Eduardo Rocha
Economista pela Universidade Mackenzie Pós-Graduado com Especialização em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

O Exército Vermelho toma o Reischtag
I
O significado do Dia da Vitória
O tirânico e sanguinário Terceiro Reich[1] liderado pelo maior inimigo da humanidade de todos os tempos, Adolf Hitler (1889-1945), tinha como mórbido, sinistro, macabro, louco e supremo objetivo conquistar territórios, impor seu domínio sobre todas as nações, oprimir e escravizar alguns povos e liquidar outros – dentre os quais os judeus e os comunistas. Vale lembrar que o mundo perdeu mais de 70 milhões de pessoas, dentre as quais 27 milhões de soviéticos (civis e militares)[2], além dos monstruosos danos materiais e da destruição irreparável de maravilhosas obras de arte construídas pela inteligência humana ao longo da história. “A ambição desmedida devora a própria alma de quem a cultiva”, disse Shakespeare em Macbeth.
Já derrotada, destroçada, desmoralizada e em ruínas a Alemanha nazifascista, no dia 7 de maio, assinou o termo de rendição preliminar no QG dos Aliados na cidade de Reims na França. Em seguida, no histórico dia 8 de maio, os representantes de todos os vitoriosos exércitos aliados chegaram a Berlim e, enfim, os alemães na presença do Alto Comando das Forças Aliadas e do Alto Comando das Forças Armadas Soviéticas assinaram a ata final de rendição, que entrou em vigor a partir da meia-noite do dia 8 de maio.
Pelo Comando Supremo do Exército Vermelho Soviético, o Marechal da União Soviética Georgy Konstantin Zhukov (1896-1974)[3]; pelo Alto Comando Britânico, o Marechal-Chefe da Força Aérea Real Arthur William Tedder (1890-1967); pelas Forças Armadas dos Estados Unidos da América, o General e Chefe da Força Aérea Estratégica dos EUA Carl Andrew Spaatz (1891-1974), e pelas Forças Armadas Francesas, o Comandante-em-Chefe do Exército Francês. Jean de Lattre de Tassigny (1889-1952).

Marechal da União Soviética Georgy Zhukov lendo a capitulação alemã em Berlim.
Sentado à sua direita está o britânico Marechal Chefe do Ar Arthur Tedder
Pelas Forças Armadas alemãs derrotadas estavam o Marechal de Campo e Supremo Comandante da Wehrmacht Wilhelm Bodewin Johann Gustav Keitel (1882-1946), pela Marinha de Guerra o Almirante-general Hans-Georg Friedrich Ludwig Robert von Friedeburg (1895-1945) e pela Força Aérea representando a Luftwaffe o General Hans Jurgen Stumpff (1889-1968) – nazifascistas que assinaram o termo de rendição que assim proclamava:
“Nós, abaixo-assinados, que negociamos em nome do Alto Comando alemão, declaramos a capitulação incondicional ante o Alto Comando do Exército Vermelho e ao mesmo tempo ante o Alto Comando das forças expedicionárias aliadas de todas as nossas Forças Armadas na terra, na água e no ar, assim como de todas as demais que no momento estão sob ordens alemãs. Assinado em 8 de maio de 1945 em Berlim. Em nome do Alto Comando alemão: Keitel, Friedeburg, Stumpf…”.[4]
O Instrumento da Rendição Alemã foi o documento que marcou, oficialmente, o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Foi assinado às 22h43m CET[5] do dia 8 de maio de 1945, e a rendição foi levada a efeito às 23h01m CET do mesmo dia. O dia 8 de maio de 1945 ficou assim conhecido como o Dia da Vitória na Europa, enquanto que, para os soviéticos, o Dia da Vitória é celebrado em 9 de maio[6], pois o documento foi assinado após a meia-noite, segundo o horário de Moscou. O Dia da Vitória não foi apenas o fim da guerra, mas o desmoronamento e a aniquilação de um projeto universal da morte capitaneado por Hitler. E no dia 9 de maio de 1945, Dia da Vitória para os soviéticos, Zhukov discursou[7] na Praça Vermelha.

O Marechal de Campo Wilhelm Keitel
assinando o instrumento de rendição incondicional da Alemanha em Berlim
O 8 de maio é a síntese de um torturante processo histórico, repleto de gigantescos e incontáveis sofrimentos humanos antes nunca vistos e, ao mesmo tempo, de heroicas ações de resistência e ofensivas para pôr fim à barbárie nazista e fazer tremular a bandeira da paz e da liberdade no mundo. A Segunda Guerra Mundial teve início oficialmente em 1° de setembro de 1939 com a invasão alemã à Polônia[8]. Em 3 de setembro Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha, que, em seguida, entre 1939 e 1941, ocupou a Dinamarca, Noruega, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Iugoslávia e Grécia.
No fim de julho de 1940, em uma reunião feita em Berghof pelos altos comandantes militares germano-nazifascistas, definiu-se o período da agressão à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS): primavera de 1941. Foi em 18 de dezembro de 1940 que Hitler aprovou o plano de guerra chamado Operação Barbarossa efixou a data da invasão para 15 de maio de 1941. Ele temia o inverno russo – lembrou-se de Napoleão Bonaparte[9] (1769-1821). Em sua loucura, planejava que a União Soviética estaria aniquilada em até oito semanas. Consultou os seus comandantes militares que, por razões logísticas, disseram que o deslocamento das tropas alemãs para a União Soviética só estaria completo em 19 de junho, e que, pela noite de 21 de junho, os primeiros aviões de ataque voariam sobre as áreas a serem inicialmente invadidas.
Em preparação para a guerra contra a União Soviética, o Alto Comando Alemão aumentou suas Forças Armadas, cuja força total em junho de 1941 chegava a 8.500.000 homens. Para executar o Plano Barbarossa, nome-código para a invasão da União Soviética, a Alemanha destinou 152 divisões, incluindo 19 divisões de tanques, 14 brigadas motorizadas e 2 brigadas independentes, totalizando 3.300.000 soldados. Além disso, havia 1,2 milhão de homens nas unidades aéreas e 1,2 milhão e outros 100.000 homens na marinha de guerra. Essas forças representavam 77% da força total dos exércitos operacionais alemães. Os países satélites contribuíram para a guerra contra a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) com 29 divisões (16 finlandesas e 13 romenas) e 16 brigadas (3 finlandesas, 9 romenas e 4 húngaras), totalizando 900.000 soldados e oficiais. No total, 181 divisões e 18 brigadas estavam concentradas nas fronteiras com a União Soviética. As tropas da Alemanha nazista e seus aliados no Leste, isto é, no front oriental, totalizavam 5.500.000 homens, dos quais 4.600.000 eram alemães. Seu armamento incluía 47.260 canhões e morteiros, dos quais cerca de 2.800 eram alemães e 4.950 aviões de combate.
II
A invasão nazista
As 3h15 da manhã do dia 22 de junho de 1941, teve o início da “Operação Barbarossa”. No mesmo dia, no Kremlin, uma reunião do Politburo[10] terminaraàs 3h00m, sem que que seus membros tivessem conhecimento da invasão. Josef Stálin (1873-1953) recolhera-se a seu quarto. Minutos depois, bateram em sua porta, saiu do quarto e um oficial lhe disse:
“– O general Zhukov[11] solicita uma conversa telefônica com o senhor sobre um assunto que não pode esperar!”.
Stalin atendeu ao chamado e Zhukov lhe relatou sobre os ataques alemães a Kiev, Minsk, Sebastopol, Vilna e a outras regiões. Após a comunicação, Zhukov indagou:
“- Entendeu o que eu disse, Camarada Stalin?”
Stalin parou no ar.
Zhukov perguntou de novo: “- Camarada Stalin, entendeu o que eu disse?”
Stalin, finalmente, assimilou a gravidade da situação. Eram 4 horas da madrugada de 22 de junho de 1941[12].
Às 5h45, encontrou-se com Zhukov, Semion Konstantinovitch Timoshenko (1895-1970), Lev Zakharovich Mekhlis (1889-1953), Lavrenti Pavlovich Beria (1899-1953) e Viatcheslav Mikhailovitch Molotov (1899-1953) para saber da situação militar.
Às 07h00 convocou uma reunião ampliada do Politburo – que contou com as presenças de Molotov, Beria, Kliment Efremovitch Voroshilov (1881-1969), Lazar Moiseyevich Kaganovich (1893-1991) e Georgi Maksimilianovich Malenkov (1902-1988) –, além de Georgi Mikhailov Dimitrov (1882-1949) e Dmitri Zajarovich Manuilsky (1883-1959), ambos do Komintern (Comintern, isto é, a Internacional Comunista)[13]. Segundo Dimitrov, estava também o secretário pessoal de Stalin, Alexander Nikolaevich Poskrebyshev (1882-1965).
A partir de 22 de junho os alemães avançaram com brutalidade e crueldade implacáveis sobre o território e o povo soviéticos. A invasão nazista concentrou-se em três frentes principais de ataque.

Invasão alemã à URSS em 22 de junho de 1941
Sob o comando do Marechal de Campo Wilhelm Josef Franz Ritter von Leeb (1876-1956), a primeira ficou a cargo do Grupo de Exércitos do Norte, que avançou para os Estados bálticos com o apoio dos exércitos finlandeses, com o objetivo de aniquilar as tropas soviéticas ali presentes e, em seguida, em operações coordenadas com uma parte dos exércitos nazistas do fronte do Centro, conquistar Leningrado e Cronstadt. No Extremo Norte as forças nazistas eram compostas por seis divisões, duas delas eram finlandesas. No Sudeste da Finlândia havia dois exércitos finlandeses, integrados por 15 divisões de infantaria (uma delas, alemã) e três brigadas. A ação das tropas finlandesas e alemãs concentradas na Finlândia seria apoiada por centenas de aeronaves da 5ª Força Aérea Alemã e 500 aeronaves da Força Aérea Finlandesa. O agrupamento do Exército do Norte foi implantado na Prússia Oriental, contando, no total, com 29 divisões, incluindo seis divisões de tanques e motorizadas. A ofensiva do Agrupamento do Exército do Norte seria apoiada pela 1ª Frota Aérea, com 1.070 aeronaves de combate[14].
O Grupo de Exércitos do Centro – comandado pelo Marechal de Campo Fedor von Bock (1880-1945) – pretendia ocupar o centro da Rússia europeia e tomar Moscou. O Grupo de Exércitos Centro, que era o agrupamento de forças mais forte dos alemães, foi formado pelos 9º e 41º exércitos e pelos 2º e 3° grupos blindados, com um total de 50 divisões (das quais 15 são tanques e motorizadas) e duas brigadas motorizadas. A estas tropas foi ordenada a missão de cercar e aniquilar unidades do Exército Vermelho na Bielorrússia e conquistar Polotsk, Vitebsk, Minsk, Smolensk e Gomel. O Comando Nazista pretendia criar as condições para sucessivas operações ofensivas em direção a Moscou, bem como para apoiar os grupos de exércitos do Norte e do Sul.
Já o Grupo de Exércitos do Sul– comandado pelo marechal de campo Karl Rudolf Gerd von Rundstedt (1875-1953) – tinha como missão aniquilar as tropas soviéticas posicionadas na Ucrânia, tomar Kiev, a bacia siderúrgica, a carbonífera do Baixo Dom, o ferro de Krivoi-Rog, o aço, o manganês e os ricos poços de petróleo do Cáucaso. Também devia tomar a Criméia, para dominar o mar Negro. Contava com os 6º, 11º e 17º exércitos e o 1º grupo blindado alemães, os 3º e 4º exércitos romenos e o corpo móvel húngaro – num total de 57 divisões, das quais 9 eram de tanques e motorizadas, e 13 brigadas. O Grupo de Exércitos do Sul foi apoiado por cerca de 1.300 aeronaves alemãs e romenas.
A tomada da capital alemã pelos soviéticos em maio de 1945 não teve paralelo na história e foi antecedida por batalhas que a história jamais apagará.
III
Os reveses e a virada das batalhas decisivas
Na véspera do ataque da Alemanha nazifascista, as Forças Armadas da URSS possuíam um poder considerável, mas o início da Grande Guerra Patriótica, como chamam os soviéticos, foi extremamente difícil. As tropas do Exército Vermelho se viram numa situação multiplamente desfavorável. Na prática, tiveram de concertar o carro com ele andando. Já em 23 de junho, por decisão do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e do Conselho dos Comissários do Povo, foi formado o Grande Quartel-General do Alto Comando das Forças Armadas da URSS para exercer a direção estratégica da guerra. Era composto pelo Comissário do Povo para a Defesa, Marechal Timoshenko (Presidente); pelo Chefe do Estado-Maior Geral, General Zhukov; por Stalin; Molotov; os marechais Voroshilov e Semion Mikhailovich Budionny (1883-1973), e o Comissário do Povo da Marinha, almirante Nikolai Gerassimovitch Kuznetsov (1904-1974).
Paralelamente, a peste nazista fazia sua desgraça. Nas três primeiras semanas de operações, o Exército Vermelho teve de abandonar a Letônia, a Lituânia, parte da Estônia, quase toda a Bielorrússia, a Moldávia e grande parte da Ucrânia. O Exército Vermelho, lutando em condições extraordinariamente desfavoráveis, sofreu baixas muito mais pesadas. A crueldade sem limites dos nazistas manifestou-se primeiro nos prisioneiros de guerra e as atrocidades ficaram eternamente marcadas e registradas nas mais diversas formas e geraram, por exemplo, notas de diário de um capitão do Exército soviético, que descreveu da seguinte forma o martírio no campo de prisioneiros: “o médico avisa que já não se pode mais suportar a fome, que há casos de canibalismo entre os soldados. A angústia por comer carne os leva a atacar seus camaradas. Além disso, as fezes humanas tornaram-se um petisco cobiçado. Em vista destas condições insuportáveis, o médico apelou por uma única solução possível: a execução a tiros dos que passam fome, para aliviá-los do sofrimento.”.[15]

