Estamos diante de um tipo social – o indiferente com raiva do mundo — que não surgiu hoje, mas que, de repente, se espalhou e ganhou visibilidade. Gente que pede ditadura, Estado de exceção, AI-5, no exato momento em que mais se necessita de paz, diálogo, cooperação. Gente para quem a vida em sociedade é um fardo, conflito, atrito, violência, que não está nem aí para o bom senso e o espírito público. Um perigo.

A mentira, especialmente quando contumaz, é o pior modo de enfrentar o Covid-19 ou qualquer outro vírus. Desmobiliza e confunde. Trump mordeu a língua depois de passar semanas dizendo que o vírus nada mais era que uma “manobra chinesa”. Bolsonaro segue o mesmo caminho. Passará para a História como um exterminador do futuro.

Depois de banalizar o coronavírus e debochar das medidas sanitárias de seu próprio governo, Bolsonaro encaminhou pedido de calamidade pública. Medida dura e necessária. Mas são chocantes as oscilações presidenciais, que emitem sinais contraditórios para a população e ao fazer isso aumentam a exposição ao vírus. Os panelaços dos últimos dias estão a demonstrar que o bolsonarismo regrediu alguns pontos.

Em termos de capacidade de gestão, equilíbrio e solidariedade, de liderança, o presidente é um fiasco completo. Um caso grave, sem cura. Seu despreparo, seu caráter tosco e grosseiro, só faz atrapalhar. A cada dia, mais gente está se dando conta disso. (O Estado de S. Paulo – 19/03/2020)

Leia também

Genivaldo Matias da Silva, um herói anônimo da democracia

Por Luiz Carlos Azedo Soube, por intermédio de amigos, do...

Edital de Convocaçao do Congresso Estadual do Cidadania no Epirito Santo

Nos termos dos Estatutos Partidário, da Resolução nº 001/2025...

Cidadania Acre convoca para Congresso Estadual

O Cidadania 23 do Acre realizará, na terça, 9...

Juventude do Cidadania no Rio de Janeiro define sua nova liderança estadual

O Congresso Estadual do Cidadania, realizado neste sábado (29)...

Renovação marca o Congresso Municipal do Cidadania em Itajaí

O Cidadania de Itajaí realizou seu Congresso Municipal para...

Informativo

Receba as notícias do Cidadania no seu celular!