O Brasil celebra nesta quarta-feira (20) o Dia Nacional da Consciência Negra, data que tem como objetivo levar à sociedade a refletir sobre a inserção do negro na sociedade. O dia foi criado em 2003 e escolhido por coincidir com o mesmo dia da morte de Zumbi dos Palmares, considerado um dos maiores líderes negros do País. A data reforça os problemas enfrentados pelos afrodescendentes como o racismo, a discriminação, a igualdade social e o preconceito.
O Cidadania reforça a necessidade de se refletir sobre a questão racial no Brasil e, por meio do seu núcleo Igualdade 23 (veja nota abaixo), chama a atenção de todos os brasileiros sobre a situação enfrentada pela população negra no Brasil.
Marginalização
Apesar dos avanços nos últimos séculos, o País ainda se encontra distante da pacificação da questão racial mantendo uma larga distância entre brancos e negros. Dados recentes divulgados pelo IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística) demonstram, de forma nítida, os problemas dessa parcela da sociedade que representa mais de 50% dos brasileiros.
O estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça, do IBGE, aponta que brancos possuem renda 74% superior a de trabalhadores pretos ou pardos que, além do mercado de trabalho, estão em desvantagens nos indicadores de renda, condições de moradia, escolaridade, acesso a bens e serviços, além de estarem mais sujeitos à violência e terem baixa representação em cargos de chefia.
Para se ter uma ideia, proporcionalmente para cada R$ 1.000 pago a uma pessoa branca um trabalhador preto ou pardo recebe R$ 575. A renda média mensal do brasileiro branco, seja no mercado formal ou informal, é de R$ 2.796 enquanto a outra parcela da sociedade recebe R$ 1608.
Além disso, a taxa de homicídio de pretos ou pardos é quase três vezes maior que a de brancos. Segundo o IBGE, as taxas de homicídios no País não apresentaram queda entre 2012 a 2017. No período, a taxa aumentou de 37,2 para 43,4 mortes para cada 100 mil habitantes, enquanto que para a população branca, o número ficou estável entre 15,3 e 16 por 100 mil habitantes .
Consciência de toda a sociedade
Para um dos coordenadores do núcleo Igualdade 23, Romero Rocha, O Dia da Consciência Negra, tem importância mas lamenta pelo fato de ser lembrada apenas uma vez por ano, enquanto deveria ser lembrada todos os dias. Segundo o militante e ativista negro, a data deveria ser celebrada por todos para criar uma sociedade mais igualitária.
“O Dia é importante por levantar essa pauta, mas entendemos que deveria ser uma ação continuada durante todo o ano. Deveríamos ter políticas públicas durante todos os dias do ano para a população negra. Contudo, hoje temos apenas algumas datas para lembrar o tema. A Consciência Negra deveria ser consciência de toda a sociedade, de pretos e brancos, para que o País fosse mais justo e menos violento”, defendeu.
Romero Rocha destacou a luta realizada pelo Cidadania contra as desigualdades em todas suas formas e elogiou a legenda por sua “agenda construtiva”.
“Nós do Igualdade 23 nos sentimos confortáveis por estarmos no Cidadania, partido que acolhe as pautas dos negros, LGBTs, mulheres e de toda a sociedade. É um partido que tem suas ações voltadas para a dignidade humana e por isso nos sentimos contemplados, felizes e completos”, disse.
Nota pública do Igualdade 23 do Dia Nacional da Consciência Negra
“Consciência Humana
A consciência é a percepção dos fenômenos próprios da existência, esta se opõe à inconsciência, ou a ignorância. Podemos ainda dizer tranquilamente que esta nos da capacidade para discernir.
Perceber a existência e seus elementos é inerente ao ser humano, perceber o mundo a sua volta e reagir conscientemente tomando decisões com base em seu discernimento é também atributo de humanidade. Tal percepção é constructo da identidade de cada pessoa, bem como da sociedade, pois a identidade de cada um só existe porque a persona do outro é diferente.
Tal ação sabemos não é sazonal, ela se dá a todo milésimo de segundo, e mesmo quando dormindo ou seja inconscientes estamos processando o empírico, fruto das ações e percepções de quando conscientes.
Em suma a consciência humana não tem cor nem tempo de ação limitado, mesmo algumas se guiando por pigmentos ou outras variáveis em suas decisões.
O Igualdade 23 saúda todos que tem em seus valores a preocupação com seus concidadãos e concidadãs, e conclamamos estes que ainda não o tenham feito a se juntarem ao CIDADANIA, donde nos encontramos confortáveis por contar com apoio de brancos, negros, índios, mulheres, cisgêneros , LGBTS e diversos outros segmentos da sociedade na construção de um mundo mais equânime. Aos que conosco já caminham nossos cordiais agradecimentos.
Aos que conosco já caminham nossos cordiais agradecimentos. Deixamos o exercício de pensar na simbologia desta, não só na data de 20 de novembro, mas tentar entender e se possível incorporar as premissas de resistência do povo negro na construção da sociedade brasileira, bem como em sua realidade nos dias atuais à sua consciência que funciona diariamente, transformando essas em ações que podem de fato mudar as relações sociais e construir um futuro melhor para todos.
Igualdade 23
Brasília, 20 de novembro de 2019″