Devido à escala colossal global da guerra, é complexa a tarefa de definir precisamente quantas batalhas e operações militares ocorreram e foram travadas pelo Exército Vermelho entre junho de 1941 e maio de 1945. A história, contudo, registrou inapagavelmente que o Exército Vermelho travou uma série de batalhas decisivas que não apenas deteve o avanço germano-nazifascista, mas também permitiram a contraofensiva soviética que culminou na queda de Berlim em maio de 1945. A baixo estão as principais batalhas vencidas pelo Exército Vermelho nesse processo.
IV
Batalha de Moscou (outubro de 1941 – janeiro de 1942)
Quatro meses após os rápidos avanços iniciais da invasão alemã, o Grupo de Exércitos do Centro, comandado pelo marechal Fedor von Bock, dirigiu-se para tomar Moscou (conforme planejara) com mais de 1 milhão de soldados, 1.700 tanques e 14.000 canhões para o ataque. Os soviéticos resistiam e lutavam. Trens e caminhões mantiveram suprimentos fluindo para Moscou, enquanto os alemães dependiam de linhas de abastecimento superestimadas. Civis de Moscou trabalharam dia e noite construindo defesas e apoiando as tropas. Em seu ponto mais crítico (dezembro de 1941), os alemães chegaram a apenas 30 km do centro de Moscou, vislumbrando as torres do Kremlin com binóculos.
A contraofensiva soviética foi liderada por um homem de reconhecida firmeza, comprovada habilidade, grande capacidade organizativa e, segundo Volkogonov, “um homem de determinação inquebrantável e cuja liderança militar não admitia meios-termos”: general Georgy Zhukov, que levou consigo suas experientes tropas do Extremo Oriente. O discurso de Stalin em 7 de novembro[16], durante um desfile na Praça Vermelha, elevou o moral das tropas. Em 5 de dezembro de 1941, o Exército Vermelho lançou uma contraofensiva massiva em múltiplas frentes, liderada por Zhukov.

“Defenderemos Moscou!”
Os soviéticos exploraram a exaustão alemã e usaram tanques T-34 e artilharia Katyusha para romper as linhas. Os alemães foram empurrados entre 100 e 250 km para longe de Moscou, salvando a capital. A Wehrmacht (as forças armadas da Terceiro Reich) sofreu 400.000 baixas (entre mortos, feridos e capturados). Por conseguinte, devido à forte resistência e ofensiva soviéticas, os alemães foram paralisados, derrotados e forçados a recuar. Concretizou-se assim a primeira grande vitória soviética e significou um simbolismo político-militar gigantesco: Moscou não caiu; venceu! Em dezembro de 1941, o Exército Vermelho quebrou a invencibilidade da Wehrmacht com a Batalha de Moscou, o que foi um marco militar, político, simbólico e psicológico de grande envergadura.
V
Batalha de Stalingrado (agosto de 1942 – fevereiro de 1943)
Após a derrota em Moscou (1941), Hitler direcionou a ofensiva de 1942 para o sul da URSS, visando controlar os campos de petróleo do Cáucaso e o rio Volga, rota vital para o transporte de recursos soviéticos. Stalingrado (atual Volgogrado) era um centro industrial estratégico e um símbolo político (levava o nome de Stalin). Sua captura teria valor propagandístico e político-militar.
“O inferno está vazio, todos os demônios estão aqui”, disse Ariel a Prospero em “A Tempestade”, de William Shakespeare, para expressar que o mal e os demônios vivem e se manifestam nas ações concretas humanas que cometem atos de violência e maldade, não estando, portanto, confinados a um “inferno” extraterreno. A Batalha de Stalingrado foi a maior (mais de 2,2 milhões de soldados envolvidos) e mais sangrenta (1,8 a 2 milhões de mortos, feridos ou capturados) batalha na história das guerras[17].
O 6º Exército alemão era comandado pelo Marechal Friedrich Wilhelm Ernst Paulus (1890-1957) e o 4º Exército Panzer pelo general Hermann Hoth (1885-1971), apoiados por aliados italianos, romenos e húngaros. A poucos dias da agressão, já em 23 de julho, os alemães tinham 250.000 soldados e oficiais, cerca de 740 tanques, quase 7.500 canhões e morteiros e 1.200 aviões de combate na frente de Stalingrado.
Os soviéticos defendiam com o 62º Exército comandado pelo até então tenente-general Vassili Ivanovitch Chuikov[18] (1900-1982) e o 64º Exército, a cargo de Mikhail Stepanovich Shumilov (1895-1975). O Exército Soviético tinha 187.000 homens, 360 tanques, cerca de 7.900 canhões e morteiros e 337 aeronaves de combate em boas condições. Portanto, os invasores tinham uma superioridade de 40% em homens, 100% em tanques e 250% em aeronaves.

Invasores nazistas em Stalingrado
As agressoras, bárbaras e criminosas hordas repugnantes germano-nazifascistas começaram em agosto o ataque com a Luftwaffe (Força Aérea Alemã), que bombardeou Stalingrado, reduzindo a cidade a escombros. Tropas alemãs avançaram e, em novembro, controlavam 90% da cidade.
A contraofensiva soviética planejada por Georgy Zhukov e Aleksandr Vasilevsky atacou os flancos fracos do 6º Exército, defendidos por tropas romenas e italianas mal equipadas. O tenente-general Vassili Ivanovitch Chuikov adotou a estratégia de “grudar no inimigo”, mantendo as linhas tão próximas que a artilharia e aviação alemãs não podiam bombardear sem atingir suas próprias tropas. Em 23 de novembro, as forças soviéticas se uniram em Kalach, cercando 250.000 soldados alemães e aliados em Stalingrado. Hitler proibiu a retirada de suas tropas do campo de batalha, ordenando que Paulus resistisse até a morte.

Soviéticos disparando a partir do telhado de uma casa
A resistência, as ofensivas soviéticas, a fome e o frio (temperaturas chegaram a -30°C) levaram soldados alemães, sem suprimentos, a comeram cavalos e ratos. Soldados nazistas cercados enviaram um rádio dramático: “Estamos sem munição, comida e água. Não podemos mais lutar.” Paulus pediu rendição[19], mas Hitler o promoveu a marechal (nenhum marechal alemão havia se rendido antes). No entanto, em 2 de fevereiro de 1943, os últimos alemães se renderam. Dos 91.000 prisioneiros, apenas 6.000 sobreviveram aos campos soviéticos.
Após a vitória soviética na Batalha de Stalingrado, o Rei da Inglaterra, George VI presenteou Stalin com uma exuberante espada comemorativa, presente dado em nome de todo o povo britânico. A espada (chamada depois de “A Espada de Stalingrado”) foi entregue em 29 de novembro de 1943 pelo primeiro-ministro britânico Winston Leonard Spencer Churchill (1874-1965) a Stalin, na presença do Presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), durante a histórica Conferência de Teerã, Irã (28 de novembro a 1° de dezembro de 1943, onde os líderes da União Soviética, Estados Unidos e Inglaterra se reuniram para discutir os rumos da guerra.]
A Batalha de Stalingrado foi um inferno de aço e sangue, que realizou os sonhos soviéticos realizados e foi considerada o ponto de virada decisivo da Segunda Guerra Mundial na Europa, marcando assim o início da contraofensiva do Exército Vermelho que culminaria na queda de Berlim em maio de 1945. A vitória elevou o prestígio soviético internacionalmente e desmoralizou a Alemanha.

Stalin beija a “Espada de Stalingrado”,
presente do Rei George VI e entregue por Churchill
VI
Batalha de Kursk (julho de 1943)
Ocorrida depois da vitória soviética em Stalingrado e travada de 5 de julho à 1º de agosto de 1943, a Batalha de Kursk (450 km a sudoeste de Moscou) foi o maior confronto militar de tanques da história das guerras e mais uma vez o Exército Vermelho esmagou e venceu as forças alemãs e consolidou a superioridade estratégica do Exército Vermelho rumo à Berlim.
Comandados pelos marechais Erich von Manstein[20] (1887-1973) e Günther Adolf Ferdinand von Kluge (1882-1944), a Alemanha deslocou para Kursk 900.000 soldados, 2.700 tanques (incluindo 133 Tigers e 200 Panthers), 10.000 canhões e 2.000 aviões.
Já o Exército Vermelho da União Soviética contou com 1,9 milhão de soldados, 5.000 tanques (principalmente T-34), 25.000 canhões e 2.800 aviões. O comando das tropas ficou sob responsabilidade de Georgy Zhukov (coordenação) e do general Nikoláy Fodorovich Vatutin (1901-1944).
O número de baixas é controverso entre os pesquisadores. Para a Alemanha varia entre 54.000 a 85.000 soldados mortos/feridos, 500 a 900 tanques destruídos (incluindo 70% dos Tigers) e entre 200 e 600 aviões abatidos, enquanto a URSS amargou 177.000 mortos/feridos e 1.600 tanques perdidos[21].
Esta derrota não foi prevista quando Hitler ordenou que Manstein elaborasse e pusesse em execução uma operação militar que destruísse o Exército Vermelho no setor sul. Surgiu, então, e foi desenvolvida a Operação Cidadela, um massivo avanço de tropas e blindados nos flancos do Bolsão[22] de Kursk, para isolar e destruir o Corpo de Exército Soviético da Frente Voronezh. A operação, como vimos, iniciou-se em 5 de julho, pois fora decidido esperar que novos carregamentos de suprimentos e novos carros blindados de combate, como o Tiger I e o Panther, chegassem à frente de batalha em fins de maio de 1943.

