A economia brasileira cresceu 0,4% no segundo trimestre ante os três primeiros meses de 2019 em resultado que ficou acima do esperado pelos especialistas, mas em quadro de estagnação. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação ao segundo trimestre de 2018, o crescimento foi de 1%.
A lentidão na recuperação da economia após a saída da recessão, no primeiro trimestre de 2017, é alimentada pela persistência do desemprego elevado, pela perda de produtividade e pelas incertezas políticas que travam o investimento.
As marcas da economia no primeiro semestre foram a crise na Argentina atingindo as exportações da indústria de transformação, especial a automobilística, a paralisação de minas após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) derrubando a indústria extrativa e o baixo nível dos investimentos.
No primeiro semestre, o crescimento foi de 0,7% e, em 12 meses, o PIB (Produto Interno Bruto) subiu 1%. O IBGE revisou o resultado do primeiro trimestre, de queda de 0,2% para recuo de 0,1%.
Entre os componentes do PIB, pela ótica da produção, a indústria subiu 0,7% no segundo trimestre ante o período de janeiro a março, os serviços avançaram 0,3% e a agropecuária recuou 0,4%.
Quando se olham as contas nacionais pelo consumo, o das famílias avançou 0,3%, os investimentos cresceram 3,2%, as exportações caíram 1,6% e as importações subiram 1%. O consumo do governo caiu 1%.
A taxa de investimento cresceu para 15,9%. No segundo trimestre de 2019, a taxa estava em 15,3%.
Apesar do crescimento registrado no segundo trimestre, a economia brasileira ainda não conseguiu se recuperar da recessão de 2015 e 2016, quando a atividade recuou perto de 8%. Ainda está produzindo 5% a menos que em 2014, antes da crise.
Após o período de recessão, o Brasil manteve crescimento em torno de 1% em 2017 e 2018, sem conseguir reduzir o contingente de desempregados de 12,8 milhões de trabalhadores.
Para este ano, analistas esperam que o quadro de estagnação se intensifique, e a economia cresça apenas 0,8%.
Incerteza política
A incerteza política com o governo criando atritos internacionais no meio ambiente e reformas ainda em andamento, como a tributária, inibe os investimentos, o que está fazendo o Brasil crescer pouco nos últimos anos.
A reforma da Previdência foi aprovada na Câmara, mas vai demorar alguns anos para diminuir o gasto com aposentadorias e pensões, deixando espaço no Orçamento público para investimentos que são o maior impulso ao crescimento.