3 milhões de soldados, 6 mil tanques e 4 mil aviões de combate
participaram do combate de Stalingrado
A arquitetura militar soviética dispunha de milhares de campos minados (2.400 minas por km²) e trincheiras profundas, que desgastaram os alemães. Detinha ainda uma clara superioridade numérica: a URSS tinha reservas maciças de homens e equipamentos e, vale repetir, suas perdas humanas e materiais foram grandes. Apesar da superioridade técnica alemã, os T-34 eram mais ágeis e numerosos. Vale assinalar que os alemães priorizaram tanques pesados (como o Tiger), enquanto os soviéticos focaram em produção em massa do T-34. Os soviéticos também usaram ataques aéreos com o IL-2 Sturmovik contra tanques. Utilizaram, como se diz, uma estratégia defensiva ativa: os soviéticos absorveram o impacto inicial e contra-atacaram nos flancos.
A derrota alemã em Kursk, mais uma, aliás, fez-lhe perder a capacidade de lançar operações estratégicas, marcou o fim da capacidade ofensiva alemã, adotando uma postura defensiva até o fim da guerra, enterrando assim as esperanças alemãs de vitória no Leste. Enquanto a URSS alcançou um sucesso estratégico, ganhou a iniciativa operacional e iniciou uma série de ofensivas que libertaram a Ucrânia (1943–1944). A vitória soviética em Kursk permitiu que o rolo compressor das forças soviéticas iniciasse uma ofensiva para libertar a Europa Oriental, libertando os povos e países europeus subjugados e ocupados pelos nazistas.
VII
Ofensiva do Dniepre (agosto – dezembro de 1943)
Seguindo rumo a Oeste e rumo à Berlim, a Ofensiva do Dniepre tinha como objetivo a conquista e libertação da Ucrânia. Simbolicamente fundamental, a tomada de Kiev (novembro de 1943) pelo Exército Vermelho isolou completamente tropas alemãs na Crimeia e a travessia estratégica soviética do rio Dniepre (última grande barreira natural no caminho para a Ucrânia Ocidental e a Europa Oriental) acelerou o colapso da defesa alemã no Leste.
A União Soviética contava com mais de 2.633.000 de soldados, 51.200 canhões, e 2.400 tanques, posicionados em quatro frentes de exércitos, e 2.850 aviões, sob os comandos de Nikolai Vatutin na 1ª Frente Ucraniana, Ivan Konev na 2ª Frente Ucraniana, Konstantin Konstantinovich Rokossovsky (1896-1968) na 1ª Frente Bielorrussa e Rodion Yakovlevich Malinovsky (1898-1967) na 3ª Frente Ucraniana). O Exército Vermelho tinha uma superioridade geral. No entanto, não era tão grande quanto os antigos generais hitleristas costumavam apresentá-lo. As tropas soviéticas tinham 110% mais homens, 10% mais tanques e 40% mais aeronaves que os fascistas. A superioridade era muito considerável apenas em canhões e morteiros: 300% a mais[23].
A Alemanha hitlerista dispunha de 1.240.000 de soldados e oficiais, 12.600 canhões e 2.100 tanques, incluindo divisões romenas e húngaras, além de 2.000 aviões de combate. Erich von Manstein comandava o Grupo de Exército Sul e o general-marechal[24] Paul Ludwig Ewald von Kleist (1881-1954) o Grupo de Exército A.

Soviéticos cruzam o rio Dniepre em jangadas improvisadas
A Ofensiva do rio Dniepre foi um testemunho da tenacidade soviética e um marco na arte operacional de combate fluvial. No começo o objetivo era forçar os alemães a recuar para além do rio antes que consolidassem suas defesas. Os soviéticos avançaram até 300 km em algumas áreas, liberando cidades como Kharkiv (23 de agosto) e Smolensk (25 de setembro). A Wehrmacht, em retirada caótica, aplicou táticas de terra arrasada, destruindo pontes, vilas e infraestrutura.
Como o rio Dniepre tem até 3 km de largura em alguns trechos, os alemães destruíram todas as pontes, forçando os soviéticos a cruzá-lo sob fogo pesado. E o fizeram usando barcos improvisados, jangadas e até troncos de árvores para atravessar. Muitos nadaram sob bombardeio. Apesar das gigantescas perdas, os soviéticos estabeleceram 23 cabeças de ponte[25] na margem oeste. A mais famosa foi a Cabeça de Ponte de Bukrin (ao sul de Kiev), onde tropas de paraquedistas sofreram baixas catastróficas: a tentativa de lançar 4.500 paraquedistas em setembro de 1943 fracassou, muitos caíram em território alemão ou no rio e apenas 1.200 sobreviveram.

Soviéticos preparam balsas para atravessar o Dniepre
(a placa diz: “Avante para Kiev!” )
A Batalha por Kiev (outubro – novembro de 1943) iniciou-se maciçamente com uma ofensiva-relâmpago soviética em 3 de novembro e, em 6 de novembro, a capital ucraniana foi reconquistada e libertada, um marco simbólico e estratégico. Kiev estava quase deserta quando libertada, com apenas 20% de seus edifícios intactos. Em dezembro, o Exército Vermelho controlava uma faixa de 800 km ao longo do rio Dniepre, preparando o terreno para a Ofensiva Dniepre-Carpáticos (1944).
Mais uma vez rios de sangue. Soldados e civis soviéticos pagaram um preço altíssimo. Muitas travessias foram feitas sob fogo direto. Os alemães, a exemplo do que faziam em outras regiões da URSS, não perdoavam nada que tinha vida. Estima-se que a URSS teve entre mortos, feridos ou desaparecidos 1,1, milhão de baixas – uma das mais sangrentas da guerra. E do lado alemão, cerca de 400.000, incluindo prisioneiros. Nesta batalha, o Exército Vermelho perdeu 1.200 tanques e 4.000 canhões durante a travessia.
Com vitória, a URSS ganhou bases para libertar a Bielorrússia (Operação Bagration, 1944) e avançar para a Romênia e Polônia. A libertação de Kiev elevou o moral soviético e reforçou a imagem da URSS como libertadora da Europa Oriental.
VIII
Cerco de Leningrado (levantado em janeiro de 1944)
O cerco de 872 dias (8 de setembro de 1941 – 27 de janeiro de 1944) imposto pela Alemanha nazifascista (1941–1944) à Leningrado (antiga Petrogrado e atual São Petersburgo), segunda maior cidade da URSS e berço da Revolução Bolchevique, foi um dos episódios mais sombrios e heroicos da Segunda Guerra Mundial. Fome, frio, desespero e morte eram os ingredientes receitados por Hitler para que Leningrado fosse “apagada da face da Terra”.
Os ataques aéreos da Luftwaffe e da artilharia bombardeavam diariamente alvos civis, incluindo hospitais e depósitos de comida. Para se ter uma ideia das consequências cotidianas do cerco basta constatar que as rações alimentícias passaram para 125 gramas de pão por dia (menos de um pão francês). Civis comeram cola, couro e até cadáveres. Morriam 5.000 a 10.000 pessoas por dia no inverno de 1941–1942.

Durou 872 dias o Cerco a Leningrado
O isolamento total da cidade começou em 8 de setembro de 1941, quando os alemães cortaram a última rota terrestre para Leningrado, cercando-a com apoio finlandês pelo Norte. A resposta soviética foi a construção da chamada Estrada da Vida sobre o Lago Ladoga,[26] durante o inverno, para transferir civis e trazer suprimentos. Como sempre, nada foi fácil e o sangue jorrava. Caminhões carregados de pessoas e alimentos afundavam sob bombardeios alemães. Contudo, 1.300.000 de pessoas foram realocadas e 1 milhão de toneladas de comida entraram.
Na primavera de 1942, com o degelo, a rota congelada do Lago (que manteve um fluxo mínimo de suprimentos) foi substituída por barcos e uma tubulação submarina para combustível. Em 14–27 de janeiro de 1944 dá-se a Ofensiva Leningrado-Novgorod (liderada pelos generais Leonid Aleksandrovich Govorov (1897-1955), responsável pela Frente de Leningrado, e Kirill Afanasievich Meretskov (1897-1968) no comando da Frente de Volkhov. O objetivo dessa ofensiva era claro: destruir o 18º Exército alemão e expulsar as forças nazistas da região. Além das estratégias e táticas militares clássicas, Leningrado patrocinou ações curiosas, dentre as quais soltar balões amarrados para dificultar ataques aéreos e usar cães antitanque, que eram treinados para carregar explosivos sob tanques alemães (tática esta depois abandonada por ineficácia).
A criminosa, bárbara e mortífera invasão das hostes nazifascistas guiadas pelo senhor da morte Hitler deixou ao final 1.500.000 mortos de civis (90% por fome, frio e doenças), 300.000 mortes de militares soviéticos e 10.000 edifícios arrasados, incluindo o Palácio de Catarina. As baixas alemãs giraram em torno de 230.000 soldados mortos e feridos.

“Defenderemos a cidade de Lênin!”
O fim do cerco deu-se em 27 de janeiro de 1944, com a Operação Centelha, quando os alemães recuaram 60–100 km, com o Exército Vermelho e a heroica população libertando totalmente Leningrado, que simbolizou a resistência heroica e a luta coletiva pela vida. Tal vitória demonstrou ao mundo a resistência soviética espetacular diante das atrocidades nazistas, garantiu a retomada da cidade estratégica e simbólica pela URSS, tornou-se um ícone global de perseverança e deu um passo gigantesco na expulsão definitiva dos nazistas do território soviético.
Apesar do infortúnio da guerra, a arte teve força para se manifestar. Dmitri Dmitriyevich Shostakovich (1906-1975) compôs sua 7ª Sinfonia[27] (a Sinfonia de Leningrado) durante o cerco e sua estreia em Leningrado (9 de agosto de 1942) foi transmitida por alto-falantes para as tropas alemãs, como uma forma de guerra psicológica. Vale a pena escutá-la e imaginar os alemães escutando-a em pleno combate.
Já o Diário de Tatyana Nikolayevna Savicheva (1930-1944), uma criança, registrou a morte de sua família em um diário. Suas últimas anotações: “Só restou Tanya”. As páginas de seu diário tornaram-se símbolos do martírio humano do cerco de Leningrado, e ela é lembrada em São Petersburgo com um complexo memorial no Cinturão Verde da Glória, ao longo da Estrada da Vida. Seu diário foi usado durante os Julgamentos de Nuremberg como prova dos crimes nazistas[28].

Soldados soviéticos comemoram a vitória sobre os alemães e o
fim do cerco à Leningrado
IX
Operação Bagration (junho – agosto de 1944)
Considerada uma das maiores derrotas de todos os tempos na história militar alemã e uma das mais devastadoras ofensivas da União Soviética ocorrida entre junho e agosto de 1944 – focada principalmente na antiga Bielorrússia Soviética, a Operação Bagration (22 de junho – 29 de agosto de 1944) foi a quinta mais sangrenta batalha na Europa.
A vitória soviética deu-se após enormes sofrimentos humanos e perdas materiais. O povo bielorrusso viveu em escravidão germano-nazifascista por quase três anos. Além de manterem uma vasta rede de prisões e campos de concentração, hitleristas devastaram as cidades, destruíram muitas fábricas, queimaram 1.200.000 edifícios, destruíram completamente os kolkhozes[29]. Deixaram em ruínas a Academia Bielorrussa de Ciências, seus institutos, centros educacionais instituições de ensino superior, cerca de sete mil escolas, teatros, clubes, museus e hospitais.
Após as vitórias Kursk e Dniepre em 1943, a URSS planejou uma ofensiva estratégica para coincidir com o Dia D[30] (6 de junho de 1944), forçando a Alemanha a lutar em duas frentes. Nomeada em homenagem ao herói das guerras napoleônicas, general georgiano Pyotr Ivanovich Bagration (1765-1812), a Operação (também chamada de Operação Ofensiva Estratégica Bielorrussa) cumpriu este papel e foi um golpe decisivo na espinha dorsal e no coração da máquina de guerra germano-nazifascista no Leste: o Exército Vermelho destruiu 28 das 34 divisões do Grupo de Exércitos do Centro, a maioria dos tanques e 57.000 veículos alemães e preparou, assim, o terreno para o avanço da URSS rumo à Polônia e a Alemanha.

Alemães abandonam equipamentos de guerra após retirada
A URSS contava com 1.430.000 soldados, 5.200 tanques, 31.000 canhões e 5.000 aviões, além da criação de várias armadilhas estratégicas (dentre as quais ficou famosa a “maskirovka”, isto é, camuflagem desinformativa). Suas tropas estavam posicionadas em quatro frentes de exércitos. A 1ª Frente Báltica sob o comando do general Hovhannes Khachatury Bagramyan (1897-1982), a 1ª Frente Bielorrussa sob a responsabilidade mais uma vez de Rokossovsky, a 2ª Frente Bielorrussa a cargo de general Georgy Fedorovich Zakharov (1897-1957) e comandando a 3ª Frente Bielorrussa estava o general Ivan Danilovich Chernyakhovsky (1907-1945). As operações das quatro frentes foram assumidas e coordenadas por Georgy Zhukov e Aleksandr Vasilevsky, representantes do Grande Quartel General.
Já o Grupo de Exércitos do Centro da Alemanha hitlerista dispunha de mais de 1.500.00 soldados, 1.500 tanques, 17.000 canhões e mais de 2.100 aviões (muitos foram deslocados para Oeste após o Dia D) e eram comandados pelo Marechal de Campo Ernst Bernhard Wilhelm Busch (1885-1945), depois pelo marechal Otto Moritz Walter Model (1891-1945) e partes do Grupo de Exércitos do Norte.
Apesar, mais uma vez, das controversas estatísticas, o lado soviético sofreu com 180.000 mortos e cerca de 590.000 feridos, totalizando 770.000 baixas no total, além da perda de 2.957 tanques e 2.447 peças de artilharia. A Alemanha registrou 400.000 baixas, sendo 250.000 mortos e feridos e 150.000 capturados. A Operação Bagration foi o ápice da arte operacional soviética, combinando escala, brutalidade e velocidade.
Com a libertação da Bielorrússia, em 11 de julho, as tropas soviéticas alcançaram a fronteira polonesa. Em 13 de julho a Lituânia foi libertada e ao final de mês a ofensiva chegou aos subúrbios de Varsóvia. Em agosto, os soviéticos isolaram o Grupo de Exércitos do Norte na Curlândia (Letônia).
Com a Operação Bagration, a Alemanha nazista, de um lado, foi esmagada, perdeu sua força mais poderosa no Leste e teve sua confiança enormemente abalada, enquanto, por outro lado, a vitória elevou o moral soviético e dos aliados, que avançavam no front ocidental após a Normandia.
Hitler teve um amargo fim no Leste e a bandeira vermelha com a foice e o martelo da URSS tremulava já nos territórios libertados.
X
Ofensiva da Vístula-Oder (janeiro – fevereiro de 1945)
Após libertar a maior parte da URSS e avançar pela Polônia em 1944, a Ofensiva Vístula-Oder (iniciada em 12 de janeiro e concluída exitosamente em 2 de fevereiro de 1945) foi uma das operações mais rápidas, decisivas e estratégicas que construiu uma vitória de gigantesca envergadura conquistada pelo Exército Vermelho na Frente Oriental durante a Segunda Guerra Mundial.
Seu objetivo principal era avançar rapidamente da linha do rio Vístula, na Polônia, até o rio Oder, na Alemanha, posicionando o Exército Vermelho a apenas 70 km de Berlim, a capital da Alemanha hitlerista.
Os soviéticos buscavam destruir definitivamente a Alemanha nazista, acelerando o fim da guerra e para tanto era necessário a destruição do Grupo de Exércitos A[31] alemão, sob comando do coronel-general Josef Harpe (1887-1968), e abrir caminho para a tomada de Berlim, que seria a batalha decisiva.
Georgy Zhukov, no comando da 1ª Frente Bielorrussa, e Ivan Konev, comandando a 1ª Frente Ucraniana, dispunham juntos de 2.200.00 soldados, 4.500 tanques, 5.000 aviões e 33.000 peças de artilharia. A Alemanha de Hitler cerca de 450.000 soldados (incluindo unidades desgastadas e mal equipadas).
Já no dia 12 de janeiro os soviéticos mostraram a que vieram. Ataques massivos e impressionantes foram promovidos pelas 1ª Frente Ucraniana e 1ª Frente Bielorrussa. Os bombardeios intensos de artilharia pesada seguidos por avanços de tanques e infantarias, a partir de cabeças de ponte em Magnuszew e Puławy (Vístula), promoveram o rápido colapso das linhas defensivas alemãs, que foram rompidas em dias, com o Exército Vermelho avançando até 40-50 km por dia, para desespero de Berlim
Em 17 de janeiro Varsóvia é libertada por tropas polonesas sob comando soviético e em fins de janeiro as tropas de Konev alcançaram o rio Oder na Silésia, enquanto Zhukov avançou pela Polônia central. O cerco continua: os soviéticos conquistam a Silésia (região industrial vital para a Alemanha), a Prússia Oriental e, em 3 de fevereiro, chegam ao rio Oder, próximo a Berlim.
Em 20 dias o Exército Vermelho avançou 480 km, um dos mais rápidos percursos militares da guerra, acelerou o colapso do Reich, já com recursos esgotados e cidades alemãs sob esmagador e aterrorizante bombardeio contínuo, e impôs uma vitória esmagadora à Alemanha nazista, que perdeu 295.000 soldados (mortos, feridos ou capturados). Os soviéticos tiveram 43.000 mortos e 150.000 feridos.

Os soviéticos esmagam os nazistas na Polônia e rumam à Berlim
Considerada uma das operações mais eficientes do Exército Vermelho, combinando planejamento, superioridade numérica e mobilidade, o sucesso da Ofensiva da Vístula-Ode marcou o início do colapso do Terceiro Reich, com civis alemães, inclusive, fugindo em massa para o Oeste diante do avanço soviético.
Foi aberto o caminho para o assalto final à Berlim, a capital nazista, embora o ataque final à cidade tenha sido adiado até abril (devido à exaustão logística e necessidade de proteger os flancos).
XI
As libertações antes da Queda de Berlim
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército Vermelho da União Soviética desempenhou um papel crucial na libertação de vários países do controle nazista. Os principais países e regiões libertados foram antecedidos pela resistência, ofensiva e libertação de várias, cidades, regiões e territórios dentro da própria URSS, a custo de milhões de vidas humanas e destruição material sem precedentes na história.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Exército Vermelho libertou várias cidades, regiões, territórios soviéticos e mesmo alguns países europeus que haviam sido ocupados pela Alemanha Nazista e seus aliados. Essas libertações foram simbolicamente importantes, tanto militar quanto politicamente, pois representaram a reconquista do território soviético e o início da contraofensiva que levaria à queda do Terceiro Reich.
Dentro da União Soviética destacam-se as libertações de Stalingrado (2 de fevereiro de 1943), Leningrado (27 de janeiro de 1944), Kiev na Ucrânia (6 de novembro de 1943), Kharkov na Ucrânia (23 de agosto de 1943), Smolensk na fronteira Rússia/Bielorrússia (25 de setembro de 1943), Odessa na Ucrânia (10 de abril de 1944), Sebastopol na Crimeia (9 de maio de 1944), Minsk na Bielorrússia (3 de julho de 1944), Vilnius na Lituânia (13 de julho de 1944), Tallinn na Estônia (22 de setembro de 1944) e a Letônia (outubro de 1944).
Mesmo com a amargura e a dor oceânicas causadas pela perda de milhões de vidas humanas e destruição material sem precedentes na história, essas vitórias do Exército Vermelho não apenas expulsaram os invasores germano-nazifascistas, como também consolidaram e consubstanciaram a ideia-força soviética de Grande Guerra Patriótica, sendo celebradas até hoje na Rússia e em outros países pós-soviéticos.
Libertos o povo e espaço soviéticos, o Exército Vermelho rumava a Berlim destruindo a máquina nazista e libertando povos subjugados por Berlim.
A libertação da Polônia, como vimos, começou em 1944 e culminou com a tomada de Varsóvia em janeiro de 1945. O avanço soviético permitiu a expulsão das forças alemãs, que também foram derrotadas e expulsas da Romênia, libertada após a Ofensiva Jassy-Kishinev (agosto de 1944), que levou à capitulação romena e à mudança de aliança para os Aliados.
A Bulgária foi liberta dos nazistas pelo Exército Vermelho em setembro de 1944, sem grande resistência. O Exército Vermelho apoiou os partisanos[32] iugoslavos na libertação de Belgrado em outubro de 1944, embora o mérito principal seja dos resistentes locais liderados pelo revolucionário e político comunista iugoslavo Josip Broz Tito (1892-1980).
A Batalha de Budapeste (outubro de 1944 a fevereiro de 1945) foi crucial para expulsar os nazistas e libertar a Hungria, embora com grandes perdas civis e destruição. A capital da Áustria, Viena, foi liberta pelos soviéticos em 13 abril de 1945 após intensos combates (Ofensiva de Viena). A Ofensiva de Praga (maio de 1945) foi a última grande operação soviética na Europa, libertando a capital da Tchecoslováquia do controle alemão.
XII
Hitler diante das vitórias sucessivas soviéticas
Hitler reagia às vitórias soviéticas com uma mistura de negação, raiva e crescente desespero, especialmente à medida que a guerra avançava. Suas reações refletiam sua visão ideológica distorcida, seu desprezo pelo Exército Vermelho, sua incapacidade de aceitar a realidade militar e atribuía os reveses à “traição” de seus generais.
Após vitórias soviéticas, como a Ofensiva de Kursk (1943) ou a Operação Bagration (1944), Hitler demitia ou humilhava comandantes militares, acusando-os de covardia ou incompetência. Insistia em estratégias irrealistas, como proibir retiradas táticas (ex.: “não ceder um passo” em Stalingrado) e ordenar contra-ataques sem recursos adequados, acelerando o colapso de unidades alemãs.
Em discursos e reuniões, Hitler alimentava a esperança em “armas milagrosas” (como os foguetes V-2 ou aviões a jato) ou na suposta divisão entre os Aliados Ocidentais e a URSS, algo que nunca ocorreu.
A reação de Hitler à aproximação do Exército Vermelho a apenas 70 km de Berlim (Vístula-Oder, janeiro de 1945) foi marcada por desespero e delírio ao recusar-se a aceitar a velocidade do avanço soviético. Em reuniões no Führerbunker[33], ele gritava com generais, insistindo que os mapas estavam errados e que as tropas soviéticas estavam “exaustas“.
Objetivando dificultar o avanço soviético, ele ordenou a destruição total de infraestrutura na retaguarda (Diretiva Nero[34], março de 1945), incluindo pontes, ferrovias e fábricas. Muitos comandantes ignoraram a ordem, sabendo que isso só prejudicaria a população alemã.
Hitler exigiu que unidades improvisadas, compostas por idosos, adolescentes da Hitlerjugend[35] e soldados desorganizados, enfrentassem os veteranos soviéticos. A Batalha de Berlim (abril-maio de 1945) foi, em parte, resultado dessa estratégia desesperada. Ele chegou até a acusar aliados próximos, como Hermann Wilhelm Göring (1893-1946) e Heinrich Luitpold Himmler (1900-1945), de traição.
Testemunhas relataram seu colapso físico e mental. Hitler tremia, tinha surtos de raiva e dependia de coquetéis de drogas injetáveis prescritas por seu médico particular, Theodor Gilbert Morell (1886-1948). Sua aparência envelhecida e comportamento errático refletiam seu declínio, reflexo do esmagamento e apodrecimento acelerado do exército nazista, da inescapável derrota alemã e da vitória da União Soviética – acontecimentos estes que se avizinhavam e se avistavam a poucos quilômetros de Berlim.
XIII
A Batalha de Berlim (16 de abril – 2 de maio de 1945)
A Batalha de Berlim foi o último ato da Segunda Guerra Mundial na Europa, que culminou na queda do regime nazista, no suicídio de Hitler, na rendição incondicional da Alemanha à União Soviética e às Forças Aliadas, e teve como um dos momentos marcantes o dia 1° de abril de 1945. Nesse dia, Stalin reuniu Georgy Zhukov (comandante da 1ª Frente Bielorrussa) e Ivan Konev (comandante da 1ª Frente Ucraniana) em Moscou e os incumbiu de tomar Berlim, embora oficialmente Zhukov fosse o líder principal.

Ivan Konev
Não há na história militar um ataque de artilharia mais feroz, aterrorizador e concentrado em toda a história da humanidade. No início da operação em Berlim, as três frentes envolvidas tinham 2.500.000 homens (incluindo retaguardas), mais de 41.600 canhões, 6.250 tanques (T-34, IS-2) e armas autopropulsadas e 7.500 aeronaves de combate. A superioridade geral sobre o inimigo era a seguinte: 2,5:1 em homens, 4,2:1 em artilharia, 4,1:1 em tanques e canhões autopropulsados e 2,3:1 em aeronaves. Nas direções dos principais ataques em todas as frentes, a maior parte das forças de infantaria, artilharia, tanques e aviação foi concentrada, alcançando uma superioridade muitas vezes maior sobre o inimigo na defensiva[36].
Berlim era defendida por 800.000 soldados nazifascistas, incluindo crianças, adolescentes, idosos e tropas SS[37] estrangeiras. 1.519 blindados, 2 224 aviões e 9.303 peças de artilharia compunham os armamentos. Hitler, refugiado no Führerbunker, ordenou “lutar até o último homem”. Apelo inútil e delirante diante da épica ofensiva do Exército Vermelho que portava não apenas os múltiplos e pesadíssimos armamentos e uma clara estratégia soviética da tomada de Berlim. Ali estavam também os corações ardentes e o sangue fervente das soldadas e dos soldados da União Soviética, que perdeu 27 milhões de cidadãos (civis e militares) pela barbárie nazifascista.
Na Batalha de Berlim o 1º Front Bielorrusso (comandado por Georgy Zhukov) e o 1º Front Ucraniano (sob o comando de Ivan Konev) iniciam o ataque maciço contra as defesas alemãs nos arredores de Berlim.
No início da ofensiva, o primeiro objetivo soviético era conquistar uma pequena colina conhecida como Seelow Heights, no vale do rio Oder – a operação durou de 16 a 19 de abril. Zhukov enfrenta forte resistência alemã nas colinas de Seelow, último reduto defensivo antes de Berlim. Os famosos, à época, T-34 aguardavam ordem para avançar. Foi uma difícil e extrema complexa ação militar, em virtude de os tanques soviéticos terem atolado na lama, retendo o exército de Georgy Zhukov por três dias. Lamentavelmente, só nesse dia, 30 mil soviéticos morreram – mesmo assim, os soviéticos romperam as linhas defensivas alemãs, superadas em números de soldados e poderio de fogo.
A avassaladora e mortífera máquina ofensiva soviética ganhava quilômetros, metros e centímetros de Berlim. Hitler era permanente informado e em sua desesperada loucura condecorou soldados da Juventude Hitlerista (crianças de 12 anos) em 20 de abril, data do seu último aniversário – completava 56 anos. Enquanto isso, a 1ª Frente Ucraniana de Konev cruzou o rio Neisse e cercou Berlim pelo Sul, pois, ainda nesse dia, o 9º Exército alemão, sob o comando do general Ernst Hermann August Theodor Busse (1897-1986), fica isolado ao sul da cidade, tentando em vão recuar. Joseph Goebbels faz seu último discurso radiofônico, exortando os alemães a resistirem até o fim.

No seu último aniversário, 20 de abril de 1945, Hitler cumprimenta crianças e adolescentes recrutados pelos nazistas como combatentes, quando Berlim já estava cercada pelos soviéticos
Foto: picture-alliance/dpa
De 21 a 25 de abril, as tropas de Zhukov e Konev penetram nos subúrbios de Berlim e avançam rumo ao centro. Em 25 de abril, as tropas de Zhukov e Konev fecharam o cerco total, isolando Berlim e bombardeando-a avassaladoramente, e o 8º Exército comandado pelo general Vassily Chuikov avança em direção à Chancelaria do Reich.

Berlim é arrasada pelo Exército Vermelho
80% dos prédios foram destruídos
De 26 de abril a 2 de maio dão-se os ferozes combates urbanos através de ataques em “ondas humanas”, com soldados soviéticos avançando avenida a avenida, rua a rua, casa a casa, prédio a prédio, andar por andar, cômodo a cômodo, travando lutas corpo a corpo e sob fogo intenso de metralhadoras, granadas, morteiros, lança-foguetes e de todo tipo de armas que restaram aos nazistas. 80% dos edifícios de Berlim foram arrasados.
Em 26 de abril, os soviéticos iniciam o ataque ao Reichstag, símbolo do poder nazista, mas enfrentam resistência feroz da SS e da Hitlerjugend (Juventude Hitlerista). Já em 28 de abril, Hitler descobre que o comandante militar da SS Heinrich Luitpold Himmler (1900-1945) tentou negociar a rendição com os Aliados e ordena sua prisão.
A 29 de abril ocorre a Batalha pelo Reichstag, cujos combates brutais dentro e fora do prédio ocorrem e o histórico desfecho será descrito mais à frente. O Terceiro Reich sendo massacrado, aniquilado, estraçalhado e Hitler, neste mesmo dia 29 de abril, se casa com Eva Braun (1912-1945) em seu bunker e dita seu testamento político, nomeando o almirante Karl Dönitz (1891-1980) como seu sucessor[38]. As tropas soviéticas chegam a Potsdamer Platz, a apenas 500 metros do Führerbunker, local onde Hitler vivia suas últimas horas.

Yegorov passa a bandeira a Kantaria
Afundava o chão que sustentava os pés do Reich enquanto se levantava o sol da liberdade. Com a aproximação do Exército Vermelho ao Reischtag[39] e ao Führerbunker, produziu-se sucessivas deserções e fugas no Alto Comando nazista. Ao lado de Hitler, ainda estavam o ministro da Propaganda Paul Joseph Goebbels (1897-1945) e o general Helmuth Otto Ludwig Weidling (1891-1955), último comandante de Berlim.
Diante da situação desesperadora criada frente ao avanço soviético, o presidente do Reichstag, ministro da aviação e Marechal do Reich Hermann Wilhelm Göring (1893-1946), o comandante militar da SS Himmler e outros importantes líderes da camarilha do Reich fugiram e deixaram a capital, abandonando Hitler que também fora informado da ocorrência de muitas deserções de soldados alemães em Berlim.
Dia 30 de abril de 1945 foi uma data especial para a União Soviética e para toda a humanidade: Hitler suicidou-se com um tiro e o Exército Vermelho conquistou o Reichstag, cujo topo teve a bandeira soviética hasteada – acontecimento que significou a vitória sobre o nazifascismo alemão, depois de um altíssimo sacrifício dos povos da União Soviética e de toda a humanidade.
Após tentar sem sucesso abertura de negociação com Stalin, em 1º de maio de 1945 Joseph Goebbels e sua esposa Magda suicidam-se após matar seus seis filhos. Em 2 de maio, O general Helmuth Weidling assina a rendição incondicional de Berlim. No histórico 8 de maio no (horário ocidental, repita-se), a Alemanha nazista capitula oficialmente, pondo fim à Segunda Guerra Mundial na Europa.
Durante a Batalha de Berlim (16 de abril a 8 de maio de 1945), as baixas soviéticas foram extremamente altas, refletindo a feroz resistência alemã. Os números variam conforme as fontes, mas as estimativas mais aceitas são: mortos entre 78.291 a 81.116 soldados e feridos entre 274.184 a 280.251 soldados. Total de baixas (mortos + feridos): cerca de 360.000 soldados.
XIV
O suicídio de Hitler

A última fotografia conhecida de Adolf Hitler, registrada em 28 de abril,
em meio às ruínas da chancelaria do Reich, dois dias antes do suicídio do sanguinário
Foto: akg-images/picture aliance
Adolf Hitler cometeu suicídio às 15h50m do dia 30 de abril de 1945[40], no Führerbunker, enquanto as forças do Exército Vermelho da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) avançavam sobre a cidade durante os últimos dias da Segunda Guerra Mundial na Europa.
De acordo com relatos históricos, incluindo testemunhas como secretárias, guarda-costas e membros próximos do círculo de Hitler, como Joseph Goebbels e Martin Ludwig Bormann (1900-1945), Hitler percebeu que a derrota era inevitável após o cerco soviético a Berlim e decidiu não tentar fugir, preferindo o suicídio a ser capturado.
Sua esposa, Eva Braun, ingeriu uma cápsula de veneno e Hitler atirou em si mesmo. O suicídio ocorreu no Führerbunker, em um pequeno quarto privativo. Os corpos foram encontrados por seus assistentes pouco depois.
Por ordem de Hitler, seus restos mortais e os de Eva Braun foram queimados com gasolina no jardim da Chancelaria do Reich, para evitar que caíssem nas mãos dos soviéticos, que, depois, encontraram os corpos carbonizados e realizaram exames para confirmar a identidade.
Em 1970, os restos mortais de Hitler e Braun foram secretamente cremados e espalhados por agentes da KGB para evitar que se tornassem um local de culto[41].
XV
Goebbels comunica a Stalin o suicídio de Hitler
Na madrugada de 1º de maio de 1945, o general Hans Krebs (1898-1945), chefe do Estado-Maior alemão, saiu do Führerbunker e foi até o quartel-general do marechal Vassily Chuikov, comandante do 8º Exército de Guardas soviético, em Berlim. Krebs levava duas notícias: a primeira, o suicídio de Hitler e, a segunda, uma carta do novo chanceler alemão, Joseph Goebbels, dirigida ao líder soviético Joseph Stalin.
Baseado em relatos de Chuikov e testemunhas, o diálogo foi o seguinte:
Krebs: “Tenho a honra de informar que o Führer Adolf Hitler morreu por vontade própria hoje, 30 de abril.”.
Chuikov (desconfiado): “Você está dizendo que Hitler está morto?”
Krebs: “Sim. Ele se matou com um tiro na cabeça.”
Chuikov (irônico): “Finalmente, boas notícias!”
Krebs então entregou a carta de Goebbels, que pedia um cessar-fogo temporário para negociar um governo de transição. Chuikov, seguindo ordens de Moscou, respondeu que só aceitaria uma rendição incondicional.
O texto exato da carta de Goebbels a Stalin se perdeu, mas relatos de Chuikov, Wilhelm Keitel (memórias) e Trevor-Roper (“The Last Days of Hitler”) sugerem o seguinte conteúdo:
“Ao Comandante Supremo do Exército Vermelho, Marechal Stalin,
Em nome do governo alemão, informo que o Führer Adolf Hitler faleceu voluntariamente em 30 de abril de 1945. Em seu testamento político, ele nomeou um novo governo, do qual faço parte como Chanceler do Reich.
Nós, os líderes da Alemanha, solicitamos um armistício imediato e a abertura de negociações para evitar mais derramamento de sangue. Estamos prontos para discutir termos que garantam a paz entre a Alemanha e a União Soviética.
Joseph Goebbels
Chanceler do Reich
Berlim, 1º de maio de 1945″[42]
Stalin, ao ser informado, rejeitou qualquer negociação. Ordenou que as tropas soviéticas continuassem o ataque até a rendição total. Horas depois, Goebbels e sua esposa Johannna Maria Magdalena “Magda” Goebbels (1901-1945) envenenaram e mataram seus seis filhos e cometeram suicídio (1º de maio). Krebs se matou com um tiro no bunker no mesmo dia.
Em 2 de maio de 1945, às 21:00, cerca de 70 mil soldados da Wehrmacht depuseram as armas. A rendição da guarnição de Berlim foi aceita pelo comandante do 8º Exército de Guardas, General Vasily Ivanovich Chuikov, que passou combatendo de Stalingrado até os muros de Berlim.

Vasily Chuikov
XVI
O último suspiro do mal:
Bandeira Vermelha no topo do Reischtag

Soldados do Exército Vermelho hasteiam a Bandeira da Vitória no Reischtag
A foto da bandeira soviética hasteada no Reichstag (30 de abril de 1945 e recolocada em 1° de maio) e os combates dentro do edifício são símbolos poderosos do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Ambos representam a vitória soviética sobre a Alemanha Nazista, mas carregam camadas complexas de significado histórico, político e humano.
A batalha pelo Reichstag (29 de abril a 2 de maio de 1945) foi caótica e simbólica. Os combates dentro do prédio resumem o desespero final da guerra. As paredes foram marcadas por inscrições em cirílico dos soldados soviéticos, como “Aqui esteve Ivan, de Sverdlovsk” – símbolo de sacrifício pessoal e triunfo coletivo.
Os alemães usaram o Reichstag como fortaleza improvisada, defendida por SS, Hitlerjugend e soldados estrangeiros da Waffen-SS. Para os soviéticos, capturá-lo era uma questão de honra, mesmo que Hitler já estivesse morto (suicidou-se em 30 de abril).
A bandeira no Reichstag e os combates dentro dele sintetizam o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa como um evento ao mesmo tempo heroico, trágico e carregado de contradições. A imagem permanece um dos símbolos mais duradouros da vitória sobre o nazismo, mas também da complexidade da memória histórica
O marechal Georgy Zhukov recebera a orientação de Stalin: as tropas soviéticas deveriam hastear a bandeira da URSS no prédio do Parlamento alemão – o Reischtag. Uma tarefa, diga-se, de grande importância histórica que representaria simbolicamente a derrota definitiva dos exércitos nazistas.
“A luta pelo Reichstag, que começou na manhã de 30 de abril. Somente na segunda metade do dia, os soldados soviéticos (dos batalhões de V. Davidov e S. Neustroev), com A. Berest, K. Gusev e I. Siyanov à frente invadiram o prédio. Uma luta até a morte aconteceu em cada andar e em cada sala. Alguns comunistas voluntários —G. Zaguitov, A. Lisimenko, V. Makov e M. Minin —, abriram caminho com tiros de submetralhadora e granadas, subiram no telhado do prédio e nele fincaram a bandeira vermelha. Na noite de 30 de abril para 1º de maio, a bandeira que o Conselho Militar do 3º Exército de Choque entregou ao 756º Regimento foi colocada na fachada do Reichstag. Essa tarefa foi realizada pelos batedores do regimento M. Egorov e M. Kantaria. No entanto, a luta durou mais um dia. Somente na manhã de 2 de maio o restante da guarnição do Reichstag se rendeu. Na manhã do dia 9 de maio de 1945 já tremulava no alto do Reichstag a bandeira vermelha içada pelos soldados Meliton Kantaria e Mikhail Yegorov, simbolizando todas as bandeiras das tropas que tomavam Berlim”.[43]

Meliton Kantaria e Mikhail Yegorov
É necessário registrar que ainda hoje há muita polêmica sobre quais soldados e em quais condições realmente fizeram o hasteamento da Bandeira da Vitória no Reischtag. O presente texto conta com a fonte de historiadores soviéticos, cuja fonte está explicitada. No entanto, após o colapso da URSS, a abertura dos arquivos de Moscou e a emergência de vários relatos históricos de personagens, novidades[44] surgem sobre este acontecimento singular de caráter universal.
A história é feita de luzes e sombras. A verdade histórica pode até estar aprisionada, mas ela grita para ser ouvida e resgatada; apesar das marcas de balas e das tentativas de apagá-la, ela será revelada, cedo ou tarde. A história do hasteamento da Bandeira da Vitória no Reichstag em 30 de abril de 1945 é marcada por contradições entre o registro oficial e os relatos históricos. O presente texto não tem a mínima pretensão de apresentar uma ampla pesquisa sobre o tema e muito menos dar uma sentença que aponte que esta ou aquela fonte é a que corresponde ao o que realmente ocorreu – afinal, todas elas são verossímeis. Chegará o tempo em que a verdade será revelada.

Alexey Berest
Para a embaixada da Rússia em Moçambique, por exemplo, foram Mikhail Yegorov, Meliton Kantaria e Alexey Berest os que hastearam sobre o Reichstag a bandeira de assalto da 150ª Divisão da 3ª Tropa de Choque da 1ª Frente Bielorrussa que se tornou a Bandeira da Vitória. E para aumentar ainda mais a confusão, a embaixada afirma:
“A foto mais famosa, no entanto, foi montada no mesmo dia pelo fotógrafo da TASS Yevgeny Khaldei. Quando foi tirada, a bandeira já havia sido movida para a cúpula do prédio por ordem do comandante do regimento. A foto retrata os três soldados do 8º Exército de Guarda Alexey Kovalyov, Abdulkhakim Ismailov e Leonid Gorichev, que também participaram da ofensiva estratégica de Berlim”[45].
Para os historiadores soviéticos na obra que sinalizamos aqui (La Gran Guerra Patria de la Unión Soviética: 1941-1945), Yegorov e Kantaria são citados, mas Alexey Berest não aparece.

Participantes da tomada do Reichstag (da esquerda para a direita): Konstantin Samsonov, Meliton Kantaria, Mikhail Yegorov, Ilya Syanov, Stepan Neustroev na Bandeira da Vitória. Maio de 1945
Em todas as fontes pesquisadas há uma convergência: o autor da foto histórica é o ucraniano Yevgeny Khaldei Anan’evich (1917-1997).

Yevgeny Khaldei
Seja lá como foi, os soldados soviéticos que ergueram a gloriosa Bandeira Vermelha da União Soviética ostentando a foice e martelo (que representa a aliança entre os trabalhadores do campo e da cidade) no Reichstag, consolidam, num ato final consagrador da vitória esmagadora, épico-histórico do Exército Vermelho que culminou com a fulminante morte do coração do nazismo – pesadelo da humanidade
Um ato simples, mas eterno, pois foi o símbolo de que o nazismo estava derrotado.
A vitória sobre o nazifascismo foi um grande sucesso de todo o mundo civilizado na defesa de sua liberdade e, particularmente, para o sofrido e heroico povo soviético, que recepcionou e comemorou a vitória, como diz famosa canção russa, com “uma alegria com lágrimas nos olhos”[46].

David Tukhmanov: compositor da música Dia da Vitória
Uma música, praticamente um hino, Guerra Sagrada, também é uma das mais famosas músicas da Grande Guerra Patriótica. A música foi composta por Alexander Vasilyevich Alexandrov (1883-1946), fundador da Orquestra Alexandrov, anteriormente conhecido como Coro e Banda do Exército Vermelho. A letra é do poeta soviético Vasily Ivanovich Lebedev-Kumach (1898-1949).
XVII
As mulheres soviéticas
Na luta titânica travada entre 21 de junho de 1941 a 8 de maio de 1945, as mulheres soviéticas tiveram um papel multifacetado, decisivo, heroico e indispensável na vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista durante a Grande Guerra Patriótica (1941-1945).
Sustentando a maior parte da produção, as trabalhadoras faziam jornadas de 12 a 18 horas para produzir armas, munições, roupas e alimentos para a luta, além de vastas contribuições marcantes nas linhas de frente de batalhas.

Soldadas do Exército Vermelho no campo de batalha
Mais de 800 mil mulheres serviram no Exército Vermelho, muitas delas em posições de combate ativo. Diversas heroínas surgiram, como o caso de Lyudmila Mikhailovna Pavlichenko (1916-1974), considerada uma das maiores atiradoras de elite da história, com 309 soldados inimigos abatidos.
A decisiva participação das mulheres deu-se também na condição de pilotos de caça e bombardeiros. O 46º Regimento de Aviação Noturna, por exemplo, conhecido como “Bruxas da Noite“, era composto exclusivamente por mulheres e realizou mais de 23 mil missões de bombardeio noturno. Elas dirigiam tanques e também era artilheiras. Algumas mulheres comandaram tanques T-34 ou operaram baterias antiaéreas.

Aviadoras combatentes do Exército Vermelho pilotavam
o avião Il-2 Shturmovik
Tiveram papel destacado e imprescindível no trabalho nas indústrias de guerra. Com milhões de homens no front, as mulheres assumiram a produção industrial: representavam 75% da força de trabalho em fábricas de armamentos, minas e indústrias pesadas. Trabalhavam em condições extremas, com jornadas exaustivas, para produzir tanques, aviões (como o lendário Il-2 Shturmovik) e munições.
Desempenhavam ações no front como enfermeiras e médicas. Mais de 200 mil mulheres serviram como enfermeiras, médicas e paramédicas, muitas vezes resgatando soldados sob fogo inimigo. Zinaida Tusnolobova-Marchenko (1920-1980) por exemplo, salvou 128 soldados antes de ser gravemente ferida e perder ambos os braços e pernas.
Nas regiões ocupadas pelos invasores, as mulheres soviéticas atuaram como partisans, sabotando linhas de suprimento nazistas e coletando inteligência. Zoya Anatolyevna Kosmodemyanskaya (1923-1941), uma jovem guerrilheira de apenas 18 anos de idade, foi torturada e enforcada pelos nazistas, mas tornou-se símbolo de coragem. Foi a primeira mulher a receber o título de Heroína da URSS.
Diante dos invasores combateram com o coração, o cérebro e os músculos os açoites morais, as calúnias, as injurias, as tolices, os ódios, as mentiras, os suplícios, a ignomínia e a matança.
Fundamental e estratégica foi a participação feminina no setor de Logística e Comunicações. Com inteligência e genialidade as mulheres serviram como telegrafistas, motoristas e operadoras de rádio, mantendo as linhas de comunicação do Exército Vermelho.
Papel destacado tiveram ainda na agricultura e sustento do front, pois nos kolkhozes (campos coletivos) mulheres e crianças sustentaram a produção de alimentos para o exército e cidades sitiadas.
89 mulheres receberam o título de Heroína da União Soviética, a mais alta condecoração militar do país. Seu legado foi celebrado na cultura soviética, com monumentos, filmes e literatura enaltecendo sua bravura.
Sem o sacrifício e a determinação das mulheres soviéticas, a vitória sobre o nazismo teria sido impossível. Elas não apenas preencheram lacunas deixadas pelos homens no front, mas também se destacaram em combate, produção, resistência, heroísmo, enfrentaram destemida e corajosamente todas as barbaridades da selvageria infinita perpetrada barbaramente a partir do hálito assassino da rapsódia nazista, tornando-se um dos pilares da vitória em 1945.
Com coragem de aço e corações ardentemente incendiários, as heroínas soviéticas resistiram, lutaram como leoas, escreveram com sangue e sacrifício da própria vida a epopeia da libertação. Trabalharam como titãs e suas mãos plantaram, colheram, fizeram alimentos, roupas, armas, munições, curaram feridas, acariciaram a esperança, miraram certeiramente e suas balas encontraram alvos inimigos, suas lágrimas de alegria regaram a vitória.

Soldadas do Exército Vermelho não temiam a guerra
Elas eram a tempestade e o refúgio. Nos céus, asas de fogo; na terra, raízes de resistência que brotavam frutos da vitória. Seus nomes ecoam no vento que varreu os solos de Stalingrado, Leningrado, Kursk, Dniepre, Kiev, Kharkov, Smolensk, Odessa, Sebastopol, Minsk, Bielorrússia, nos campos da Europa, na Berlim de Hitler e nos murmúrios das florestas onde os partisanos se escondiam, no silêncio das fábricas onde o suor, o cansaço, a resiliência e a determinação se misturavam e forjavam o aço da vitória.
Elas foram o inverno que congelou o avanço nazista – tempestades de neve com rosto de mulher, cortantes como o vento siberiano, implacáveis como a geada que queimava as mãos nas fábricas de tanques. Seus passos ecoavam nos campos de trigo do Cáucaso, onde cada espiga caída renascia como bala de resistência. Nos céus, eram trovões com asas – as “Bruxas da Noite”[47] tecendo a mortalha do inimigo entre os fios da lua e o zumbido dos motores.
O Volga, testemunha silenciosa, carregava em suas águas tanto sangue quanto histórias de heroísmo: enfermeiras que eram santas de macacão ensanguentado, operárias cujos dedos calejados moldavam o aço como se fosse argila sagrada. Nas montanhas do Ural, onde muitos se refugiaram, seus corações bateram no mesmo ritmo dos martelos que forjavam a vitória.
Deram flores em tempos de espinhos, luz em noites de chumbo e escuridão suprema. Cada rugido do Katyusha era acompanhado pelo bater de seus corações; cada trincheira, um altar onde ofereceram em sacrifício sua juventude e a própria vida.
O legado das mulheres é eterno como a chama que não se apaga do Soldado Desconhecido e prova que o mundo não foi salvo apenas por armas, mas pelo amor indomável daquelas que ousaram dar tudo pela Pátria Soviética e pela humanidade. Entre a fúria nefasta da guerra, forjaram a paz. Seu sangue não foi derramado em vão: sua coragem ecoa na eternidade. Gravadas no mármore do tempo.

Decisivas no front e na retaguarda
E quando a primavera de 1945 finalmente chegou, não foi apenas a neve que derreteu – foi o jugo da suástica nazista que se dissolveu ante o fogo vermelho de sua coragem. A Estrela Vermelha que iluminou Berlim não estava apenas nos tanques e nos estandartes: estava no brilho indomável de seus olhos, no pulsar de suas veias que mapeavam, como os rios da União Soviética, o caminho para a libertação.
Hoje, as terras onde caíram ainda guarda seu calor. O trigo sussurra seus nomes. O vento repete seus gritos de “Urra!”. Porque elas não foram apenas guerreiras – foram a própria alma da resistência, um pacto eterno entre a ferocidade da terra e a beleza e coragem da resiliência humana. Lutaram até as últimas consequências. Até a última bala. Até o último suspiro. Gloria eterna às mulheres de aço que vestiram a aurora com as cores da vitória
Hoje, o sol nasce sobre um mundo que elas ajudaram a salvar — e em cada raio, persiste o brilho de suas almas incendiárias. Heroínas não apenas da URSS, mas da própria humanidade: porque venceram o monstro com armas de aço, mas também com infinito amor à vida, a humanidade, a paz.
Certamente, não foi o “General Inverno”, como argumentam alguns, que derrotou a máquina de guerra nazista. Foi a luta titânica de todo o povo soviético! Só um país em conturbadas vias de transição socialista, com uma economia avançada, tecnologia de ponta, grande coesão interna e líderes prestigiados poderia vencer – e venceu – um inimigo tão poderoso e cruel.

Marechal Georgy Zhukov
Como afirmou o Marechal Zukhov em suas Memórias:
“Não foi a chuva nem a neve que barraram as tropas nazistas nas proximidades de Moscou. Mais de um milhão do grupamento das seletas forças alemãs despedaçaram-se contra a férrea resistência, coragem e heroísmo das tropas soviéticas, cuja espinha dorsal era a sua população, a capital e a pátria. (…) não teríamos capacidade para derrotar o inimigo se não contássemos com os experientes e admiráveis: partido de Lenin, sistema socialista, política de Estado e as poderosas forças materiais e morais que permitiram reconstruir, em curto prazo, todos os meios de subsistência do país e criar condições para derrotar as forças armadas imperialistas alemãs.”.[48]
Sem dúvida, os povos de todo o mundo devem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas a derrota do nazifascismo e a libertação da humanidade do inferno hitlerista!
Glória eterna às heroínas e heróis que morreram durante a guerra e deram suas vidas para a liberdade e felicidade da URSS e de toda a humanidade!
Séculos e milênios hão de vir e desejamos e lutaremos para que sejam pacíficos, belos, grandiosos, emancipadores e que olhem para o passado da humanidade e tenham certeza de que um povo que oprime outro povo não pode ser livre. E a humanidade, enfim, enterre de vez o reino da necessidade e leve o ser humano para o reino da liberdade.
Como a história é nossa melhor arma contra o esquecimento, que a memória dos que lutaram, dos que tombaram e dos que sobreviveram nunca seja varrida da consciência universal!
Todo cidadão do mundo que marcha livre sobre a terra e sob o vasto céu deve ao Exército Vermelho e à União Soviética muito mais que um minuto de silêncio, muito mais que lágrimas — deve uma vida inteira de gratidão em chamas. Pois o ar da liberdade que hoje respira não foi um presente dos ventos, mas conquistada a golpes de sangue, suor e ferro. E essa dívida não se paga com flores murchas ou discursos vazios — só com a memória incandescente, forjada em aço, e com o prosseguimento corajoso da luta, a exemplo da coragem dos que morreram, em busca de um mundo melhor para toda a humanidade.
XVIII
A participação do Brasil
Glória Eterna à FEB
Soldados brasileiros, da nossa gloriosa Força Expedicionária Brasileira (FEB), também lutaram contra o terror nazifascista e em favor da humanidade. As pressões internas pela entrada do Brasil na guerra ao lado dos aliados e a agressão sofrida pelo Brasil pela Alemanha (torpedeamento e afundamento de 12 navios mercantes, a poucas milhas da costa brasileira, vitimando mais de 500 pessoas,) determinaram a declaração de guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista.
Enfrentando dificuldades de toda ordem, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi formada por cerca de 25.000 jovens de diversas regiões do País e rumou em direção aos campos de batalha, onde se jogava o futuro da humanidade.
Era outono nos campos da Itália quando chegaram os filhos dos trópicos, vestindo a cor de nossa terra e carregando no peito o peso de uma missão sagrada. O primeiro contingente da FEB desembarcou em Nápoles em 16 de julho de 1944, mas as operações de combate começaram efetivamente em setembro de 1944.
De setembro de 1944 a maio de 1945, na Itália, as tropas brasileiras marcaram na história suas lutas nas cidades. De setembro a outubro 1944 ocorreram os primeiros engajamentos com operações de reconhecimento e aproximação. A FEB assumiu posições no setor do Rio Serchio (Toscana), substituindo a 1ª Divisão de Infantaria dos EUA. Empreende confrontos em Gallicano, Barga e Castelnuovo di Garfagnana (contra a 148ª Divisão Alemã e forças da Itália fascista).
Os soldados brasileiros, chamados de pracinhas, enfrentaram um terreno desconhecido, desfavorável e batalharam também contra o inverno rigoroso e um inimigo já calejado com a Segunda Guerra Mundial, mas isso não os impediu de cumprirem honrosa, corajosa e histórica missão.
Em novembro 1944 trava Batalhas no Setor Apenino. Combates em Monte Prano e Monte Acuto e promove ataques preliminares para testar as defesas alemãs.
Nos dias 24 e 25 de novembro de 1944 faz a Primeira Batalha de Monte Castello, que foi um fracasso. Entre dezembro 1944 e fevereiro 1945 ocorre a Segunda Batalha de Monte Castello, mais precisamente em 29 de novembro de 1944, que se configurou como um novo ataque frustrado pelo fogo preciso alemão. Contudo, já a Terceira Batalha de Monte Castello travada em 21 de fevereiro de 1945 marca uma vitória decisiva da FEB, após meses de preparação. Monte Castello foi tomado, rompendo a Linha Gengis Khan (parte da Linha Gótica).
De março a abril de 1945, a FEB promove a Ofensiva Final com a Batalha de Castelnuovo (5 de março de 1945) e conquista de posições estratégicas no vale do Reno.
A famosa e heroica Batalha de Montese (14 a16 de abril de 1945) foi a mais sangrenta da FEB: combates urbanos casa a casa contra a 148ª Divisão Alemã. A FEB venceu em Montese, mas a vitória teve um custo elevado: os brasileiros sofreram 426 baixas (mortos e feridos). Foi uma das batalhas mais sangrentas e heroicas da campanha brasileira na Itália.
O Brasil operava com 1ª Divisão de Infantaria da FEB (6º Regimento de Infantaria, apoiado por artilharia e tanques). A Alemanha: com o 148ª Divisão de Infantaria (experientes tropas de montanha) e remanescentes da 90ª Divisão Panzergrenadier (divisão militar do Exército alemão criada como uma unidade de infantaria motorizada durante a Segunda Guerra Mundial).
No ataque inicial em 14 de abril, os soldados brasileiros avançaram sob fogo intenso de morteiros e metralhadoras, enfrentando resistência feroz em ruínas minadas. Após dois dias de lutas brutais e os pracinhas usando granadas, baionetas e apoio aéreo para desalojar o inimigo, a FEB isolou e conquistou Montese, forçando os alemães a recuarem. A vitória tática brasileira, abrindo caminho para o avanço aliado sobre o Vale do Pó. Montese foi difícil. Por quê? O terreno urbano de ruas estreitas e edifícios em ruínas favoreciam a defesa alemã. Armadilhas com minas e sniper escondidos atrasavam o avanço. Havia nos nazistas um clima de resistência

Batalha em Montese
Frase de um soldado alemão capturado: “Vocês brasileiros são loucos ou heróis. Ninguém ataca Montese dessa forma.” Montese hoje tem um museu e monumentos em homenagem aos brasileiros. A FEB não apenas venceu em Montese — escreveu ali, com sangue e coragem, uma das páginas mais dramáticas de sua história.
A FEB continua sua marcha e entre 16 e 20 de abril de 1945 efetiva a Tomada de Zocca e Paravento e avança rumo à tomada do Vale do Pó e a ruptura da Linha Gótica, a última grande defesa alemã na Itália. Ao todo fez mais de 20.000 prisioneiros alemães. As vitórias brasileiras também em Monte Belvedere, Castelnuovo, Zocca, Collechio e Alessandria, permitiram aos brasileiros ganharem o respeito dos exércitos aliados, levando a libertação e esperança ao sofrido povo italiano. A coragem do soldado brasileiro foi reconhecida, inclusive, pelos próprios alemães.
Em 28 e 29 abril 1945, a FEB capturou 14.700 soldados inimigos em Fornovo di Taro, incluindo toda 148ª Divisão Alemã. A rendição alemã na Itália foi oficializada em 2 de maio de 1945, encerrando assim a campanha da FEB, que teve 25.334 soldados enviados, 443 mortos em combate, 2.722 feridos.

Após três dias de batalha, a FEB vence em Montese
Como se disse à época: para aqueles que julgavam ser mais fácil uma cobra fumar que o Brasil ir à guerra, estava provado o contrário.
Eram homens de um país de sol, desembarcando em um mundo de neblina e guerra, onde o inverno cortava como lâmina e a morte espreitava nos vales sombrios. Mas em seus corações ardia o fogo da resistência, e em seus olhos brilhava a luz da esperança — porque sabiam que não lutavam apenas por uma nação, mas pelo futuro da humanidade.
Marcharam sob o céu cinzento da Toscana, pisando em solo estrangeiro como se cada passo ecoasse nas ruas do Rio, de São Paulo, de Belo Horizonte, de Minas, do Pará. Nas encostas de Monte Castello, onde a neve se misturava ao barro ensanguentado, escreveram, como vimos, sua epopeia com suor, lágrimas e balas. Os canhões trovejavam, as metralhadoras rasgavam o silêncio, mas seu grito de guerra — “A cobra fumou!” — atravessava os campos como um desafio lançado ao destino.

O sangue brasileiro regou a terra italiana, e onde caíam, brotava a coragem. E quando a primavera de 1945 finalmente despontou, trouxe consigo as flores da vitória sobre a destruidora besta nazista.
Os pracinhas voltaram para casa, alguns em silêncio, outros carregando cicatrizes visíveis e invisíveis. Mas a Itália nunca os esqueceu. Nas colinas onde hoje crescem vinhas e flores, ainda se ouvem, no vento, os ecos de seus passos. E em cada raio de sol que ilumina os campos da Toscana, persiste o brilho de sua bravura — porque foram, e sempre serão, os heróis que cruzaram o oceano para escrever, com suas vidas, um capítulo imortal na história da liberdade.
O Brasil foi o único país da América do Sul a enviar tropas terrestres para a Europa na Segunda Guerra Mundial. O Dia da Vitória é a vitória dos valores da democracia, da justiça e da liberdade sobre as forças do nazifascismo, representadas pelas forças do Eixo. E o Brasil construiu sua história ao lado da paz, da democracia, da liberdade, da solidariedade, da vida.
Gloria eterna aos soldados da FEB — que provaram, com sangue e honra, que mesmo em terras distantes, o Brasil sabe lutar… e vencer.
Eduardo Rocha
Guarulhos, 08 de maio de 2025
[1] O Terceiro Reich foi o regime nazista que vigorou na Alemanha de 1933 a 1945 sob a liderança de Adolf Hitler. O termo “Reich” significa império ou reino, e o “Terceiro Reich” foi concebido como sucessor do Sacro Império Romano-Germânico (Primeiro Reich) e do Império Alemão (Segundo Reich). Veja mais sobre “Terceiro Reich” em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/terceiro-reich.htm . Acesso em 08 de maio 2025.
[2] A revisão do número de mortos soviéticos na Segunda Guerra Mundial para 27 milhões foi feita durante o período da perestroika (reestruturação) e da glasnost (transparência e abertura política) da União Soviética, sob a liderança de Mikhail Gorbatchov. A estimativa anterior era de 20 milhões, mas Gorbatchov e seus sucessores, com base em pesquisas mais detalhadas, aumentaram o número para 27 milhões.
[3] O homem que impediu a queda de Moscou (1941-1942), Stalingrado (1942-1943), Kursk (1943) e Leningrado (1944) e entrou cheio de glórias e medalhas em Berlim,
[4] https://www.dw.com/pt-br/1945-capitula%C3%A7%C3%A3o-da-alemanha-na-2%C2%AA-guerra/a-514943 . Acesso em 9 de maio de 2025
[5] Horário baseado no despacho oficial soviético. A Hora da Europa Central (em inglês: Central European Time, CET; em alemão: Mitteleuropäische Zeit, MEZ) equivale ao horário do Tempo Universal Coordenado mais uma hora (UTC+1).
[6] Discurso do Marechal Georgy Zhukov em 9 de maio de 1945. Ver: https://www.youtube.com/watch?v=JjGciDxv2B0 . Acesso em 9 de maio de 2025
[7] Discurso do Marechal da URSS, Georgy Zhukov, no Dia da Vitória, 9 de maio de 1945, na Praça Vermelha e sobre o Mausoléu de Lenin: https://www.youtube.com/watch?v=JjGciDxv2B0&list=FLJz0CGIpKgy9iqapJEmdh8w&index=2 . Acesso em 1° de maio de 2025
[8] Mesmo antes da invasão e domínio sobre a Polônia, a Alemanha Nazista iniciou sua expansão pré-guerra em 1938 ao anexar a Áustria e a Região dos Sudetos (uma parte da Tchecoslováquia). Em março de 1939, os alemães dividiram o restante da Tchecoslováquia entre o Protetorado da Boêmia e Moravia, ambos controlado pelos alemães, e o recém-criado estado satélite da Eslováquia.
[9] Em junho de 1812, o exército de Napoleão reunia 600 mil homens. No início de dezembro, contudo, contava com menos de 10 mil. Veja mais em https://www.campograndenews.com.br/colunistas/em-pauta/os-botoes-de-napoleao-ou-a-capacidade-de-planejar-a-guerra
[10] O Politburo era o principal órgão de decisão do Partido Comunista da União Soviética e, portanto, o principal órgão de decisão do governo soviético.
[11] Georgy Konstantin Zhukov foi promovido a Marechal da União Soviética em 18 de janeiro de 1943, como reconhecimento do seu papel crucial em operações militares decisivas, como a defesa de Moscou, a contraofensiva em Stalingrado (1942-1943), a vitória soviética em Kursk (ao lado de Aleksandr Vasilevsky, 1895-1977) e Leningrado (1942-1944) e outras contribuições estratégicas. O posto de Marechal era o mais alto na hierarquia militar soviética, destacando seu impacto no esforço de guerra da URSS.
[12] Volkogonov, Dmitri, 1928-1995. Stalin: triunfo e tragédia / Dmitri Volkogonov; tradução: Joubert de Oliveira Brízida. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. p. 527
[13] Dimitrov, Georgi. The Diary of Georgi Dimitrov, 1933-1949, ed. Ivo Banac (New Haven: Yale University Press, 2012). p. 166
[14] Minasian, Musheg Minasovich & Autores. La Gran Guerra Patria de la Unión Sovietica: 1941-1945. Compendio de historia. Editorial Progreso. Moscú. 1975. p.30 Traducido del ruso por Federico Pita
[15] https://www.dw.com/pt-br/terror-e-exterm%C3%ADnio-marcaram-ofensiva-alem%C3%A3-no-leste/a-1467936
[16] Discurso de Stalin em 7 de novembro, diante das tropas do Exército Vermelho, em frente ao Kremlin, na Praça Vermelha: https://www.youtube.com/watch?v=tZYuuAI4g6w
[17] Luhn, Alec (8 de junho de 2014). «Stalingrad name may return to city in wave of second world war patriotismo». theguardian.com . The Guardian.
[18] Vassili Ivanovich Chuikov foi promovido ao posto de Marechal da União Soviética em 11 de março de 1955, durante o governo de Nikita Sergeivitch Khrushchov (1894-1971). Essa promoção ocorreu em reconhecimento à sua destacada carreira militar, especialmente por seu papel crucial na Batalha de Stalingrado (1942-1943), onde comandou o 62º Exército Soviético.
[19] Primeira rendição em massa alemã desde 1918.
[20] Nascido Fritz Erich Georg Eduard von Lewinski.
[21] Karl-Heinz Frieser, um dos principais historiadores militares alemães e editor da série “Das Deutsche Reich und der Zweite Weltkrieg” (publicada pelo Militärgeschichtliches Forschungsamt – MGFA), apresenta estimativas detalhadas sobre as perdas na Batalha de Kursk (Operação Citadela, 5–23 de julho de 1943). Seus números são baseados em arquivos alemães e soviéticos abertos após o fim da URSS. Perdas Alemãs (Frieser, 2007). Para Frieser, do lado alemão entre mortos, feridos e desaparecidos foram 54.182 (para toda a “Operação Cidadela”, incluindo as contraofensivas soviéticas até 23 de julho). Do lado da URSS entre mortos, feridos e desaparecidos foram 177.847 (apenas a fase defensiva, 5–23 de julho). Ainda segundo Frieser, se incluídas as contraofensivas (até agosto), as perdas soviéticas sobem para 860.000 (entre mortos, feridos e capturados). Tanques e canhões 1.614 (na fase defensiva) e 1.130 (até 23 de julho) aviões abatidos. Ver: Frieser, K.-H. (ed.) – “Das Deutsche Reich und der Zweite Weltkrieg, Vol. 8: Die Ostfront 1943/44” (MGFA, 2007), pp. 121–160.
[22] Em termos militares, “bolsão” refere-se à região em torno de uma cidade, no caso aqui: Kursk.
[23] L Minasian, Musheg Minasovich & Autores. La Gran Guerra Patria de la Unión Sovietica: 1941-1945. Compendio de historia . Editorial Progreso. Moscú. 1975. p.30. Traducido del ruso por Federico Pitaa. p.227
[24] A patente de General-Marechal (Generalfeldmarschall) existia no exército alemão, mas não mais existe na Bundeswehr. Era o mais alto posto militar no exército alemão, com um equivalente a marechal de campo ou almirante de esquadra.
[25] Em termos militares, “cabeça de ponte” (também conhecida como “testa de ponte”) refere-se a uma posição estratégica ocupada por uma força militar em território inimigo, do outro lado de um rio, mar ou outro obstáculo, para assegurar acesso, avanço ou desembarque de suas tropas.
[26] A Estrada da Vida era uma rota de transporte sobre o gelo do Lago Ladoga, funcionando durante o inverno, quando o lago estava congelado. Era a única rota de abastecimento da cidade durante o cerco alemão à Leningrado. Hoje, a estrada faz parte do Patrimônio Mundial da UNESCO.
[27] 7ª Sinfonia de Shostakovich : https://www.youtube.com/watch?v=GB3zR_X25UU
[28] https://en.wikipedia.org/wiki/Tanya_Savicheva#After_her_rescue . Acesso em 7 de maio 2025.
[29] Kolkhozes eram fazendas coletivas na URSS organizadas sob a forma de cooperativas de camponeses, reunidos para administrar uma grande propriedade agrícola com base na socialização dos meios de produção e no trabalho coletivo e desenvolviam sua produção em terras de propriedade estatal cedidas para usufruto perpétuo e gratuito.
[30] O Dia D foi o início da invasão da Normandia no norte da França por forças Aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. As forças aliadas desembarcaram em cinco praias da Normandia: Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword, sob intenso fogo alemão. Foi a maior operação militar anfíbia da história, envolvendo o desembarque de aproximadamente 156.000 soldados aliados pertencentes às tropas dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França Livre, Austrália, Nova Zelândia, Bélgica, Polônia, Noruega, Grécia e Tchecoslováquia. Essa operação marcou o início da libertação da Europa Ocidental ocupada pela Alemanha nazista. A União Soviética não participou diretamente do Dia D, mas sua pressão na Frente Oriental ajudou a distrair forças alemãs. A Marinha Real Britânica e a Marinha dos Estados Unidos tiveram papel crucial no transporte de tropas e no bombardeio costeiro.
[31] Em 1945, o Grupo de Exércitos A alemão não estava diretamente envolvido na defesa de Berlim, mas sim em operações em outras regiões da Frente Oriental. O Grupo de Exércitos A foi formado em 1939 durante a invasão da Polônia, inicialmente chamado de Grupo de Exércitos Sul. Foi renomeado para “A” em 1940, sob o comando de Gerd von Rundstedt, e desempenhou um papel crucial na invasão da França. Em 1942, foi redesignado para o setor sul da Frente Oriental, participando da ofensiva no Cáucaso durante a Operação Barbarossa. No final de 1944, após derrotas catastróficas, o Grupo de Exércitos Sul (Ucrânia) foi renomeado Grupo de Exércitos A em setembro de 1944, sob o comando do general Josef Harpe, posteriormente substituído por Ferdinand Schörner (1892-1973). Em janeiro de 1945, esse grupo de exércitos estava posicionado na região da Silésia (atual Polônia) e na Tchecoslováquia, tentando conter o avanço soviético.
[32] Partisan (do francês partisan; feminino partisane. Em italiano partigiano/partigiana) é um membro de uma tropa irregular formada para se opor à ocupação e ao controle estrangeiro de uma determinada área. Os partisans operavam atrás das linhas inimigas. Tinham por objetivo atrapalhar a comunicação, roubar cargas e executar tarefas de sabotagem. O termo ficou conhecido durante a Segunda Guerra Mundial para se referir a determinados movimentos de resistência à dominação alemã, principalmente no Leste Europeu.
[33] O Führerbunker era um complexo subterrâneo de abrigos antiaéreos em Berlim, Alemanha, usado como o último quartel-general de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.
[34] A Diretiva Nero ou Decreto de Nero foi uma ordem de Hitler emitida em 19 de março de 1945, que previa a destruição da infraestrutura alemã para impedir seu uso pelas forças aliadas. Também conhecida como Decreto da Terra Arrasada, visava garantir que nada de utilidade para os inimigos, como instalações de transporte, comunicação, industriais e de abastecimento, ficasse intacto no território do Reich.
[35] Hitlerjugend era a Juventude Hitlerista, uma instituição obrigatória para jovens da Alemanha nazista, que visava treinar crianças e adolescentes alemães de 6 a 18 anos de ambos os sexos para os macabros interesses nazistas. Crianças e jovens se organizavam em grupos e milícias paramilitares.
[36] La Gran Guerra Patria de La Union Sovietica: 1941-1945. Compendio de historia . Editorial Progreso. Moscú p.430
[37] A SS (Schutzstaffel, ou Esquadrões de Proteção) foi originalmente criada como a unidade de guarda-costas pessoal de Adolf Hitler. Mais tarde, tornou-se tanto a guarda de elite do Reich nazista quanto a força executiva de Hitler. Tornou-se um estado virtual dentro de um estado na Alemanha nazista, composto por homens que se percebiam como a “elite racial” do futuro nazista.
[38] Em 30 de abril de 1945, com o Exército Vermelho avançando sobre Berlim e a Alemanha nazista à beira do colapso, Adolf Hitler nomeou o Grande-Almirante Karl Dönitz como seu sucessor, assumindo os postos de Presidente do Reich Alemão e Comandante Supremo das Forças Armadas alemãs. Essa decisão foi tomada horas antes de Hitler cometer suicídio em seu bunker. Em 7 de maio de 1945, Karl Dönitz ordenou que o Chefe do Estado-Maior do Exército Alemão, general Alfred Jodl, assinasse o instrumento da Rendição Alemã em Reims, França. Dönitz foi preso pelos britânicos em 23 de maio de 1945 e levado a julgamento (1945–1946) no Tribunal de Nuremberg. Sua sentença foi 10 anos de prisão (uma das mais brandas entre os líderes nazistas). Cumpriu a pena na Prisão de Spandau (Berlim) até 1956. Libertado, viveu na Alemanha Ocidental até morrer em 24 de dezembro de 1980, aos 89 anos.
[39] Em 1945, o Reichstag era um edifício histórico que abrigava o parlamento nacional alemão, que foi palco de uma batalha final contra as forças soviéticas na Batalha de Berlim, e foi um símbolo importante da derrota do Terceiro Reich.
[40] Chuikov V.I. O fim do Terceiro Reich. — M.: Rússia Soviética, 1973. Disponível em: https://militera.lib.ru/memo/russian/chuykov2/11.html
[41] Vários livros e documentos históricos detalham o suicídio de Adolf Hitler com base em testemunhas oculares, relatórios de inteligência e investigações forenses. Ver, por exemplo: Jean-Christophe Brisard & Lana Parshina; tradução: Julia da Rosa Simões. A morte de Hitler:
os arquivos secretos da KGB. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. (350p). Disponível em: file:///D:/Usu%C3%A1rios/Downloads/A_morte_de_Hitler_Os_arquivos_Jean_Chris%20(1).pdf
[42] 1) The Last Days of Hitler – Hugh Trevor-Roper (relata o encontro com base em interrogatórios soviéticos). 2. Berlim 1945: A Queda – Antony Beevor (detalha a reação de Chuikov). 3. Memórias de Vassily Chuikov (The End of the Third Reich).
[43] Zhilin, P.; Babin, A.; Iónov, P.; Kirián. M.; Koltunov, G.; Morózov. V.; Pérechnev, Y.; Sevastiánov, P.; Shejovtsov, N. e Cherémjin, K. La Gran Guerra Patria de la Unión Soviética: 1941-1945 . Editorial Progreso. Moscu. 1985. p. 411
[44] Stalin, Josef. Sobre a Grande Guerra Patriótica. Organização de João Claudio Platenik Pitillo e Ricardo Quiroga Vinhas. São Paulo: Editora Raízes da América, 2016, 1ª ed.
[45] Ver: https://www.facebook.com/EmbRusMozambique/posts/2845131452413672/ . Acesso 06 de maio de 2025.
[46] Esta bela canção é uma homenagem à derrota dos nazistas pelos soviéticos e pelos Aliados em 8-9 de maio de 1945. Seu nome é Dia da Vitória. Foi composta em 1975 pelo poeta músico, ainda vivo, David Fyodorovich Tukhmanov (1940- ). Veja a música traduzida no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=TlIlgrSpmrU
[47] As “Bruxas da Noite” foram um esquadrão de bombardeiros noturnos da Segunda Guerra Mundial, composto exclusivamente por mulheres da União Soviética. O apelido, dado pelos soldados alemães, surgiu devido ao som do vento nas asas dos seus aviões Po-2, que lembraria uma vassoura, e ao fato de serem temidas pelas suas certeira e mortíferas incursões noturnas.
[48] JUKOV, G. K. Memórias e Reflexões – Tomo 2. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2015, p. 542.